sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O final(?) decepcionante de Sherlock (BBC), que já foi genial


Uma breve história sobre este incrível seriado e a análise de sua quarta temporada

Com o último episódio da 4ª temporada exibido neste último domingo, o seriado Sherlock (da TV britânica BBC) provavelmente se encerrou. Produtores e atores adotaram o mesmo discurso, que é mais ou menos assim: "gostaríamos de fazer uma nova temporada, mas é cada vez mais difícil encontrar agenda para Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Martin Freeman (Dr. Watson) filmarem. Portanto, não foi tanta surpresa que este último capítulo transmitido fechou todas as "pontas soltas" da trama da série e trouxe, em seu final, um discurso de despedida.

Assumindo então este final, Sherlock se despede com o total 13 episódios: 4 temporadas com 3 episódios cada e mais um especial de Natal, que ocorreu entre a 3ª e 4ª temporadas.

Quando Sherlock surgiu em 2010 - e revelou para o mundo o excelente Benedict Cumberbatch - fiquei bastante impressionado. Ouso dizer que suas duas primeiras temporadas foram de longe a melhor coisa filmada com o personagem Sherlock Holmes em toda sua história. E por isto mesmo, mais uma vez recomendo: gosta de histórias de detetive? ASSISTA as duas primeiras temporadas desta série.

Os 6 primeiros episódios de Sherlock são independentes entre si: cada um contava uma história completa que pegava um dos contos do detetive nos livros de Conan Doyle e o adaptava brilhantemente para nosso mundo atual: Holmes usa o twitter, smartphones, etc para resolver seus casos.

Então, a partir da 3ª temporada os rumos da série começaram a mudar. Seu principal criador e roteirista - Steven Moffat - trouxe uma nova abordagem: a de desenvolver o detetive como pessoa, tornando-o cada vez mais emotivo e "humano". Então, na nova temporada a solução de mistérios ainda esteve presente, mas ela deixou de ser o principal elemento da trama, sendo substituído pelas relações pessoais entre Sherlock, Watson e o vilão Moriaty. Tivemos então 3 episódios interligados, funcionando como uma única grande história.

O resultado foi que a 3ª temporada foi a mais fraca da série, mas ainda assim, em um nível bem acima dos demais shows de TV atuais.

E chegamos finalmente a 4ª temporada (cuidado, escreverei pequenos spoilers a partir daqui).

O primeiro episódio é basicamente sobre Mary (a esposa do Dr. Watson), deixando a dupla principal em papéis bastante secundários. Com todo respeito a ela, mas quem está interessado em Mary? Então, tivemos um episódio mediano, o mais fraco da série até aqui.

No segundo episódio a trama volta a agradar e repetir a qualidade dos "velhos tempos". Novamente com um caso a ser resolvido, o roteiro ainda traz um belíssimo - e surpreendente - elogio ao amor e a vida de casados.

Para o terceiro e último episódio, a expectativa era grande. Afinal, Steven Moffat declarara dias antes do início da estréia da 4ª temporada que o final da mesma era "provavelmente a melhor coisa que ele já tinha escrito".

Historicamente, entretanto, a soberba não traz bons frutos. E mais uma vez, a história se repetiu: intitulado de "O Problema Final", o episódio é péssimo. Esqueça as histórias de detetive. O que temos aqui é uma versão bizarra do filme Jogos Mortais (2004) com um desfecho que não faz o menor sentido. Para piorar, alguns personagens se comportam de maneira bastante deturpada: Mycroft Holmes (o irmão mais velho de Sherlock), que na série (e também nos livros originais) sempre foi apresentado como alguém ainda mais brilhante que o irmão caçula, acaba se comportando como um imbecil histérico. Já Moriaty, que deveria ser "o" grande vilão, acaba tendo seu papel e relevância diminuídos de maneira constrangedora.

Se acabou mesmo, Sherlock deixa em parte de seus fãs um sentimento de decepção e melancolia. Ainda assim, inegavelmente fez história na TV e as suas duas primeiras espetaculares temporadas sempre estarão aí para serem revistas, e revistas, e revistas...

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