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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Crítica Netflix - O Poço 2 (2024)

Título: O Poço 2 ("El Hoyo 2", Espanha, 2024)
Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Atores principais: Milena Smit, Hovik Keuchkerian, Natalia Tena, Óscar Jaenada
Nota: 6,5

Bem pior que o primeiro, bem melhor do que estão avaliando

O dinheiro move a humanidade. Então, claro, cinco anos após o surpreendente filme espanhol O Poço, sucesso de crítica e audiência, a Netflix lança sua continuação O Poço 2, mantendo mesmo diretor e roteiristas, porém agora com outra história e elenco.

Se o primeiro filme criticava brilhantemente a divisão da nossa sociedade em uma hierarquia verticalizada, O Poço 2 até mantém seu propósito de crítica social, porém de um jeito menos inspirado. Os temas, entretanto, são outros. Agora a denúncia é mais direcionada a regimes autoritários, principalmente ao mostrar como as pessoas perdem completamente sua humanidade ao seguir cegamente leis destes sistemas.

Se em O Poço temos prisioneiros vivendo em algo muito próximo do caos, vemos que aqui em O Poço 2 os detentos se auto organizaram, criando um sistema de leis muito rígido, onde cada pessoa pode comer apenas sua própria comida. E em caso de desobediência, a punição é aplicada com violência extrema...

O Poço 2 têm uma grande desvantagem que é a de só fazer sentido caso você tenha assistido o primeiro filme (e isso meio que acontece com esta minha crítica, em menor escala). E ainda comparando com o filme anterior, aqui os personagens recebem bem menos desenvolvimento, com apenas 3 deles recebendo alguma atenção, com destaque mesmo apenas para a protagonista Perempuán (Milena Smit).

Mas talvez o ponto mais fraco de O Poço 2 é o como a fome se tornou um aspecto irrelevante no filme. Se em O Poço nos desesperamos junto com os personagens, aqui parece que ficar um mês sem comer e sobreviver é algo normal...

A parte final da história mais uma vez é dúbia, deixando em aberto se tudo o que vimos é uma experiência "pós morte" ou algo real. Para ser sincero (ver meu PS no final deste artigo), O Poço 2 pende ainda mais para um "Purgatório" do que o primeiro filme (já pararam para pensar que o poço ter 333 andares - metade de 666 - é coincidência demais?).

De qualquer forma, por mais que O Poço 2 seja um "caça-níquel" da Netflix, ao final percebemos que ele foi feito para ser um "par" do primeiro filme, e o expande não em sua mitologia ou qualidade, mas em suas críticas sociais. Reitero o subtítulo que coloquei no começo deste artigo: O Poço 2 está abaixo do filme anterior, mas é melhor do que está sendo avaliado por aí e, para quem gostou do primeiro, ainda vale a pena não deixar passá-lo. Nota: 6,5.



PS - mais sobre o final do filme (vários spoilers - leia por sua conta): aquilo que vemos, da existência de uma sala só com dezenas crianças, onde uma é escolhida dentro de um ciclo e colocada sempre no último andar para potencialmente ser levada a superfície, para mim é irreal demais, é quase como uma "prova" de tudo ser um "pós-morte". Outro ponto: a presença em O Poço 2 de alguns personagems de O Poço, em especial Goreng (protagonista do filme anterior), Trimagasi, Imoguiri e Baharat, nos revela de maneira surpreendente que este novo filme na verdade ocorre temporalmente ANTES do primeiro.

sábado, 26 de outubro de 2024

Crítica - Tipos de Gentileza (2024)

Título
Tipos de Gentileza ("Kinds of Kindness", EUA / Grécia / Irlanda / Reino Unido, 2024)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Emma Stone, Jesse Plemons, Willem Dafoe, Margaret Qualley, Yorgos Stefanakos, Hong Chau, Joe Alwyn, Mamoudou Athie, Hunter Schafer
Nota: 5,0

Yorgos encerra sua Lua de Mel com o público

2024 começou muito bem para o diretor grego Yorgos Lanthimos, já que mesmo com seu Pobres Criaturas não levando o Oscar de Melhor Filme, a produção teve 11 Indicações, venceu 4 Estatuetas, agradou muita gente, ganhou bastante atenção da mídia mundial, e enfim o fez ter bom reconhecimento. Então, o fato dele ter um novo filme - Tipos de Gentileza - estreando poucos meses depois da premiação, certamente despertou a curiosidade de todos.

Porém... os filmes de Yorgos Lanthimos sempre foram BEM estranhos. Acontece que Pobres Criaturas trazia bastante humor e dialogava diretamente com o empoderamento feminino, duas características que ajudaram seu filme ficar popular. Mas Tipos de Gentileza não traz nenhum destes dois aspectos, e então, seu novo filme volta a ser uma obra... "apenas" estranha.

Imagino que tanto Yorgos quanto seus produtores já tinham receio de Tipos de Gentileza podia não receber boa aceitação do público, já que o enredo do filme sempre foi tratado com bastante segredo. O próprio trailer do filme, como se vê no link acima, não nos revela nada. E de fato, Tipos de Gentileza foi mal de bilheteria, e chegou rapidamente nos streamings: no caso do Brasil, está na Disney+ / Star+.

Tipos de Gentileza, na verdade, são três histórias distintas, sem qualquer relação entre elas, com os mesmos atores interpretando diferentes personagens em cada uma das três tramas. Ok, há uma tênue ligação entre as três histórias, o mesmo personagem secundário R.M.F. (interpretado por Yorgos Stefanakos) está presente em todas elas (e inclusive ele aparece citado no título das três), mas é só.

Na primeira história, temos Willem Dafoe fazendo um personagem que controla nos mínimos detalhes a vida de um submisso personagem interpretado por Jesse Plemons. A segunda, na minha opinião de longe a pior de todas, é meio que um conto de terror onde Jesse Plemons interpreta um policial que acredita que sua esposa, interpretada por Emma Stone, foi substituída por uma impostora.

Finalmente, na terceira e última trama, os personagens de Jesse Plemons e Emma Stone são integrantes de uma seita lideradas pelos personagens de Willem Dafoe e Hong Chau, sendo que a primeira dupla está em busca de uma jovem que foi profetizada capaz de ressuscitar os mortos. Esta é a melhor das três narrativas, e talvez por ter um final bem interessante, acabe deixando na platéia uma "última impressão" de que o filme foi melhor do que ele realmente é.

Difícil entender porque o filme se chama Tipos de Gentileza sendo que nenhum personagem de nenhuma história demonstra qualquer gentileza em qualquer momento. Todos são frios e egoístas, o que torna uma experiência ainda mais difícil para o espectador conseguir gostar do que viu. As três histórias, como disse no começo deste artigo, são bem "estranhas". E isto desperta a constante curiosidade de quem assiste, e claro, é uma qualidade. Mas não passa disso, não há profundidade ou alguma lição a aprender aqui. Um possível tema comum para os três contos é que eles são protagonizados por pessoas que estão emocionalmente perdidas, e buscam a felicidade / realização apenas no outro.

O melhor de Tipos de Gentileza acaba sendo sua fotografia, outra qualidade bastante comum nos filmes deste diretor. Resumindo, diria que o filme não é bom nem ruim; é sim "diferente" e um pouco difícil de assistir, principalmente em seu começo. E isso é muito pouco para uma obra que reuniu novamente Yorgos Lanthimos e Emma Stone poucos meses depois de termos visto o ótimo Pobres Criaturas. Nota: 5,0.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #026 - A invasão dos Nepo Babies


Nepo Baby - abreviação do termo Nepotism Baby - cuja tradução literal seria "Bebê do Nepotismo", é um termo que surgiu nos EUA em meados dos anos 2010 para citar de modo depreciativo pessoas cujos pais tiveram sucesso em carreiras semelhantes ou relacionadas à sua. Sendo mais específico aqui no nosso contexto: é um termo para reforçar que a pessoa é filha de uma celebridade, e por isso desfruta de conexões que facilitam a construção da sua carreira no mundo do entretenimento.

Os Nepo Babies existem em Hollywood desde sempre. Porém, apenas nos últimos 3 anos o assunto chamou realmente atenção do público (e de modo negativo). Primeiro pelo número realmente maior de nepo babies aparecendo no cinema, TV e música; e segundo, pela toxicidade das redes sociais. Tanto é verdade que o número de filhos de pais famosos está aumentando e chamando a atenção, que eu já havia feito um artigo sobre isto em Dezembro de 2021 aqui no Cinema Vírgula. Clique aqui para rever o "Curiosidades Cinema Vírgula #007 - Sete jovens atores em ascensão com pais famosos que você não tinha idéia!".

Agora trago mais 4 atores que você provavelmente nem imaginasse que têm pais famosos. São as 4 pessoas da imagem título deste artigo, lá acima. Vamos saber quem eles são, e o que cada um acha de ser um nepo baby? Seguindo então em ordem, da esquerda para a direita:

Maya Hawke: filha dos atores Uma Thurman e Ethan Hawke, um de seus principais trabalhos foi o papel de Robin em Stranger Things. A atriz e cantora já reconheceu que ter pais famosos lhe deu enormes vantagens em ambas carreiras.

Lily-Rose Depp: filha da cantora Vanessa Paradis com o ator Johnny Depp, Lily-Rose é atriz mas também já navegou pelo mundo da mãe, lançando algumas músicas. Para ela, ser um nepo baby só ajuda para conseguir um papel, e depois disso "você só conta com seu talento e há muito trabalho duro a se fazer".

Patrick Schwarzenegger: filho do ator e ex-governador da Califórnia Arnoldão, após várias pequenas participações em filmes e séries, ele recentemente conseguiu um papel maior em Gen V, seriado derivado de The Boys. Patrick diz não aceitar "ajudas" do pai: "Ele me ofereceu papéis em seus filmes, mas não estou interessado em aceitar coisas em seus filmes de ação ou em não conquistar meu [próprio] caminho".

Allison Williams: filha de Brian Williams, o âncora de um programa jornalístico do canal NBC, o Nightly News, a atriz tem uma carreira mais em filmes e séries de terror, recentemente estando em produções como M3gan e Corra!. Na minha opinião, ela é uma excelente atriz, e talvez por concordar com isso, não se importe nem um pouco em se assumir como uma nepo baby: "Não parece ser uma derrota admitir isso. Se você confia em sua própria habilidade, eu acho que se torna bem simples aceitar".

Mas aparentemente nem mesmo fama e reconhecido talento impede que alguns Nepo Babies fiquem magoados com a recente popularização do termo. Lembram que eu disse que filhos de pais famosos existem em Hollywood desde sempre, né? A competentíssima Jamie Lee Curtis, que começou a atuar em 1977 e já passou dos 50 filmes na carreira, é filha dos também atores Tony Curtis (Quanto Mais Quente Melhor) e Janet Leigh (Psicose). E ficou bem magoada quando a expressão começou a ficar comum na mídia.

Tony Curtis, Janet Leigh e Jamie Lee Curtis, juntos em foto de 1991

Jamie até reconheceu que pessoas com parentes famosos têm algumas vantagens na carreira, citando até uma inusitada, que seria o espaço de poder retrucar quem duvida de seus talentos e habilidades. Porém, segundo suas palavras: "a conversa atual sobre os Nepo Babies tem como objetivo apenas tentar diminuir, denegrir e magoar".

E para encerrar o assunto Nepo Babies... vamos falar de Hannah Einbinder.

Hannah é a co-protagonista do seriado de comédia Hacks, que no começo deste ano fiz um artigo elogiando bastante (clique aqui para ler!), e que semanas atrás venceu 3 prêmios Emmy (dentre 6 indicações): Melhor Série de Comédia, Melhor Roteiro de Série de Comédia e Melhor Atriz em Série de Comédia (para Jean Smart).

E como Hannah Einbinder também é uma Nepo Baby (e talentosa, aliás), aproveitei para unir o assunto deste artigo para voltar a recomendar Hacks.

Hannah Einbinder é filha de Laraine Newman, que por sua vez é comediante e dubladora. Laraine fez parte do elenco inicial de Saturday Night Live, da qual participou das 6 primeiras temporadas.

Laraine e Hannah, em 2015



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 28 de setembro de 2024

Crítica Netflix - As Três Filhas (2023)

Título
: As Três Filhas ("His Three Daughters", EUA, 2023)
Diretor: Azazel Jacobs
Atores principais: Carrie Coon, Natasha Lyonne, Elizabeth Olsen, Rudy Galvan, Jovan Adepo
Nota: 8,0

Um relato atual e emocionante sobre vínculos famíliares

As Três Filhas é um drama estadunidense de produção independente que, após ser ter sido exibido (e muito bem recebido) no Festival Internacional de Toronto de 2023, teve os direitos de distribuição mundiais comprados pela Netflix.

A história mostra o reencontro de três irmãs bem diferentes: a "controladora" Katie (Carrie Coon), a "espiritual" Christina (Elizabeth Olsen), e a "desajustada" Rachel (Natasha Lyonne), que se reúnem no apartamento desta última para passar os últimos dias com o pai, já em cuidados paliativos devido ao câncer.

A angustiante situação da iminente perda do pai, somado ao aparente descaso de Rachel faz com que as irmãs entrem rapidamente em conflito, principalmente um Katie versus Rachel. Mas com o passar da história, vemos que nem tudo é o que parece.

O trio de atriz principais está muito bem e é um grande atrativo para As Três Filhas. Porém, o roteiro também é muito bom. É particularmente interessante constarmos que mesmo elas sendo irmãs, e que no fundo se amem e se importem umas com as outras, mal têm contato no dia-a-dia, e mal conseguem se relacionar entre elas, mais brigando do que qualquer outra coisa. Um triste retrato do mundo atual, onde vivemos na correria, atolados em nossos próprios problemas, e cada vez mais perdemos a capacidade de demonstrar nossos sentimentos, ou de pensar em alguém fora de sua casa, sejam outros familiares ou amigos.

E o desfecho de As Três Filhas dá uma resposta-alerta bem clara para esta falta universal de amor que vivemos, de modo emocionante, mas sem ser piegas. Para um filme que injustamente foi pouco divulgado dentro da Netflix, mesmo tendo três atrizes conhecidas, esta é uma pérola escondida que não deve ser ignorada. Nota: 8,0.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #025 - Bicudo o Lobisomem, Tutubarão e mais NOVE "clones" de Scooby-Doo


Scooby-Doo, Cadê Você?
 (Scooby-Doo, Where Are You! no original), foi um desenho lançado em Setembro de 1969 nos EUA, criado e produzido pela Hanna-Barbera, para o canal de TV CBS. Curiosidade: ele foi criado para ser um programa infantil alternativo aos desenhos animados de super-heróis, que segundo parte dos pais da época (em pleno e delicado momento da Guerra do Vietnã), "eram desenhos inapropriados que estimulavam a violência".

A fórmula de Scooby-Doo, Cadê Você? era a seguinte: um grupo de jovens aventureiros (Fred, Daphne, Velma e Salsicha), mais um animal de estimação falante (Scooby) - e principal responsável pelas partes cômicas - que em cada episódio resolviam um mistério, quase sempre "sobrenatural". Sendo que na verdade, no desfecho de cada história, descobríamos que o "mistério" nada mais era que uma farsa ou trapaça de criminosos.

Acreditem, a série original teve apenas 25 episódios em 3 anos (ou melhor, 41 episódios se também somarmos os desenhos deste período que foram exibidos sob o nome de The Scooby-Doo Show). Porém, ela fez um sucesso absurdo, e então após os desenhos iniciais a franquia Scooby-Doo se tornou gigantesca, com direito a novas diversas outras séries de desenhos (e até alguns filmes), que continuam a ser lançados até hoje.

E mais ainda. O sucesso de Scooby-Doo foi TÃO grande que a Hanna-Barbera (e outras produtoras de desenho animado) ao longo dos anos lançaram vários outros títulos que eram cópias descaradas de Scooby-Doo. E de todos estes "clones", meus dois preferidos foram "Bicudo, o Lobisomem" e "Tutubarão", que faço questão de relembrar aqui para vocês.


Bicudo, o Lobisomem (Fangface)


Bicudo, o Lobisomem
, foi um desenho que estreou em 1978, e foi lançado pela Ruby-Spears Productions. Foram 2 temporadas e 32 episódios no total. E vejam que curioso... sabe esse "Ruby-Spears" da empresa que fez o desenho? Ele vem de Joe Ruby e Ken Spears, que um ano antes, 1977, deixaram a Hanna-Barbera e fundaram seu próprio estúdio. E mais ainda, foram justamente estes dois que criaram Scooby-Doo, Cadê Você? e que agora repetiam a dose com Bicudo, o Lobisomem.

Sendo bem parecido com Scooby-Doo, aqui tínhamos quatro adolescentes investigando mistérios de assombrações: Kim, Bill, Gordinho e o medroso Bicudo. Porém toda vez que este último vê a lua (ou uma simples foto dela), ele se transforma em um lobisomem. A principal piada do desenho era justamente a da equipe, ao ser atacada por um "monstro", transformar Bicudo propositalmente no lobisomem para se defender; porém, sempre que isso acontecia, ao invés de atacar o inimigo, a primeira coisa que Bicudo fazia era atacar o Gordinho (sendo esta a graça).


No vídeo acima, bem curtinho, temos a abertura dublada do programa, e nos segundos finais, Bicudo atacando o Gordinho e depois entregando-o de bandeja para o monstro rs.


Tutubarão (Jabberjaw)


Tutubarão
foi um desenho animado criado adivinha por quem? Também pela dupla Joe Ruby e Ken Spears, mas ainda pela Hanna-Barbera, em 1976. Para minha surpresa, foram apenas 16 episódios, em uma única temporada. Mais uma vez, as semelhanças com Scooby-Doo eram gigantes. Os personagens eram um grupo de adolescentes: Bife, Leila, Bolha e Linguiça (que era a cara do Salsicha), que tinham como companheiro o Tutubarão, um tubarão branco de 4,5m de altura. Então entravam algumas diferenças... o desenho se passava no futuro, onde as cidades eram subaquáticas; o grupo era uma banda musical, "Os Netunos", e na verdade não eram eles que perseguiam criminosos e vilões, estes últimos eram quem acabavam "se esbarrando" neles; e Tutubarão, ao contrário do cachorro Scooby, não era medroso, aliás, era forte e corajoso, embora bastante atrapalhado, infantil e ingênuo.

Os principais pontos cômicos, claro, vinham de Tutubarão: suas trapalhadas físicas, de seus bordões como por exemplo "que falta de respeito!" e expressões como "nhac-nhac-nhac!". Outras piadas vinham dele ser apaixonado por Leila, que por sua vez, sempre o maltratava. Linguiça e Bolha também eram bem atrapalhados, sendo que a última também era um bocado "burrinha", e piadas eram feitas sobre isso. Duas curiosidades: o desenho surgiu para aproveitar o gigantesco sucesso do filme Tubarão (1975) de Steven Spielberg; isto do grupo fazer parte de uma banda era um dos conceitos iniciais previstos para a turma de Scooby-Doo mas foi descartado. E como você verá daqui a pouco, esta mesma idéia foi reaproveitada várias vezes ainda antes de Tutubarão...


O vídeo acima que eu trouxe do Tutubarão traz a (desafinada) abertura nacional do desenho e mais um pequeno trecho de um episódio pra vocês conhecerem (ou relembrarem) a série.


Mais clones! Mais clones!

E vamos de mais clones de Scooby-Doo! Finalizando este artigo de Curiosidades, segue uma lista com mais nove imitações do melhor amigo do Salsicha, em ordem cronológica:

Josie e as Gatinhas (Josie and the Pussycats - Hanna Barbera - 1970 a 72 - 2 Temporadas - 32 Episódios): a idéia de fazer uma jovem banda musical resolver crimes demorou pouco para sair do papel, porém Josie e as Gatinhas não eram personagens inéditos, e sim personagens de quadrinhos da franquia Archie. A principal diferença entre a HQ e o desenho é que nos quadrinhos Josie e sua banda tinham aventuras diversas e cotidianas, não eram "detetives". Ah, o gato de estimação Sebastian não era "falante", era um gato comum.

Fantasminha Legal (The Funky Phantom - Hanna Barbera - 1971 a 72 - 1 Temporada - 17 Episódios): três jovens (Hugo, Silvio e Alice), um cachorro (Elmo), e mais dois fantasmas: Jonathan Wellington "Mudsy" Muddlemore e seu gato, Boo, sendo que "Mudsy" está trajado com a roupa (e peruca) dos patriotas revolucionários que lutaram pela independência dos EUA.

Butch Cassidy e os Sundance Kids (Butch Cassidy and the Sundance Kids - Hanna Barbera - 1973 - 1 Temporada - 13 Episódios): aqui temos quatro adolescentes (Butch Cassidy, Merilee, Stephanie e Wally), que formam uma banda de Rock, e que atuam secretamente como espiões, lutando contra todo tipo de crime. Claro que eles também tem um animal de estimação, o cachorro Elvis. O grupo é comandado por um supercomputador, o Senhor Sócrates, e que curiosamente tem alergia à Elvis.

Goober e os Caçadores de Fantasmas (Goober and The Ghost Chasers - Hanna Barbera - 1973 - 1 Temporada - 16 Episódios): talvez o mais parecido dentre todos os clones de Scooby-Doo, pois o grupo também tinha um veículo grande, e seu mascote também era um cachorro. Aqui o grupo de jovens eram repórteres que investigavam mistérios sobrenaturais, com a adição de um grupo de crianças que eram fãs / assistentes que também apareciam nos episódios. Medroso, o cachorro Goober tinha um superpoder: ele ficava invisível quando assustado.

Speed Buggy (Speed Buggy - Hanna-Barbera - 1973 - 1 Temporada - 16 Episódios): desta vez não tínhamos um animal de estimação falante, mas sim, um carro! Debbie, Tinker e Mark disputavam corridas junto com Speed Buggy e ao mesmo tempo resolvem mistérios "de monstro". Speed Buggy não apenas falava, como se comportava como humano, as vezes até usando as rodas como "pernas" e "braços".

Clue Club (Clue Club - Hanna-Barbera - 1976 - 1 Temporada - 16 Episódios): quatro jovens (Larry, Didi, Dedé e Dorinha) e dois cachorros sabujos (Sherlocão e Bob) que atuam como uma agência de detetives, investigando mistérios. Claro que assim Scooby-Doo os cachorros eram medrosos e falantes, porém, uma diferença é que os dois cachorros só falavam entre si.

Capitão Caverna e as Panterinhas (Captain Caveman and the Teen Angels - Hanna Barbera - 1977 a 80 - 3 Temporadas - 40 Episódios): sim, foi graças a um clone de Scooby-Doo que tivemos a criação do Capitão Caverna (!), em um dos últimos trabalhos da dupla Joe Ruby e Ken Spears pela Hanna-Barbera. Aqui, em uma evidente paródia da série televisiva As Panteras, o nosso amigo pré-histórico é encontrado congelado pelas "Panterinhas" Sabrina, Neli e Gilda, e então passa a ajudá-las a combater todo tipo de crime. Famoso por gritar desafinadamente seu próprio nome, Capitão Caverna também tem um conjunto de superpoderes: vôo, força sobre-humana, guardar qualquer objeto dentro dos pêlos do corpo, e ainda, portar um porrete que é uma verdadeira caixa de ferramentas.

Arquivo Cãofidencial (The Buford Files - Hanna Barbera - 1978 - 1 Temporada - 13 Episódios): desenho sobre dois jovens irmãos, Rosinha e Zé Quati, e um cachorro sabujo velho de nome Kojeka (piada com o nome do detetive Kojak, série de TV dos anos 70). O nariz de Kojeka disparava como alarme em caso de alguma pista, além de que ele uivava sem controle quando via a Lua cheia. Junto com o trio, também havia o Xerife Pé de Mula e seu jovem e atrapalhado ajudante, Janjão. O grupo (a esquerda na imagem acima) resolvia mistérios da região pantanosa em que viviam. Seus desenhos eram mais curtos (15 min) e sempre vinham juntos, em pares, com o desenho do Fantasmino, o Fantasma Galopante (a direita).

Shmoo, a Foca Fofa (The New Shmoo - Hanna Barbera - 1979 - 1 Temporada - 13 Episódios): Shmoo, que NÃO é uma foca, na verdade é um personagem de tira de jornais, criado por Al Capp em 1948. Em 1979 a Hanna-Barbera ressuscitou o personagem, agora para seus desenhos animados, e por isso o nome The New Shmoo, no original. Shmoo é um ser fofo e inocente que ajuda seus três amigos adolescentes a adivinhem o quê? Resolverem crimes!



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sábado, 13 de julho de 2024

Especial Olimpíadas - QUATRO ótimos filmes sobre Esportes (e que não são documentários) para você assistir na Netflix


Já caiu a sua ficha de que estamos a MENOS DE DUAS SEMANAS DAS OLIMPÍADAS??? Sim, você pode não estar ciente, porém agora no dia 26 de julho de 2024 (*) começará a 33ª Olimpíada da Era Moderna, em Paris. E o Cinema Vírgula vai te ajudar a entrar no clima, te indicando quatro ótimos filmes sobre esportes para você ver no conforto da sua casa, via Netflix. Vamos a eles!


Eu, Tonya
(2017): quando Margot Robbie fez este filme ela já era famosa, afinal, já tinha figurado em O Lobo de Wall Street, e co-estrelado filmes como Golpe Duplo e Esquadrão Suicida. Porém foi com este Eu, Tonya que ela ganhou respeito como atriz, levando por ele sua primeira indicação ao Oscar.

O filme conta a história real da patinadora artística olímpica Tonya Harding, acusada de participar de um caso de agressão física contra sua principal rival. O curioso da história, ocorrido na década de 90, é que por não atender os padrões esperados para uma ginasta, Tonya já era vilanizada pela imprensa e pela sociedade antes de cometer qualquer ato errado. Então teria ela se tornado uma vilã porque a transformaram nisto antes? É uma teoria ao estilo Minority Report que a própria Tonya da vida real levantou, e que o filme também traz aqui de modo bem interessante.


Nyad
(2023): outro filme sobre fatos reais, ele tem este nome pois nos conta sobre a nadadora estadunidense Diana Nyad, que ao longo da vida realizou várias conquistas na natação de longa distância. Após uma tentativa mal sucedida, ainda em sua juventude, de ser a primeira pessoa a nadar de Cuba até a Flórida, temos aqui a história dela tentando realizar seu sonho novamente, porém agora aos 60 anos. Provavelmente o grande destaque do filme vá para suas protagonistas, as premiadas atrizes Annette Bening (que interpreta Diana Nyad) e Jodie Foster (que interpretou Bonnie Stoll, sua treinadora).

Não gostei muito da atuação de Jodie, mas Annette Bening está realmente muito bem. Sua atuação, somado a história real de superação de Diana Nyad certamente valem o filme. Uma história sobre envelhecimento, amizade e sobre o espírito desbravador humano.


O Quinto Set
(2020): filme francês sobre tênis, conta a história (fictícia) de um promissor jogador profissional, mas que nunca chegou a corresponder as expectativas iniciais, e portanto passou toda a carreira longe dos melhores do mundo (na trama ele está na posição 200 e pouco do ranking). E agora, com 37 anos, ele encontra em um torneio de Roland Garros aquela que provavelmente seja sua última chance de obter alguma glória.

O filme tem um pouco de drama familiar, mas no fundo é uma luta do protagonista Thomas J. Edison (Alex Lutz) contra ele mesmo. Além da ótima fotografia, uma coisa bem bacana de O Quinto Set é a maneira realista com que ele mostra os bastidores nada glamourosos dos tenistas profissionais que não ficam famosos, em especial aqueles que nunca chegam a estar entre os 100 do mundo. Estar entre os melhores é muito mais difícil que você pensa, e competir sem ser um deles, idem.

Com os geniais Rafael Nadal e Novak Djokovic disputando agora em Paris sua última e derradeira Olimpíada, um filme sobre "uma última chance no Tênis" parece bem apropriado.


As Nadadoras
 (2022): aqui temos um filme britânico, da diretora Sally El Hosaini, também britânica, mas de família egípcia. Ele conta a história real de duas jovens irmãs nadadoras sírias, que fugiram do país devido a violenta guerra civil em seu país natal, e que em busca de segurança, migraram para a Alemanha. Além disso, elas tinham o sonho de disputar os jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

O filme é muito bom, o melhor e mais emocionante desta lista, e também bem fiel a realidade, incluindo a parte em que as irmãs são "obrigadas" a atravessar o mar a nado como heroínas (em um esforço que durou pouco mais de 3 horas). Se for escolher apenas um dos quatro filmes desta lista, fique com este aqui.

As Nadadoras fala mais sobre refugiados do que sobre esporte em si, mas ainda assim, a parte esportiva está presente, tanto que eu diria que este filme tem o clima mais "Olímpico" desta lista, já que traz um bocado de imagens dos jogos do Rio 16. As atrizes que fizeram os papéis das irmãs sírias também são irmãs na vida real (embora libanesas), o que ajuda ainda mais no realismo da obra.

PS (pule esse parágrafo se não quiser spoiler do filme As Nadadoras): assim como mostra no filme, Yusra Mardini de fato venceu a sua bateria dos 100m borboleta em sua estréia nos jogos Olímpicos do Rio. O que o filme não explica, é que apesar da vitória, seu tempo foi o 41º geral, e portanto ela não avançou de fase. Obviamente que isso não diminui a pessoa e atleta espetaculares que Yusra é. ;)

As verdadeiras irmãs Yusra (esq.) e Sara (dir.) em foto de 2015

PS 2, o (*): pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a Cerimônia de Abertura não será dentro de um estádio ou arena, e sim, será ao ar livre, às margens do Rio Sena, com as delegações desfilando em barcos! Não perca! O evento, será na Sexta-feira, 26 de Julho, a partir de 14h30 (de Brasília).

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #023 - As versões do Sr. Miyagi e do Karatê Kid que você NÃO CONHECE


Daqui exatamente uma semana, no dia 18 de Julho de 2024, estreará na Netflix a sexta e última temporada da série Cobra Kai. E enquanto o desfecho do spin-off de Karatê Kid não chega, que tal diminuir a ansiedade com curiosidades sobre seus dois personagens mais famosos?



Sr. Miyagi, o... comediante de Stand Up?!

Sim! Pat Morita, o ator estadunidense filho de japoneses que ficou imortalizado como o sábio mestre do Caratê, Sr. Miyagi, antes de ser ator teve algumas profissões que você jamais imaginou. Noriyuki "Pat" Morita passou boa parte da infância em hospitais, devido ao Mal de Pott. Mas após algumas cirurgias, conseguiu ter uma vida normal, e no começo da adolescência passou a ajudar no restaurante da família em Sacramento ("era um restaurante chinês gerenciado por uma família de japoneses"), e já aí começou a entreter seus clientes com piadas e posteriormente virar uma espécie de mestre de cerimônias.

Com o passar dos anos, após casar e ter seu primeiro filho, e precisando de mais dinheiro, nos anos 60 Morita acabou se tornando Analista de Dados (!), primeiro trabalhando para o "Detran" estadunidense, e depois na indústria aeroespacial. Mas sofrendo de esgotamento mental e outros problemas de saúde, ele abandonou a profissão e resolveu ser comediante, onde adotou o nome artístico de Pat Morita.

Um trecho de seu stand-up em 1977, no show de seu amigo Redd Fox (em inglês)

Embora não tenha sido muito bem sucedido como comediante, ele trabalhou contando piadas por muitos anos, e acabou encontrando no comediante Redd Foxx um amigo e mentor, que o apoiou muito em sua carreira. No final das contas, suas exibições na comédia acabaram fazendo que ele tivesse chances em filmes e TV. Nos anos 70, Pat Morita fazia parte do elenco fixo de seriados como M*A*S*H e Happy Days. Mesmo que estivesse sempre fazendo papéis de orientais estereotipados, seus personagens eram todos cômicos e alegres. Seu primeiro papel relevante "sério" (e olhe que ainda assim nem tanto) foi justamente o de Miyagi, em 1984. Aliás, o fato de ser comediante pesou contra Pat Morita na hora das audições para ser o Sr. Miyagi, e quase que ele não consegue o emprego de sua vida por isso.

Neste artigo trago dois vídeos com Pat Morita contando piadas. Infelizmente tudo em inglês e sem legendas (já foi difícil encontrar vídeos dele em inglês, que dirá em português). Faço a ressalva de que algumas das piadas hoje não são mais vistas como adequadas, mas levem em conta o contexto da época.

Pra finalizar, uma piada de tiozão (também apenas em inglês)



Karatê Kid... o escritor de quadrinhos da Marvel!

Quando eu era adolescente, e lia eventualmente alguns quadrinhos da Marvel, notava que as vezes nos créditos, aparecia um tal de "Ralph Macchio" como escritor, ou as vezes como editor. E apesar do estranhamento inicial, não tinha a menor dúvida de que se tratava do ator que fez o Daniel-San nos filmes do Karatê Kid... afinal, eu nunca mais vi ele em filme nenhum... o que mais ele poderia estar fazendo da vida? A resposta só poderia ser: quadrinhos!

Pois é, mas eu estava enganado. Foi preciso o surgimento da Internet (e muitos anos depois dela, aliás), para eu descobrir que existe mais de um Ralph Macchio no mundo. Como se pode ver pela foto da imagem deste artigo (no topo de tudo, à direita do Pat Morita), o Ralph dos quadrinhos é mais velho (mas nem tanto, apenas 9 anos mais velho que o ator), e curiosamente, embora não tenha nenhuma relação com o Daniel-San verdadeiro, ele de fato acabou sendo apelidado de "Karatê Kid" pelos seus colegas de trabalho assim que os filmes de Karatê Kid ficaram famosos.

Pra ver que não estou mentindo, notem o nome do escritor...

Entre os anos 80 e 90, o Ralph Macchio da Marvel escreveu roteiros para HQs do Capitão América, Os Vingadores, Thor, X-Men, Quarteto Fantástico, e até dos robôs Transformers, dentre outros. Já como editor, por ele também passaram dezenas de títulos, mas como maior destaque, ele foi o editor da HQ do Demolidor por mais de uma década.

Ralph Macchio, o escritor, está aposentado desde 2013. Já Ralph Macchio, o ator, continua na ativa. Será que atuar é mais saudável que escrever? Ou dá menos dinheiro e por isso ele ainda precisa trabalhar? Ficam as indagações rs.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 6 de julho de 2024

Crítica Netflix - Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (2024)

Título
Um Tira da Pesada 4: Axel Foley ("Beverly Hills Cop: Axel F", EUA, 2024)
Diretor: Mark Molloy
Atores principais: Eddie Murphy, Joseph Gordon-Levitt, Taylour Paige, Kevin Bacon, Judge Reinhold, John Ashton, Paul Reiser, Bronson Pinchot
Nota: 7,0

Enfim Eddie Murphy resgata parte de sua magia do passado

Continuando outra das tendências que ressurgiu nos últimos anos, que é a de continuar uma franquia de filmes dos anos 80, Eddie Murphy está de volta fazendo o papel do descolado e desobediente policial de Detroit, Axel Foley, com seu Um Tira da Pesada. Após uma trilogia de filmes que saiu nos anos 1984, 1987 e 1994, a série volta exatos 30 anos depois, com este Um Tira da Pesada 4: Axel Foley não lançado nos cinemas, e sim apenas na Netflix.

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley aposta bastante na nostalgia, e em vários momentos faz questão de lembrar dos filmes anteriores, principalmente em diálogos. Além disto, traz de volta alguns dos outros principais atores clássicos além de Eddie Murphy: a dupla de policiais "Billy" Rosewood (Judge Reinhold) e John Taggart (John Ashton) está ao lado de Foley como sempre, além do Detetive Jeffrey Friedman (Paul Reiser), que esteve nos dois primeiros filmes, e Serge (Bronson Pinchot) que esteve nos filmes 1 e 3.

Porém toda esta trupe está mais para figuração, pois na verdade além de Murphy, para este Um Tira da Pesada 4: Axel Foley temos uma nova geração de co-protagonistas (o que me inclusive faz desconfiar de futuros planos para um Um Tira da Pesada 5...): sua filha Jane (Taylour Paige) e o jovem policial Bobby (Joseph Gordon-Levitt). Na história, Jane, que é advogada em Beverly Hills, tenta inocentar um cliente da acusação de matar um policial, e ao ser ameaçada de morte por isso, então seu pai Axel deixa Detroit pela quarta vez e vai até lá em seu auxílio.

Felizmente, em Um Tira da Pesada 4: Axel Foley vemos Eddie Murphy voltando a fazer com seu personagem o que lhe tornou famoso (e divertido): que é "meter o louco" para causar um efeito surpresa nas pessoas e com isso conseguir seus objetivos. Infelizmente o ator continua muito mais "sisudo" do que era nos anos 80, mas ainda assim, depois de muito tempo, como é bom constatar que finalmente Eddie Murphy voltou a fazer um bom filme e voltou a fazer rir.

Não esqueçam, entretanto, que Um Tira da Pesada 4: Axel Foley é um filme policial, apesar de todo o humor... então haverá várias mortes e tiroteios, como qualquer filme do gênero dos anos 80 tinha. Aliás, talvez por aqui termos um constante conflito pai-filha, este filme é mais tenso e melancólico que qualquer outro filme da franquia Um Tira da Pesada (pelo menos do que me lembro... não assisto os filmes clássicos deles há mais de uma década), ainda assim, para quem gosta de filme de ação com humor, e/ou quem já está acostumado com a franquia Um Tira da Pesada, não tem como não se divertir ou se decepcionar. Os anos 80 voltaram para deleite dos saudosistas. Nota: 7,0.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Especial Michael Jackson 15 anos - Os Jackson Five foram (muito) mais talentosos e famosos do que você se lembra


Hoje, 25 de junho de 2024 faz exatos 15 anos da morte de Michael Jackson, e em sua homenagem postarei dois artigos sobre ele neste ano. Este aqui, e um no dia 29 de agosto, data em que ele faria aniversário.

Não há dúvida que dentre todos os integrantes do The Jackson 5 (que posteriormente foi rebatizado para The Jacksons), Michael Jackson foi sua maior e mais talentosa estrela. Michael foi certamente o maior artista musical dos anos 80, e ainda é um dos maiores artistas musicais de entretenimento de todos os tempos.

Porém, os The Jackson 5 também tinham muito talento em seus outros integrantes. E também fizeram bastante sucesso antes do Michael adulto. A estréia do grupo com o álbum Diana Ross Presents The Jackson 5 (1969) pegou o mundo da música de surpresa (até porque nessa época a média de idade do quinteto era de 12 anos), e por exemplo, em seus dois primeiros anos de carreira os Jackson Five já conseguiram emplacar 4 músicas como #1 nas paradas estadunidenses. 


No apresentação acima, de 1975, podemos ver um pouco do talento musical de todos os irmãos. Os Jacksons vão em um programa da Cher e, junto com ela, cantam um medley de alguns de seus sucessos. Pode se repararar o quanto todos são bem afinados (e ao mesmo tempo que dançam e tocam!). Uma curiosidade: no vídeo podemos ver Michael fazendo a "dança do robô", passo que ele usava bastante no seu período adolescente, mas que abandonou em sua fase adulta solo.

E... voltando um pouco no tempo: aproveitando o enorme apelo popular da época, especialmente entre os jovens, a gravadora Motown (famosa por seus artistas afro-americanos) fez dos Jackson 5 seu principal e mais lucrativo produto de marketing, vendendo adesivos, pôsteres, livros para colorir, brinquedos, e até... um desenho animado! Como se pode ver abaixo, o desenho era um bocado psicodélico, além de ter algumas coisas "curiosas", como Michael ter dois camundongos e uma cobra de estimação. Como a agenda do quinteto estava sempre lotada, não foram eles que fizeram as dublagens, e sim, atores profissionais. Foram 23 episódios em 2 temporadas, exibidos nos EUA pelo canal ABC aos sábados de manhã. A seguir um episódio completo em português. Ser cantor e ter desenho próprio não era pra qualquer um... ainda mais nos anos 70.


E finalmente, vamos mais uma vez ao que talvez mais importa neste artigo: demonstrações de que todos os irmãos Jacksons tinham bastante talento. No vídeo abaixo, mais raro e também de 1975, o grupo vai se apresentar no The Carol Burnett Show. Porém, diferentemente da apresentação feita no programa da Cher, aqui o objetivo é de fato apresentar os integrantes de banda, e alías, com dois bônus: eles também apresentam os ainda mais novos integrantes da família para o mundo musical, os irmãos Randy e Janet Jackson. Os pequenos encerram a apresentação cantando apenas eles dois juntos.


Curiosamente Randy substituiria o irmão mais velho Jermanie no grupo meses depois, após este deixar a banda ao recusar a mudar de gravadora e também tentar fazer sua carreira solo. Já Janet, bem, ela começou aparecendo na TV em um show de variedades com seus irmãos (Sim! Embora tenha durado apenas 12 episódios entre 1976 e 77, os The Jacksons também tiveram uma série de TV, além do desenho animado!), depois ela fez mais algumas participações em seriados diversos, até que em 1982 estreou musicalmente já adulta, via carreira solo. Ela se tornou muito bem sucedida e só ficou atrás em fama e sucesso do seu irmão Michael.


E para encerrar o artigo, mais imagens raras para vocês ;)


Nestas imagens, temos duas esquetes de um episódio de 1977 do The Jacksons Variety Show. Na imagem de cima, os irmãos Jacksons e outros dançarinos fazem o quadro "Cisco Kid". Já abaixo, Michael interage com a atriz Georgia Engel.


E finalizando, imagem com o letreiro tradicional do show de variedades onde os irmãos cantavam e faziam entrevistas ao vivo.






Contemplem o hoje raro jogo de tabuleiro do Jackson 5! Se quiserem me presentear com um desses, fiquem a vontade! ;)

sábado, 15 de junho de 2024

Crítica Netflix - As Cores do Mal: Vermelho (2024)

Título
: As Cores do Mal: Vermelho ("Kolory zla. Czerwien", Polônia, 2024)
DiretorAdrian Panek
Atores principais: Jakub Gierszal, Maja Ostaszewska, Zofia Jastrzebska, Andrzej Konopka, Przemyslaw Bluszcz, Wojciech Zielinski, Andrzej Zielinski, Jan Wieteska
Nota: 7,0

Filme de suspense policial sucesso da Netflix é violento porém competente

Normalmente eu iria deixar passar este filme polonês As Cores do Mal: Vermelho, produção original Netflix. Porém, resolvi assistí-lo por dois motivos: ele está fazendo sucesso (na sua semana de estréia ele foi o 2º filme mais assistido mundialmente na plataforma, só perdendo para Atlas), e também porque está sendo bastante elogiado pelos sites especializados nacionais.

A trama é baseada no livro de mesmo nome, escrito em 2019 pela escritora polonesa Małgorzata Oliwia Sobczak. Atualmente As Cores do Mal é uma série de 4 livros: Vermelho (2019), Preto (2020), Branco (2021) e Amarelo (2024). Todos eles trazem como um dos personagens o promotor / investigador Leopold Bilski (interpretado aqui pelo ator Jakub Gierszal). Mas apesar de ser uma série de livros, o filme conta uma história completa e independente, sem deixar qualquer ponta solta.

Na trama deste As Cores do Mal: Vermelho, a jovem Monika (Zofia Jastrzebska) é encontrada morta em uma praia, e com os lábios arrancados, exatamente a mesma descrição de um crime ocorrido naquela mesma cidade pouco mais de uma década atrás. Porém ao investigar o novo assassinato, tanto o investigador Leopold quanto a juíza Helena Bogucka (Maja Ostaszewska), mãe da falecida Monika, vão descobrindo fatos novos e surpreendentes tanto do crime atual, quanto do crime do passado.

Mais do que qualquer coisa, As Cores do Mal: Vermelho é um filme bastante pesado de se assistir. Bem pesado. Por exemplo ele não tem receio de mostrar o corpo mutilado de Monika, e também, não alivia quando mostra várias cenas de tortura física e psicológica que ela passou antes de morrer. O nome As Cores do Mal não é a toa... há muitos personagens realmente maus neste filme. E com a direção não nos dando praticamente nenhuma pausa ou alívio para respirar ou refletir, somado-se a uma trilha sonora sombria e constante, a experiência é um bocado incômoda.

O roteiro de As Cores do Mal: Vermelho conta com algumas coincidências exageradas, várias reviravoltas (e algumas que achei previsíveis), mas ainda assim, consegue em alguns momentos surpreender. E, o mais importante: é muito competente em prender a atenção (e a tensão) do expectador. Estamos a todo momento querendo saber o que vai acontecer a seguir, e também, temendo pela vida dos personagens.

Ainda que não seja essa maravilha toda que boa parte dos sites nacionais de cultura pop vêm comentando, As Cores do Mal: Vermelho é de fato um bom filme de suspense policial, bem violento, e com bastante ênfase no suspense. Ainda que não se arrisque a fazer nada fora do usual em termos de narrativa, o filme felizmente foge da repetitiva fórmula padrão dos filmes caça-níquel da Netflix. Nota: 7,0.

domingo, 12 de maio de 2024

Precisamos falar do seriado Hacks e de Jean Smart


Uma das melhores séries de comédia + drama que assisti nos últimos anos e que ainda faltava comentar aqui no Cinema Vírgula era Hacks (e que em algum momento também teve o nome traduzido para Medíocres, mas desistiram desse nome), do streaming Max (antigo HBO Max). Eu assisti suas duas primeiras temporadas (de 2021 e 2022) e adorei, mas como achava que o seriado havia se encerrado, acabei não escrevendo a respeito...

Mas eis que para minha surpresa a HBO renovou Hacks para uma terceira temporada, que acaba de estrear mundialmente! Então, bora comentar sobre esta série magnífica.

Hacks conta principalmente sobre a inusitada amizade e colaboração entre duas mulheres: Deborah Vance (Jean Smart), uma veterana e muito bem sucedida comediante, que já está há muitos anos como atração fixa de um cassino de Las Vegas, e que vê sua estabilidade em risco quando este cassino não quer mais renovar seu contrato, em detrimento de uma nova atração musical jovem; e Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma jovem e reconhecidamente talentosa escritora de comédias, porém que não consegue mais encontrar trabalho devido a um tweet insensível e de ser péssima para ser relacionar com pessoas. Após alguns eventos, o agente de Ava sugere para as duas trabalharem juntas, e com Deborah querendo montar um novo show com material totalmente inédito, a dupla acaba aceitando a parceria à contragosto, e elas começam a se aventurar juntas fazendo uma turnê pelos EUA.

Além das duas protagonistas, a trama principal conta com mais dois personagens importantes: "DJ" (Kaitlin Olson), a filha "problemática" de Deborah, e Marcus (Carl Clemons-Hopkins), empresário e "faz-tudo" de Deborah, bastante dedicado e competente, que entra em crise ao perceber que dedicou toda sua vida ao trabalho, e entra no dilema de querer mudar isso justamente quando a carreira de Deborah também entra em crise.

Hacks é um seriado que consegue o tempo todo misturar humor, drama, e cenas bem emocionantes. E as duas protagonistas estão o tempo todo lutando contra o sistema, brigando contra o machismo, contra o etarismo, ou simplesmente, brigando por fazer o que é o moralmente correto.

Mas além das justas lutas das protagonistas contra o mundo, ambas possuem seus problemas pessoais e emocionais, também muito bem abordados pelo roteiro. Ava tem problemas de comunicação com os pais, não consegue ter relacionamentos afetivos... Já a relação de Deborah com sua filha comove e é muito bem demonstrada, mostrando os dois lados da moeda. O melhor de tudo, entretanto, é mesmo Deborah Vance. Apesar da comediante ser vaidosa e egoísta (e ela é sim egoísta), ao mesmo tempo ela se importa genuinamente com Ava, DJ e Marcus, e essa dualidade é mostrada de maneira tão crível e emocionante... isto só é possível graças a um ótimo roteiro e as excelentes atuações de Jean Smart.

O que me vem a questão... por que Jean Smart não é melhor reconhecida pelo seu talento?

Ela até já recebeu várias premiações ao longo de sua carreira, mas todas por papéis na TV. Ela já ganhou alguns Emmys, sendo o primeiro em 2000, de "Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia", por um episódio de Frasier.

Jean Smart em Uma Família Extraordinária (Wildflower) de 2022

Mas nas premiações de filmes ela continua ausente, o que considero injusto... E olhem que ultimamente ela têm participado (e muito bem) até de filmes grandes. Por exemplo, recentemente ela esteve nos ótimos Babilônia (2022) e Uma Família Extraordinária (2022). No mesmo ano de 2022 ela recebeu (e venceu) sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Porém, não foi por nenhum dos dois filmes acima, e sim, por Hacks... ela venceu o prêmio de "Melhor atriz de Comedia ou Musical" (lembrando que o Globo de Ouro premia tanto TV quanto Cinema).

O episódio final da segunda temporada de Hacks encerra os ciclos apresentados dos personagens e por isso mesmo achei que não teríamos mais episódios. Por isso nem tenho idéia do que pode ser o assunto da terceira temporada, que ainda não comecei a ver. Porém, para minha surpresa e felicidade, as primeiras críticas que estão saindo nas mídias especializadas estão dizendo que Hacks voltou ainda melhor!

E você conhece Jean Smart de algum filme ou série? Já tinha ouvido falar de Hacks? escreva nos comentários.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Crítica Netflix - A Batalha do Biscoito Pop-Tart ("Unfrosted", EUA, 2024)

Título
A Batalha do Biscoito Pop-Tart ("Unfrosted", EUA, 2024)
Diretor: Jerry Seinfeld
Atores principais: Jerry Seinfeld, Melissa McCarthy, Jim Gaffigan, Max Greenfield, Hugh Grant, Amy Schumer, Peter Dinklage, Christian Slater, James Marsden, Jack McBrayer, Thomas Lennon
Nota: 6,5

Seinfeld estréia como diretor com filme ágil e divertido

Após quase quatro anos sem produzir novo material de comédia, Jerry Seinfeld está de volta, agora estreando como diretor, mas também produzindo e co-roteirizando o maluco e totalmente fictício A Batalha do Biscoito Pop-Tart.

Na história, que se passa nos anos 60, As empresas de alimentos Kellogg's e Post dominam o mercado de cereais para café da manhã, entretanto com a Kellogg's tendo a clara liderança. Porém a Post aparenta estar prestes a lançar um produto que pode mudar isto, o que faz um dos principais funcionários da Kellogg's, Bob Cabana (Jerry Seinfeld) e o dono da empresa Edsel Kellogg III (Jim Gaffigan) não medirem esforços para lançarem algo revolucionário antes, o que viria ser os Pop-Tarts (para saber um pouco mais sobre o que é um Pop-Tart, clique aqui, onde já expliquei a respeito, recomendo).

Se A Batalha do Biscoito Pop-Tart fosse avaliado pela quantidade de piadas, seria uma das melhores comédias de todos os tempos, afinal, literalmente não ficamos mais do que 5 segundos em cena sem alguma piadinha sendo disparada em tela, seja ela dita por algum personagem, ou alguma piada visual. Temos portanto, literalmente centenas de gracejos, dos mais diversos temas... muitos são trocadilhos com o mundo dos cereais, mas vários outras são piadas cotidianas, ou da cultura pop em geral. Há também uma quantidade gigantesca de personagens que são trazidas para o filme, e um exemplo emblemático da enorme mistura de assuntos, piadas e personagens é ter o ator Jon Hamm aparecendo e fazendo paródia de si mesmo interpretando uma "cópia" de seu personagem da famosa série Mad Men, que também se passa nos anos 60.

O resultado final de tantas piadas sendo metralhadas na cara do espectador é um filme divertido, dinâmico, e para toda a família... mas que também, não se arrisca, e pouco tem de memorável. O mais próximo disso são as participações de Hugh Grant, que quebram um pouco o ritmo alucinado do filme e é, de fato engraçado. A Batalha do Biscoito Pop-Tart acaba cumprindo seu papel de divertir e entreter, mas não espere nada mais do que ficar com um sorriso no rosto. Nota: 6,5


PS: segundo Seinfeld, aparentemente Hugh Grant é um pouco como seu personagem na vida real, já que o comediante deu algumas entrevistas "falando mal" de seu companheiro de filmagem, dizendo que é difícil trabalhar com Grant, que ele leva tudo a sério, que eles brigaram várias vezes, que ele quer trabalhar tudo certinho, e deu um exemplo de que mesmo após já terem oferecido o papel pra o Hugh, ele fez questão de gravar um vídeo caseiro interpretando o personagem e mandar para ele (Jerry) avaliar. Mas, contemporizando, Jerry disse que quando não está no modo trabalho, Hugh Grant é um cara ótimo, que eles jantaram algumas vezes juntos, e que ele foi uma das companhias mais agradáveis para se jantar que já teve na vida.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Assisti Bombástica: A História de Hedy Lamarr (2017)


Um dos artigos deste ano que mais me impressionou quando fiz minhas pesquisas para escrevê-lo, foi o que contou um resumo da história da atriz e inventora Hedy Lamarr, que publiquei no dia 8 de Março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

No final daquele texto, comentei que havia um documentário feito sobre ela há alguns anos atrás, mas que não ficou famoso, nem chegou aos cinemas. Trata-se de Bombástica: A História de Hedy Lamarr, de 2017 (Bombshell – The Hedy Lamarr Story no original).

Pois bem, eu acabei assistindo este documentário no Youtube dias atrás e posso dizer que ele é ótimo! Recomendo muito para todos assistirem! E, porque assisti-lo, duas coisas aconteceram. A primeira, foi a criação deste texto, onde irei contar muito rapidamente sobre o que o filme se trata. E a segunda, é que aprendi coisas novas sobre Hedy Lamarr e com isso revisei meu texto escrito em Março. Ele recebeu algumas pequenas correções, novas fotos, mas principalmente, foi ampliado em 3 parágrafos, contando novas passagens muito interessantes.

Portanto, quem já leu, convido a ler novamente meu texto Especial Dia Internacional da Mulher: Atriz e inventora, conheça a incrível (e conturbada) história de Hedy Lamarr. E quem ainda não leu, se prepare para ler e se surpreender!



Sobre o documentário Bombástica: A História de Hedy Lamarr

Apesar de ser uma produção modesta para os padrões de um filme atual (US$ 1,5 milhões), o documentário Bombástica: A História de Hedy Lamarr (veja o trailer oficial - em inglês - no vídeo acima) teve o envolvimento de alguns nomes famosos de Hollywood. Por exemplo, a atriz Susan Sarandon é uma das produtoras executivas; a atriz Diane Kruger e os cineastas Peter Bogdanovich e Mel Brooks são alguns que aparecem em vários momentos dando opiniões.

Seus filhos Anthony Loder e Denise Loder-DeLuca também aparecem bastante e dão importantes depoimentos. E enquanto as pessoas contam a história de Hedy, como em todo bom documentário, há diversas filmagens e fotos ilustrando o que está sendo falado.

E por falar nos filhos de Hedy, o documentário cita apenas a primeira metade daquele que provavelmente é o aspecto mais sombrio de Lamarr. No segundo casamento dela, em 1939, com o roteirista e produtor Gene Markey, o casal acabou adotando um bebê ao qual deram o nome de James Markey; mas a dupla mal se via e eles se separaram pouco mais de dois anos depois. Em 1943 Hedy já estava com seu terceiro marido, o ator britânico John Loder, com quem ela teria Anthony e Denise.

Um novo divórcio viria em 1947, e quando James completou 11 anos, ele foi enviado para uma escola militar pois era "muito indisciplinado", e posteriormente o treinador de esportes de lá ligou para Lamarr perguntando se o menino poderia ficar morando com ele e a esposa. E ela, em teoria magoada por não ser mais "querida" pelo filho, aceitou mas cortou contato com ele. A partir de então James falou algumas vezes com a mãe por telefone e só. O filme Bombástica vai até aí. O que ele não conta é que em 2001 se descobriu que James Markey na verdade era filho biológico de Hedy com John Loder, ou seja, James foi fruto de um caso amoroso anos antes de Lamarr e Loder se casarem. Em outras palavras, hoje dá para arriscar a dizer que o casamento de Hedy Lamarr com John Loder foi uma tentativa dela de "arrumar as coisas erradas do passado", mas infelizmente não deu certo.

A provável "cereja do bolo" de Bombástica: A História de Hedy Lamarr são os áudios de uma entrevista inédita e até então "perdida", que ela deu ao repórter Fleming Meeks da Forbes Magazine, em 1990, repassando sobre toda sua vida em 4 fitas cassetes de gravação. Então, temos a oportunidade de também ouvir a própria Lamarr através de sua voz dar a sua versão em boa parte dos acontecimentos.

E ainda que Hedy tenha se despedido desta vida de um jeito um bocado triste e melancólico, me emocionei com as últimas palavras dela nesta entrevista, as quais reproduzirei aqui. Ela recita partes de um poema de nome The Paradoxical Commandments ("Os Mandamentos Paradoxais"), escrito em 1968 por Kent M. Keith, professor e escritor estadunidense.

A seguir, com tradução minha para o português, os trechos que ela recitou. Se você quiser ler o poema completo no idioma original, basta clicar neste link. Fiquem então com estes conselhos de Hedy Lamarr. ;)


As pessoas são ilógicas, irracionais e egocêntricas.
Ame-as mesmo assim.

Se você fizer o bem, as pessoas irão te acusar de segundas intenções egoístas.
Faça o bem mesmo assim.

Os maiores homens e mulheres com as maiores ideias podem ser derrubados pelos menores homens e mulheres com as menores mentes.
Pense grande mesmo assim.

O que você gasta anos construindo pode ser destruído durante uma noite.
Construa mesmo assim.

Dê ao mundo o melhor que você tem e você levará um chute nos dentes.
Dê ao mundo o melhor que você tem mesmo assim.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...