“Filme de imersão às décadas de 20 e 30, merece a maioria
das 10 indicações ao Oscar que recebeu”
Filme franco-belga, “O Artista” vai além de homenagear os
filmes de Hollywood do final da década de 20: ele se propõe a fazer o
espectador a reviver esta época dentro da sala dos cinemas. Portanto, o filme de 1h40min é
inteiramente mudo, em branco e preto, com os "movimentos" (frame rate) um pouco mais
acelerados que o normal (mas não tanto como seria nos filmes antigos). E mais ainda, no formato 1,37:1 (a tela é quase
quadrada, bem diferente do formato 2,35:1, o maior formato atual). Exatamente como
seria se você entrasse num cinema em 1927. A experiência causa estranheza, não
sendo portanto agradável para boa parte do público. Mas para quem consegue
superar o estranhamento, vale toda a pena assisti-lo.
Nele vemos a decadência do grande astro do cinema mudo, George
Valentin (Jean Dujardin), com a chegada dos filmes falados. Simplesmente incapaz
de se adaptar com os novos tempos, sua queda é vertiginosa. Em paralelo uma
jovem admiradora, Peppy Miller (Bérénice Bejo), surge ao mundo do Cinema (com
alguma ajuda de Valentin) e se adapta muito bem ao cenário, se transformando em
uma grande estela. Esta contraposição, e a relação entre os dois atores é o
tema principal da película.
É sem dúvida uma belíssima história de drama, de amor. Suportada
por excelentes atuações da dupla de atores principal e tecnicamente bem feito,
dá gosto ver a preocupação do diretor com os mímimos detalhes da produção.
É o melhor filme que assisti até agora em 2012, mas ele possui
um pequeno defeito: a falta de originalidade do roteiro, que se encontra
no tênue limite entre homenagem e plágio. É uma história já bastante explorada
por diversos filmes, como por exemplo “Cantando na Chuva” e "Nasce uma Estrela". Eu mesmo, logo nos
primeiros segundos de várias cenas já sabia como elas se encerrariam.
Mais uma vez, definitivamente não espere por surpresas no enredo. A única
novidade que o filme traz são as cenas que abusam da metalinguagem. Mas mesmo elas, brilhantes no
começo, se desgastam ao longo da projeção.
Como disse no começo, o filme merece a maioria das 10
indicações de Oscar que recebeu. Só discordo do “Roteiro” e “Trilha Sonora”
devido a falta de originalidade de ambos. Acho pouco provável que Jean Dujardin
deixe de levar o Oscar de melhor ator. Mas, vamos aguardar. Nem sempre a
Academia é justa e/ou lógica.
Nota: 8,5.
2 comentários:
Devo dizer que discordo em relação à Trilha Sonora... Achei que foi impecável ao ajudar a criar os vários climas ao longo do longa... Há uma cena em que não se ouve um ruído, onde nem mesmo a platéia respira para não quebrar o silêncio, genial!
'Teacher' Andréia
Oi Andréia! Me lembro desta cena, é muito bem feita mesmo! De qualquer forma, reforço que considero o Trilha Sonora muito boa! Só acho que ela peca por falta de originalidade. E não se intimide por favor de escrever aqui e discordar comigo... Não só existe a velha máxima de que "cada um tem seu gosto", como também ainda tenho muuuuuuuito a aprender sobre Cinema. ;)
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