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terça-feira, 23 de abril de 2024

Crítica - Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (2024)

TítuloGhostbusters: Apocalipse de Gelo ("Ghostbusters: Frozen Empire", Canadá / EUA, 2024)
Diretor: Gil Kenan
Atores principaisMckenna Grace, Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard, Kumail Nanjiani, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, William Atherton, Emily Alyn Lind, James Acaster, Logan Kim, Celeste O'Connor, Patton Oswalt, Annie Potts
Nota: 6,0

Caça-Fantasmas continua a divertir, mas precisa parar de querer ser 10 filmes em um

Três anos depois do ótimo Ghostbusters: Mais Além (2021), temos uma sequência para o semi-reboot da franquia Ghostbusters, misturando a "clássica" e a "nova" geração, e trazendo muitas homenagens e saudosismos.

Sendo continuação direta do filme anterior, desta vez as formações novas e antigas dos Caça-Fantasmas precisam se unir para impedir que uma antiga e poderosa entidade de nome Garraka, cujos poderes vêm do frio, liberte e lidere um exército de fantasmas para destruir a humanidade.

Vamos primeiro às boas notícias: mais uma vez temos aventura, humor e fantasmas de maneira divertida como todo Caça-Fantasmas. E pensando no futuro da franquia, temos novidades, como o agora rico Winston (Ernie Hudson) ter secretamente criado uma equipe de pesquisadores para estudar e aperfeiçoar novos equipamentos para a luta contra os espíritos. Além disso, pela primeira vez vemos um fantasma aparentemente "humano e bonzinho", Melody (Emily Alyn Lind), o que leva o filme a um importante questionamento: o que acontece com os fantasmas enquanto eles estão aprisionados? É ruim? Eles sofrem?

E, como no filme anterior, o melhor dele é a neta de Egon, Phoebe Spengler (Mckenna Grace), não só pelo carisma e delicadeza da jovem atriz, mas principalmente, porque seu personagem parece ser o único que realmente entende o legado de ser uma Caça-Fantasmas e o levar a sério.

Mas apesar da diversão de sempre, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é ao mesmo tempo o filme mais sério, menos engraçado e menos assustador de toda a franquia. Um dos motivos disso é seu excesso de diálogos e personagens. A foto do início deste artigo dá uma pequena amostra da quantidade de atores que precisam dividir a tela...

Porém mais que isso, o verdadeiro problema é que Ghostbusters: Apocalipse de Gelo quer contar muitas histórias ao mesmo tempo. Ao invés de focar apenas na história de aventura de "salvar o mundo do fantasma da vez", o roteiro ao mesmo tempo também quer comentar sobre adolescentes ficando adultos, o personagem de Paul Rudd querer ser aceito como pai, a "nova" geração com dificuldades em assumir o cargo enquanto a "velha" geração não quer aceitar a aposentadoria, fora as muitas homenagens aos filmes dos anos 80 (além do monte de personagens que voltaram em Ghostbusters: Mais Além, desta vez também voltou o prefeito Walter Peck (William Atherton)).

É muito assunto para um filme só... e o resultado é um roteiro um bocado cansativo que acaba não discutindo nenhum dos temas com nenhuma profundidade.

Ainda assim, apesar de seus excessos, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo deve agradar os fãs da franquia e, se tiver boa bilheteria mundial, deverá receber mais uma continuação, a qual eu espero REALMENTE, tenha menos personagens, e abracem de vez o tempo presente. Nota: 6,0

O filme tem tantos personagens que a principal e melhor deles, Phoebe Spengler pela Mckenna Grace, não estava na cena da foto-título deste artigo. E como é bacana ver que ela é fã da franquia desde criança. Deve ser muito bom fazer parte do seu sonho.


domingo, 21 de abril de 2024

Crítica - Guerra Civil (2024)

TítuloGuerra Civil ("Civil War", EUA / Reino Unido, 2024)
Diretor: Alex Garland
Atores principaisKirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny, Nick Offerman, Jefferson White, Stephen McKinley Henderson, Nick Offerman, Sonoya Mizuno, Nelson Lee, Jesse Plemons
Nota: 7,0

Road movie bom e tenso, mas falta um algo mais

Acaba de estrear no mundo todo o filme Guerra Civil, que promete causar polêmica principalmente nos EUA, afinal, ele se baseia em um fictício futuro próximo onde os Estados Unidos estão em plena guerra interna: as "Forças Ocidentais Separatistas", composta por alguns estados e lideradas pelo Texas e Califórnia, lutam para derrubar do poder o atual governo dos EUA. Não é detalhado em nenhum momento os motivos para o conflito, porém é citado que o atual Presidente age como um ditador, não respeita a democracia, e se encontra atualmente no terceiro mandato seguido.

Na história, o conflito está caminhando para o fim, e a dupla de jornalistas de guerra Lee Smith (Kirsten Dunst) e Joel (nosso brasileiro Wagner Moura) planejam se deslocar de Nova York até a capital Washington DC para conseguir uma entrevista exclusiva com o Presidente (Nick Offerman), antes que ele seja morto ou deposto. Junto a eles se juntam Sammy (Stephen McKinley Henderson) um velho jornalista do The New York Times, e Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem e inexperiente fotógrafa que sonha ser uma fotojornalista de guerra tão famosa quanto Lee.

Porém a jornada não será fácil, primeiro, claro, por estarmos em plena guerra; mas para piorar, o exército do governo estadunidense não tem sido muito tolerante com a imprensa. Estamos então diante de um road movie bem tenso, com várias cenas de violência, e com um sentimento de angústia, urgência e tensão muito bem executados.

Para minha surpresa, mais do que focar no conflito em si, Guerra Civil foca na vida dos profissionais de imprensa que fazem a cobertura de dentro dos conflitos. É realmente chocante e surpreendente constatar como é o trabalho destas pessoas. O perigo que elas se expõe é quase igual a dos soldados em batalha, e para você também sentir isso com as ótimas sequencias de ação e imagem que temos no filme, recomendo fortemente que você vá ver Guerra Civil nos cinemas, e não na sua casa.

Vamos agora as minhas primeiras ressalvas. Claro que os jornalistas de guerra podem morrer a qualquer momento. Mas será que é mesmo como está mostrado no filme? Lee dá bronca na novata várias vezes que ela tem que se cuidar, usar capacete e colete; porém, o grupo todo faz isso poucas vezes... capacetes? Uma vez no filme todo. Aliás, em Guerra Civil não faria mesmo diferença, pois assim como em muitos filmes do gêneros, mesmo estando de colete, para qualquer soldado, basta um tiro e eles morrem instantaneamente. Outra coisa que não me convence são os soldados permitirem o pessoal de imprensa caminhar o tempo todo ao lado deles. Eles não fazem barulho? Não atrapalham movimentação? Linha de tiro? Uma coisa é, você como jornalista estar a metros da ação, ou há segundos depois da ação. Agora, estar o tempo todo dentro da ação... não faz muito sentido.

Cada local onde o grupo passa durante sua jornada rende imagens e situações bem fortes e interessantes, de fato, o filme é bom tanto quanto em roteiro quanto em imagens. A fotografia é excelente, tanto que sou obrigado a fazer outra crítica... para mim há um certo fetiche pelas cenas de guerra, armas, violência... ok, entendo que houve a tentativa do diretor de demonstrar o valor e a beleza no trabalho de um fotógrafo ao conseguir a "imagem perfeita", porém, entendo que haveria outras maneiras de se explorar isto.

Guerra Civil acaba sendo visual demais, a meu ver. Há poucos diálogos, pouco debate sobre o que realmente está acontecendo. Nas entrelinhas, a mensagem até é simples, que aquele conflito é o resultado final de tudo que a extrema direita vêm plantando ao longo de anos nos EUA e mundo... mas o roteiro é bastante cuidadoso em não levantar esse debate. Até a escolha dos estados líderes da "insurgência": Texas (tradicionalmente conservador) e Califórnia (tradicionalmente liberal) estarem do mesmo lado é proposital para não haver polarizações. É como se o filme fosse criado para trazer esse assunto à tona, mas na hora de sua entrega, saísse a francesa...

O mais fraco de Guerra Civil é seu desfecho, a meu ver. O final é clichê e o comportamento de seus personagens um pouco incoerente. Como pontos altos, temos suas várias cenas de ação e tensão, e a atuação de Kirsten Dunst. Como ela está excelente aqui... ela parece mesmo ser a tal fotojornalista Lee, de tão convincente.

Eu estava com uma alta expectativa por Guerra Civil e talvez por isso tenha ficado um pouco decepcionado. Ele teve oportunidade de fazer algo marcante, mas na hora "h" se esquivou ou apelou para o senso comum. De qualquer forma, é uma experiência cinematográfica bem impressionante e um filme muito bom. Se não saí do cinema extremamente satisfeito, pelo menos é como dizem, mais importante que o destino é a viagem. Nota: 7,0

terça-feira, 5 de março de 2024

Crítica - Anatomia de uma Queda (2023)

TítuloAnatomia de uma Queda ("Anatomie d'une Chute", França, 2023)
Diretora: Justine Triet
Atores principaisSandra Hüller, Swann Arlaud, Milo Machado-Graner, Antoine Reinartz, Samuel Theis, Jehnny Beth, Saadia Bentaieb, Messi
Nota: 8,0

Filme mistura tribunal, "whodunnit" e reflexão com eficiência

O filme francês Anatomia de uma Queda tem sido um dos mais elogiados e premiados filmes não-estadunidenses em 2023 e 2024. Cinco indicações para o Oscar, vencedor do cobiçado Palma de Ouro em Cannes (ou seja, o prêmio de Melhor Filme), vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme em língua não-inglesa, dentre várias outras premiações. Além disso, com esta obra, a diretora francesa Justine Triet conseguiu ser a terceira mulher a levar a Palma de Ouro. Ela também está indicada ao Oscar de Melhor Direção e ao Oscar de Melhor Roteiro Original - sendo em ambos os casos a primeira vez de uma mulher francesa.

Na história temos a escritora alemâ Sandra (Sandra Hüller) que mora isolada em um chalé numa montanha, com seu marido o Samuel (Samuel Theis) e filho Daniel (Milo Machado Graner), sendo este praticamente cego. Em uma manhã Samuel é encontrado morto, fora de casa, e devido a dúvida se houve um crime ou acidente, Sandra é levada a julgamento.

É então que a trama mistura cenas de tribunal, um bocado de whodunnit (e sim, o filme é muito bem montado de modo que ficamos o tempo todo tentando adivinhar o que aconteceu), problemas de relacionamento familiar, e uma interessante reflexão sobre culpa e justiça.

Um outro forte fator positivo de Anatomia de uma Queda é sua atriz principal, a alemã Sandra Hüller, em excelente atuação, pela qual merecidamente ela recebeu uma indicação ao Oscar (Sandra também é uma das principais atrizes de Zona de Interesse, outro dos indicados ao Oscar de Melhor Filme). Aliás, falando em Oscar e diversidade de países, usando a "desculpa" de que a personagem de Sandra é alemã e o seu marido é da França, eles se falam em inglês como "idioma comum". Então, mesmo sendo um filme francês, pouco mais de metade dos diálogos estão em inglês. Certamente isto ajudou a ampliar o número de indicações de Anatomia de uma Queda em festivais de língua inglesa.

E mesmo já sendo um bom filme de suspense, com boas atuações, o que pra mim diferencia Anatomia de uma Queda é sua exposição sobre a "realidade" versus "o que é dito". Por exemplo, a meu ver o advogado da acusação era bem mais competente e convincente do que o da defesa; os depoimentos de Daniel foram parciais; Sandra manteve o tempo todo a versão de uma família feliz, mas as evidências mostravam um oposto assustador. E vou mais além, será que ela estava "mentindo"? Ou realmente acreditava naquilo, baseada em sua própria percepção da realidade? Cada uma destas "versões" potencialmente prejudica a "verdade" influenciando o Juri... e isto me incomodava profundamente. Mas... já pensaram no que seria exatamente "a Verdade"? E já perceberam que estas distorções e nuances estão presentes na vida real em todo julgamento, todos os dias?!

Continuarei avançando nestas reflexões... mas para isto, terei que comentar sobre o final do filme. Portanto, se você não quiser ler alguns spoilers de impacto consideráveis, pule o próximo paragrafo, e vá direto para o seguinte. 

O desfecho de Anatomia de uma Queda é... inclusivo. Não dá para saber ao certo se Sandra é inocente ou não. Será que foi suicídio? Se sim, há até a possibilidade de que Samuel tenha gravado o áudio de sua briga com a intenção de prejudicá-la. Para mim é bem claro que o filho, Daniel, acaba escolhendo tomar o partido da mãe. E neste caso... seria correto deixar alguém tão jovem e tão envolvido emocionalmente como testemunha? Mas ao mesmo tempo, estando ele na casa, seria correto deixá-lo de fora? O fato é que apesar de toda investigação e julgamento, nunca saberemos o que realmente aconteceu, e elas tanto poderiam levar alguém inocente para a prisão, quanto também ter deixado um assassino livre. E situações "inconclusivas" como esta existem na vida real a todo momento. Isto é perturbador, se pararmos para refletir. E analogamente, deixando as leis de lado, o mesmo se pode dizer a respeito dos dramas pessoais, traumas familiares... nunca saberemos o que ocorreu no interior de cada indivíduo.

Para o público geral, que está acostumado com os filmes estadunidenses, talvez haja um pouco de desconforto, no sentido de achar Anatomia de uma Queda um pouco parado, ou com muitos diálogos. Já para o público padrão que gosta de filmes de suspense (mas sem ação), tribunal, ou "adivinhe o assassino", Anatomia de uma Queda deverá agradar bem. E finalmente, para alguém que está procurando um filme mais denso, que te leve a pensar, este aqui poderá agradar bastante. Nota: 8,0.



PS: repararam que o último nome que coloquei na lista de atores principais é o Messi? Mas não se trata do famoso jogador de futebol argentino, e sim, do cachorro Messi, que atuou como o cachorro-guia "Snoop" no filme. Ele foi uma atração a parte em todos os festivais onde Anatomia de uma Queda participou, e inclusive, foi o vencedor do Palm Dog Award em Cannes: sim, desde 2001 lá existe uma premiação para a melhor atuação canina do ano, seja ela real ou de animação. Abaixo você pode conferir Messi exibindo seu prêmio, que é representado por uma coleira de couro com os escritos "Palm Dog".

domingo, 3 de março de 2024

Crítica - Duna: Parte Dois (2024)

TítuloDuna: Parte Dois ("Dune: Part Two", Canadá / EUA, 2024)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principaisTimothée Chalamet, Zendaya, Rebecca Ferguson, Javier Bardem, Austin Butler, Florence Pugh, Dave Bautista, Léa Seydoux, Christopher Walken, Josh Brolin, Souheila Yacoub, Stellan Skarsgård, Charlotte Rampling
Nota: 8,5

Duna encerra o primeiro livro com grande espetáculo cinematográfico

Dois anos e meio atrás, após assistir o primeiro filme de Duna, eu disse que poderíamos estar diante "da primeira parte de uma saga única e espetacular". E com este Duna: Parte Dois, Denis Villeneuve atinge em cheio as minhas expectativas. Sua continuação supera em tudo o filme anterior: aqui temos mais história, mais cenas espetaculares e ambiciosas, mais reviravoltas e emoção.

Sendo continuação direta do filme anterior, Duna: Parte Dois termina a história contada originalmente pelo primeiro livro da saga Duna, escrito em 1965 por Frank Herbert. E não, não dá para assistir este filme sem ter antes assistido o primeiro, de 2021. Mas ele está disponível em vários lugares, como por exemplo no Prime Video e no Max - antigo HBO.

Aqui vemos Paul "Muad'Dib" Atreides (Timothée Chalamet) continuando a ganhar influência entre os Fremen, com o objetivo de iniciar uma revolta para tomar de volta o poder do planeta Arrakis. Porém seu sucesso não apenas chama a atenção dos atuais inimigos, o clã Harkonnen, como também chama atenção do Imperador (Christopher Walken) e de sua filha, a Princesa Irulan (Florence Pugh). Em paralelo a tudo isso, e alheias ao fato de que Paul ainda está vivo, as Bene Gesserit continuam articulando fortemente nos bastidores...

Sem a necessidade do primeiro filme de introduzir seu universo, e com ainda mais tempo de tela (2h e 46min contra 2h e 35min), Duna: Parte Dois consegue desenvolver melhor seus personagens - inclusive dando espaço para novos deles. Lady Jessica (Rebecca Ferguson), por exemplo, que pareceu um pouco perdida no primeiro filme, agora está muito bem utilizada. De certa forma então, este filme até "corrige" pontos do filme anterior. Se no primeiro filme tínhamos um maior foco no controle das pessoas através da força e poder econômico, aqui vemos um foco maior no controle através da religião. Ambos são igualmente poderosos e assustadores. E a velha e corrupta política está no interior de tudo isso, claro.

Também há mais tempo para apresentar novas localidades, algumas visualmente bem impressionantes, seja de batalhas, ou o mais surpreendente, de templos antigos. Novamente, é como se tivéssemos reunido o melhor de Star Wars com Game of Thrones... com o detalhe que a saga de Duna foi escrita décadas antes, deixando claro quem foi a inspiração, e quem são as "cópias".

Denis Villeneuve conseguiu deixar seu Duna com um visual e uma trilha sonora bem diferente e marcantes, e que se houver justiça, ficarão gravados na história da cultura Pop. Ele conseguiu afinal, de seu modo, adaptar um dos tais livros "inadaptáveis". Duna 1 e 2, em geral, acabam sendo bem fiéis ao primeiro livro da saga. Duna: Parte Dois, entretanto, tem mais "licenças poéticas" que o primeiro filme. Uma delas, por exemplo, é a personagem de Léa Seydoux, Lady Margot, cuja história no livro é completamente diferente da deste filme, e provavelmente isto foi feito para mudanças ainda maiores para o filme três.

Um terceiro filme?? Sim. Pois se for pra falar de algum defeito em Duna: Parte Dois, seria este. Não satisfeito em encerrar a história do livro um, o desfecho deste filme acaba avançando em um evento do livro dois, Messias de Duna. E aí temos um gancho gigantesco para uma continuação... O lado negativo? Esta modificação fez com que a história meio que exija um novo filme. O lado positivo é que se vier mesmo um terceiro filme, e for da qualidade deste... nós cinéfilos e/ou amantes de ficção científica temos muito a agradecer. Nota: 8,5.


P.S.: Duna: Parte Dois não tem cena pós créditos. Outra coisa: faça um favor a você mesmo, assista a este filme NOS CINEMAS!!!!

sexta-feira, 1 de março de 2024

Crítica - Ficção Americana (2023)

TítuloFicção Americana ("American Fiction", EUA, 2023)
Diretor: Cord Jefferson
Atores principaisJeffrey Wright, Tracee Ellis Ross, John Ortiz, Erika Alexander, Leslie Uggams, Adam Brody, Keith David, Issa Rae, Sterling K. Brown, Myra Lucretia Taylor, Raymond Anthony Thomas
Nota: 8,0

Filme bem diferente de temática negra, mas universal e com ótimo final

Assim como Os Rejeitados, este Ficção Americana também é um drama cotidiano que está sendo vendido / apresentado como uma comédia, mas que entretanto pouco nos faz rir. Aliás, em Os Rejeitados até temos uma ou outra gracinha... mas em Ficção Americana não. É que em ambos os filmes, o tal humor não é direto, está presente apenas em seu intenso sarcasmo e ironia.

Ficção Americana é baseado no livro Erasure (2001) do escritor estadunidense Percival Everett. A história nos apresenta Thelonious "Monk" Ellison (Jeffrey Wright), um respeitável e muito inteligente professor e escritor afro-americano. Porém, seus livros não são populares pois não são "negros o suficiente", segundo seus editores. Ao mesmo tempo, um dos maiores sucessos de vendas atuais é We's Lives in Da Ghetto, livro da escritora Sintara Golden (Issa Rae), um enorme amontoado de estereótipos, onde seus afro-americanos vivem todos na violenta, sexual e pobre periferia, falando muitas gírias e palavrões. É então que Monk, em protesto, escreve sob pseudônimo um livro para ironizar obras como as de Sintara... porém seu livro vira sucesso de vendas... e inclusive de críticas(!), deixando tudo cada vez mais confuso e complexo para nosso protagonista.

Ficção Americana é um filme... diferente. Pois apesar do tema principal ser claramente criticar toda a sociedade (e não apenas a sociedade branca, mas a negra também) por consumir e realimentar os estereótipos de raça, este assunto acaba diluído ao longo da trama. Afinal, na maior parte do tempo estamos acompanhando o cotidiano de Monk, com seus problemas de relacionamentos amorosos e familiares, com ele tendo que lidar com a recente doença degenerativa da mãe devido a idade, etc.

O filme acaba passando por vários problemas da vida adulta em geral, e faz isso de modo tão natural que as vezes parece até esquecer seu propósito crítico anti-racismo inicial. Tanto que, no começo de seu desfecho, quando o filme abruptamente retoma a questão do estereótipo racial com toda a força, estranhei e até torci o nariz... mas foi por pouco tempo, já que o final é simplesmente genial, espetacular!

Ficção Americana está indicado a 5 Oscars, dentre eles ao de Melhor Filme, e outra indicação que faço questão de destacar é a de Melhor Roteiro Adaptado, já que a estrutura do livro é bem incomum e exigiu bastante trabalho de adaptação. Quanto a indicação de Melhor Ator para Jeffrey Wright, não acho que neste filme em específico sua atuação seja fora de série (mas ele está muito bem, claro); porém ele é um ator bem competente e versátil, então fico feliz com sua primeira indicação pela Academia.

Dentre todos os filmes deste Oscar com indicação para Melhor Filme, Ficção Americana foi o último a chegar no Brasil. Ele ACABA de estrear no Amazon Prime Vídeo. Quem está procurando por um filme bom e diferente, não perca a oportunidade de conferir. Nota: 8,0

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Crítica - Pobres Criaturas (2023)

TítuloPobres Criaturas ("Poor Things", EUA / Hungria / Irlanda / Reino Unido, 2023)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principaisEmma Stone, Mark Ruffalo, Willem Dafoe, Ramy Youssef, Christopher Abbott, Kathryn Hunter, Jerrod Carmichael, Kathryn Hunter, Hanna Schygulla, Margaret Qualley, Suzy Bemba
Nota: 8,0

Emma Stone foi uma escolha perfeita para este Frankenstein atualizado e feminino

Depois de conseguir alguma fama e algumas indicações ao Oscar com seus filmes sempre estranhos, como O Lagosta (2015) e A Favorita (2018), parece que agora é mesmo a grande chance do diretor e roteirista grego Yorgos Lanthimos, já que este seu Pobres Criaturas está indicado a 11 estatuetas, e dentre elas a de Oscar de Melhor Filme.

Na história, temos a jovem Bella Baxter (Emma Stone), que aparentemente é trazida de volta à vida pelo cientista e médico cirurgião Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Porém, por motivos que entenderemos depois, é como sua mente estivesse vazia, e ela tivesse nascido pela primeira vez. Ingênua e muito curiosa, ela acaba fugindo com o mal intencionado advogado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) em uma turnê pelo mundo, onde faz diversos aprendizados.

Lembrando que não temos aqui uma história original, e sim, a adaptação de um livro de mesmo nome, publicado pelo escritor escocês Alasdair Gray, em 1992. Como curiosidade, há várias diferenças entre o livro e este filme, e se tiver interessado nelas, leia o P.S. do final deste artigo. Há também uma considerável diferença estética... Yorgos Lanthimos retira a história original do século XIX "real" e o coloca em um mundo mais "fantasioso", estilizado... Isso garante a Pobres Criaturas belíssimas fotografias, figurinos e design de produção; não a toa o filme também recebeu indicação ao Oscar nestas três categorias.

Emma Stone e sua Bella Baxter são fascinantes. É difícil imaginar uma outra atriz que viveria tão bem este papel. Emma está incrível, e apenas acompanhar a jornada de descobrimento e empoderamento de sua Bella neste Pobres Criaturas já é um excelente e curioso entretenimento. E não é só ela que brilha na atuação. A lista de atores que participam da produção é grande e de boa qualidade. Mas destaco especialmente Mark Ruffalo e Willem Dafoe, que estão muito bem também.

Apesar de ser um ótimo filme, e certamente marcante, nem tudo é perfeito. Uma desvantagem é que os filmes de Yorgos Lanthimos são tão bizarros que acabam passando do ponto, e este efeito acaba por "diminuir" boa parte da reflexão ou questionamento social / moral presente na história, que aliás estão lá, é claro. Bella Baxter é sem dúvida uma formidável e destemida heroína contra o mundo do patriarcado. O excesso do "bizarro" infelizmente desvia um pouco do foco às críticas contra o machismo, e contra a soberba da alta sociedade, e está não só nos exageros dos personagens caricatos, mas até no modo que o diretor filma. Por exemplo, muitas das cenas são filmadas com ângulos estranhos ("tortos"), ou com efeito "olho de peixe"... e no começo, isto sempre tem relação com "confusão", "confinamento" ou "olhar de uma criança", e faz todo o sentido. Porém conforme o filme vai passando, estas cenas "estranhas" continuam a aparecer, mas já sem ter contexto nenhum, me parecendo ser um simples capricho estético.

Outra desvantagem é que em determinados momentos o filme acaba "amenizando" demais as situações, tornando-o bem inverossímil, especialmente durante o segmento em Paris. E reafirmo a existência desta "suavização" mesmo com a considerável quantidade de cenas de sexo (sim, corretamente o filme é apenas pra maiores de 18 anos). Tanto é verdade que ela existe, que há críticas de que o filme romantiza a prostituição (o que já neste caso, não concordo).

É muito interessante a conclusão que se pode fazer comparando esta adaptação de Pobres Criaturas com o livro de Frankenstein, sua óbvia inspiração. Aqui temos uma clara atualização / reinvenção da obra de Mary Shelley, inclusive atualizando sua narrativa com toda a tragédia e pessimismo que vivemos atualmente. E então temos uma curiosa inversão: no Frankenstein literário o mundo era mais belo, fervendo em idéias, mas o "monstro" era um infeliz pessimista; já em Pobres Criaturas é o mundo que é terrível, e o "monstro" é otimista, feminino e triunfante. E no meio de tantas notícias ruins atuais, talvez seja esse o exemplo e a heroína que precisemos. Nota: 8,0.




P.S.: Diferenças entre o filme e livro (fortes spoilers a partir daqui, leia por conta e risco).

São várias diferenças, porém irei focar nas duas principais. A primeira dela se refere ao narrador. No romance original, é como se ele fosse na verdade um livro de memórias do personagem de Max McCandles (Ramy Youssef), e ainda, em anexo às "memórias", um também fictício editor do livro encerra a obra anexando no final um texto com observações escritas por Bella, onde em geral ela conta que "tudo o que foi escrito é invenção de seu marido, que tinha imaginação muito fértil...". Já no filme, embora não tenhamos um narrador "de fato", na maioria do tempo a história é contada sob o ponto de vista de Bella.

A segunda grande mudança é o final das histórias. No livro, ao serem confrontados no casamento de Bella com McCandles pelo seu primeiro marido, ao contrário do filme, os homens acabam brigando, mas no final o antigo esposo vai embora e eles retomam o casamento. E, alguns meses depois, é McCandles quem morre, por ter saúde frágil. Então o livro se encerra abruptamente, dando espaço para as tais notas finais de Bella - que irão negar a história de seu marido - que citei no parágrafo anterior.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Crítica - Os Rejeitados (2023)

TítuloOs Rejeitados ("The Holdovers", EUA, 2023)
Diretor: Alexander Payne
Atores principaisPaul Giamatti, Dominic Sessa, Da'Vine Joy Randolph, Carrie Preston, Brady Hepner, Andrew Garman, Naheem Garcia
Nota: 7,0

Com filme agradável, Payne continua suspirando pelo passado

Após trabalharem juntos em Sideways - Entre Umas e Outras, de 2004, o diretor Alexander Payne e o ator Paul Giamatti voltam a parceria com este Os Rejeitados. E é muito comum na obra de Payne termos um protagonista com mais idade, lembrando com saudosismo dos tempos em que tudo era mais direto e simples. Porém aqui ele dá um passo além ao nos transportar duplamente a este passado - pois estamos em 1970 - e o personagem principal, o professor de história Paul Hunham (Paul Giamatti) é um apaixonado por um passado ainda mais distante, a antiguidade, especialmente os clássicos gregos.

Na história, Paul é um impopular professor de um internato estadunidense, que é forçado a ficar como "babá" de alguns alunos que não tinham para onde ir durante as festas de Natal. Neste contexto, algumas situações acabam aproximando ele do aluno Angus Tully (Dominic Sessa), e da cozinheira-chefe e recém enlutada Mary Lamb (Da'Vine Joy Randolph). E o filme acaba contando um pouco da interação e vida do trio.

Os Rejeitados chega a fazer algumas interessantes criticas sociais em seu começo, mas não se aprofunda. Aliás, apesar de mostrar os dramas pessoais dos três protagonistas, em nenhum momento o filme chega a ser "pesado"... dificilmente vemos qualquer conflito e tudo acaba sendo um... "bola pra frente". Isso certamente torna Os Rejeitados mais leve, quase um filme Natalino (ainda que não seja de fato um filme feliz, ou uma comédia). Ainda assim, não me sai da cabeça que esta "solução" apresentada tantas vezes (a de deixar quieto e seguir em frente) é bem como se fazia nos anos que o diretor tanto tem saudade.

Entretanto, deixo claro que apesar do meu parágrafo anterior, Os Rejeitados não ignora os sentimentos de seus personagens e também, apesar de unir temas comuns de filmes de Natal e de "perdedores", felizmente foge bastante de clichês.

Os Rejeitados recebeu 5 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, o que considero um exagero. É sim um bom filme, e agradável para assistir, mas peca por falta de força crítica, e também não entra entre os meus 10 melhores filmes produzidos pelos estadunidenses em 2023. Acho que das 5 indicações, manteria as duas dada aos atores e só. Nota: 7,0

sábado, 27 de janeiro de 2024

Dupla Crítica Filmes Netflix - A Sociedade da Neve (2023) e Maestro (2023)


Hoje vamos de dois lançamentos da Netflix, que somados têm NOVE indicações ao Oscar 2024. Mas será que apesar do prestígio entre os críticos, eles são mesmo assim tão bons? Confira a seguir!


A Sociedade da Neve (2023)
Diretor: J.A. Bayona
Atores principais: Enzo Vogrincic, Matías Recalt, Agustín Pardella, Felipe González Otaño, Luciano Chatton, Valentino Alonso, Francisco Romero, Agustín Berruti, Andy Pruss

A história (real) do avião de passageiros uruguaio, que 1972 caiu na Cordilheira dos Andes e mesmo assim deixou alguns sobreviventes é inspiradora. E exatamente por isto já inspirou alguns filmes, documentários, e séries de TV. O mais famoso deles até então fora produzido por Hollywood, trata-se de Vivos, de 1993, com direção de Frank Marshall (Congo) e Ethan Hawke (Antes do Amanhecer) como principal protagonista.

Agora, via Netflix, temos pela primeira vez uma adaptação desta história com produção de apenas países de língua espanhola (no caso Espanha, Chile e Uruguai) que conseguiu alcançar fama mundial. Na direção temos a presença de J. A. Bayona, diretor espanhol que já dirigiu filmes famosos (e Hollywoodianos) como O Impossível (2012) e Sete Minutos Depois da Meia-Noite (2016).

A Sociedade da Neve é bem feito tecnicamente, e se não temos efeitos especiais "espetaculares" ou cenas de ação "grandiosas", ao menos todas elas são bem críveis. O roteiro é bom, e a própria história real do acidente ajuda, pois é uma história incrível de amizade, cooperação, coragem, generosidade e superação.

Porém há um ponto famoso da história deste acidente do Força Aérea Uruguaia 571 que sempre causa divisões, e aqui também ele trouxe prós e contras. É a questão de que, para sobreviver, as pessoas tiveram que se alimentar dos restos dos falecidos. E o lado positivo disso em A Sociedade da Neve é que isso é comentado de maneira bastante respeitosa, nada sensacionalista, e o impacto psicológico deste ato nos personagens não é ignorado (e nem poderia, dado sua importância). O lado negativo é que em nome desse "respeito" as consequências desse problema / dilema foram atenuadas, diminuindo sua carga dramática. Alguns debates religiosos que ocorreram durante e após o acidente, que entendo serem histórica e culturalmente relevantes, foram completamente ignorados. Em suma, o filme foi alterado para ficar mais "leve" para o público em geral.

E claro, mesmo sendo "amenizado", este A Sociedade da Neve continua sendo uma história pesada, mas ao mesmo tempo inspiradora, e certamente que o fará refletir. Para quem gosta deste tipo de filme, é uma ótima pedida. Recebeu indicações aos Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" e de "Melhor Maquiagem e Penteados". Nota: 7,0.



Maestro
 (2023)
DiretorBradley Cooper
Atores principais: Bradley Cooper, Carey Mulligan, Matt Bomer, Vincenzo Amato, Greg Hildreth, Sarah Silverman, Maya Hawke

Maestro deveria contar a biografia de Leonard Bernstein (1918 – 1990), que ao assumir a direção da Filarmônica de Nova York, conseguiu se tornar o primeiro maestro estadunidense a receber reconhecimento mundial, além de também ser um prolífico e famoso compositor.

E o filme até faz isso, mas o deixa em segundo plano duplamente. Primeiro, porque aqui o que mais se mostra da vida de Leonard (Bradley Cooper), são seus relacionamentos, em especial a sua tumultuada relação com sua esposa Felicia Montealegre (Carey Mulligan). E segundo porque Maestro não foi feito realmente para contar a história de Bernstein, e sim, para que o egocêntrico Bradley Cooper pudesse se exibir imitando Leonard Bernstein.

Sendo também produtor e diretor do filme, Bradley Cooper também quis se exibir na parte técnica do filme: Maestro é exibido o tempo todo no formato 4:3, o formato mais "quadradão" que tínhamos nos cinemas até a década de 50 e nas TVs de tubo. Além disso, os 50 primeiros minutos, onde temos o Bernstein "jovem", são em branco-e-preto. Depois, há um corte, e pulamos para os anos 70, onde vemos um Leonard "cinquentão" e o filme passa a ser colorido (porém bastante carregado nas cores, também tentando imitar os filmes da respectiva época), e vamos assim até o final.

Sim, apesar das próteses no nariz e nas orelhas, a atuação de Bradley Cooper está muito boa, de fato. Ele se esforça para imitar os mesmos trejeitos e gestos, e até mesmo o timbre de voz do Leonard Bernstein real. Ainda assim, não considero uma imitação perfeita: ao imitar a voz mais grave do Bernstein "velho", Cooper acaba falando como se estivesse "com o nariz entupido" - coisa que o verdadeiro Leonard não fazia - prejudicando a dicção do personagem, e o tornando muito irritante.

Outra limitação na atuação de Cooper é que ela praticamente não varia, as emoções são sempre as mesmas, não variam. O mesmo não pode ser dito de Carey Mulligan, está sim o grande e único brilho de Maestro, ela consegue variar entre a menina fofa apaixonada e a mulher desesperada de maneira brilhante e convincente.

Com uma carreira extremamente bem sucedida, vencedor de dezenas de prêmios importantes, uma personalidade narcisista porém carismática e popular, a história de Leonard Bernstein deveria ser naturalmente interessante de se ouvir. Porém Bradley Cooper e seu ego conseguiram a enorme façanha de torná-la insuportavelmente chata. E pior, via filme não aprendi praticamente nada da obra deste artista... basicamente, o roteiro me ensinou que ele foi "um cara famoso por coisas que não vi, e que maltratou bastante a esposa com seus casos extraconjugais". Será que esse deveria ser o legado para Bernstein nesta suposta "homenagem"?

Maestro está concorrendo ao Oscar em 7 indicações, dentre elas a de Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Filme e Melhor Roteiro. Sendo que para mim estas duas últimas estão mais para uma piada. Nota: 4,0.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Dupla Crítica Filmes de Natal Amazon Prime - A Batalha de Natal (2023) e O Natal do Pequeno Batman (2023)


Ho! Ho! Ho! O Natal está chegando, e para quem vai passar as festas em casa, segue a análise de duas estréias natalinas exclusivas do Amazon Prime Vídeo para vocês irem entrando no clima. Um dos filmes me surpreendeu e vale a pena. O outro, nem tanto. Leiam abaixo para saber qual é qual.

Ah, ambos os filmes receberam a classificação de "para maiores de 10 anos" no Brasil, porém, se no caso do A Batalha de Natal eu concordo devido a linguagem utilizada, no caso dO Natal do Pequeno Batman não. Em alguns outros países a classificação foi para a partir de 7 anos, e eu entendo já estar ok.



A Batalha de Natal (2023)
Diretor: Reginald Hudlin
Atores principais: Eddie Murphy, Tracee Ellis Ross, Jillian Bell, Genneya Walton, Thaddeus J. Mixson, Madison Thomas, Nick Offerman , Chris Redd, Lamplighter Gary, Robin Thede, Ken Marino

Por tudo que fez nos anos 80 e 90, ainda hoje Eddie Murphy chama muita atenção. Portanto, não é lá tão grande surpresa que este seu A Batalha de Natal foi o filme de maior estréia do ano no Prime Vídeo. É uma pena, entretanto, que seu prestígio e talento não seja mais sinônimo de qualidade há muito tempo.

A trama de A Batalha de Natal mistura um "preciso crescer como pai" e mitologia natalina, e apesar de ser uma comédia, pouco faz rir. Mesmo assim o filme tenta fazer graça, e curiosamente temos mais piadas físicas do que faladas.

Não que A Batalha de Natal seja ruim, mas uma ótima definição para ele, é que estamos diante de um filme mediano da Sessão da Tarde. Pelo menos serve sim como passatempo para se assistir junto com a família na época do Natal. Nota: 5,0.



O Natal do Pequeno Batman (2023)
Diretor: Mike Roth
Atores principais (vozes)Luke Wilson, Yonas Kibreab, James Cromwell, David Hornsby, Brian George

Animação cujo roteiro foi escrito pelo pessoal do desenho infanto-juvenil Os Jovens Titãs em Ação!, já no começo da história Batman (Luke Wilson) é obrigado a sair da Mansão Wayne para lutar contra o crime, deixando seu filho de 8 anos Damian (Yonas Kibreab) em casa junto com um já bem idoso mordomo Alfred (James Cromwell), na véspera do Natal. E, de maneira um pouco surpreendente, a trama fica bastante parecida com o filme Esqueceram de Mim (1990).

Porém, a partir do segundo ato, novos personagens aparecem e aí de fato temos uma história que mistura Natal com super-heróis. E, claro, bastante humor. O Natal do Pequeno Batman acaba sendo uma atração leve, divertida, e ainda consegue trazer o clima "família" graças a relação pai e filho entre Bruce e Damian.

Para os fanáticos de Batman, não esperem que o filme seja 100% fiel em relação aos quadrinhos (aliás, que bom que não seja, porque não suporto o Damian das HQs e aqui ele é divertidíssimo)... apenas sentem no sofá e se preparem para sorrir. Em tempos em que filmes de super-herói estão em decadência, este O Natal do Pequeno Batman é uma grata exceção. Nota: 7,0.

domingo, 26 de novembro de 2023

Crítica - Napoleão (2023)

Título
Napoleão ("Napoleon", EUA / Reino Unido, 2023)
Diretor: Ridley Scott
Atores principaisJoaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, Ben Miles, Ludivine Sagnier, Matthew Needham, Sinéad Cusack, Édouard Philipponnat, Rupert Everett
Nota: 6,0

Bastante irregular, filme consegue ser interessante nos pontos altos

Em 2004, com seu Alexandre, o diretor Oliver Stone entregou um épico longo, com muitos altos e baixos, escolheu um ator como protagonista que não combina muito com seu personagem principal, e como resultado final, mais desagradou que agradou os críticos. E em 2023 podemos fazer a mesma descrição para este Napoleão de Ridley Scott.

Apesar de ser um personagem bastante famoso e com farto material histórico, filmes sobre Napoleão não são tão frequentes, e este aqui opta por contar a história deste famoso líder francês a partir do início da Revolução Francesa. Vemos sua rápida ascensão: ainda um coronel do exército, mas que liderou o vitorioso Cerco de Toulon, e com o apoio do líder revolucionário Paul Barras (Tahar Rahim), Napoleão (Joaquin Phoenix) se catapultou a líder da França em poucos anos. E, antes mesmo de chegar ao topo do poder, iniciou seu relacionamento com a viúva aristocrata Joséphine de Beauharnais (Vanessa Kirby), com quem futuramente se casaria e seria o grande amor de sua vida.

A partir daí a relação entre Napoleão e Josephine acaba sendo o fio condutor da trama, e a história de Napoleão passa a ser, em sua grande maioria, ou sobre cenas do conturbado relacionamento do casal, ou com o estadista em batalhas, lutando com seu exército. As cenas de batalhas são todas excelentes, visualmente impressionantes, brutais, muito bem feitas, e que mostram o gênio estratégico-militar de Napoleão. Já as cenas dele com sua esposa alternam bons e maus momentos... e agora terei que falar dos atores.

Não há dúvidas que Joaquin Phoenix é um ótimo ator, porém em sua carreira ele sempre brilhou mais interpretando personagens confusos, medrosos... aspectos que ele traz moderadamente para seu Napoleão. É aceitável que ele seja assim diante de Josephine (afinal, como se mostra nas cartas reais que temos dele para ela, Napoleão se mostrava apaixonado e dependente emocionalmente), mas não em público, ou em batalhas. Fora cenas em que Joaquin ri, ou faz algumas ações "inesperadas", que a meu ver são improvisos e estragam a credibilidade da cena. Somente nas cenas finais vemos um Napoleão com comportamentos mais condizentes do que se esperaria, o que mostra que Phoenix até teria capacidade de fazer um bom Bonaparte, porém, na prática, ele passou a maior parte do filme interpretando um Joaquin Phoenix. Por outro lado, Vanessa Kirby está excelente. Não apenas consegue transmitir muita credibilidade em seu papel, como "se vira" bem nas reações perante os imprevistos de Joaquin.

Em termos de design de produção, Napoleão não é perfeito, mas não deixa de ser muito bom, reproduzindo muito bem os figurinos, e principalmente, as locações da época. Porém, historicamente falando, o filme fica muito aquém. Primeiro pelas suas ausências. As cenas são "jogadas" rapidamente ao espectador, sem praticamente nenhum contexto, nenhuma explicação, e muita coisa importante da história de Bonaparte foi deixada de lado (basicamente, como dito anteriormente, só temos Josephine e batalhas). Mas o pior, é que mesmo do "pouco" que é contado, temos várias distorções e erros históricos. Minhas maiores revoltas estão para o segmento em que Napoleão está no Egito. Não, ele não atirou nas Pirâmides, e não, ele não voltou para casa devido às traições da esposa (aliás, ele estava lá com uma amante). Estas duas "mentiras" distorcem bastante a imagem do Napoleão real, infelizmente.

Ah, e a palavra "pouco" ganhou aspas no meu parágrafo anterior pois apesar de cortar tanto da história de Napoleão, ainda assim o filme tem extensas 2h e 38min de duração. Mas ao fazer um filme bem dinâmico e indo sempre "direto ao ponto" (até demais), pelo menos Ridley Scott faz com que o espectador passe por essas horas rapidamente.

Como resultado final, volto ao meu parágrafo inicial: Napoleão é uma obra grandiosa e interessante, porém irregular, assim como foi o Alexandre de Oliver Stone. Porém, entre estes dois filmes, prefiro levemente o último, por ser mais exótico e ter menos erros históricos. Nota: 6,0.


PS: se Ridley Scott "contou pouco" de Napoleão em sua versão para os cinemas (e isso foi proposital, pois segundo ele mesmo as pessoas começam a ficar desconfortáveis após 2h de projeção, "bum ache factor" nas palavras de Scott, algo como "fator de dor na bunda"), é sabido que existe uma versão de pouco mais de 4 horas do filme. O que ainda não foi confirmado é se ela vai sair na Apple TV+. Cá entre nós, acredito ser questão de tempo... imagino que eles só estão esperando o filme sair de cartaz dos cinemas para anunciarem oficialmente.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Assassino (2023) e As Ladras (2023)

Mais dois filmes bem recentes da Netflix, ambos do mundo dos "assassinos" ou "ladrões" de aluguel, e com mais semelhanças entre eles do que pode parecer em um primeiro momento. Um filme é estadunidense, o outro, francês. Qual dos países levou esta disputa? Confira abaixo!


O Assassino (2023)
Diretor: David Fincher
Atores principais: Michael Fassbender, Tilda Swinton, Charles Parnell, Arliss Howard, Sophie Charlotte, Sala Baker

Após fracassar em público com seu primeiro filme na Netflix, Mank (2020), o ótimo diretor David Fincher está de volta ao streaming com O Assassino, baseado em uma pouco conhecida série de quadrinhos franceses de mesmo nome (Le Tueur, no original).

Na história, o personagem vivido por Michael Fassbender é apresentado como um frio e ultra competente assassino profissional, que mata as vítimas apenas pelo dinheiro, sem se importar com qualquer condição ética ou moral. Porém, após falhar em uma de suas missões, e ser penalizado por isso, o Assassino sai em busca de vingança contra todos que participaram de sua punição.

Para quem gosta de filmes policiais que misturam ação e suspense, O Assassino é um programa que vai certamente agradar, sem dúvidas. As cenas de tensão são bem feitas, as cenas de ação idem (e como bônus, de uma forma bastante realista), e tecnicamente o filme também é muito bom, contando com boa fotografia, locações e ângulos de câmeras bem variados.

Repito, para quem gosta de filmes do gênero, assistir O Assassino não tem erro. Porém, apesar de várias qualidades, a produção também tem seus defeitos. Para começar, seu roteiro não é lá essas coisas... a "vingança" aplicada contra o Assassino não faz sentido; a personalidade oscilante do protagonista não combina com a imagem de "máquina perfeita" que o próprio filme tenta nos apresentar. Michael Fassbender também não ajuda muito, sendo pouco expressivo, e mais fazendo caretas de "cansado" e "assustado" do que qualquer outra coisa.

E, encerrando os pontos ruins, O Assassino não traz nada realmente novo. Se o filme tivesse sido feito por um diretor de pouca expressão ele receberia mais elogios, porém, como ele foi feito pelo mesmo diretor que já nos entregou Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995), Clube da Luta (1999), Zodíaco (2007) e Garota Exemplar (2014) dentre outros, dele eu espero bem mais, então apesar de ser um bom filme a sensação final é de uma leve decepção. Conclusão: a melhor maneira de desfrutar O Assassino é gostar de filmes de ação de vingança e esquecer que ele foi feito por Fincher. Nota: 6,5.

PS: Sophie Charlotte, a atriz que faz o papel de Magdala, a namorada do Assassino, é brasileira e já participou de várias novelas por aqui, como por exemplo Malhação, Babilônia e Todas as Flores.



As Ladras (2023)
Diretora: Mélanie Laurent
Atores principaisAdèle Exarchopoulos, Mélanie Laurent, Manon Bresch, Isabelle Adjani, Félix Moati, Philippe Katerine

Se o filme anterior pecou pela falta de originalidade, felizmente não podemos dizer o mesmo deste francês As Ladras. O filme, que traz um grupo de assaltantes para fazer seu "roubo da vez", mistura ação, humor, aventura, mas foge do comum por ter como protagonistas um grupo de mulheres. O filme é mais voltado para o público feminino, e também traz algumas cenas mais tocantes; a troca de homens por mulheres é realmente bem vinda, com piadas e situações engraçadas e curiosas.

Mélanie Laurent, que é uma das protagonistas, também dirige As Ladras, este que é seu nono longa metragem como diretora. E assim como O Assassino, este filme também é uma adaptação de história em quadrinhos, no caso, da história A Grande Odalisca (2012), de Jérôme Mulot. Na trama, Carole (Melanie Laurent) e Alex (Adèle Exarchopoulos) são competentes ladras que há muito tempo trabalham para a Madrinha (Isabelle Adjani), e agora querem se aposentar, pedido rejeitado pela chefona. A dupla topa fazer um "último trabalho", onde outras coisas além da futura aposentadoria estão em jogo.

Apesar de ter várias cenas de ação, tiroteios e mortes, o forte de As Ladras acaba sendo mesmo o humor e a relação entre as ladras Carole, Alex e Sam (Manon Bresch), sendo assim, dá para dizer que é um filme "leve". Com bastante diálogos (como boa parte dos filmes franceses), a qualidade e carisma das atrizes também contribui para a produção funcionar bem. As Ladras também conta com uma trilha sonora curiosa, com várias músicas latinas cantadas.

Dando destaque principalmente à liberdade e força feminina, As Ladras é um filme divertido, que me surpreendeu positivamente, e só me decepcionou um pouco no seu final, mas não comprometendo o resultado como um todo. Nota: 7,0.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Conde (2023) e Camaleões (2023)

Seguimos com mais críticas de filmes recentes da Netflix, para quem curte filmes mais sombrios. Um lançado no mês passado, e outro lançado agora mesmo, em Outubro. Vamos a eles?



O Conde (2023)
Diretor: Pablo Larraín
Atores principais: Jaime Vadell, Gloria Münchmeyer, Alfredo Castro, Paula Luchsinger, Stella Gonet

Filme chileno anunciado como comédia de humor sombrio, O Conde tem muito poucos momentos de humor, e muitas críticas e sarcasmos dedicados ao falecido ditador Augusto Pinochet e toda sua família. Na trama, descobrimos que o ex-general chileno forjou sua morte em 2006, e que vive até hoje recluso, em uma casa de campo, longe de tudo e todos.

Mais ainda, Augusto Pinochet na verdade é um vampiro, com cerca de 250 anos de idade, e seu repentino desejo de morrer "de verdade" somado a uma recente onda de assassinatos na capital Santiago, onde as vítimas tem seus corações arrancados, são os dois principais condutores da trama.

O Conde é filmado em preto-e-branco, tendo em sua fotografia sua melhor qualidade, já que o roteiro está longe de ter algo criativo. Vemos que Pinochet é um vampiro, que ele é cruel e desumano, assim como toda sua família... temos também algumas críticas a Igreja, mas fica nisto. Realmente nada fora do esperado para o tema. Um ponto que pode ser surpreendente para o brasileiro "comum", é a importante presença de Margaret Thatcher na história. Mas para o espectador chileno, que sabe muito bem que a "Dama de Ferro" da vida real foi aliada de Pinochet, e um ser humano tão odioso quanto, novamente, nada fora do comum.

Em resumo, como filme O Conde não é uma experiência ruim de se assistir (até longe disto), mas é algo que não acrescentará nada em sua vida. Um mero passatempo, na simples definição da palavra. Nota: 5,0.



Camaleões
(2023)
Diretor: Grant Singer
Atores principaisBenicio Del Toro, Justin Timberlake, Eric Bogosian, Alicia Silverstone, Domenick Lombardozzi, Frances Fisher, Ato Essandoh, Karl Glusman, Sam Gifford, Matilda Lutz

Com uma tradução de título muito infeliz (Reptile, no original, faz mais sentido), Camaleões é um filme de investigação policial de roteiro ficcional, embora seja baseado muito levemente em um assassinato real, a da corretora de imóveis canadense  Lindsay Buziak.

Na trama, o policial Tom Nichols (Benicio Del Toro) ainda está se adaptando a recém mudança de cidade junto com sua esposa Judy (Alicia Silverstone), e acaba sendo encarregado da investigação do estranho e brutal assassinato de uma corretora de imóveis, Summer (Matilda Lutz).

A história conta com um número enorme de reviravoltas, boa parte previsíveis, porém a boa notícia é que algumas são inesperadas, o que garante a diversão. O diretor estreante em filmes Grant Singer (ele já foi diretor de dezenas de vídeos musicais) consegue fazer um bom trabalho de ambientação, trazendo bom clima de tensão e suspense durante toda a produção.

Mas para mim, o melhor mesmo de Camaleões é rever os "sumidos" Benicio Del Toro e Alicia Silverstone. O primeiro pela sua atuação e presença em tela, e a segunda pelo seu carisma e beleza. Sempre achei a Alicia muito bonita, e ela continua linda, pena que desde seu auge dos anos 90, é difícil vê-la em produções relevantes. E aqui, ainda está atuando bem.

Camaleões é um filme de suspense policial bem competente e acima da média. Ainda que longe de ser memorável, para quem curte o gênero é uma boa pedida. Nota: 6,5.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Crítica Netflix - A Maravilhosa História de Henry Sugar (2023) e outros curtas de Roald Dahl

Título: A Maravilhosa História de Henry Sugar ("The Wonderful Story of Henry Sugar", EUA / Reino Unido, 2023)
DiretorWes Anderson
Atores principaisBenedict Cumberbatch, Ralph Fiennes, Ben Kingsley, Richard Ayoade, Dev Patel, Rupert Friend
Nota: 7,0

Agora via Netflix, Wes Anderson multiplica sua visão através de Roald Dahl

Conforme eu havia antecipado em minha crítica de Asteroid City, este A Maravilhosa História de Henry Sugar é um curta-metragem (37 minutos), e o primeiro trabalho exclusivo de Wes Anderson para a Netflix. Mas o que eu não esperava, e fui muito surpreendido, era que este filme seria apenas o primeiro (e maior) de quatro curtas lançados diariamente pelo diretor na Netflix. Após ele, vieram O Cisne, O Caçador de Ratos, e Veneno, estes três com 17 minutos de duração cada.

E as quatro histórias têm algo muito importante em comum: todas são adaptações de contos do autor britânico Roald Dahl (1916–1990). Dahl já teve várias de suas obras adaptadas para os cinemas, e principalmente, suas obras infantis, como por exemplo: A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda e O Bom Gigante Amigo, dentre outros. Mas Roald não foi famoso apenas pelas suas histórias infanto-juvenis, mas também, por contos para adultos, sendo que estes em geral eram mais sinistros, geralmente contendo humor ácido e finais surpreendentes. Características aliás que não podem ser muito atribuídas ao A Maravilhosa História de Henry Sugar, mas que certamente devem ser atribuídas aos outros três contos que saíram na Netflix. Quanto a estes 3 últimos, eles não são nada recomendado para crianças.

Para todos os quatro curtas, Wes Anderson preservou sua maneira bem incomum e característica de filmar, e também usou o mesmo grupo de atores em todos eles, além da mesma maneira narrativa: nos 4 filmes os personagens principais narram em voz alta muitas das ações que vemos em tela, e também tudo o que todos os personagens falam e pensam. O resultado final é quase um meio termo entre um livro filmado e um teatro.

Todos os curtas de Roald Dahl adaptados nesta leva por Anderson são no mínimo bons e interessantes, mas os três mais curtos são mais mórbidos e menos elaborados, com o A Maravilhosa História de Henry Sugar, portanto, acabando sendo o melhor. Com bastante dinamismo e sarcasmo, ela conta a história de Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um trapaceiro que após ler um livro sobre Imdad Khan (Ben Kingsley), que dizia enxergar sem usar os olhos, resolveu então tentar fazer o mesmo.

Como curiosidade, estas não foram as primeiras vezes de Wes Anderson com os contos de Roald Dahl, já que ele já havia adaptado um de seus contos antes, em seu filme de animação O Fantástico Sr. Raposo (2009). Anderson, aliás, é bisneto de Edgar Rice Burroughs, criador de Tarzan e John Carter. Já que ele gosta tanto de adaptar livros, me pergunto por que ainda não fez nada com o material de seu parente mais famoso...

A Maravilhosa História de Henry Sugar (principalmente) e os outros curtas (O CisneO Caçador de Ratos, e Veneno) são rápidas e excelentes maneiras de conhecer melhor Wes Anderson e Roald Dahl. Aproveitem, é uma ótima oportunidade e desta vez, pelo tamanho das produções, nem se pode usar a desculpa do "não tenho tempo". Nota: 7,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...