A Trilogia Baztán é uma série de livros da escritora espanhola Dolores Redondo, que alcançou fama em diversos países e é uma das publicações de língua espanhola de maior sucesso da década atual. Os livros acompanham a inspetora Amaia Salazar e suas investigações nos assassinatos cometidos na região do Vale de Baztán, Espanha, e misturam crimes "reais" modernos com um pouco de bruxaria e folclore. O local se trata de uma região montanhosa composta de algumas pequenas cidades, belas paisagens e uma curiosa mitologia fantástica.
A trilogia é composta pelos livros O Guardião Invisível (2013), Legado nos Ossos (2013) e Oferenda à Tempestade (2014), que foram todos adaptados para filmes e disponibilizados na Netflix Brasil neste ano de 2020. Aliás, Oferenda à Tempestade, o filme que encerra a trilogia, chegou há muito pouco tempo por aqui, estreando no final de Julho.
Vamos conhecer resumidamente os três filmes? Depois da sinopse de cada um deles, faço uma breve análise do que achei da trilogia como um todo.
O Guardião Invisível (2017)
Na primeira parte da obra conhecemos um pouco do passado de Amaia e sua família, enquanto a policial tenta encontrar o serial killer que está matando moças da região de sua terra natal. O tal Guardião Invisível do título se trata do Basajaun, uma entidade da mitologia basca que é um hominídio gigante e peludo que vive na floresta protegendo-a, enquanto também ajuda e educa os humanos. Este primeiro filme é o único da trilogia que temos algo de fantasia "explícita", e ainda assim em pequena quantidade.
Legado nos Ossos (2019)
Cronologicamente cerca de um ano e meio após o filme anterior, as "pontas soltas" do caso anterior voltam a assombrar Amaia e acabam se revelando o trabalho de outro serial killer. Aqui aprendemos muito pouco de novo sobre a protagonista, porém vamos conhecendo melhor a história de sua mãe através da descoberta de outras atrocidades cometidas pela mesma. A abordagem da história muda um pouco, e agora estamos diante de um embate mais filosófico entre o "bem" e o "mal", de Amaia contra (ainda desconhecidos) bruxos.
Oferenda à Tempestade (2020)
Encerrando a trilogia, agora Amaia tem um novo foco, destruir a seita de bruxaria que vêm matando bebês em toda a região às margens do Rio Baztán aparentemente há décadas. Aqui os coadjuvantes ganham um pouco de espaço, sendo mais participativos nas investigações policiais. Todas as tramas paralelas se encerram, unificando a história contada nos três filmes.
O que achei da trilogia?
Como um todo, os filmes da trilogia Baztán entregam uma história que prende a atenção e deverá agradar quem gosta de suspense. Os dois primeiros filmes são bons, tensos, e valem a pena assistir. Já o filme final é bastante decepcionante, tudo é explicado, porém as explicações são desanimadoras de tão ruim. Só que depois de ter assistido os dois primeiros filmes, você acaba tendo que assistir o terceiro, para saber como tudo acaba, por pior que Oferenda a Tempestade seja.
O clima de "medo e suspense", e a investigação procurando pelos dois primeiros assassinos em série são as maiores qualidades da Trilogia Baztán. O suspense é bom os suficiente para nos deixar constantemente tensos e interessados no que vêm a seguir. Ainda assim, o clima de suspense é até exagerado... sutileza não é uma qualidade do diretor Fernando González Molina, o mesmo dos três filmes: música incidental dramática o tempo todo, cenas quase todas escuras e sob chuva. além de que algumas "dicas" sobre os vilões da trama são tristemente exageradas. Por outro lado, todo este "clima dark" revela uma ótima produção, tecnicamente temos fotografia e iluminação realmente muito boas nos três filmes.
Em geral, infelizmente, a narrativa é bem descuidada: há muitos personagens envolvidos e a direção não dá destaque suficiente para eles de maneira que nós, espectadores, possamos identificar e diferenciar cada um. Além disto, em alguns momentos, a protagonista visualiza algo importante para a trama porém não fica claro para o público sobre o que se trata, a câmera não mostra o que precisamos ver. É a personagem do filme sabendo mais do que o espectador, e na maioria dos casos isto é um aspecto bem ruim ao se contar qualquer história.
Mas os maiores pontos negativos em relação a trilogia são a absurda interação de Amaia com o juiz Markina, e a inexplicável condescendência do pai de Amaia e sua filha mais velha em relação à mãe. Se estas relações forem similares nos livros, então acho que a escritora Dolores Redondo não merece todo o sucesso que teve...
A Trilogia Baztán, no final, acaba sendo um passatempo interessante para quem curte suspenses, mesmo apesar do final ruim. É como diz o ditado... "a melhor parte de uma viagem é o caminho, não o destino". E as notas que dou para os três filmes são, respectivamente, um 6,0, outro 6,0 e um 4,0.
2 comentários:
Você definiu muito bem a trilogia Baztán, o final é decepcionante.
Sim... é uma pena. Volto a me perguntar se nos livros (que não li), o final é igualmente ruim...
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