“Similar aos outros Aliens, filme mostra justamente aquilo
que negou mostrar”.
Prometheus surgiu da idéia de se fazer um prelúdio de “Alien,
o 8º passageiro” (1979) e como já comentei neste blog (leia aqui), durante todo
o tempo de sua produção surgiam notícias que contradiziam a ligação do filme
com esta franquia. O diretor Ridley Scott foi um dos que mais negou esta
correlação, dizia que as referencias ao universo Alien seriam sutis. Inclusive
na semana passada voltou a este discurso, ao declarar que o filme foi mesmo
pensado no questionamento existencial do ser humano: “quem somos, de onde
viemos?”.
Conversa fiada. Prometheus é, sem nenhuma dúvida, o capítulo
anterior de “Alien”. A principal motivação do filme todo é justamente responder
os mistérios da história anterior. A nave alienígena mostrada em Prometheus é a
mesma de “Alien”. O Space Jockey também está lá. Quem é o Space Jockey? Como
ele morreu? O que são os aliens? Tudo isto é respondido ao longo dos 124
minutos de filme.
Apenas em alguns momentos o “universo Alien” é esquecido e
temos algumas cenas sobre a busca pela origem da humanidade. E estas cenas são grosseiramente
jogadas dentro da história, sempre acompanhadas de uma trilha incidental
“heróica” característica que não combina com o restante do filme. Mas se nisto
o diretor errou feio, por outro lado os diálogos sobre a questão existencial
são rápidos e informais, o que é uma escolha acertada por nos fazer pensar no
assunto sem torná-lo cansativo. Ok.. mesmo alguns temas acabam cansando devido a diálogos muito parecidos que se repetem ao longo da trama.
Prometheus segue a estrutura básica dos demais filmes da
franquia: uma exploração pelo desconhecido, o medo do que se descobre, e a fuga
desesperada. Há também os elementos clássicos da série, como a ganância da
grande corporação Weyland e a presença de seus andróides de caráter duvidoso.
De todos os filmes da série Alien, Prometheus se parece mais
com o primeiro. Há uma diferença importante, entretanto. Se em “Alien, o 8º
passageiro” as cenas eram em geral “claustrofóbicas”, em ambientes internos e
fechados (dentro das naves), e os alienígenas mal eram mostrados, em Prometheus
tudo é mostrado (aliás, o filme possui uma bela fotografia, que inclui cenas em
planos bem abertos). Mesmo revelando ao espectador tudo o que acontece, o filme
surpreende ao não perder o clima de tensão e suspense, o que é uma boa notícia.
Mas não chega a ter um suspense tão bom quanto ao filme de 79.
Mesmo parecendo tanto com os demais filmes de Alien, Prometheus
é interessante e agradável para os fãs da série. Já para quem não gosta ou não
está familiarizado com a história e os personagens da franquia, acredito que a
trama se torne um pouco confusa e cansativa, dado a enorme quantidade de
referencia aos filmes anteriores.
Sobre as atuações, não há nenhum grande destaque, mas dois
dos atores merecem elogios: Noomi Rapace convence como atriz principal e Michael
Fassbender convence como andróide (embora ele seja um andróide sarcástico, o
que para mim não faz sentido).
E se por um lado Prometheus respondeu muita coisa sobre
Alien, ele levanta novas perguntas que não são respondidas aqui e que foram adiadas para uma óbvia futura continuação. Que esta continuação
consiga enfim responder o que este filme prometeu mostrar e não cumpriu. A
resposta para o “Quem somos e de onde viemos?” continua em aberto por motivos
comerciais.
Nota: 6,0.
4 comentários:
Também assisti ao filme e gostei dele. Sem dúvida é o mais parecido da franquia, também acho que podemos incluí-lo nela, com o de 1979. No entanto, em questão de ritmo o filme mais velho é melhor e a sensação de claustrofobia criada, pelo menos para mim, foi mais eficiente para prender a atenção que os planos abertos mostrados.
Não achei que a busca pela origem da humanidade tenha ficado jogada na história, especialmente por ser basicamente seu fio condutor... Claro, as referências são inegáveis e as ligações com Alien estão lá, beeeem presentes, mas não me pareceu que Prometheus tenha se limitado a isso...
A Dr. Shaw e Fassbender realmente merecem destaque, aliás eles o têm dentro do filme então se não tivessem atuado a contento ele teria perdido muito em qualidade. Não acho tão estranho o fato do andróide demonstrar sarcasmo e até uma leve indignação, pelo que entendi ele tinha um nível de inteligência e talvez até livre arbítrio que o permitia tal personalidade. Se isso evoluiu do tempo que esteve 'sozinho' na nave ou deriva de uma programação prévia, não é explicado, mas mostra claramente como ele não é previsível ou convencional, quando ele assiste a filmes e quer copiar cacoetes e aparência dos personagens.
Mas outros pontos ficaram obscuros para mim:
*** Spoiler alert ****
1-A recuperação da cirurgia foi muito rápida, aquele anestésico faz milagres...rs
2-Qual o objetivo do Fassbender em deixar o arqueólogo doente, apenas ver o que aconteceria? Aqueles jarros contêm uma espécie de microorganismo que gera os monstros maiores?
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De qualquer forma, no geral, gostei do filme, efeitos muito bem feitos e mesmo com os problemas, está acima da média. Nota: 7.0
Queria saber o que o Android disse para o Engenheiro que deixou ele tao puto da vida hehehe
Pois é. É bem curioso mesmo. Será que ele estava seguindo a "agenda" da Weyland, ou fez uma pergunta mais "pessoal"? Isto seria interessante pra vermos o quão "autônomo" ele era.
Minhas respostas também são spoilers, portanto, o aviso foi dado. :)
1) A recuperação não foi tão rápida assim, tanto que após a cirurgia ela teve varios surtos de dor, justamente, claro, nos momentos onde ela mais passava perigo e precisava estar inteira pra fugir... tsc, tsc.
2) A primeira parte eu sei responder. :)
Fassbender queria sim saber o efeito da substância em um ser humano. Primeiro pela ciência, e segundo, porque provavelmente estava na busca de uma "cura" para seu criador. Uma coisa q achei legal foi ele ter explicitamente ter pedido "autorização" para o arqueologo.
Quanto aos jarros, que eu entendo ter a mesma substancia que o alienigena bebe no começo do filme, meu entendimento foi o seguinte:
Se trata de uma substancia que simplesmente "desmancha" todo seu dna para recriar outro completamente diferente do zero. É desta forma, entendo eu, que aqueles simples vermes se transformam naquela cobra parasita que ataca os 2 primeiros humanos.
O que não faz nenhum sentido por esta teoria, entretanto, é o fato dos humanos terem os mesmo DNA dos engenheiros.
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