terça-feira, 25 de setembro de 2012

Crítica – Intocáveis (2011)


“Ótima comédia francesa ensina a fazer humor com classe”.

A primeira descrição que li sobre “Intocáveis” foi algo mais ou menos assim: “milionário tetraplégico contrata ex-presidiário para ser seu auxiliar”. Ou seja, uma história já repetida a exaustão por filmes de “Sessão da Tarde” feitos a toque de caixa. E de fato, se a história possui mesmo diversas situações “clichê”, a maneira como ela é contada é que a torna especial.

Francês, o filme já mostra ser diferente em suas piadas. As comédias atuais costumam trazer dois tipos de humor: ou temos piadas “físicas”, com personagens trapalhões tropeçando ou derrubando objetos; ou principalmente, temos o humor do “grito e palavrões”. Ou seja, quanto mais xingamentos, e quanto mais desesperado/revoltado o “comediante” está, mais “engraçada” é a piada. Porém, “Intocáveis“ surpreende ao trazer excelentes piadas ao longo de todo filme sem usar palavrões nem piadas físicas (e notem que o simples fato de um dos protagonistas ser tetraplégico seria um prato cheio para vê-lo caindo, por exemplo).

Engana-se, entretanto, que este humor “com classe” não é políticamente incorreto. Muito pelo contrário. A maioria das piadas são sobre deficiência física, sobre pobreza. Mas tudo isto é feito sem ofender. O segredo? Seus personagens. Eles não fazem humor para humilhar ou agredir ninguém. Fazem humor por serem naturalmente otimistas, por se preocuparem cada um em levantar o ânimo do outro. Fazem humor pela amizade.

Outra abordagem que foge um pouco do comum é a opção por cenas mais privadas. O rico Philippe (François Cluzet) não procura usar seu contratado Driss (Omar Sy) para reintroduzí-lo à sociedade.  Ao contrário, Philippe é bem reservado, quase não sai de casa (ele até possui um amor platônico), e portanto a maioria das cenas são rodadas dentro de sua mansão.

O filme é baseado numa história real, e por isto mesmo, me agradou bastante ver os diretores (Olivier Nakache e Eric Toledano) optarem por soluções que reforçam o realismo do filme. Por exemplo, as cenas são filmadas em plano fechado, colocando o espectador “ao lado” dos personagens. E assim como na sua vida real você não sai ouvindo por aí uma trilha sonora na sua cabeça, em boa parte do tempo não temos nenhuma música ao fundo. E quando temos, além de serem ótimas para se ouvir, na maioria dos casos refletem o que os próprios personagens ouvem. Como a música em um concerto, por exemplo.

Para fechar o pacote, os dois atores principais são excelentes. Cluzet convence como tetraplégico; e Omar Sy é engraçadíssimo. Por esta atuação, Sy levou o César de melhor ator em 2012. Aliás, mesmo os atores coadjuvantes também convencem com boas atuações.

Tantas qualidades resultaram em sucesso de crítica e público. “Intocáveis” já é o filme francês mais assistido da história no exterior (superando o antigo campeão “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", de 2001), e também o segundo filme mais assistido na França em todos os tempos (perde apenas para "A Riviera Não é Aqui", de 2008).

Vendido como comédia e drama, “Intocáveis” também possui suas cenas dramáticas, que inclusive emocionam. Mesmo assim, o drama não é muito aprofundado. Para o filme, e para seus personagens, o que vale mesmo na vida é o humor. Nota: 8,0.

2 comentários:

Wender.. disse...

Consigo encomendar uma crítica?
O Filme é Hotel Transilvânia.
http://www.imdb.com/title/tt0837562/

Indique se é dá muito medo pois pretendo assistir com a minha filha de quase 5 anos!

Valeu!
Wender..

Ivan disse...

Wender, prometo tentar assistir o filme. E prometo te dar o veredito se o filme irá ou não assustar sua filha.

Só não prometo acertar no palpite. Vai saber, as coisas que me dão medo são diferentes das que dão medo para uma criança de 5 anos uhahuauhaua.

Abraços!

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