sábado, 22 de junho de 2013

Crítica - Depois da Terra (2013)

Título: Depois da Terra ("After Earth", EUA, 2013)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Jaden Smith, Will Smith
Nota: 3,0

“Filme chato de Shyamalan, péssima história de Will Smith”

De um lado, M. Night Shyamalan. Diretor indiano que brilhou em 1999 com O Sexto Sentido e que por mais quatro filmes, agradou. Então surgiram os péssimos A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). De 1999 até 2008 todos seus filmes foram baseados em conceitos originais próprios; o que não aconteceu com seu filme seguinte, O Último Mestre do Ar (2010), mas que também foi bem ruim.

De outro lado, Will Smith. Bom ator, que costuma estar em bons filmes, mas em fase egocêntrica (ele recusou ser Django em Django Livre de Tarantino, pois para ele Dr. King Schultz era a estrela do filme... e Will só aceitaria filmes onde “ele” fosse o o personagem principal).

Porém Will Smith abriria mão do estrelismo para uma causa “nobre”: dar uma chance a seu filho Jaden Smith para obter um “status” de onde ele não dependesse mais do pai em Hollywood... É assim que surge Depois da Terra.

Smith se torna ator-produtor e contrata pessoalmente Shyamalan - de quem é fã – para dirigir e roteirizar sua primeira criação (história) para um filme, o qual – claro – faz de seu filho o grande protagonista.

De todo este contexto as chances de sair algo bom eram baixas. Mas para que ser preconceituoso, não é mesmo? Me arrisquei a assistir Depois da Terra e... o filme é mesmo bem ruim. Além de chato, sem emoção, seu maior problema é o péssimo roteiro, repleto de absurdos.

Pelo enredo, a humanidade deixou o planeta Terra há 1000 anos, após devastá-lo, e se mudou para outro sistema planetário chamado “Nova Prime”. Porém seus planetas já são habitados por outra raça alienígena, muito avançada, que resolve então exterminar os humanos criando um monstro cego, que porém “enxerga medo” (!?!?). É assim que surgem os Rangers: um grupo militar composto de pessoas treinadas a não ter medo para defender a humanidade dos monstros.

Cypher Raige (Will Smith) é o líder e o mais grandioso de todos os Rangers. Ele e seu filho, Kitai Raige (Jaden Smith) estão juntos em uma nave no espaço quando, devido a um acidente, eles caem no planeta “mais próximo” - que sabe-se como não era nenhum outro planeta do próprio sistema Nova Prime, e sim - a Terra.

E tem mais. A Terra voltou a ser um paraíso verde (1000 anos fazem milagre), e então aprendemos que neste meio tempo “toda a vida do planeta evoluiu para matar humanos”, o que é realmente impressionante, já que os humanos nem estavam mais lá para que estas vidas se reagissem contra a gente (!?!?).

Na queda, apenas pai e filho sobrevivem; sendo que o pai fica seriamente ferido e o filho sai sozinho enfrentar os perigos do planeta em busca de um sinalizador que é a única coisa que poderá levá-los de volta para a casa. Esta é a premissa de Depois da Terra. E a jornada de Kitai pelo planeta tem outros tantos absurdos que nem preciso mais citar.

Fora o roteiro, o filme tem problemas graves de ritmo – a história é constantemente interrompida por flashbacks – tanto do pai, quanto do filho. Os flashbacks de Cypher não contribuem em absolutamente nada à trama; já as de Kitai até são relevantes... o problema é que são sempre os mesmos!

Os erros não param aí. Visualmente o filme até poderia ser elogiado (a nova Terra é muito bonita)... isto se os efeitos especiais não fossem tão artificiais. O excesso de closes nos dois Smith – claramente para ressaltar a atuação de ambos - também atrapalha.

Por falar em atuação, lembra que eu disse no começo que o filme é chato e sem emoção? Boa parte disto é reflexo da atuação de seus dois personagens principais. Will Smith atua bem, convence como “homem sem emoções que está no limite de não aguentar e mostrar que tem emoções”. O problema é que é a mesma interpretação “fria” o tempo todo.

Já seu filho Jaden... ok, ele não vai tão mal. Mas claramente lhe falta carisma e em várias as cenas ele não convence. Para piorar, com seus 14 anos a sua voz “em transição de criança para adulto” não ajuda: há momentos em que fica difícil entender o que ele disse.

No final das contas, Depois da Terra teve para mim sua utilidade. Me convenceu a desistir de vez de Shyamalan, e me fará evitar qualquer filme futuro de onde Will Smith seja um dos escritores. Nota: 3,0.

PS: Depois da Terra também gerou polêmica pois seu roteiro contém várias referências à Cientologia. Will Smith não nega ser seguidor da religião, mas nega que exista qualquer relação dela com este filme.

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