sábado, 22 de fevereiro de 2014

Crítica – 12 Anos de Escravidão (2013)

Título: 12 Anos de Escravidão ("12 years a slave", EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Steve McQueen
Atores principais: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=xSL_sCHDsHc
Nota: 8,0

A boa história de sempre contada de maneira um pouco diferente

Quando bem feito, não há como não se comover, se revoltar, se envolver com filmes de escravidão. Seus oprimidos personagens ganham nossa simpatia e nos emocionam. E isto não é diferente em 12 Anos de Escravidão, que é um filme muito bem feito.

Entretanto, após mais de um século de cinema, filmes sobre escravismo não faltam. É muito difícil fazer um filme sobre o tema sem mostrar “mais do mesmo”. Felizmente, 12 Anos de Escravidão consegue um considerável sucesso em ser diferente ao fugir de alguns clichês e de utilizar bem de alguns recursos cinematográficos.

Na história baseada em fatos reais, estamos nos EUA dos anos 1840, e Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um homem livre negro do estado de Nova York. Enganado e sequestrado eu uma viagem, ele é levado ao sul do país, onde é vendido como escravo e passa por diversos “senhores”.

Há vários clichês em 12 Anos de Escravidão – o que enfraquece o filme - como por exemplo, o escravo sendo obrigado a chicotear outro, o motim dentro do navio negreiro, a “senhora” má; e o “senhor” que se apaixona pela escrava, especificamente neste caso, o cruel branco Edwin Epps (Michael Fassbender) e a escrava Patsey (Lupita Nyong'o).

Porém 12 Anos de Escravidão já começa a  ser diferente da maneira em que se conta a história. Por exemplo, com uma bela fotografia, o filme que se passa na zona rural resiste a tentação de trazer cenas “épicas” com paisagens e cria um clima muito mais intimista, mostrando sempre imagens a cerca de 3 a 5 metros dos atores. A trilha sonora também foge do convencional, por exemplo trazendo em alguns momentos de tensão uma trilha incidental que lembra mais um filme de suspense ou terror. E tudo isto funciona muito bem.

E há também alguns elementos novos: por ser um homem livre e culto, Solomon é bastante inteligente e versátil. E mesmo com ele tentando sempre se comportar para não ser punido, ele simplesmente não consegue disfarçar que é “diferente”, o que lhe causa vários conflitos interessantes ao longo da história.

Somando a estas gratas surpresas, o filme flerta com algumas curtas cenas marcantes, como a do encontro dos escravos negros com índios, ou ainda, como a cena de close onde, tomado por extremo desespero, Solomon olha por fração de segundos no olho do espectador.

12 Anos de Escravidão foi indicado a 9 Oscars e é um dos favoritos da premiação: Melhor Filme, Melhor Diretor (Steve McQueen), Melhor Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Melhor Montagem, Melhor Design de Produção.

Da parte das atuações, Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender estão bem, mas não se destacam tanto. Lupita Nyong'o é quem brilha mais, porém ela aparece pouco durante o filme.

Com uma boa história, e que consegue trazer alguns elementos novos mesmo em um tema tão batido, 12 Anos de Escravidão consegue comover sem ser apelativo, ou melhor dizendo, sem ser piegas. Méritos para a boa direção de Steve McQueen, que indicado ao Oscar, tem a chance de ser o primeiro diretor negro a levar a estatueta. Nota: 8,0.

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