terça-feira, 20 de maio de 2014

Crítica - Godzilla (2014)

Título: Godzilla ("Godzilla", EUA / Japão, 2014)
Diretor: Gareth Edwards
Atores principais: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Bryan Cranston

Suficientemente bom para fazer sucesso no ocidente

Gojira (ou Godzilla) apareceu pela primeira vez em 1954 em um filme japonês de mesmo nome, do diretor Ishiro Honda. Criado como uma metáfora para a destruição da bomba atômica, o monstro gigante é sucesso absoluto na Terra do Sol Nascente. Até agora já foram criados 28 filmes do Godzilla no Japão.

Apesar de bastante conhecido por aqui, o lagartão nunca fez muito sucesso no ocidente. Pelo menos não através do cinema. Vários dos filmes japoneses nem chegaram as salas ocidentais. E para piorar, em 1998 os EUA produziram sua versão hollywoodiana de Godzilla. Um filme fraquíssimo. Elogios mesmo apenas os desenhos animados - uma versão da Hanna-Barbera de 1978, e uma versão mais recente, do filme de 98.

Em sua segunda tentativa, os estadunidenses acertaram a mão. O Godzilla de 2014 é bom o suficiente para fazer sucesso no atlântico. Dirigido pelo desconhecido diretor inglês Gareth Edwards e sob produção da Legendary Pictures a história segue o enredo padrão de filmes de monstros/alienígenas/desastres: acompanhamos a história sob o ponto de vista dos humanos, ou mais ainda, de uma família.

O filme começa bem, com cenas em um reator nuclear ha 15 anos atrás. Lá vemos Joe Brody (Bryan Cranston - de Breaking Bad) e sua esposa Sandra (Juliette Binoche) em seu primeiro contato com algo "grande e fora do normal". A tensão e as cenas de destruição são bem feitas. Já de volta ao tempo atual, os personagens de Cranston e Binoche são colocados de lado e passamos então a ter a perspectiva do filho do casal, Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson - assustadoramente "bombado" em comparação ao magrelo que era nos filmes de Kick-Ass) e de sua esposa Elle (Elizabeth Olsen). É aí que o filme falha.

Mal desenvolvidos, e sem carisma, vemos os personagens Ford e Elle passando por situações de perigo e sequer nos importamos. O filme não consegue transmitir o sentimento de tensão do casal. Apesar dos efeitos especiais serem bons, e as destruições em escala assustadoramente grandes, parece que a dupla jamais será atingida. Talvez porque são catástrofes "limpas": são raras as imagens de alguém morrendo, e ninguém aparece sofrendo ou machucado. Ou talvez porque os monstros sejam tão onipotentes (até a década de 80 Godzilla era mostrado com 50m de altura e aqui aparece com 110m), não parece fazer muita diferença o que os humanos podem fazer ao longo da história.

Se você prestou bem atenção no parágrafo acima, eu falei monstros... no plural. Sim. Além de Godzilla, há dois insetos igualmente gigantes, denominados M.O.T.O. (sigla para Massive Unidentified Terrestrial Organism). Se na parte humana o filme fracassa, na parte dos monstros o filme empolga. É verdade que os insetos não são lá muito legais. Mas já o Godzilla... é um espetáculo a parte. Me desculpem todos os robôs e monstros que apareceram em Círculo de Fogo (2013), mas nenhum deles é tão bacana e fodástico quanto este Godzilla de 2014. As cenas com o lagartão só possuem um defeito: são muito curtas. As lutas são bem legais, mas poderiam durar mais. Sem nenhuma dúvida este bom filme seria melhor se Godzilla fosse "realmente" o protagonista, e não um "quase coadjuvante".

Tecnicamente, os efeitos visuais são bons e bastante variados, com tomadas no ar alternadas com tomadas na terra, cenas em cidades, florestas e mar; filmagens em primeira pessoa alternadas com filmagens à longa distância. A trilha sonora é burocrática, mas já o roteiro - pelo menos sua premissa básica - me agradou apesar de alguns furos: o fato de misturar incidentes reais históricos com a mitologia de Godzilla foi uma boa sacada.

Em resumo, se seu objetivo for assistir um filme mostrando o drama humano diante de dificuldades e catástrofes, esqueça. Este Godzilla não é seu filme. Mas se seu objetivo for ver monstros gigantes, o filme irá te agradar e te fazer lamentar apenas uma coisa: o personagem-título poderia aparecer mais.

Muito superior ao filme de 1998, o Godzilla 2014 não é perfeito, mas repito que é bom o suficiente para agradar e fazer sucesso no ocidente. E os primeiros números não desmentem: arrecadando US$ 93 milhões só nos EUA em seus 3 primeiros dias de exibição, o filme já é a 2ª melhor estréia do ano, só perdendo para Capitão América 2. Nota: 7,0 6,0.

Atualização em 28/05: após alguns dias refletindo, acho que exagerei na nota. O filme é bom, mas não chega ao 7,0. Portanto, atualizado para 6,0.

2 comentários:

marcos.moreti disse...

Vamos lá, como prometido, impressões sobre Godzilla:
O filme começa muito bem, com montagens envolvendo aparições do monstro no passado, utilização da bomba atômica, não tenho certeza se extraído dos filmes anteriores ou não, mas com a estética da época. Neste sentido me lembrou muito o bom início de X-men Origens: Wolverine, o que já assusta por si só. O primeiro ato, apresentando a família do protagonista e o primeiro contato moderno com uma das criaturas é bem feito, embora não haja tempo para estabelecermos conexão com aquelas pessoas e sentir a primeira tragédia do filme, mas para marcar o início e mostrar o porquê de uma obsessão a ser criada a seguir, está OK. Passam-se alguns anos e nós percebemos aquele que eu acredito que tenha sido uma das falhas do filme: a escolha do protagonista. Bryan Cranston tem uma presença de tela e carisma muito maiores que Aaron Taylor-Johnson. Quando termina o arco do primeiro e começamos a acompanhar o tenente Ford Brody (Aaron), o filme torna-se longo e arrastado, o que é absurdo para uma temática de monstro e destruição.
Por outro lado, temos pontos positivos relevantes: a explicação pseudo-científica sobre os monstros é convincente e, encontra eco nos filmes originais. Os monstros são gigantescos, absurdamente grandes, uma ameaça que realmente assusta, e o diretor é hábil em dar destaque para a diferença de escala entre nós e estes seres. E é interessante observar como, no aspecto visual, o próprio Godzilla seja o menos criativo ou, por assim dizer, moderno, já que sob muitos aspectos é o mesmo monstro dos longas e séries anteriores.
Infelizmente, todo o potencial dos monstros só é percebido nos últimos 20 minutos de filme, quando já estamos cansados de sermos jogados de um lado para o outro, seguirmos personagens com os quais não nos importamos (Aaron Taylor) e vermos o desperdício de bons atores, como Ken Watanabe. Justamente neste ponto, quando tudo parece perdido, a batalha entre os monstros nos é mostrada de fato, sem ser por 2 segundos em uma tela de tv ou com uma porta fechada em nossa cara, e todo o potencial da luta entre seres daquela dimensão é mostrada. Para quem assistia filmes ou seriados do gênero na infância, é um mergulho naquela época, quando torcíamos de forma apaixonada para que a cidade fosse salva da ameaça. Quando a luta termina, mesmo tendo outro problema pendente, para o qual fomos preparados lá no começo da projeção quando o 'mocinho' nos disse o que fazia, novamente não há tanta expectativa ou emoção envolvida.
Enfim, pesando prós e contras, tristemente não posso dar uma nota maior, e só ganha esta porque o terceiro ato é fantástico, torcendo para a continuação vindoura tenha maiores qualidades. 5.5

Ivan disse...

Concordo com sua análise, e nossas notas ficaram parecidas. :)

Abraços!

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...