quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Crítica - Lucy (2014)


TítuloLucy ("Lucy", França, 2014)
Diretor: Luc Besson
Atores principais: Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Min-sik Choi

Apesar dos altos e baixos, Lucy pelo menos entretém

Dá para esperar grande coisa de um filme cuja premissa principal é estupidamente incorreta? Toda a história se baseia na máxima que "o ser humano utiliza 10% da capacidade do seu cérebro"... o que é uma enorme bobagem, uma teoria absurda que surgiu há quase 2 séculos. Seria o equivalente a fazer um filme que afirma de maneira séria que a Terra é quadrada.

Mas, respondendo minha própria pergunta, sim, eu tinha certa expectativa para assistir Lucy. Não pelo roteiro, mas pelo diretor: esperava estar diante de um novo O Quinto Elemento (1997), um ótimo filme de ação dirigido pelo mesmo Luc Besson. O resultado é que Lucy é bem inferior ao O Quinto Elemento, e curiosamente, apesar de ser mesmo um filme de ação, ele praticamente não possui quase nenhuma cena de ação decente (explico isto depois), porém mesmo assim ele diverte e entretém.

Na história, Lucy (Scarlett Johansson), é uma garota normal, mas que acidentalmente é capturada por um grande traficante de drogas internacional, Mr. Jang (Min-sik Choi). Ela é então chantageada para aceitar virar uma "mula", traficando uma nova droga experimental dentro do intestino. Mas a droga vaza dentro de seu corpo e então Lucy passa a progressivamente aumentar a porcentagem de uso do cérebro, desenvolvendo super-poderes. E ao mesmo tempo que ela parte em vingança, ela entra em contato com o renomado cientista Professor Norman (Morgan Freeman) em busca de auxílio e orientação.

O problema de Lucy são seus muitos altos e baixos. Ou melhor, ele começa "no alto" e termina "em baixa". Uma de suas principais qualidades é seu clima constante de tensão, que envolve o expectador. Vale ressaltar que os poderes desenvolvidos por Lucy são tão absurdos, tão grandiosos, que fica evidente que nada de mal vai acontecer com a protagonista. Seus adversários são assassinos profissionais mas mesmo assim se tornam, portanto, inofensivos. As lutas e perseguições são fracas, repetitivas e desnecessárias. Porém o filme obtém sua "emoção" de outro lugar. Na verdade, aprendemos que Lucy tem apenas 24hs de vida. Portanto, o ótimo clima de "tensão" que comentei acima vem não do que os inimigos poderão fazer com ela, mas sim, se Lucy conseguirá fazer tudo o que precisa antes de morrer.

Ainda sobre os poderes adquiridos por Lucy, ultra-exagerados, requerem um alto número de efeitos especiais. E os efeitos de computador não são lá grande coisa, embora não cheguem a incomodar. Há alguns poderes que simplesmente ofendem a inteligência de quem assiste o filme. Mas ao mesmo tempo, há qualidades nestes poderes: alguns são tão surpreendentes que deixam o espectador com a agradável sensação do nunca saber "o que vai acontecer em seguida". Neste aspecto, Lucy é doido e imprevisível no bom sentido.

Como eu disse anteriormente, Lucy começa bem e termina mal. A cena inicial é ótima em termos de suspense. A primeira conversa de Lucy com sua mãe, e a primeira conversa de Norman com Lucy são bem escritas, até emocionante. Pena que nenhum destes trechos de "roteiro inteligente" foi reservado a conclusão do filme, que não me agradou. Aliás, conforme os poderes de Lucy aumentam, o filme fica cada vez pior para se assistir, e seu final então é bastante insatisfatório.

Irregular, Lucy não só é pior, como é completamente diferente de O Quinto Elemento. Mesmo assim, desconsiderando sua parte final, é interessante o suficiente para divertir o expectador. São 89 minutos de pura adrenalina. E de doidices de Luc Besson. Argumentos interessantes para assistir o filme. Nota: 5,0

Atualizado em 15/02/15: após refletir, abaixei a nota do filme de 6,0 para 5,0. Acho que a presença da Scarlett Johansson fez eu dar uma nota maior que Lucy merecia.

2 comentários:

Unknown disse...

Kra assisti esse filme hoje, criei até certa expectativa durante o filme, mas aquele final acabou destruindo o pouco que conseguiram construir durante o filme. Pífio.

Ivan disse...

Me parafraseando: "Pena que nenhum destes trechos de "roteiro inteligente" foi reservado a conclusão do filme, que não me agradou." :)

Fico feliz com seu primeiro comentário em meu blog. Que seja o primeiro de muitos. :)

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