Diretor: Jim Jarmusch
Atores principais: Tilda Swinton, Tom Hiddleston, Anton Yelchin, Mia Wasikowska, John Hurt
Vampiros maduros, diferentes, sob uma ótima trilha sonora
Pelo menos para mim, o mitologia popular em torno dos vampiros sofreu um retrocesso nesta última década. Impulsionado pela saga Crepúsculo, os chupadores de sangue passaram a brilhar como cristais sob o sol, e pior, foram bastante humanizados. Sendo mais específico, eles foram "adolescentizados", ao serem retratados com preocupações e dilemas de um humano adolescente.
Por isto tudo, é uma grande satisfação ver em Amantes Eternos um filme que resgata a mistificação em torno dos vampiros. Melhor ainda por se tratar de uma visão diferente, consideravelmente original, de como eles se comportam.
Em Amantes Eternos os vampiros são apresentados como seres sábios, maduros, discretos. Eles só saem a noite e obviamente vivem de sangue, mas não são maus... não saem atacando as pessoas... por exemplo, obtém sangue subornando funcionários de hospitais.
O mais fascinante da abordagem em relação aos vampiros é a maneira em que eles encaram a existência, o passar do tempo. Afinal, são seres com séculos de vida, e por isto, nada mais os surpreendem, e tudo é visto a longo prazo. Eles possuem poderes sobre-humanos, mas não o usam, não precisam, o tempo já os deixou bem estabelecidos. Ao contrário, eles aproveitaram bem a passagem do tempo para se desenvolverem intelectualmente: um é um grande escritor; outro é um grande músico, etc.
Dos vampiros apresentados, ganham maior destaque o casal Adam (Tom Hiddleston) e Eve (Tilda Swinton), e também o velho Marlowe (John Hurt). Não sabemos a real idade de nenhum destes, porém, de Adam e Eve sabemos que já tinham no mínimo centenas de anos de vida ainda no Séc XV (seriam eles o "Adão" e "Eva" originais? embora pouco provável, não sabemos). Já de Marlowe, aprendemos que ele foi o poeta e dramaturgo inglês Christopher Marlowe (1564 - 1593), o que não deixa de render umas poucas boas piadas no filme.
Isolado, recluso, e sem nenhuma vontade de saber o que acontece no mundo fora de sua casa, Adam em determinado momento pergunta para Eve: "os humanos ainda estão guerreando por petróleo, ou já começaram a guerrear por água?". Pois não visão deles, de longo prazo, isto é inevitável. A visão de que tudo é transitório, mais ainda, a visão pessimista de que tudo entra em decadência é mostrada visualmente ao longo do filme: não a toa ele se passa na maioria do tempo na atualmente sucateada Detroit, uma cidade que esteve no seu esplendor décadas passadas, e hoje, falida, perdeu mais da metade de sua população, tendo dezenas de milhares de imóveis abandonados.
O mais importante de Amantes Eternos, portanto, não é sua história (praticamente inexistente), e sim, seus personagens, o universo dos vampiros. E enquanto os assistimos, somos agraciados em paralelo com uma ótima trilha sonora. Trazer boas músicas, aliás, é uma das principais características do diretor Jim Jarmusch. A trilha, que dentro do filme são as músicas compostas por Adam, são um rock instrumental com leves pitadas de blues e acordes árabes. Na vida real, as músicas foram compostas pela banda Sqürl, da qual o diretor faz parte.
Tecnicamente o filme agrada além da parte sonora. Uma fotografia bonita, somada a uma filmagem "não convencional" do diretor, que as vezes opta por planos inclinados, ou filmagens "do teto para o chão".
Bem lento (afinal, pra que a pressa se você é praticamente imortal?), mas trazendo personagens bem interessantes, Amantes Eternos é uma grata surpresa e um sopro de seriedade e novidade no universo dos vampiros. Nota: 8,0
Por isto tudo, é uma grande satisfação ver em Amantes Eternos um filme que resgata a mistificação em torno dos vampiros. Melhor ainda por se tratar de uma visão diferente, consideravelmente original, de como eles se comportam.
Em Amantes Eternos os vampiros são apresentados como seres sábios, maduros, discretos. Eles só saem a noite e obviamente vivem de sangue, mas não são maus... não saem atacando as pessoas... por exemplo, obtém sangue subornando funcionários de hospitais.
O mais fascinante da abordagem em relação aos vampiros é a maneira em que eles encaram a existência, o passar do tempo. Afinal, são seres com séculos de vida, e por isto, nada mais os surpreendem, e tudo é visto a longo prazo. Eles possuem poderes sobre-humanos, mas não o usam, não precisam, o tempo já os deixou bem estabelecidos. Ao contrário, eles aproveitaram bem a passagem do tempo para se desenvolverem intelectualmente: um é um grande escritor; outro é um grande músico, etc.
Dos vampiros apresentados, ganham maior destaque o casal Adam (Tom Hiddleston) e Eve (Tilda Swinton), e também o velho Marlowe (John Hurt). Não sabemos a real idade de nenhum destes, porém, de Adam e Eve sabemos que já tinham no mínimo centenas de anos de vida ainda no Séc XV (seriam eles o "Adão" e "Eva" originais? embora pouco provável, não sabemos). Já de Marlowe, aprendemos que ele foi o poeta e dramaturgo inglês Christopher Marlowe (1564 - 1593), o que não deixa de render umas poucas boas piadas no filme.
Isolado, recluso, e sem nenhuma vontade de saber o que acontece no mundo fora de sua casa, Adam em determinado momento pergunta para Eve: "os humanos ainda estão guerreando por petróleo, ou já começaram a guerrear por água?". Pois não visão deles, de longo prazo, isto é inevitável. A visão de que tudo é transitório, mais ainda, a visão pessimista de que tudo entra em decadência é mostrada visualmente ao longo do filme: não a toa ele se passa na maioria do tempo na atualmente sucateada Detroit, uma cidade que esteve no seu esplendor décadas passadas, e hoje, falida, perdeu mais da metade de sua população, tendo dezenas de milhares de imóveis abandonados.
O mais importante de Amantes Eternos, portanto, não é sua história (praticamente inexistente), e sim, seus personagens, o universo dos vampiros. E enquanto os assistimos, somos agraciados em paralelo com uma ótima trilha sonora. Trazer boas músicas, aliás, é uma das principais características do diretor Jim Jarmusch. A trilha, que dentro do filme são as músicas compostas por Adam, são um rock instrumental com leves pitadas de blues e acordes árabes. Na vida real, as músicas foram compostas pela banda Sqürl, da qual o diretor faz parte.
Tecnicamente o filme agrada além da parte sonora. Uma fotografia bonita, somada a uma filmagem "não convencional" do diretor, que as vezes opta por planos inclinados, ou filmagens "do teto para o chão".
Bem lento (afinal, pra que a pressa se você é praticamente imortal?), mas trazendo personagens bem interessantes, Amantes Eternos é uma grata surpresa e um sopro de seriedade e novidade no universo dos vampiros. Nota: 8,0
2 comentários:
Nota 8? Em um filme de vampiros de verdade e não vagalumes? Agora preciso ver :)
Aee! Obrigado pelo primeiro post. :)
Meu único alerta é que é um filme "bem lento". De resto, é como vc disse: vale a pena ver vampiros de verdade. :)
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