terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Crítica - Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (2014)

TítuloFoxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo ("Foxcatcher", EUA, 2014)
Diretor: Bennett Miller
Atores principais: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=JVJ5fIKhUWE
Nota: 7,0


Melancólico, bizarro, com três ótimas atuações

Fazer a crítica de Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo foi algo bem difícil. A história é baseada em fatos reais e o fato de eu já saber de antemão como a história terminaria certamente afetou minhas percepções ao longo do filme.

Mas se você não sabe nada da história real, e é assim que deseja assistir o filme, com "surpresas", eis um resumo de Foxcatcher: é um filme extremamente melancólico, tenso, com ótimas atuações do trio Steve Carell, Channing Tatum e Mark Ruffalo. Carell é John du Pont, um milionário pra lá de excêntrico. Tatum e Ruffalo são respectivamente Mark e David Schultz, irmãos campeões olímpicos em 1984 na luta livre. A história é sobre a convivência entre os três: du Pont convida os irmãos para se prepararem para a Olimpíada de 1988 em sua fazenda, de nome Foxcatcher. O filme é sobre o treinamento e sobre o pós-Jogos.

Foxcatcher possui uma história triste, e que deixa algumas questões em aberto... tanto na vida real quanto no filme. E a partir daqui, irei comentar sobre estas questões. Portanto, para quem não sabe o que aconteceu, serão vários spoilers. Pare aqui e só retome a leitura após assisti-lo.

Embora o roteiro dê um destaque igualmente grande em Mark e em du Pont, é este último que atrai a atenção da câmera do diretor. Suas reações são sempre meticulosamente filmadas... du Pont está sempre observando, tramando... é difícil saber o que passa por sua cabeça. Esquisito - parecendo até o Pinguim (aquele vilão do Batman) real, ele é um personagem estranho e bem assustador.

A relação de Mark com du Pont é bizarra. O filme dá a entender que o desejo maior de du Pont era trazer David, e não o caçula... que foi então usado para tentar atrair o irmão posteriormente. Sendo assim, o que du Pont realmente queria com Mark? Era vê-lo vencer nos Jogos? Se sim, por que ele oferece cocaína ao atleta? E o que dizer de duas cenas que insinuam levemente um relacionamento homossexual entre ambos?

Será que o Mark da vida real também tinha aquele estranho rancor de seu irmão? Por que ele foi tão mal nos jogos de 88? Foi de propósito? Ou ainda, seria ele tão mentalmente instável e manipulável como no filme?

O verdadeiro Mark Schultz inicialmente aprovou Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. Depois, em uma espécie de surto, atacou fortemente o diretor Bennett Miller nas redes sociais, indignado com as insinuações homossexuais - que negou veementemente, e ainda, dizendo não ser tão emocionalmente instável como mostra o filme. Dias depois, voltou atrás e pediu desculpas: ironicamente, isto já é uma boa resposta à dúvida se Mark é uma pessoa controlada ou não...

O desfecho do filme poderia ser melhor executado. Não por não deixar claro os motivos de du Pont (pois na vida real também nunca se soube), mas por não situar de maneira eficiente a cronologia das cenas finais de Mark e David.

Aliás, com uma pequena pesquisa percebe-se que o roteiro de Foxcatcher altera um bocado os fatos reais, principalmente em termos cronológicos: os irmãos Schultz jamais moraram juntos na fazenda, conforme mostra o filme. David se mudou para lá em 89, quando Mark já havia saído.

Resumindo Foxcatcher: ele não é tão verídico assim, não responde perguntas, foca em apresentar fatos... mas sua câmera faz insinuações, atuando como juiz, mostrando cenas que "justificariam" as ações de Mark e du Pont. Tudo isto é feito de maneira bem "crua" (uma ausência quase total de trilha sonora), uma fotografia "opressora" (ou as cenas são em locais fechados, sem janelas; ou são em lugares abertos com o céu sempre nublado). O resultado é um filme onde o espectador passa o tempo todo tenso, preocupado, e incapaz de adivinhar o que vem a seguir. Esta experiência diferente é uma qualidade do filme. Outro aspecto interessante do filme é conhecermos melhor a luta livre olímpica, esporte tão desconhecido dos brasileiros.

Foxcatcher foi indicado a cinco Oscars: Melhor Diretor, Ator (Steve Carell), Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Roteiro Original e Maquiagem. Os mais "merecidos" são as indicações para os atores.

Lembrem-se que já no início eu digo que a atuação do trio principal é ótima. Entretanto, avaliando da melhor para a pior atuação, eu coloco Mark Ruffalo, Channing Tatum e Steve Carell. Sim, embora não indicado, Tatum a meu ver foi melhor que Carell. Primeiro porque ele e Mark Ruffalo treinaram 6 meses de luta livre para fazer seus respectivos papéis. E convencem fantasticamente neste quesito. Segundo que Tatum tem uma atuação intensa: a cena onde ele corta a testa batendo a cabeça no espelho foi real - no roteiro, o espelho apenas racharia - Channing perdeu mesmo o controle e bateu a cabeça repetidamente até tudo se estilhaçar e cair. E finalmente, embora Steve Carell esteja realmente muito bem, sua transformação facial (a inclusão de uma prótese de nariz gigantesca) deixa seu rosto "congelado", o que a meu ver limita consideravelmente sua atuação (esta última frase já responde o que eu acho do filme ter sido indicado ao Oscar de Melhor Maquiagem...)

Uma jornada diferente, tensa, mas ao mesmo tempo interessante, o que realmente choca em Foxcatcher é que sua bizarrice é real, o que deixa tudo mais sinistro. Nota: 7,0.

Um comentário:

Unknown disse...

Não só eu gosto dessa história do cinema, porque o negócio ir que é outro aspecto que é muito vale. Certamente Foxcatcher, é uma produção evolui do início ao fim para mostrar o risco para o Ambion no mundo da depprte. Eu realmente gostava dela.

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