Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Miles Teller, J.K. Simmons, Paul Reiser, Melissa Benoist
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=iTgk3WbTErk
Nota: 8,0
Nota: 8,0
Bom em todos os aspectos, um filme sobre jazz e obsessão
A primeira coisa a se falar de Whiplash - Em Busca da Perfeição é que se você for músico, e/ou baterista, e/ou gosta de ouvir jazz, este filme é uma boa pedida.
Na história, vemos o jovem baterista Andrew (Miles Teller) em seu primeiro ano em uma faculdade de música. Não demora muito para que ele seja convidado para participar da famosa banda de jazz de sua instituição, regida pelo professor Fletcher (J.K. Simmons).
Fletcher, entetanto, não é uma pessoa fácil de se lidar. Pelo contrário, faz questão de tornar a vida de seus alunos um inferno. Sofrendo provocações e humilhações constantes, o fato de Andrew ter um perfil desequilibrado e de não levar desaforo para casa, apenas aumenta a tensão entre os dois, sendo os "castigos" para ele ainda mais pesados.
Whiplash - Em Busca da Perfeição é basicamente isto: Andrew tentando evoluir como músico e ganhar um espaço definitivo na banda de Fletcher, que por sua vez atormenta os alunos incessantemente. O bullying é tão absurdo, tão exagerado, que na maioria das vezes faz o espectador rir ao invés de chocá-lo.
Como a maioria do filme é rodado dentro dos ensaios da banda, em mais da metade dele ouvimos músicas de jazz - e de boa qualidade. Para quem gosta do gênero é um deleite. Já para os que não gostam, talvez o filme seja um pouco cansativo.
Porém mais do que tudo, Whiplash - Em Busca da Perfeição é um filme da obsessão pela perfeição. Seja pelo aluno ou pelo professor. Ambos são estupidamente obstinados. Neste aspecto, o filme chega a lembrar um pouco o ótimo e perturbador Cisne Negro (2010).
Whiplash - Em Busca da Perfeição foi dirigido e escrito pelo jovem diretor estadunidense Damien Chazelle, de apenas 29 anos. Os diálogos são simples, basicamente compostos de palavrões e ofensas. Isto não significa que o roteiro seja ruim. Ele tem qualidades: é dinâmico, e composto de várias reviravoltas - algumas delas previsíveis e outras realmente surpreendentes. Além disto, flerta com algumas críticas sociais, como por exemplo, a da família americana considerar que um filho esportista medíocre ter mais valor que um filho que é um músico de qualidade.
Em termos de atuações, Miles Teller agrada, faz um bom papel: o fato de tocar bateria desde os 15 anos torna sua atuação bem mais orgânica e crível. Já J.K. Simmons rouba a cena, e tem uma grande atuação. Foi merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e é o favorito. J.K. Simmons é sim um ator muito bom e versátil. Dito isto, não considero que o papel de Fletcher seja tão difícil fazer, ainda mais para ele, que já convenceu como o igualmente "boca suja" J. Jonah Jameson na trilogia Homem-Aranha dos anos 2000.
Nos aspectos técnicos, Whiplash - Em Busca da Perfeição é competente. Não tem nenhum grande destaque, mas também nenhum problema. Entendo que a montagem/edição seja, enfim, um ponto acima da média. E a maneira com que o diretor Damien Chazelle controla o ritmo do seu filme é altamente elogiável: o jeito que ele faz a história crescer em tensão em seu ato final é realmente impressionante.
Altamente elogiado pela crítica, indicado a 5 Oscars, vencedor dos prêmios de melhor filme pelo juri e pelo público no Festival de Sundance (um ano antes ele venceu lá também com Whiplash, porém na época o projeto era um curta-metragem), e presente na lista do "Top 5 2014" de muitos críticos internacionais, considero Whiplash - Em Busca da Perfeição um filme ótimo - tanto para os ouvidos quanto para a mente - mas ainda assim, ele não me impressionou tanto assim.
Um dos motivos é que a trama chega a ser simples demais. Outra razão é que considero o desfecho do filme levemente contraditório. Comento sobre qual é esta contradição no "PS" após o final deste texto.
Com um filme tenso sem perder o humor, que ao mesmo tempo valoriza e desmitifica o trabalho dos músicos, com uma direção competente, e ótimas músicas de jazz ao longo de toda projeção, Whiplash - Em Busca da Perfeição é um filme que tem tudo para agradar o público "comum" e agradar muito o público "músico". Nota: 8,0.
PS: sobre o final (só leiam este texto após assistirem o filme, isto é um spoiler). O filme passa a mensagem que não há genialidade sem muito esforço, sem muita dedicação e sofrimento. Mensagem que acredito piamente, mas que o filme exagera. E no desfecho o exagero é "desmascarado": quando Andrew enfim revela seu talento, ele já está há alguns meses sem fazer qualquer ensaio, sem tocar em uma bateria. Ou seja, em seu momento de triunfo, valeu a genialidade... os sacrifícios já haviam diminuído muito. Claro, se ele não tivesse se esforçado tanto na vida antes, não estaria lá onde estava. Mesmo assim, considero o fato descrito anteriormente como uma pequena contradição.
Na história, vemos o jovem baterista Andrew (Miles Teller) em seu primeiro ano em uma faculdade de música. Não demora muito para que ele seja convidado para participar da famosa banda de jazz de sua instituição, regida pelo professor Fletcher (J.K. Simmons).
Fletcher, entetanto, não é uma pessoa fácil de se lidar. Pelo contrário, faz questão de tornar a vida de seus alunos um inferno. Sofrendo provocações e humilhações constantes, o fato de Andrew ter um perfil desequilibrado e de não levar desaforo para casa, apenas aumenta a tensão entre os dois, sendo os "castigos" para ele ainda mais pesados.
Whiplash - Em Busca da Perfeição é basicamente isto: Andrew tentando evoluir como músico e ganhar um espaço definitivo na banda de Fletcher, que por sua vez atormenta os alunos incessantemente. O bullying é tão absurdo, tão exagerado, que na maioria das vezes faz o espectador rir ao invés de chocá-lo.
Como a maioria do filme é rodado dentro dos ensaios da banda, em mais da metade dele ouvimos músicas de jazz - e de boa qualidade. Para quem gosta do gênero é um deleite. Já para os que não gostam, talvez o filme seja um pouco cansativo.
Porém mais do que tudo, Whiplash - Em Busca da Perfeição é um filme da obsessão pela perfeição. Seja pelo aluno ou pelo professor. Ambos são estupidamente obstinados. Neste aspecto, o filme chega a lembrar um pouco o ótimo e perturbador Cisne Negro (2010).
Whiplash - Em Busca da Perfeição foi dirigido e escrito pelo jovem diretor estadunidense Damien Chazelle, de apenas 29 anos. Os diálogos são simples, basicamente compostos de palavrões e ofensas. Isto não significa que o roteiro seja ruim. Ele tem qualidades: é dinâmico, e composto de várias reviravoltas - algumas delas previsíveis e outras realmente surpreendentes. Além disto, flerta com algumas críticas sociais, como por exemplo, a da família americana considerar que um filho esportista medíocre ter mais valor que um filho que é um músico de qualidade.
Em termos de atuações, Miles Teller agrada, faz um bom papel: o fato de tocar bateria desde os 15 anos torna sua atuação bem mais orgânica e crível. Já J.K. Simmons rouba a cena, e tem uma grande atuação. Foi merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e é o favorito. J.K. Simmons é sim um ator muito bom e versátil. Dito isto, não considero que o papel de Fletcher seja tão difícil fazer, ainda mais para ele, que já convenceu como o igualmente "boca suja" J. Jonah Jameson na trilogia Homem-Aranha dos anos 2000.
Nos aspectos técnicos, Whiplash - Em Busca da Perfeição é competente. Não tem nenhum grande destaque, mas também nenhum problema. Entendo que a montagem/edição seja, enfim, um ponto acima da média. E a maneira com que o diretor Damien Chazelle controla o ritmo do seu filme é altamente elogiável: o jeito que ele faz a história crescer em tensão em seu ato final é realmente impressionante.
Altamente elogiado pela crítica, indicado a 5 Oscars, vencedor dos prêmios de melhor filme pelo juri e pelo público no Festival de Sundance (um ano antes ele venceu lá também com Whiplash, porém na época o projeto era um curta-metragem), e presente na lista do "Top 5 2014" de muitos críticos internacionais, considero Whiplash - Em Busca da Perfeição um filme ótimo - tanto para os ouvidos quanto para a mente - mas ainda assim, ele não me impressionou tanto assim.
Um dos motivos é que a trama chega a ser simples demais. Outra razão é que considero o desfecho do filme levemente contraditório. Comento sobre qual é esta contradição no "PS" após o final deste texto.
Com um filme tenso sem perder o humor, que ao mesmo tempo valoriza e desmitifica o trabalho dos músicos, com uma direção competente, e ótimas músicas de jazz ao longo de toda projeção, Whiplash - Em Busca da Perfeição é um filme que tem tudo para agradar o público "comum" e agradar muito o público "músico". Nota: 8,0.
PS: sobre o final (só leiam este texto após assistirem o filme, isto é um spoiler). O filme passa a mensagem que não há genialidade sem muito esforço, sem muita dedicação e sofrimento. Mensagem que acredito piamente, mas que o filme exagera. E no desfecho o exagero é "desmascarado": quando Andrew enfim revela seu talento, ele já está há alguns meses sem fazer qualquer ensaio, sem tocar em uma bateria. Ou seja, em seu momento de triunfo, valeu a genialidade... os sacrifícios já haviam diminuído muito. Claro, se ele não tivesse se esforçado tanto na vida antes, não estaria lá onde estava. Mesmo assim, considero o fato descrito anteriormente como uma pequena contradição.
4 comentários:
Finalmente! Alguém que também reconhece que o final do filme é contraditório! PQP custou achar, cheguei até a página 7 do google e ninguém havia falado disto! hahahaha
O final me incomoda demais. Para mim estraga todo o filme. Não vi nenhum mérito e nenhum esforço no garoto para ele solar daquele jeito no final, pois o filme inteiro ele só errava o compasso. Muito incoerente.
Obrigado pelo comentário. E na linha do "falar algo que poucos falaram", fique atento aos meus posts dos próximos dias. :)
É um bom filme apesar da contradição no seu final. Recomendo.
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