quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Crítica - Os Oito Odiados (2015)

TítuloOs Oito Odiados ("The Hateful Eight", EUA, 2015)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais: Samuel L. Jackson, Kurt Russell, Jennifer Jason Leigh, Walton Goggins, Tim Roth, Michael Madsen, Bruce Dern
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=aR38_FXwvJ8
Nota: 7,0
Um Tarantino lento e inesperado

Fanático por cinema, Quentin Tarantino repete a dose de seu filme anterior, Django Livre, voltando a homenagear os faroestes Western spaghetti, e agora também, os faroestes de TV da década de 60, como Bonanza. O resultado é um filme incomum em sua filmografia, mas que se assemelha com seu primeiro trabalho, Cães de Aluguel (1992).

Na história, vemos o caçador de recompensas John "O Enforcador" Ruth (Kurt Russell) viajando com sua presa Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh) até a cidade na qual será executada. No entanto, devido a uma forte nevasca, a dupla é obrigada a se refugiar dentro de uma espécie de bar, isolado de tudo. É lá que eles ficarão "presos" por alguns dias convivendo com estranhos, dentre eles outro caçador de recompensa. Será que John Ruth e Daisy sairão ilesos deste encontro?

Embora o filme conte com 6 capítulos, como na grande maioria da vezes no cinema sua história é composta de 3 atos. No primeiro, conhecemos todos os personagens com uma abordagem contemplativa, bem ao estilo dos filmes de Sergio Leone. No segundo ato, Os Oito Odiados surpreende muito ao se tornar algo parecido com o livro O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie, com direito até a um "detetive" improvisado. Já o terceiro ato... Sabem aquela característica famosa de Tarantino de misturar bastante sangue e violência com humor? Bem, no ato final o humor praticamente desaparece, restando apenas muito sangue.

Conhecido por fazer filmes com muitos diálogos, em Os Oito Odiados o Quentin definitivamente não economiza no quesito. Certamente é o filme do diretor com mais conversas entre personagens, e que pelo excesso, se alternam entre diálogos memoráveis e desnecessários.

Os Oito Odiados não é fácil de se assistir. Muito lento, praticamente sem ação e muita conversa, as quase 3 horas de projeção são cansativas. Ainda assim, o filme tem várias qualidades.

Como sempre, a trilha sonora é muito boa, e para seu novo filme Tarantino trouxe nada menos que Ennio Morricone para a música. Curiosamente, a ótima trilha é feita com acordes consideravelmente diferentes dos sons clássicos de faroeste que consagraram este grande italiano. O design de produção também é muito bom. Tudo lembra o faroeste, e em pequenos detalhes do cenário temos pistas da trama que está em andamento.

O roteiro é cheio de surpresas e reviravoltas, traz um ótimo clima de tensão e suspense, e vários personagens são bem desenvolvidos na trama. Ele ainda traz discussões / situações interessantes sobre racismo (não apenas contra negros, mas também contra mexicanos), guerra, e comentários sobre o nascimento dos EUA.

Finalmente, as atuações da dupla Russell e Leigh são excelentes; e junta-se a ele a fantástica atuação de Samuel L. Jackson: um grande ator, um grande personagem.

Por outro lado, há pontos que não gostei em Os Oito Odiados. Não o critico por ser lento, já que isto faz parte do gênero que o filme homenageia. Mas o critico por ser longo. A meu ver, quase todos os 6 capítulos poderiam ser menores (e entendo que um deles é quase desnecessário). Além disto, duas das atuações me incomodaram: a de Michael Madsen - que em nenhum momento parece pertencer ao mundo do faroeste - e o personagem de Tim Hoth. Se me perguntarem qual personagem ele interpretou neste filme, vou responder: o ator Christoph Waltz.

Em resumo, talvez Os Oito Odiados seja um filme mais interessante de se ver cinematograficamente falando do que em termos de diversão (e aliás, ele precisa ser visto nos cinemas; não muito pelas belas paisagens do primeiro ato, mas principalmente pelo som. Ouvir o barulho incessante do vento da nevasca faz com que o espectador se sinta realmente dentro do bar, preso pelo frio). Lento e com diálogos em excesso, o filme poderá causar estranhamento até nos fãs do diretor. Nota: 7,0

5 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito do filme, mas confesso que alguns momentos são bem cansativos, e poderia ser mais curto.
Na minha sessão, pessoas foram embora... foda.

Ivan disse...

Pois é, como disse, o prolema não é o filme ser lento, é ser desnecessariamente demorado. Na minha sessão 4 pessoas foram embora no meio também. Valeu por comentar no meu blog! Abraços!

PV disse...

Na minha sessão também teve gente que saiu... Será que em todas? :-)

Ivan disse...

:)

Unknown disse...

Muito legal a história desse filme! Uma história muito bem executada (um filme que tem que assisitr da HBO MAX ONLINE ) , interessante! A premissa do filme é simples, mas a execução é impecável. Temos algumas tomadas memoráveis e trilha sonora de primeiríssima, mas seu ponto mais forte está nos diálogos, que retratam bem o período no qual a película é situada sendo ao mesmo tempo modernos e ainda relevantes. Também há uma certa sensação claustrofóbica por não se ter para onde fugir e o fato da gravação ter boa parte sido feita em locação (ao invés de estúdio) ajuda nisso, pois percebe-se que estamos definitivamente diante de um ambiente gelado e que isso não é mera obra de computação gráfica. O elenco também está afiadíssimo, com destaque especial para Samuel L. Jackson, que pode muito bem estar diante de uma possível indicação ao Oscar, ainda que não se possa descartar nenhum dos atores para a honraria.

Postar um comentário

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...