segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Crítica - 10 Segundos para Vencer (2018)

Título10 Segundos para Vencer (idem, Brasil, 2018)
Diretor: José Alvarenga Jr
Atores principais: Daniel de Oliveira, Osmar Prado, Ricardo Gelli, Sandra Corveloni, Keli Freitas, Ravel Andrade
Mais do que uma história de boxe

Com um nome não tão sugestivo assim, 10 Segundos para Vencer se trata da cinebiografia do ex-pugilista Éder Jofre, certamente o melhor boxeador brasileiro de todos os tempos.

Com tantos filmes de boxe já feitos, teria esta produção nacional algo diferente? A resposta é sim! Ao contrário de boa parcela dos filmes do gênero, 10 Segundos para Vencer percorre quase toda a carreira do lutador e principalmente, o foco da história não está nas lutas e treinamentos, e sim, na relação de Éder (Daniel de Oliveira) com seu pai e treinador Kid Jofre (Osmar Prado).

Kid Jofre, ex-boxeador de certo prestígio local, via em seu filho a chance de tirar a família da pobreza, e portanto, sempre tratou Éder com bastante rigidez. As exigências não diminuíram nem quando a família começou a ter um bom dinheiro, o que só aconteceu depois que o "Galinho de Ouro" conquistou seu primeiro título mundial, aos 24 anos. Apesar da rigidez constante, a relação entre pai e filho tem seus altos e baixos, que proporcionam alguns belos momentos.

A história contada nas telas é até bem precisa historicamente; a maior "mudança" foi o motivo que fez Éder abandonar o desenho. Enquanto no filme isso acontece com ele já adulto, se decidindo pelo boxe para cuidar do irmão doente, na vida real o nosso herói parou com o desenho com apenas 12 anos: a escola em que ele estudava caiu, e ele perdeu todo seu material escolar. Sem dinheiro para comprar novo material, Éder foi "forçado" a optar de vez pelo pugilismo.

Não dá para comparar a produção de 10 Segundos para Vencer com os filmes de boxe de Hollywood. Claramente há limitações orçamentárias. Ainda assim, os criadores do filme tiram "leite de pedra" para tornar a ambientação bem crível, nos lembrando dos anos 50 e 60.

Daniel de Oliveira não compromete como lutador (mas tanto ele quanto Osmar Prado estão muito bem nas cenas dramáticas). As lutas são filmadas sempre em close, e com os lutadores sempre muito próximos um do outro. Portanto, ao mesmo tempo que se torna um pouco repetitivo e difícil entender o que está acontecendo, por outro lado eventuais "erros" de coreografia somem, deixando as disputas com realismo aceitável.

Só que para aumentar o clima "histórico" do filme, 10 Segundos para Vencer se utiliza de transmissões de rádio e TV reais da época. Todas as lutas internacionais de Éder possuem apenas como áudio a transmissão de rádio original, e alguns (poucos) trechos das lutas também são cenas das lutas originais, em branco e preto e baixíssima resolução. Tudo isso torna as lutas - mesmo com seus defeitos - absolutamente emocionantes!

E mesmo que as lutas fossem ruins (não são), isso não diminuiria a qualidade de 10 Segundos para Vencer. Afinal, o que mais importa no filme é a família Jofre, seus sofrimentos e conquistas. Igualmente importa ser transportado para o passado, onde os sofridos brasileiros eram unidos de verdade na raríssimas comemorações onde um conterrâneo se destacava mundialmente.

Confesso que me comovi em vários momentos de 10 Segundos para Vencer. Para quem gosta de esporte e história o filme é imperdível. Nota: 7,0



PS: em homenagem ao grande Éder Jofre, não pararei na crítica acima. As pessoas precisam conhecer mais de seus feitos: Éder foi campeão mundial de boxe por duas categorias distintas (Galo e Pena), e certamente se encontra entre os 50 melhores pugilistas mundiais em todos os tempos, estando por isto está no Hall da Fama do Boxe nos EUA. E isto é o "mínimo" que podemos dizer do brasileiro, já que ele também já ganhou prêmios de revistas estadunidenses colocando-o como um dos 10 maiores boxeadores da história, e também, como o melhor peso Galo de todos os tempos.

Éder Jofre luta contra Eloy Sanchez, onde ganha seu primeiro título mundial (1960)

Daniel Oliveira e Jofre em foto recente

O jovem Éder Jofre em seu auge. Só eu achei ele parecido com o De Niro?



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...