Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Fernando Grediaga, Jorge Antonio Guerrero, Nancy García, Verónica García, Marco Graf, Daniela Demesa
Alfonso Cuarón e Netflix exorcizam seus fantasmas
De um lado a maior empresa de Streaming do mundo, ávida por obter reconhecimento da Academia (a instituição que promove o Oscar); de outro um excelente diretor que já levou um Oscar pra casa, e que gostaria de relembrar sua infância em um filme que teria pouco apelo comercial para os grandes estúdios de Hollywood.
Do casamento de Netflix e Alfonso Cuarón nasceu Roma, que mesmo que não dê um Oscar relevante à Netflix, já levou incríveis 10 indicações; e Roma também permitiu que o diretor mexicano pudesse enfim dar sua visão sobre as mazelas da América Latina e fazer uma grande homenagem à empregada índia (que na vida real era apelidada de "Libo") que o criou durante a infância.
Roma - que assim se chama pois é o nome do bairro de classe média/alta da Cidade do México onde se passa a trama - é um filme em branco-e-preto, que se passa nos anos de 1970-71 e que mostra principalmente a vida cotidiana de "Cleo" Gutiérrez (Yalitza Aparicio), que assim como a "Libo" da vida real, é uma descendente indígena que trabalhava como doméstica para uma família de classe média. O filme também não deixa de ser um recordatório de todo o ambiente vivido pelo diretor em sua primeira década de vida.
Dá para dividir Roma em três principais qualidades: a primeira é técnica, principalmente em termos de fotografia. As imagens do filme todo são belíssimas, impressionantes. E além das imagens, também temos algumas cenas brilhantes, cinematograficamente falando, como por exemplo, a cena onde Cleo corre apressada com a amiga pelas ruas, ou ainda, na bastante impactante cena onde Cleo fica sozinha na praia com os filhos da patroa.
As outras duas qualidades vêm do roteiro: mostrar as dificuldades da vida de Cleo (e no caso do México isso se expande para praticamente todo descendente indígena), e mostrar também as dificuldades de se viver na América Latina, independentemente de classe social: constante violência nas ruas, instabilidade política, e uma sociedade pobre materialmente como um todo.
Apesar de todas estas qualidades, Roma não é um filme fácil de se assistir. Ele é longo, lento, com poucos diálogos e com quase total ausência de trilha sonora. A protagonista Cleo também não ajuda: a atuação de Yalitza é excelente e em alguns momentos comove genuinamente; porém em geral Cleo é uma personagem que embora seja uma excelente pessoa, é eternamente ingênua, submissa, que não evolui ao longo do filme, nem alcança qualquer redenção.
Entendo que Roma também perca pontos com o expectador brasileiro em geral, afinal as "denúncias sociais" feitas por Cuarón certamente impressionaram os estadunidenses... porém elas também são o dia-a-dia do Brasil. Estamos tão acostumados com o que Roma mostra que inevitavelmente já estamos um pouco "anestesiados" perante o que vemos.
Além disso, em termos gerais, Roma é um drama muito mais sutil do que poderia (deveria?) ser. Cleo, por exemplo, é bem tratada pela patroa o tempo todo. E a fotografia é tão bela que até as cenas em bairros pobres são lindíssimas.
Resumindo, Roma é mais um espetáculo técnico de Cuarón, que traz uma história forte e interessante. Ao mesmo tempo, o filme perde pontos por "chocar" pouco (especialmente a nós Brasileiros) e por ser um filme difícil de assistir, até monótono.
Somando prós e contras, entretanto, tanto Alfonso Cuarón quanto a Netflix foram muito bem sucedidos em seus respectivos interesses e deixam para a história do Cinema um filme consideravelmente impressionante para os cinéfilos (mas não para o espectador comum). Nota: 7,0
Do casamento de Netflix e Alfonso Cuarón nasceu Roma, que mesmo que não dê um Oscar relevante à Netflix, já levou incríveis 10 indicações; e Roma também permitiu que o diretor mexicano pudesse enfim dar sua visão sobre as mazelas da América Latina e fazer uma grande homenagem à empregada índia (que na vida real era apelidada de "Libo") que o criou durante a infância.
Roma - que assim se chama pois é o nome do bairro de classe média/alta da Cidade do México onde se passa a trama - é um filme em branco-e-preto, que se passa nos anos de 1970-71 e que mostra principalmente a vida cotidiana de "Cleo" Gutiérrez (Yalitza Aparicio), que assim como a "Libo" da vida real, é uma descendente indígena que trabalhava como doméstica para uma família de classe média. O filme também não deixa de ser um recordatório de todo o ambiente vivido pelo diretor em sua primeira década de vida.
Dá para dividir Roma em três principais qualidades: a primeira é técnica, principalmente em termos de fotografia. As imagens do filme todo são belíssimas, impressionantes. E além das imagens, também temos algumas cenas brilhantes, cinematograficamente falando, como por exemplo, a cena onde Cleo corre apressada com a amiga pelas ruas, ou ainda, na bastante impactante cena onde Cleo fica sozinha na praia com os filhos da patroa.
As outras duas qualidades vêm do roteiro: mostrar as dificuldades da vida de Cleo (e no caso do México isso se expande para praticamente todo descendente indígena), e mostrar também as dificuldades de se viver na América Latina, independentemente de classe social: constante violência nas ruas, instabilidade política, e uma sociedade pobre materialmente como um todo.
Apesar de todas estas qualidades, Roma não é um filme fácil de se assistir. Ele é longo, lento, com poucos diálogos e com quase total ausência de trilha sonora. A protagonista Cleo também não ajuda: a atuação de Yalitza é excelente e em alguns momentos comove genuinamente; porém em geral Cleo é uma personagem que embora seja uma excelente pessoa, é eternamente ingênua, submissa, que não evolui ao longo do filme, nem alcança qualquer redenção.
Entendo que Roma também perca pontos com o expectador brasileiro em geral, afinal as "denúncias sociais" feitas por Cuarón certamente impressionaram os estadunidenses... porém elas também são o dia-a-dia do Brasil. Estamos tão acostumados com o que Roma mostra que inevitavelmente já estamos um pouco "anestesiados" perante o que vemos.
Além disso, em termos gerais, Roma é um drama muito mais sutil do que poderia (deveria?) ser. Cleo, por exemplo, é bem tratada pela patroa o tempo todo. E a fotografia é tão bela que até as cenas em bairros pobres são lindíssimas.
Resumindo, Roma é mais um espetáculo técnico de Cuarón, que traz uma história forte e interessante. Ao mesmo tempo, o filme perde pontos por "chocar" pouco (especialmente a nós Brasileiros) e por ser um filme difícil de assistir, até monótono.
Somando prós e contras, entretanto, tanto Alfonso Cuarón quanto a Netflix foram muito bem sucedidos em seus respectivos interesses e deixam para a história do Cinema um filme consideravelmente impressionante para os cinéfilos (mas não para o espectador comum). Nota: 7,0
4 comentários:
Dormi 6 vezes no filme. Sem mais.... hahahahaha Nao devo entender nada de cinema mesmo.
To nessa tb... Tive quer o filme a la casas bahia ... Parcelado em algumas vezes haha mt parado e mais de duas horas de filme. Na real me impressiona as indicacoes pq odiei o filme jhahaha
Claro que entende! E apesar do filme ser mesmo monótomo aposto que você só dormiu pq estava no conforto de sua casa... se estivesse no cinema não iria dormir rsrs. Beijos!
Acho que os prêmios técnicos são justificados... os outros, nem tanto. Mas parabéns por ter ido com o filme até o fim, mesmo em parcelas! rs. Abraços!
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