segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Crítica Netflix - Radioactive (2019)

TítuloRadioactive (idem, China / EUA / França / Hungria / Reino Unido, 2019)
Diretor: Marjane Satrapi
Atores principais: Rosamund Pike, Sam Riley, Sian Brooke, Simon Russell Beale, Anya Taylor-Joy
Trailer (em inglês)https://www.youtube.com/watch?v=mU0oOUTo5zo
Nota: 5,0

Marie Curie real é o melhor que Radioactive tem a oferecer

Lançado pelo Amazon Prime Video nos EUA em Julho de 2020, para minha enorme surpresa Radioactive chegou ao Brasil apenas um ano depois, e pela Netflix(!). Se trata de um romance histórico, que traz como atriz principal a talentosa Rosamund Pike (de Garota Exemplar) como a genial cientista polonesa Marie Curie.

A história mostra uma Marie Curie já adulta, em seus primeiros anos nos EUA, poucos dias antes de conhecer seu futuro marido Pierre Curie (Sam Riley). A maneira com que eles se conhecem não condiz com a realidade, e curiosamente é uma das partes menos verdadeiras do filme, que em geral inventa muitos diálogos mas é bem fiel a fatos. A partir do início do casal, a história percorre rapidamente por todo o restante da vida da cientista, até a sua morte.

Duas coisas se salvam em Radioactive e merecem elogios: primeiro, a boa atuação de sempre de Rosamund, e a apresentação das conquistas reais de Marie Curie. Os pontos principais de sua biografia estão lá: seus dois prêmios Nobel, a família dedicada à ciência, as barreiras que enfrentou por ser mulher, e seu trabalho em hospitais de campo na Primeira Guerra Mundial.

Porém os defeitos de Radioative estão em maior número e chamam mais a atenção. Em primeiro lugar, o roteiro "enche linguiça" trazendo várias cenas do "futuro que foi gerado por Marie Curie", onde vemos efeitos das aplicações de suas descobertas, as quais incluem tratamentos médicos por radioterapia, bombas nucleares e o desastre de Chernobyl. Tudo feito de modo piegas e quebrando totalmente o ritmo do filme.

Ao invés de gastar tempo com cenas que não mostram a família Curie, o roteiro deveria se preocupar em trazer mais dados sobre eles (até mesmo da filha Irene Curie, aqui com curta participação e interpretada pela também talentosa Anya Taylor-Joy). Mesmo as conquistas de Marie apresentadas mereciam um ritmo mais pausado, educativo, já que os fatos mais relevantes da vida da cientista são mostrados de maneira bem rápida, não dando ao espectador tempo suficiente para absorver o que está vendo.

Fora isto, o filme cansa um pouco com seus diálogos artificiais (claro que não temos como saber como os Curie se falavam, mas ainda assim não houve nenhum capricho aqui), e faz decisões de gosto duvidoso, como gastar tempo em cenas simulando sexo, ou ainda, fazer todas as cenas do filme sob uma iluminação escura e opressora.

Um ponto que me decepcionou é que o filme foi dirigido pela escritora e cineasta iraniana Marjane Satrapi, que é mundialmente conhecida e premiada pela obra Persépolis (inicialmente uma história em quadrinhos, e depois filme animado). Dela, portanto, esperava algo de boa qualidade... tudo bem que não foi Marjane que escreveu o roteiro de Radioative, mas ainda assim minha expectativa era de ver no mínimo uma boa história, o que não aconteceu.

Em um mundo atual em que as mulheres continuam lutando por reconhecimento e justiça, seria maravilhoso termos um ótimo filme de Marie Curie, deixá-la conhecida pelo grande público. Não foi desta vez. Ainda assim. vale a pena ver Radioactive para aprender História. Tirando algumas distorções melodramáticas, como a de que Pierre Curie foi sozinho receber o Nobel (na verdade o casal viajou para a Suécia juntos), ou de que Marie tinha pavor de hospitais (não há nenhum registro disso), o restante do filme é bem verídico, inclusive nas estranhas relações da dupla com médiuns que diziam falar com mortos usando a radioatividade. Nota: 5,0

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