Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Atores principais: Milena Smit, Hovik Keuchkerian, Natalia Tena, Óscar Jaenada
Nota: 6,5
Bem pior que o primeiro, bem melhor do que estão avaliando
O dinheiro move a humanidade. Então, claro, cinco anos após o surpreendente filme espanhol O Poço, sucesso de crítica e audiência, a Netflix lança sua continuação O Poço 2, mantendo mesmo diretor e roteiristas, porém agora com outra história e elenco.
Se o primeiro filme criticava brilhantemente a divisão da nossa sociedade em uma hierarquia verticalizada, O Poço 2 até mantém seu propósito de crítica social, porém de um jeito menos inspirado. Os temas, entretanto, são outros. Agora a denúncia é mais direcionada a regimes autoritários, principalmente ao mostrar como as pessoas perdem completamente sua humanidade ao seguir cegamente leis destes sistemas.
Se em O Poço temos prisioneiros vivendo em algo muito próximo do caos, vemos que aqui em O Poço 2 os detentos se auto organizaram, criando um sistema de leis muito rígido, onde cada pessoa pode comer apenas sua própria comida. E em caso de desobediência, a punição é aplicada com violência extrema...
O Poço 2 têm uma grande desvantagem que é a de só fazer sentido caso você tenha assistido o primeiro filme (e isso meio que acontece com esta minha crítica, em menor escala). E ainda comparando com o filme anterior, aqui os personagens recebem bem menos desenvolvimento, com apenas 3 deles recebendo alguma atenção, com destaque mesmo apenas para a protagonista Perempuán (Milena Smit).
Mas talvez o ponto mais fraco de O Poço 2 é o como a fome se tornou um aspecto irrelevante no filme. Se em O Poço nos desesperamos junto com os personagens, aqui parece que ficar um mês sem comer e sobreviver é algo normal...
A parte final da história mais uma vez é dúbia, deixando em aberto se tudo o que vimos é uma experiência "pós morte" ou algo real. Para ser sincero (ver meu PS no final deste artigo), O Poço 2 pende ainda mais para um "Purgatório" do que o primeiro filme (já pararam para pensar que o poço ter 333 andares - metade de 666 - é coincidência demais?).
De qualquer forma, por mais que O Poço 2 seja um "caça-níquel" da Netflix, ao final percebemos que ele foi feito para ser um "par" do primeiro filme, e o expande não em sua mitologia ou qualidade, mas em suas críticas sociais. Reitero o subtítulo que coloquei no começo deste artigo: O Poço 2 está abaixo do filme anterior, mas é melhor do que está sendo avaliado por aí e, para quem gostou do primeiro, ainda vale a pena não deixar passá-lo. Nota: 6,5.
PS - mais sobre o final do filme (vários spoilers - leia por sua conta): aquilo que vemos, da existência de uma sala só com dezenas crianças, onde uma é escolhida dentro de um ciclo e colocada sempre no último andar para potencialmente ser levada a superfície, para mim é irreal demais, é quase como uma "prova" de tudo ser um "pós-morte". Outro ponto: a presença em O Poço 2 de alguns personagems de O Poço, em especial Goreng (protagonista do filme anterior), Trimagasi, Imoguiri e Baharat, nos revela de maneira surpreendente que este novo filme na verdade ocorre temporalmente ANTES do primeiro.
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