domingo, 16 de abril de 2017

Ghost in the Shell: análise do Filme, do Anime e do Mangá


A franquia japonesa Ghost in the Shell passou a ser mais conhecida pelo público graças ao filme A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell - ainda em cartaz no Brasil - estrelado pela bela e famosa Scarlett Johansson.

Entretanto, o título já havia conquistado certa fama entre os fãs mais hardcore de ficção científica no final da década de 90, graças ao filme-Anime Ghost in the Shell de 1995, que virou cult e levou a fama de ser um dos "maiores inspiradores" do filme Matrix (1999).

Apresentarei neste texto as versões iniciais de Ghost in the Shell do Mangá e Anime (em ambas mídias a franquia já teve continuações, que não comentarei aqui), e finalmente, o filme Hollywoodiano de 2017, comparando as 3 obras.

Todas elas possuem em comum o futuro de 2029, onde se tornou comum os humanos aperfeiçoarem seus corpos usando implantes cibernéticos; seja com membros artificiais melhorados, ou ainda, o cérebro conectado à internet e desfrutando de inúmeros recursos.

A protagonista de Ghost in the Shell é Motoko Kusanagi, a líder de campo da "Seção 9", um grupo policial especializado no combate ao terrorismo e crimes cibernéticos. Motoko se auto-intitula "a Major" e possui apenas o cérebro humano, com o restante do seu corpo totalmente artificial (embora em sua maior parte orgânico), o que lhe dá agilidade e força além do comum.


Mangá - O começo

Se Ghost in the Shell chamou atenção mundialmente através do Anime de 1995, sua história começou nos mangás, em uma série escrita e desenhada por Masamune Shirow, publicada entre 1989 e 1990. Publicada recentemente no Brasil pela editora JBC, a revista traz várias histórias curtas, com bastante ação e trazendo como foco principal terroristas e espionagem internacional.

Embora um material interessante, não é uma leitura tão fácil: Shirow imaginou um mundo futurista bem crível (é impressionante o quanto ele acertou, mesmo escrevendo 20 anos atrás) e bem detalhado. É uma leitura pesada, repleta de informações sobre o universo criado. Os personagens - inclusive a protagonista - são pouco explorados. Além disto, a trama é um pouco datada, lembrando o clima da guerra fria, um tema que já ficou um pouco distante da nossa realidade.

Aqui temos uma Motoko empolgada, cheia de vida, que gosta do seu trabalho, e que arruma até tempo para lazer (os quais passa sempre com outras mulheres); é uma personagem bem diferente do que veremos nas adaptações a seguir.


Anime - A fama

Ao assistir recentemente a animação que deu fama internacional à franquia (e que no Brasil foi traduzido para O Fantasma do Futuro), minha primeira constatação - para minha surpresa - é que Matrix se inspirou muito pouco na mesma. Em comum há as "letrinhas verde" digitais correndo na tela e o visual de alguns robôs e aparelhos (como o de conectar o cérebro das pessoas com um plug na parte inferior do crânio). Mas as histórias de Ghost in the Shell e Matrix são completamente diferentes.

Na história deste filme japonês de 1995, dirigido por Mamoru Oshiie e co-roteirizado pelo escritor do Mangá, temos na verdade algumas das histórias escritas em 1989 unificadas em uma única trama, dando bastante destaque ao hacker "Mestre dos Fantoches" como vilão principal.

A Motoko do Anime já é uma pessoa bem mais séria, de poucas palavras, que quase não expressa emoções. É alguém extremamente solitária, mas ainda assim não transparece ser infeliz, apenas conformada com a vida que possui.

Dentre todas as versões e adaptações de Ghost in the Shell, este Anime é de longe a melhor (e também conta com uma trilha sonora excelente), e leva deste blog uma nota 7,5.


Filme - A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell (2017)

Finalmente, a criticada adaptação Hollywoodiana da obra. O filme dirigido por Rupert Sanders (que antes deste só foi diretor do mediano Branca de Neve e o Caçador, de 2012) copia várias sequencias da animação de 95. Entretanto, mesmo com muitas cenas idênticas, o contexto das mesmas é bem diferente, e a história aqui apresentada pouco tem em comum com as histórias do Mangá e do Anime.

Se nas versões japonesas o maior destaque da história é para a ação e o universo criado, em A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell a Motoko da Scarlett Johansson leva todo o foco da trama. Estamos diante de uma história que conta a origem da protagonista, que por sua vez, é uma personagem sem nenhuma expressão facial mas que, quando fala, não se importa em revelar que é uma pessoa bem triste.

É difícil se conectar com uma personagem assim tão melancólica e "robótica". Aliás, nenhum dos personagens do filme possui o mínimo de carisma. A grande qualidade de Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell é mesmo seu visual, seja pela qualidade e cores de suas imagens; ou ainda, pelo universo futurista imaginado pela franquia (ainda que aqui esteja um pouco deturpado).

Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell não possui tanta ação quanto seu trailer indicava e mais parece uma história de um Robocop em depressão do que qualquer outra coisa. Apesar de ser outra "ocidentalização" ruim de um Mangá/Anime, o que resta do material original nesta adaptação é suficiente para que o filme seja pelo menos uma experiência interessante. Nota: 6,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...