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sábado, 16 de março de 2024

Você prefere explorar um calabouço (masmorra) ou um abismo (cratera)? Conheça os animes Made in Abyss e Dungeon Meshi


O ano de 2024 chegou e com ele tivemos a estréia de dois animes na Netflix com muitas semelhanças e paralelos. Tratam-se de Dungeon MeshiMade in Abyss. Ambos são baseados em mangás de mesmo nome lançados no Japão. Estou assistindo e gostando dos dois, e a seguir, baseado nos onze primeiros episódios que vi de cada um, segue um resumo do que eles se tratam, e minha opinião.




Dungeon Meshi

Dungeon Meshi (vendido nos EUA como Delicious in Dungeon) é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Ryōko Kui e que terminou recentemente no Japão, em setembro do ano passado. Sua conversão para anime é uma produção original Netflix. Os episódios estão sendo lançados semanalmente toda quinta-feira e a previsão é que toda a saga seja contada em uma única temporada de 24 episódios.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma dungeon (masmorra / calabouço) bem peculiar: em seus níveis mais profundos - ainda inexplorados - ela supostamente abriga o mítico Reino Dourado, antiga e gloriosa cidade, repleta de tesouros e poder. Então toda uma comunidade é criada em torno desta masmorra, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

A trama começa com... uma trágica derrota. Um grupo de seis exploradores tenta derrotar um Dragão Vermelho dentro da masmorra e, antes de ser devorada, em um último ato a feiticeira humana Falin teleporta os demais integrantes para fora. É então que três deles: Laios (um guerreiro humano e irmão de Falin), Chilchuck (um ladrão halfling) e Marcille (uma feiticeira élfica) decidem voltar a masmorra para resgatar o corpo de Falin das entranhas do Dragão, para posteriormente ressuscitá-la.

Dungeon Meshi é muito parecido com um jogo de RPG medieval, e neste sentido, morrer e voltar a vida através de encantamentos ou poções é comum. Por isso não estranhem a trama principal. Em cada episódio o grupo acaba avançando no interior do calabouço e enfrentando um tipo de monstro diferente, o que é bem interessante, pois requer bastante inventividade da equipe para derrotá-los. É bem gratificante ver que na masmorra cada personagem usa principalmente as habilidades de sua classe / profissão, ou seja, os heróis realmente triunfam como grupo, e não como indivíduos.

Agora, o que é realmente curioso e incomum em Dungeon Meshi é que após derrotar seus adversários, o grupo sempre acaba se alimentando (??!!) dos monstros que matou. Já no primeiro episódio o trio conhece Senshi, um guerreiro anão que mora dentro da masmorra e é grande conhecedor dos monstros e de culinária. Ele se une a equipe e durante a jornada e vai cozinhando praticamente tudo o que é derrotado em batalha. Nada se desperdiça, e bons minutos de cada episódio bizarramente são gastos apenas exibindo essa culinária fictícia.

Por enquanto tenho gostado de Dungeon Meshi. É divertido, e a curiosidade perante o inesperado tem me agradado bem. E para quem gosta de RPG, e/ou franquias como Dungeons & DragonsCaverna do Dragão e Senhor dos Anéis, este anime fica ainda mais interessante.




Made in Abyss

Made in Abyss é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Akihito Tsukushi. O mangá, que começou a ser escrito em 2012, continua em andamento, mas é escrito em um ritmo bem lento, com apenas 12 volumes publicados até agora. O anime por enquanto tem duas temporadas, somando 25 episódios (e todos já disponíveis na Netflix). Os 25 primeiros episódios do anime equivalem aos 10 primeiros volumes do mangá. Ao vencer o prêmio máximo de "Anime do Ano" do Crunchyroll Anime Awards de 2017 - evento do canal de streaming especializado em animes Crunchyroll - Made in Abyss ganhou projeção internacional.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma enorme cratera de nome "Abismo" e bem peculiar: com quilômetros de profundidade - muitos deles ainda inexplorados - ela abriga ruínas e relíquias de antigas civilizações, além de criaturas fantásticas e perigosas variadas. Então toda uma comunidade é criada em torno desta cratera, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

(Viram como a premissa entre os dois mangás / animes é bem parecida, meio que só trocando a "masmorra" pelo "abismo"? Pois é! Quase repeti o mesmo texto para ambos! Porém vocês verão que as similaridades vão começar a diminuir a partir de agora...)

Começamos Made in Abyss conhecendo Riko, uma menina de doze anos, e exploradora iniciante. Em uma de suas primeiras descidas, ela encontra Reg, um robô com aparência e mente de garoto, sofrendo de amnésia, com quem faz amizade. Após alguns eventos ela e Reg partem sozinhos - e em segredo - ao fundo do Abismo, em busca da desaparecida mãe de Riko.

Como se pode ver nas duas imagens deste anime que coloquei neste artigo, mais acima, Made in Abyss parece ser "fofinho", até para público infantil. E é totalmente o oposto, pois o roteiro parece ter sido escrito por H. P. Lovecraft. A história tem vários elementos de drama, tensão, e principalmente, o tema "morte" está sempre presente. Por exemplo, na mitologia desta série, ao descer na cratera, o corpo humano sempre sofre, passando por tonturas, sangramentos, febres e alucinações até se adaptar. São efeitos da tal "Maldição do Abismo". Mas piora: a partir de uma certa profundidade, os efeitos no corpo para "subir" de volta são tão fortes que são mortais. Ou seja, as pessoas que descem nas camadas mais fundas são obrigadas a ficar lá para sempre. E é comum no anime vermos pessoas sofrendo os efeitos da "Maldição". Nada leve e agradável.

Assim como em Dungeon Meshi, a história me prende e fico bastante interessado no que vai acontecer no episódio seguinte. E também igualmente ao Dungeon Meshi, aqui tudo é muito surpreendente e inovador, e cada episódio apresenta um monstro ou uma dificuldade diferente. Mas Made in Abyss é ainda mais elaborado, com a adição de uma misteriosa e sinistra trama de plano de fundo, além de paisagens e trilha sonora deslumbrantes.

Porém, para Made in Abyss, sou obrigado a fazer um alerta: como disse anteriormente, escrevo este texto após assistir os 11 primeiros episódios, e a cada episódio que estou assistindo, o nível de violência e terror vêm aumentado de maneira considerável, além da presença de algumas desnecessárias piadinhas que insinuam temas sexuais (ainda nada grave ou explícito, apenas insinuações). Sendo os personagens principais todos crianças, e como a violência não para de escalar, estou me perguntando se isto vai chegar a um nível que irei desaprovar. Mas por enquanto não. O que posso dizer por agora é: estamos diante de um anime para público de no mínimo 16 anos (que é a indicação que está na Netflix).

Eu imagino que a série caminhe para trazer cada vez mais cenas goreao estilo de outras obras como por exemplo Berserk. Mas até agora sigo gostando e assistindo Made in Abyss e estou bem curioso para saber os grandes mistérios deste universo, e principalmente do passado de Reg e da mãe de Riko.




Obs.: ainda há uma ligação curiosa entre esses dois animes / mangás: a atriz Emily Rudd, que é quem interpreta Nami na série live-action de One Piece da Netflix. É que ela dubla a personagem Marcille em Dungeon Meshi na versão estadunidense, e já declarou que embora ame One Piece e ser grande fã de animes em geral, seu anime favorito é Made in Abyss.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)


Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entregou trabalhos sensacionais como a minissérie Senhor Milagre (2017), ou lixos completos como por exemplo a também minissérie Heróis em Crise (2018). Também em 2018 ele tentou fazer sua HQ space opera com o Superman, em Superman: Para O Alto e Avante, que é legalzinha, mas não trouxe nada de especial...

... mas três anos depois, ele voltou a tentar uma space opera, agora com a Supergirl... e o resultado foi espetacular. Supergirl: Mulher do Amanhã é uma HQ excelente, tão boa que foi uma das obras indicadas ao Eisner Award (o "Oscar" dos Quadrinhos) de Melhor Minissérie de 2022, e que merece ser conhecida por todos.

A história, que é uma aventura pelo espaço, 100% fora do planeta Terra, é narrada por Ruthye, uma jovem que teve seu pai camponês covardemente assassinado, e então contratou a Supergirl para matá-lo em vingança. Ué... mas não faz sentido que ela aceitasse esse tipo de missão... verdade, por isso você precisará ler para entender rs.

Deixando claro, Supergirl: Mulher do Amanhã é uma história emocionalmente pesada (ou seja, não é nada infantil), e é sim uma história de super-herói (ou seja, com bastante aventura e ação), mas dito tudo isso, também é uma história sobre (muita) compaixão, coragem e força feminina. Tom King acaba propondo o seguinte... e se todo o universo fosse machista? Bem, aí ser uma mulher e ser a prima do Superman torna as coisas tudo muito mais complicadas...

E não é só isso. Supergirl: Mulher do Amanhã acaba também recontando uma origem para a Supergirl que faz dela uma das personagens de passado mais dramático de todo o Universo DC. Isso acaba a tornando uma das personagens mais fortes e admiráveis que você já leu. De "defeitos", a história acaba tendo uns "furos" nas leis da Física, mas dá pra relevar rs.

E toda esta bela e emocionante história é brilhantemente ilustrada por uma brasileira! Trata-se da paulistana Bilquis Evely, que aliás já há alguns anos vêm brilhando na DC Comics, como por exemplo  também em Mulher Maravilha e Sandman. Os traços de Bilquis (que você pode ver nas imagens deste artigo) acabam combinando muito bem com Supergirl: Mulher do Amanhã. Sua Supergirl é ao mesmo tempo delicada e forte; suas paisagens, ao mesmo tempo "alienígenas" e cinematográficas. E contribuindo com seus desenhos, a colorização é feita pelo também brasileiro Matheus "Mat" Lopes, e é excelente. Principalmente as cenas sob os céus dos planetas alienígenas são incríveis, parece que você está mesmo no espaço. Deslumbrante!

Para quem é fã de quadrinhos, principalmente fã da DC, Supergirl: Mulher do Amanhã é imperdível. Já pelos temas e personagens envolvidos, e por ser uma minisérie de história completa e fechada, é uma ótima sugestão para mulheres entrarem no mundo dos quadrinhos.


Supergirl: Mulher do Amanhã nos cinemas!

Sim! Outra "prova" de que a história de Supergirl: Mulher do Amanhã é boa é que recentemente, mais precisamente neste 29 de Janeiro, James Gunn - o atual chefão dos filmes da DC - anunciou que Milly Alcock, a moça da foto acima e conhecida por interpretar a Rhaenyra Targaryen na série A Casa do Dragão (HBO), foi a escolhida para ser a Supergirl do futuro filme... Supergirl: Mulher do Amanhã (!). O filme será sim baseado na história dos quadrinhos e, embora não tenha data prevista para lançamento, deverá ser lançado, segundo Gunn, "cerca de dois anos após o novo filme do Superman".


E caso você tenha chegado aqui e ainda não tenha se decidido a ler este quadrinho, seguem mais duas imagens como golpe de misericórdia. ;)


Bilquis Evely e um pouco de sua obra

sábado, 23 de setembro de 2023

Asterix 40 chega em 26 de Outubro, e com novo roteirista!


Mantendo o costume deste século, de lançar Asterix em anos ímpares e no mês de Outubro, teremos o lançamento mundial do novo álbum de Asterix, seu 40º, daqui a pouco mais de 30 dias, mais precisamente em 26 de Outubro de 2023. Claro que ainda não há previsão de quando a obra chegará ao Brasil, já que a Editora Record, responsável pelos direitos de publicação por aqui, sequer chegou a lançar o 39º volume até agora (Asterix e o Grifo, de 2021)...

A nova revista se chamará (como vocês já devem ter notado pela imagem acima), Asterix - O Íris Branco. A capa da esquerda foi a primeira divulgada, mas provavelmente foi abandonada e trocada pela capa da direita, pois esta já começou a ser exibida em alguns poucos sites como sendo a capa final.

A grande surpresa é que se continuamos a ter Didier Conrad nos desenhos, como roteirista sai Jean-Yves Ferri - que escreveu os últimos 5 álbuns - e assume Fabcaro. Fabcaro, de 50 anos, é o nome artístico de Fabrice Caro, um escritor francês de livros e HQs conhecido por ter um humor mais voltado para o absurdo. Não foi dado muitos detalhes sobre porque Ferri saiu, ou se ele um dia volta... Jean-Yves apenas declarou que estava concentrado em outro projeto, e então não conseguiria assumir o Asterix 40.

E sobre o que será Asterix - O Íris Branco? Bem, pelo pouco que sabemos até agora, esta mística flor está de alguma maneira relacionada com a mudança do humor das pessoas da aldeia, como se vê nas imagens da página divulgada abaixo. Além disto, a trama se passará dentro da Gália e terá o chefe Abracurcix como um dos personagens principais, já que ele foi bastante utilizado no material promocional.



Ansiosos pelo novo Asterix? Eu estou. Pena que no Brasil a Record faz atualmente um trabalho que beira o descaso, bastante indigno do material que possui direitos de publicação. Em terras brasileiras Asterix ainda está no volume 38, e Ideiafix, que continua inédito por aqui, na Europa já está no 5º álbum.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Crítica Netflix - One Piece: A Série - Primeira Temporada


Em geral as adaptações live-action ocidentais de mangás são verdadeiros lixos. Portanto, fiquei bastante resistente ao me arriscar em assistir a este One Piece: A Série da Netflix, adaptação de One Piece de Eiichiro Oda, um dos mangás de maior sucesso da atualidade e de todos os tempos.

Porém, para minha grande e agradável surpresa, achei este One Piece: A Série muito boa! Na história, vemos as aventuras de Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy), um jovem que sonha se tornar o maior pirata do mundo, e para isso, sai em busca de uma tripulação para encontrar o mítico tesouro "One Piece", o que lhe daria este prestígio. O mundo onde Luffy passa suas aventuras se assemelha ao nosso mundo da "época de piratas", porém possui várias diferenças, misturando bastante fantasia. Por exemplo, no universo de One Piece há muitos seres antropomórficos, e já na primeira temporada vemos homens-peixe e um homem ovelha. Outra diferença é a presença dos "frutos do diabo", frutas que quando comidas, dão superpoderes a quem as consumir.

Nami e Arlong

Um dos maiores segredos do sucesso da franquia são seus personagens, e esta série soube adaptar bem fielmente seus personagens, tanto fisicamente, como em sua essência (que aliás é o mais importante). Se o desleixo com os personagens foi a maior falha do fraco Cowboy Bebop live-action, aqui a Netflix aprendeu muito bem sua lição. Mas voltando ao quanto os atores são fisicamente muito parecidos com os desenhos originais, fica como curiosidade que em uma sessão de cartas do mangá, uma vez perguntaram para o autor "qual seria a nacionalidade da tripulação de Luffy caso One Piece fosse o mundo real?", e eis que Eiichiro Oda respondeu: "Bem, apenas saindo da aparência deles: Luffy (Brasil), Zoro (Japão), Nami (Suécia), Usopp (África), Sanji (França)...".

Oras, dos atores que foram escolhidos, Iñaki Godoy (Luffy) é mexicano; Mackenyu Arata (Zoro) apesar de nascido nos EUA, é filho de pais japoneses; Emily Rudd (Nami) é estadunidense; Jacob Romero Gibson (Usopp) é Jamaicano; e Taz Skylar (Sanji) é espanhol... ou seja, consideravelmente próximo do que o autor imaginou! E uma das semelhanças que mais me impressionaram foi a da personagem Kaia (ver abaixo). Ok, na imagem abaixo pode não parecer tanto, mas vejam a série para ver que não estou louco rs.

A Kaya dos mangás e a da série (Celeste Loots)

E o outro segredo para este One Piece: A Série ser bom é que ele é bastante fiel ao material original. Em linhas gerais, eu diria que a série resume de maneira muito eficiente o mangá e o anime. Para se ter uma idéia, a primeira temporada (8 episódios de cerca de 1h cada) cobre os 5 primeiros arcos de histórias da franquia, que seriam equivalente aos primeiros 99 capítulos do mangá e os 45 primeiros episódios do anime. Tudo do que é mais importante da trama foi preservado, repito, e de modo bastante resumido e fiel. A única mudança relevante é que na série Luffy é bastante perseguido pela marinha desde o começo, e com a perseguição comandada pelo Vice-Almirante Garp (Vincent Regan), isso é bem diferente do material original.

Porém nem tudo deste "resumo" em One Piece: A Série é positivo. Infelizmente, não foi só a trama que foi comprimida, também tivemos uma considerável redução do humor e dos momentos de emoção... e não precisava ser assim. Principalmente Luffy é bem menos engraçado aqui do que no mangá. E os dramas pessoais dos personagens, embora todos presentes (e sim, continuam emocionando), passam tão rápido que não impactam tanto quando deveriam. A falta de capacidade de atuação de alguns atores também contribui um pouco para isto.

A "simplificação" também está bastante presente nas lutas, que são bem menos espetaculares e demoradas que no mangá / anime. Sem dúvida elas precisarão de mais verbas e atenção na medida que a série avança. De qualquer forma, além de por enquanto não comprometer, aqui eu vejo uma vantagem: ver atores de verdade lutando com espadas de verdade dá uma sensação de perigo muito maior do que nos desenhos. Um inesperado ponto positivo para o live-action!

Com um design de produção muito bom e bastante vivo e colorido, faltou, entretanto, um bocado de cores no navio Going Merry...

Também tenho algumas críticas para a tradução. Assisti em legendado, e percebi que algumas piadas com trocadilhos não foram traduzidas (e poderiam ter sido traduzidas para o português normalmente), sem contar a inserção de algumas gírias, ou então, de palavras escritas propositalmente com português incorreto... e tudo simplesmente jogado lá, absolutamente fora do contexto.

Com seus muitos prós e poucos contras, One Piece: A Série termina com um saldo bem positivo. Ela agrada bastante, mas vai precisar diminuir seus defeitos no futuro, caso contrário corre o risco de desvirtuar o tom da obra original. E para quem não ainda conhece esta franquia, esta série da Netflix chega como uma salvação, afinal, é muito mais rápido acompanhar "do zero" a história da turma dos Piratas do Chapéu de Palha por aqui, do que pelo mangá ou anime, onde já temos (literalmente) milhares de capítulos e mais de duas décadas de produção.

Para encerrar o artigo, um bônus. Neste vídeo, vemos o encontro do ator que faz Luffy, Iñaki Godoy, com o autor de One Piece, Eiichiro Oda. Para quem não sabe, Oda vive recluso, e mais ainda... seu rosto não é conhecido pelo público, para preservar sua privacidade. Isto é importante para vocês se contextualizarem com o que vão ver a seguir.

domingo, 27 de agosto de 2023

Se você curte Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher, precisa conhecer Dragonero, ótima série de HQs italiana


Dragonero é uma franquia de quadrinhos italiana (ou fumetti) de fantasia medieval sucesso em vários países da Europa, e publicada no Brasil pela editora Mythos desde o começo de 2019. Criada em 2007 por Luca Enoch e Stefano Vietti, com arte de Giuseppe Matteoni, Dragonero estreou com uma história na revista Romanzi a Fumetti e, graças ao sucesso inicial, posteriormente recebeu uma série mensal pela editora Bonelli (a mais importante editora de quadrinhos italiana), série esta que foi campeã de vendas em todo período de publicação, de 2013 até o final de 2019. Porém a franquia não terminou por aí. Este foi só o "primeiro ato". Ela sequer parou e voltou no mês seguinte com um novo título, Dragonero il Ribelle, e continua sendo publicada até hoje.

A história de Dragonero tem de tudo para agradar todo fã de RPG, e/ou de histórias de fantasias medievais, como por exemplo Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher. Dragonero, que significa "matador de Dragões" é o título honorário do personagem principal da trama, Ian Aranill, humano e batedor a serviço do império Erondariano. Em sua aventura inicial vemos ele matar seu primeiro dragão, e engolir um pouco do sangue da criatura no processo. Isso fez com que Ian ganhasse alguns poderes, como "parar o tempo" em situação de quase morte, resistência a entidades sombrias, conseguir se comunicar telepaticamente com outros dragões e animais gigantes, e etc.

Os heróis, da esq. para dir.: A elfa Sera, o orc Gmor, o caçador de dragões Ian, a tecnocrata Myrva e o mago Alben

Na maioria de suas aventuras ele está acompanhado do gigante orc Gmor, seu amigo de infância, e da  jovem elfa silvana Sera, que é mestra botânica. Com menos frequência, Ian também é auxiliado pela sua irmã tecnocrata Myrva e pelo mago Alben. Uma coisa curiosa no universo de Dragonero, é que tecnocratas e magos são guildas "rivais" que mexem com magia, sendo que a primeira aceita trabalhar com máquinas e aparelhos, e a segunda as rejeita veementemente.

Como disse anteriormente, Dragonero mistura (e muito bem) várias franquias de fantasia medieval. Por exemplo, assim como em Senhor dos Anéis, aqui temos um universo vasto com dezenas de localidades diferentes e criaturas, como por exemplo elfos, orcs, dragões, magos, trolls, ghouls, mortos-vivos,  necromantes, fantasmas. Já sobre Game of Thrones, bem...

... na primeira história de Dragonero aprendemos que ao norte do Reino de Erondar, há uma grande muralha, que separara o mundo dos humanos do mundo dos dragões, local onde hoje se encontram hordas de algentes, elfos que tiveram suas mentes dominadas por mestres demoníacos, os abominosos. E na segunda historia de Dragonero vemos nossos heróis tentando destruir uma fábrica de "lama pírica", um fogo tão forte que queima até dentro da água... Em defesa aos criadores de Dragonero, lembrem-se que essas histórias foram criadas em 2007, então se eles copiaram mesmo foram dos livros, e não do seriado de Game of Thrones, que só estreou em 2011.

E por fim, lembram que disse que Ian Aranill é um "batedor imperial"? Isso é mais ou menos como se ele fosse um policial... um cavaleiro errante a serviço do reino, proporcionando, a cada edição, as mais variadas aventuras. Então, as vezes podemos ver Ian e seus amigos fazendo uma escolta, ou então, investigando mortes estranhas em um vilarejo, ou ainda, serem literalmente batedores e espionarem acampamentos inimigos. Este clima de aventura "episódica" e variada já lembra bem mais The Witcher, um uma boa aventura de RPG.

Dragonero se encontra atualmente na edição 21 aqui no Brasil. É uma publicação trimestral, formato Bonelli (16 x 21 cm) e em branco-e-preto. E, repito, é muito bom! Na imagem abaixo você vê a edição especial, que conta a história escrita em 2007, e a seguir temos o número 1 da revista, e o número 21, recém chegado às bancas. Na verdade, originalmente a publicação brasileira era bimensal, porém, a partir do número 20 (inclusive), a revista passou a ter o dobro de tamanho (2 histórias em 1), e passou a ser trimestral. a mudança foi até pra melhor... afinal, evoluímos de 1 história a cada 2 meses para 2 histórias a cada 3 meses.

domingo, 20 de agosto de 2023

Goscinny + Uderzo = Asterix, Umpa-Pá, João Pistolão (?!) e muito mais!

Os geniais Uderzo (a esq.) e Goscinny (a dir.)

O escritor René Goscinny (1926 - 1977) e o desenhista Albert Uderzo (1927 - 2020) foram sem dúvida gênios dos quadrinhos. Esta dupla de quadrinistas franceses ganhou fama mundial graças a sua criação máxima, o intrépido gaulês Asterix, de 1959. Porém Asterix não foi seu único trabalho juntos, e sim o último. Pois desde 1951, quando eles se conheceram, foram vários outros projetos até conseguirem enfim estabelecer a sua obra de grande sucesso. Vamos então conhecer aqui algumas das outras criações que "ficaram pelo caminho"...

Por exemplo, de 1954 a 1957 eles fizeram Luc Junior, um jovem repórter que em suas investigações sempre se envolvia em grandes aventuras, junto com seu amigo Alphonse... Em 1957 eles assumiram um título de outro autor - Benjamin et Benjamine - que foi criado em 1956 por Christian Godard. As histórias eram aventuras bem humoradas de um jovem casal, e juntos a dupla de autores publicaram os 4 últimos álbuns da série.



Nos anos de 1957-1958, pela revista semanal belga Tintin (que foi criada em 1946 para popularizar as histórias do famoso personagem de mesmo nome), Goscinny e Uderzo publicariam várias histórias de Poussin et Poussif. Poussin era um bebê que estava sempre aprontando, tentando fugir, e Poussif um cachorro que sempre tentava resgatar a criança do descuido de seus pais. Claro que no final, sempre era o pobre Poussif que levava a culpa de tudo. Segue abaixo uma rara imagem de uma página de Poussin et Poussif.


E não foram só estas. Ainda houve várias outras participações conjuntas, que nem vou citar aqui para não me alongar muito. A questão é que nenhum dos títulos acima jamais teve tradução para a língua portuguesa. Porém, além de Asteríx, pelo menos duas outras obras relevantes de Goscinny e Uderzo foram adaptadas para nosso idioma! Tratam-se de Umpa-Pá e... João Pistolão. Portanto, agora este artigo irá apresentar (ou relembrar) um pouco mais do indígena Umpa-Pá e do corsário João Pistolão.


João Pistolão (Jehan Pistolet - 1952)

Sendo a primeira colaboração conjunta de Goscinny e Uderzo que conseguiu virar uma série, João Pistolão (Jehan Pistolet) começou de maneira bem modesta em 1952, como tiras do jornal diário belga La Libre Belgique. Em 1954 o título foi publicado na revista publicitária Pistolin, e para não haver confusão de nome com a própria revista, a série mudou de nome para Jehan Soupolet. Depois, nos anos 1961 e 1962, Jehan Pistolet voltaria, mas apenas como republicações, nas páginas da famosa Pilote (a revista semanal de quadrinhos onde Asterix havia nascido e já era seu grande nome).


Na história João Pistolão é um jovem garçom de uma pousada em Nantes, que sempre sonhou com aventuras de piratas, e resolve reunir seus amigos para montar um barco e se tornar um Corsário (piratas contratados por governos) a serviço da França (uma trama levemente parecida com One Piece rs).

E apesar de uma tripulação totalmente inexperiente e formada apenas por cidadãos comuns, ele acaba realizando seu sonho... para acabar enfrentando os mais atrapalhados apuros, sempre com bastante humor. Foram 5 álbuns no total, cujo nomes são: João Pistolão, Corsário Prodigioso, João Pistolão, Corsário de El-Rei, João Pistolão e o Espião, João Pistolão na América, João Pistolão e Sábio Louco.

Embora tenham sido publicadas em Português, as aventuras de João Pistolão não chegaram ao Brasil. A página da imagem acima foi extraída de uma edição portuguesa.


Umpa-pá (Oumpah-Pah - 1958 a 1962)

Já Umpa-pá possui uma característica diferente de todos os outros títulos que apresentei até agora: note pela sua data de publicação, que ele é contemporâneo à Asterix. Porém, quando o pequeno Gaulês começou a fazer bastante sucesso, a dupla resolveu encerrar esta série e focar as suas energias na sua obra mais popular.

Infelizmente há muito tempo fora das bancas e livrarias brasileiras, Umpa-pá já foi publicado inteiro por aqui duas vezes: primeiro na década de 60, pela Editorial Bruguera, e depois na década de 80, pela Editora Record. A boa notícia é que dá para encontrar todo o material de Umpa-pá para se baixar em sites de scans de gibis pela internet. Curiosidade: quando publicada pela primeira vez no Brasil, a revista (e o personagem) se chamavam Humpá-Pá.


As histórias contam as aventuras do indígena Umpa-Pá e do oficial francês Humberto Milfolhas, e a série se passa no século XVIII, durante a época da colonização francesa na América do Norte (mais especificamente no Canadá). De maneira razoavelmente similar a Asterix, Umpá-Pá possui uma força e resistência acima do normal (embora não chegue a ser "sobrenaturais", ele diz que o segredo de sua força é sua dieta baseada em pemicã). Humberto (e os demais franceses) usavam aquelas perucas brancas da época, e até por isso Umpa-Pá também chamava seu amigo de "escalpo duplo".

Foram 5 volumes: Umpa-Pá o Pele-vermelha, Umpa-Pá em Pé de Guerra, Umpa-Pá e os Piratas, Umpa-Pá - a Mensagem Secreta e Umpa-Pá Contra Bílis-Cão. Umpa-Pá na verdade foi a primeira criação conjunta de Goscinny e Uderzo, em 1951; porém na época a dupla não conseguiu encontrar nenhuma editora com interesse em publicá-la. Foi só muitos anos depois que o heróico nativo americano pode ser conhecido pelo grande público.

Imagens da primeira versão de Umpa-Pá, nunca publicada

E aí, quais destas obras vocês já conheciam? Escrevam nos comentários!

segunda-feira, 27 de março de 2023

Spawn #10 poderá enfim ser publicado no Brasil! Entenda por que isto é tão incrível!


O ano era 1992. Alguns dos principais nomes dos quadrinhos estadunidenses, revoltados com o tratamento recebido pelas dominantes editoras Marvel e DC, resolvem abandonar seus contratos e fundar sua própria editora, a Image Comics, criando seus próprios personagens. Dentre eles, estava Todd McFarlane, que iniciou sua empreitada criando Spawn.

Após o choque inicial à comunidade quadrinhística, vieram as primeiras críticas: as HQs da Image tinham ótimos desenhos, porém, fracos roteiros (afinal, seus criadores eram em sua maioria grandes desenhistas, e não tinham experiência em escrever histórias). McFarlane, então, não deixou por menos: após desenhar e escrever as primeiras edições de seu Spawn, resolveu trazer grandes nomes para escrever as edições seguintes. Assim, para a edição 8 veio Alan Moore; para a 9, Neil Gaiman; para a edição 10, Dave Sim; e para a edição 11 fechando o ciclo, Frank Miller.

E é aqui que começa nossa história de tretas. Em algum momento entre junho e julho de 1996, Dave Sim e Todd McFarlane se desentenderam e a partir de então Sim não deixou Spawn #10 ser mais republicado. Isto significa que se seu país não teve a sorte de lançar Spawn #10 antes da briga (e isso foi privilégio de muitos poucos países, como por exemplo Espanha e Austrália), a obra ficou inédita.

E o Brasil foi um dos muitos países que sofreu esta proibição, já que seguindo a ordem de publicação da Editora Abril, a edição 10 somente seria publicada aqui em Novembro de 1996. Portanto, nós brasileiros, como todos a grande maioria dos leitores do mundo, ficamos privados de ler esta história de Spawn.

A história contida em Spawn #10 é um crossover, onde Spawn e Cerebus (criação de Dave Sim) se encontram no Inferno e lá encontram diversos Super-heróis de quadrinhos aprisionados, em uma metáfora / crítica das editoras tendo os direitos dos personagens, ao invés dos seus criadores. Uma imagem que ficou bastante famosa desta trama é a que aparece acima, no título deste artigo, onde vemos os braços de personagens famosos da Marvel e DC clamando por ajuda. Pode-se perceber claramente as referencias a Batman, Super-Homem, Homem-Aranha, Hulk, etc. (E ironicamente, no mundo real, meses depois a edição deixaria de ser publicada devido justamente a disputa de direitos autorais...). Portanto os demais países tiveram que pular a edição 10, renumerando como número 10 a edição 11 original, como se vê na imagem abaixo.

Em ordem: a edição 10 original, a edição 10 publicada no Brasil (que na verdade é a edição 11 original), e a edição 10 "remasterizada" que deverá ser publicada por aqui

Porém, tudo mudou em 2009, quando Todd e Dave entraram em um acordo para que a história de Spawn #10 voltasse a ser republicada. Ambos poderiam voltar a publicar a história do jeito que quisessem, e lucrar do jeito que pudessem com isso.

Desta forma, McFarlane começou a incorporar a edição #10 em encadernados da coleção "Spawn Origins", série que republica todas as edições de Spawn em formato de luxo (curiosidade: as edições de Spawn Origins publicadas antes deste acordo também não incluem a edição 10); já Dave Sim, no comecinho de 2021, publicou em preto-e-branco sua própria versão "remasterizada e expandida" da obra, e é esta a versão que será lançada no Brasil.

Ou melhor, que PODE ser lançada no Brasil, já que ela está sendo vendida através de um projeto no Catarse e ainda não está garantida. Na verdade na verdade, o projeto do Catarse é para trazer um encadernado de Cerebus, sendo que o Spawn #10 vem "de brinde". Faltando um mês para o encerramento do projeto, ele ainda não atingiu o financiamento. Se você estiver interessado em Spawn #10, o link no Catarse está aqui.

E aí. Você sabia da "saga" de Spawn 10? Escreva nos comentários!


Atualização de 17/06/2023: a campanha do Catarse citado pela matéria acima NÃO foi bem sucedida, porém, seus idealizadores criaram nova campanha, desta vez exclusiva para lançar Spawn 10. Quem quiser participar do novo esforço para trazer esta obra para o Brasil, clique aqui para entrar na nova página do Catarse. Esta nova campanha vai até 11/08/2023.

Atualização de 29/02/2024: e a segunda campanha do Catarse citado no parágrafo anterior... também falhou. Porém, a Panini Comics resolveu republicar no Brasil, em encadernados, o Spawn desde seu início, com o título de Spawn: Origens. E já está confirmadíssimo, para a segunda quinzena de Mai/2024 a publicação de Spawn: Origens Vol. 02, que contemplará as edições de 08 a 13, e que sim, pela primeira vez, trará Spawn 10 para terras brasileiras. Demorou, mas enfim a novela acabou, e com final feliz.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #012 - Tudo o que você aprendeu sobre Frankenstein nos filmes, TV e quadrinhos está errado!!!

Acabo de ler o clássico da literatura mundial Frankenstein ou o Prometeu Moderno, escrito pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818 (e cuja "versão revisada e definitva" que conhecemos hoje foi publicada pela primeira vez em 1831).

Fiquei bastante surpreso com o quanto o livro é diferente do que eu imaginava... a imagem já "consolidada" de Frankenstein que temos hoje dentro da cultura pop (vejam três exemplos na foto acima) é tão distinta do original que vim aqui correndo compartilhar minhas descobertas para vocês!

Vamos começar pela parte mais óbvia e conhecida... Frankenstein não é o nome do monstro, e sim de seu criador. E Frankenstein, cujo primeiro nome era Victor, não era um "Doutor" nem vivia isolado em um castelo onde era servido pelo seu ajudante "Igor" (que não existe no livro). Victor era um simples estudante universitário, e sua criatura foi "feita" dentro de seu apartamento estudantil em Ingolstadt, Alemanha.

O monstro não tem nenhum nome no livro (é sempre chamado de "monstro", "criatura", ou algo similar) e ao contrário do que vemos na cultura pop atual, para minha grande surpresa na obra original ele é um ser muito inteligente e eloquente. Fisicamente o monstro possuía 2,50m de altura, força e resistência bem acima da humana, e seus braços e pernas são citados como "desproporcionais", embora sem o livro dar mais detalhes sobre isto.

E ao contrário da forma como reconhecemos a criatura de Frankenstein hoje em dia, a pele dele não era da cor verde e sim amarela, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal encobria os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes, completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, parecendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido. (...)".

Pelo trecho acima, a criatura tinha uma aparência assustadora, não? Em outras passagens há insinuações de que os cabelos eram longos, e que seu sorriso era perverso. Seu rosto é dito como tão horrendo que ninguém tem coragem de olhar para ele, nem mesmo o próprio monstro. Por isso mesmo, ciente e ressentido de sua aparência, a criatura está sempre muito vestida, tentando se esconder, cobrindo principalmente sua face.

E então vamos ao momento culminante deste texto. Abaixo a imagem do que seria a "real" aparência do ser criado por Victor Frankenstein (que no caso, por estar em branco-e-preto, a parte da pele amarelada/transparente ainda terá que ficar sua imaginação, leitor).

A imagem acima foi retirada do livro Bernie Wrightson's Frankenstein, publicada em 1983 pela Marvel Comics, que nada mais é que o livro original de Mary Shelley acrescido de dezenas de ilustrações desenhadas por Bernie Wrightson, então importante ilustrador da DC e Marvel, co-criador do Monstro do Pântano.


Outra curiosidade. Sabia que o livro Frankenstein só foi escrito, porque em 1816 o Sol desapareceu?
Ou quase isso rs. Mas o fato é que 1816 foi um dos anos mais problemáticos registrados pela história humana. Neste ano o Hemisfério Norte não teve Verão, com a ano todo registrando temperaturas muito abaixo do normal, muitas geadas, e uma "neblina" encobrindo o Sol por muitos e muitos meses. Boa parte das colheitas foram perdidas e muita fome se espalhou pelo mundo todo. Acredita-se hoje que a causa deste fenômeno foi uma enorme erupção vulcânica no Monte Tambora (Indonésia) no ano anterior, a maior da era humana.

Pois então. Em julho de 1816, passando as férias em uma casa de lago, e cansados do atípico tempo frio e chuvoso que forçava o grupo de amigos escritores Lord Byron, John William Polidori, Percy Shelley e sua esposa Mary Shelley a ficarem trancados dentro do imóvel, eles resolveram, como passatempo, criar uma competição para escrever o conto de terror "mais assustador". Dos quatro, Mary Shelley foi a única que finalizou a história que começou a escrever... e adivinhem: é o livro de Frankenstein que conhecemos. Entretanto, este não foi o único escrito deste encontro que rendeu algum fruto: a história incompleta escrita por Lord Byron (de nome A Fragment) seria reaproveitada anos depois como inspiração para um conto de nome The Vampyre, escrita justamente por Polidori.


Já sabia das informações que contei neste artigo? Ou ficou tão surpreso como eu fiquei enquanto eu lia a obra máxima de Mary Shelley? Escreva nos comentários!




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quinta-feira, 7 de julho de 2022

Lançamentos da franquia Asterix no Brasil e em todo o planeta!


Como é bom ver Asterix de volta! No Brasil temos neste mês de Julho, o lançamento (enfim!) do aqui inédito 38º volume das aventuras em quadrinhos do herói Gaulês, intitulado Asterix e a Filha de Vercingetorix. O livro já se encontra a venda nas livrarias.

Mas não é só o Brasil que tem motivos para comemorar neste mês. Vocês sabiam que ano passado o cachorrinho Ideiafix ganhou sua própria série de quadrinhos na França? Pois é. E agora em Julho a obra fará sua estréia em países como Argentina, Espanha, Hungria, Noruega, Polônia, Portugal e República Checa dentre outros. Na imagem acima temos a capa do volume 1 lusitano; e ao lado dela, temos a capa do volume 2 dos sortudos alemães. Sim, porque neste mês a Alemanha já vai ter o segundo volume publicado por lá, sendo que na França o inédito 3º volume será lançado no final deste ano.

Ainda sobre os quadrinhos de Ideiafix, algumas curiosidades... eles possuem algumas diferenças em relação aos quadrinhos de Asterix. Primeiro que a sua equipe criativa (roteiristas e desenhistas) não são os mesmos que fazem as novas edições de Asterix atuais... são times diferentes e desvinculados; segundo que as histórias do pequeno mascote se passam no ano 52 AC, ou seja, 2 anos antes das famosas aventuras do guerreiro Gaulês... e antes do cachorro chegar à famosa aldeia que todos conhecemos! E finalmente, o formato é diferente... se nos álbuns de Asterix geralmente temos uma única história de 48 páginas, aqui nas revistas de Ideiafix temos 3 histórias em 72 páginas.

Infelizmente, ainda não há qualquer previsão ou movimentação para as revistas de Ideiafix chegarem ao Brasil. Mas, tenho esperança que elas cheguem aqui nos próximos anos, até porque a Editora Record só bem recentemente passou a retomar as publicações de Asterix por aqui.

Lembrando: o Brasil ficou vários anos sem nenhuma editora publicando as histórias de Asterix, e com isto ficamos defasados em relação aos novos lançamentos... Ano passado a Record publicou o então inédito para nós volume 37 - Asterix e a Transitálica - e com o número 38 que chegou este mês só vão ficar faltando 3 publicações para alcançarmos tudo o que foi publicado: o volume 39 dos quadrinhos, e as 2 edições mais recentes dos "álbuns ilustrados". Na imagem abaixo vocês podem conferir a versão de Portugal destas três obras.



Gostaram das novidades? Comente aqui. E se você ainda não conhece Asterix, faça esse favor a você mesmo e toda sua família e comece a leitura!

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #010 - DEZ estrelas de Hollywood que já escreveram Quadrinhos

Sabiam que no final de Março chegou ao Brasil uma minissérie em quadrinhos escrita por Keanu Reeves? Pois é... isso me motivou a trazer para vocês essa surpreendente lista. Mas não foi somente nosso eterno Neo que já se aventurou a escrever HQs, a lista de atores que já tiveram seus momentos de escritor chega a dezenas. Nesta lista, trago para vocês 10 deles. Confiram!


Keanu Reeves - o ator é co-criador e co-roteirista da minissérie BRZRKR (lê-se "Beserker"). A obra está programada para ter 12 edições, com a primeira lançada nos EUA em Março de 2021. A saga ainda não foi concluída, e o oitavo volume está programado para este mês na terra do Tio Sam. O quadrinho conta a história de um semideus aparentemente imortal de nome Berserker (e visualmente com a cara do Keanu Reeves) ao longo dos séculos. Por enquanto a saga tem sido muito bem vendida, já em termos de críticas é considerada "mediana", com destaque para as (boas) cenas de muita violência. No Brasil a história será lançada em 4 volumes. Ah, e tem brasileiro nos quadrinhos de BRZRKR: o desenhista Rafael Grampá é quem faz as capas das revistas. Atualmente estão em desenvolvimento pela Netflix um filme (com Keanu estrelando) e uma série de animação sobre BRZRKR, porém ainda sem nenhuma previsão de lançamento.



John Cleese - provavelmente o nome mais famoso do grupo de comediantes britânico Monty Python, o também ator e escritor John Cleese foi co-escritor de uma graphic novel do Super-Homem de 2004 intitulada Superman: True Brit, uma história alternativa que mostra o que aconteceria se a nave do bebê Kal-El tivesse caído na Inglaterra, ao invés dos EUA. Publicada pela DC Comics, a obra recebeu opiniões divididas pela crítica. Com várias piadas e críticas contra a polícia e tablóides britânicos, há nela entretanto algumas idéias que eu gosto, como por exemplo, o fato de que Colin Clark (sim, aqui não é Clark Kent) começar a usar óculos na adolescência para evitar acidentes com sua visão de calor (as lentes foram feitas de um vidro que veio de sua nave).


Mark Hamill - nosso amigo Luke Skywalker aparece aqui com a publicação mais antiga desta lista. Em 1996 ele lançou, como co-escritor, uma minissérie em 5 edições de nome The Black Pearl publicada pela Dark Horse Comics. Aqui temos outra HQ que critica fortemente os tablóides e seu sensacionalismo. A história é sobre Luther Drake, um homem comum que resolve se tornar um vigilante. Hamill escreveu o roteiro pensando em transformá-lo em um filme; como não conseguiu investidores, a história ficou mesmo só nos quadrinhos.


Patton Oswalt - o comediante e ator Patton Oswalt é o primeiro desta lista que escreveu não uma, mas várias obras em quadrinhos. Para a DC ele escreveu JLA: Welcome to the Working Week (2003), que aparece na imagem acima, e é uma história de humor mostrando um adolescente que foi teletransportado acidentalmente dentro da Torre da Liga da Justiça, e, por uma semana, observa em segredo o que os heróis aprontam. Já para a Marvel, Oswalt co-escreveu o recente M.O.D.O.K.: Head Games (2020), minissérie em 4 edições que ajudou a promover e complementar a série de animação de TV M.O.D.O.K., que saiu pela Star+ no ano seguinte. Dentre outras publicações, ele escreveu uma das histórias dentro de Bart Simpson's Treehouse of Horror nº 13 (2007), e uma das histórias incluídas em The Goon: Noir (2006).


Rashida Jones - a filha de Quincy Jones é bem mais conhecida atuando em seriados (Parks and Recreation, The Office), mas também já apareceu em diversos filmes, e foi uma das roteiristas de Toy Story 4 (2019)! Portanto não é lá grande surpresa vê-la se arriscar como roteirista de quadrinhos. Sua criação é Frenemy of the State, uma minisérie de 5 edições publicada em 2010 pela Oni Press, como parte de um projeto de trazer mais quadrinhos de artistas femininos para público feminino. A história conta de forma bem humorada as aventuras de Ariana Von Holmberg, uma jovem e rica socialite que resolver virar agente da CIA. Os direitos de Frenemy of the State foram comprados pela Universal Studios antes mesmo da história ser publicada, mas até hoje não houve nenhum indício de produção de um filme.



Rosario Dawson - a atriz é co-criadora e co-roteirista da minissérie de 4 edições O.C.T. - Occult Crimes Taskforce, publicada pela Image Comics em 2006. A história acompanha a policial Sophia Ortiz (que é desenhada igual a Dawson) dentro de uma unidade da Polícia de Nova York especializada em crimes ligados ao "oculto". A obra é outra que já teve os direitos de adaptação comprados tanto para filmes como para série de TV, mas também nada de concreto até hoje. Em 2019 saíram rumores de que o canal A&E planejava lançar um seriado de O.C.T. mas nenhuma outra notícia foi dita desde então.


Samuel L. Jackson - claro que um ator que lucra em cima da fama de ser "fodão" não iria apenas (co)escrever sua HQ, mas também ter o personagem principal dela com a sua cara. Publicada como minissérie em 4 edições pela Boom! Studios em 2010, em Cold Space temos um quadrinho futurista onde vemos Mulberry, um criminoso espacial em fuga, caindo em um planeta em meio à uma guerra civil. Seu objetivo: sobreviver e se manter badass, claro!


Thomas Jane - talvez o ator menos conhecido desta lista, Thomas interpretou o super-herói Frank Castle no filme O Justiceiro (2004) e nesta época ficou amigo do ilustrador Tim Bradstreet, que não somente criou os pôsteres do filme, mas também era quem desenhava as capas da HQ do Justiceiro naquele momento. No ano seguinte a dupla lançou a minissérie Bad Planet pela Image Comics, com Jane sendo um dos roteiristas. A história conta sobre um meteorito que cai na Terra atual, mas que possuía organismos alienígenas "aracnídeos" que começam a atacar os humanos e se multiplicar. É então que também chega a nosso planeta um outro extraterrestre, um guerreiro de outra espécie alien, que age tentando impedir a terrível invasão. A publicação de Bad Planet é bastante conturbada. O volume 1 saiu em 2005, mas o volume 6 (que encerra o primeiro arco) saiu apenas em 2008. Os criadores iniciaram a publicação do segundo arco de histórias com mais 6 edições (a saga foi prevista em 12 revistas desde o começo), porém até hoje apenas os números 7 (em 2012) e 8 (em 2013) saíram. Tim e Thomas dizem que ainda procuram financiadores para finalizar a história...


Tyrese Gibson - além de cantor e ator da longa franquia de filmes Velozes e Furiosos, Tyrese também já foi co-roteirista de quadrinhos. Em 2009 ele criou o super-herói Mayhem e lançou uma minissérie de mesmo nome em 3 edições pela Image Comics. A história é sobre Dante, um vigilante afrodescendente mascarado que atua na cidade de Los Angeles lutando contra o crime, representado principalmente pelo chefe do crime local Big X. Mayhem! teve vendas ruins e foi mal avaliado pela crítica, sendo o quadrinho de pior desempenho desta lista.


Brian Posehn - embora já tenha atuado em vários filmes - sempre em pequenas participações - imagino que você só reconhecerá Brian como o geólogo Bert no seriado The Big Bang Theory, seu mais famoso personagem em live-action (já que ele também deu vozes a vários personagens de animação). Porém, há um motivo muito especial para que ele encerre essa lista: Brian Posehn é de longe dentre os atores que citei quem mais escreveu obras em quadrinhos... afinal ele foi "o" escritor das revistas de Deadpool, da Marvel Comics, de 2012 a 2015. Foram 45 edições mensais, e mais a minissérie de 7 edições Deadpool: Dracula's Gauntlet. Você sabia disso? Deixe nos comentários se foi o caso!





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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Não se despeça de 2020 antes de saber de grandes novidades no universo de Asterix!


O genial Asterix está entre minhas franquias de quadrinhos favoritas, e certamente é uma das melhores obras escritas "para todas as idades" de todos os tempos. Se você tem criança, apresente Asterix a ela. Os intrépidos gauleses foram importantíssimos para eu adquirir o gosto na leitura que perdura até hoje.

Sem publicações no Brasil há alguns anos (a Panini obteve os direitos de publicação para o Brasil na metade de 2019 mas até hoje não publicou nada... aliás sequer fez comunicado oficial a respeito), é assustador perceber que Asterix sumiu também da mídia nacional. Cabe então ao Cinema Vírgula deixar os brasileiros atualizados sobre o tema (e não custa relembrar que eu publiquei um artigo com 3 novidades de Asterix também no ano passado. Clique aqui para rever).


E o meu "resumão" de notícias de Asterix para 2020 também conta com três itens.

O primeiro dele, muito triste, é que em Março o desenhista de quadrinhos Albert Uderzo nos deixou após um ataque cardíaco enquanto dormia, aos 92 anos, e se juntou no Céu com grande amigo, o escritor René Goscinny, falecido em 1977.

A dupla, mundialmente famosa pela criação e publicação de Asterix o Gaulês, teve seu último trabalho conjunto publicado em 2009, naquele que seria o 34º álbum da série, intitulado O Aniversário de Astérix e Obélix - O Livro de Ouro. Uma obra, aliás, bem diferente de todas as outras edições, já que mal tinha uma história em quadrinhos, era mais uma grande homenagem e resumo de todos os principais personagens das aventuras anteriores. Tudo indicava que não veríamos mais nada de novo da dupla... o que nos leva a segunda notícia:


Em Outubro de 2020 foi publicado na Europa o livro Le Menhir d' Or (O Menir de Ouro, em tradução livre). Não se trata de uma quadrinização, e sim de um livro ilustrado, assim como já aconteceu em outras obras de Asterix, como Os 12 Trabalhos de Asterix (1976) e O Segredo da Poção Mágica (2019).

Se trata da transcrição de um áudio-livro de 1967 (em disco de vinil), cuja foto se encontra lá em cima, abrindo o artigo. Na trama, o bardo Chatotorix resolve participar do concurso anual dos músicos gauleses, cujo prêmio principal se chama "Menir de Ouro" e cuja cerimônia será na Floresta dos Carnutes. Chatotorix é acompanhado por Asterix e Obelix e, após sua apresentação, é sequestrado pelos romanos, pois eles têm um general que gostaria de ouvir músicas gaulesas. Ou seja, de certa forma temos uma história que mistura elementos de HQs anteriores: Asterix e os Godos (1963) e Asterix Gladiador (1964). Mas mesmo sendo uma trama "reciclada", não importa: são textos de Goscinny e desenhos de Uderzo que ninguém tem contato há mais de 50 anos, e isso merece ser comemorado pelos os fãs!

Ah, e a experiência planejada pelos autores em 1967 pode ser revivida em 2020: no site oficial de Asterix você pode baixar e ouvir o áudio-livro (em Francês). Só clicar aqui.


A terceira e última novidade é que Ideiafix, o simpático cachorrinho de Obelix, foi um dos assuntos da revista Asterix Max! deste mês de Dezembro (revista que é publicada de maneira semestral na França desde 2016 pela editora Hachette).

A revista contém uma historia de quadrinhos inédita, com Ideiafix como protagonista! O conto é escrito por Matthieu Choquet e desenhado por Jean Bastide (este último é o atual desenhista de Bill, o cachorrinho de Boule & Bill, que já apresentei e recomendei por aqui). Ah: e a história é sobre uma epidemia de soluços(!??) que está acontecendo na Lutécia (como Paris se chamava na época dos gauleses).

E tem mais: o quadrinho surgiu para promover Idéfix et les Irréductibles, uma animação em 3D que irá estrear em 2021 em algum dos canais públicos de TV da France Télévisions. Já existem 52 episódios programados, e surpreendentemente o programa promete mostrar as aventuras de Ideiafix antes de conhecer Obelix... o desenho começará 2 anos antes do primeiro encontro da dupla!

Não sei quando (e se) os desenhos de Ideiafix serão distribuídos para o Brasil e o restante do mundo. Mas seria uma excelente maneira de fazer as pessoas de fora da Europa (re-)conhecerem Asterix, e também se divertirem com um cachorrinho bem inteligente que chora desesperadamente cada vez que vê uma árvore derrubada. Querem um símbolo melhor que esse para os tempos atuais?

 




Atualização 03/01: o atual escritor de Asterix, Jean-Yves Ferri, anunciou hoje mesmo a data para o novo álbum, que será o 39ª da coleção: 21 de Outubro de 2021. O nome da futura edição não foi revelado, mas sabemos que será uma aventura de "viagens", ou seja, não se passará na aldeia.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...