sábado, 22 de junho de 2019

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

TítuloI Am Mother (idem, Austrália, 2019)
Diretor: Grant Sputore
Atores principais: Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, Rose Byrne, Tahlia Sturzaker
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=iVMUv5KJF64 (obs: vai te dar alguns spoilers)
Nota: 7,5

Ótima história de ficção científica, que merecia maior refinamento

Se na maioria dos seus filmes originais a Netflix ainda derrapa bastante, pelo menos no gênero de ficção científica ela nos oferece ocasionalmente excelentes surpresas. Isso aconteceu ano passado com o ótimo e perturbador Aniquilação, e se repete agora com este muito bom I Am Mother ("Eu sou Mãe", em tradução livre).

Na trama, no primeiro minuto aprendemos que a humanidade como conhecemos se extinguiu. E então um protegido prédio de "reinício da humanidade" é ligado. Nele, um robô em formato humano, que se autodenomina "Mãe", pega um embrião humano congelado, e o faz nascer como bebê, acompanhando e cuidando de seu desenvolvimento. Os anos passam, e já como adolescente a "Filha" (Clara Ruggard) começa a questionar o mundo que vive... E aumentando ainda mais os conflitos, robô e filha encontram a "Mulher" (Hillary Swank), que aparece ferida vindo do mundo exterior. Sua chegada é o gatilho para vários conflitos.

Como toda boa obra de ficção científica, I Am Mother questiona valores atuais e nos faz pensar sobre o futuro: Seria a humanidade intrinsecamente ruim? O que é uma mãe? Um robô pode ser uma mãe? Uma inteligência artificial pode ter sentimentos? Tudo isso se encontra no filme, o que é ótimo, e certamente nos leva a pensar.

Entretanto, I Am Mother traz todos estes questionamentos de maneira superficial; mais do que qualquer coisa, temos um filme de suspense, com pitadas de ação e praticamente nenhum tempo para reflexão. É aí que I Am Mother perde pontos.

Não que esta falta de profundidade prejudique o filme de maneira significativa, ou que a direção de Grant Sputore (que estréia como roteirista e diretor) não seja boa. Pelo contrário, a história é instigante e as cenas de suspense são muito bem executadas... enquadramento, trilha sonora, tudo funciona muito bem! Porém faltou a I Am Mother ir além das imagens: o que a "Filha" realmente estava pensando, sentindo? E quanto a "Mulher"? A talentosíssima Hillary Swank fica subaproveitada no filme... Nenhum personagem recebe um aprofundamento decente.

Outro ponto que poderia ser melhor desenvolvido são as "surpresas" no roteiro: a história conta com várias (e algumas excelentes) reviravoltas, porém o filme dá tantas dicas do que vai acontecer que adivinhamos as cenas seguintes sem muitos choques. Pelo menos a maior das surpresas é realmente boa e inesperada.

Um exemplo definitivo para esta falta de refinamento é a excelente metáfora feita com o cachorro, que é tão rápida que é muito difícil perceber durante o filme (só a entendi depois, lendo textos na Internet). O final de  I Am Mother, alias, é bom, diferente, porém de não tão fácil entendimento. Após este texto, em meu "PS", explico estes dois pontos para não dar spoiler aqui.

I Am Mother é outra grata surpresa de ficção científica no catálogo da Netflix. Ainda que lhe falte um pouco de "emoção" e desenvolvimento, seu resultado final é bem acima da média, trazendo reflexões e surpresas assustadoras. Certamente irá empolgar qualquer fã do gênero. Nota: 7,5


PS: (cuidado, não leia se não quiser spoilers)
No final do filme, descobrimos que a "Mulher" é a criança número 1, e que até o fim de sua vida se mostrou demasiado egoísta. Já a "Filha" provou se preocupar com o próximo acima de tudo, e é por isso que a "Mãe" se retira da estação para que a "Filha" cuide de reiniciar a humanidade; até este momento a "Mãe" está convencida que sua "Filha" é uma humana digna (e bem melhor que os outros humanos) para a tarefa.

A tal metáfora com o cão, é que embora nós os amemos verdadeiramente, somos nós quem decidimos o que é bom ou não para eles...  não importa o que eles querem... nós sabemos o que é para seu "bem" ou "não". E é exatamente esta postura que a "Mãe" tem com a humanidade. Ela nos ama. Mas nós somos seus bichos de estimação. Chocante, não?

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