quinta-feira, 3 de março de 2022

Crítica - No Ritmo do Coração (2021)

Título: No Ritmo do Coração ("CODA", Canadá / EUA / França, 2021)
Diretora: Siân Heder
Atores principaisEmilia Jones, Troy Kotsur, Daniel Durant, Marlee Matlin, Eugenio Derbez, Ferdia Walsh-Peelo, Amy Forsyth
Nota: 7,0

Misture drama, amor, comédia e música e obtenha algo muito bom para assistir em uma época tão pessimista e doente

Eu jamais iria assistir um filme com o nome brega de No Ritmo do Coração se o mesmo não chamasse a minha atenção por ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme. Portanto, já começo esta crítica "homenageando" aos idiotas que traduzem os nomes dos filmes aqui no Brasil com este meu texto de 2014 (clique aqui para ler). O título original desta obra cinematográfica é CODA, que na verdade é uma sigla para Child Of Deaf Adults ("filho de pais surdos" em tradução livre), que aí sim, reflete exatamente o que o filme se trata.

Afinal, No Ritmo do Coração conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma adolescente que faz parte de em uma família estadunidense de pobres pescadores. Seu pai Frank (Troy Kotsur), sua mãe Jackie (Marlee Matlin) e seu irmão mais velho Leo (Daniel Durant) são todos surdos (e também o são na vida real), e então cabe a Ruby ser o "elo" da família com o restante do mundo, intermediando / "traduzindo" diálogos da sua família para outras pessoas e vice-versa.

Em seu início, o filme parece um típico romance adolescente dos EUA, com direito a inocente e "diferente" protagonista sofrer bullying de todos da turma (aliás, reconheço que o bullying escolar é fortíssimo na cultura estadunidense... mas uma escola inteira zoar Ruby porque seus pais - e não ela - são surdos já achei forçado). Porém, felizmente, No Ritmo do Coração muda o foco e conta outra história.

No Ritmo do Coração mostra a dificuldade e preconceito diários que toda uma família de surdos sofre, marginalizando-os na sociedade em todos os aspectos. Por outro lado, há o drama de Ruby,  que sonha em sair de casa, fazer uma faculdade, porém fica "presa" aos seus pais já que os mesmos dependem da audição dela no trabalho da família; some-se a isso episódios em o filme mostra que Ruby precisa se adaptar a condição de seus pais e irmãos, mas nunca o contrário.

E tudo isso não é contado com apenas drama. Temos também várias cenas bem engraçadas, algum romance, e... música. Quando canta, a protagonista Emilia Jones manda muito bem, bastante impressionante. Alias, que grande trabalho desta britânica de 20 anos: além de estar atuando bem, cantando muito bem, ao contrário dos demais atores ela teve que aprender a linguagem de sinais de modo acelerado (e convincente) em poucos meses.

No Ritmo do Coração não recebe nota maior minha porque não gostei da maneira com que seu desfecho é montado... tudo se resolve de maneira demasiadamente simples e bem abrupta. Ainda assim, é um final bonito, que vale a pena. Aliás, o filme todo é um filme emocionalmente belo de se ver... em uma época onde vemos tanta notícia ruim e tanta maldade em todos os lados, chega a ser uma terapia quase que obrigatória assistir No Ritmo do Coração. Ver pequenos gestos de amor, gentileza, inocência, a beleza que existe por trás do canto e da música. Chegou até a me reestabelecer um pouco de fé na humanidade por algumas horas. Nota: 7,0.

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