domingo, 20 de agosto de 2023

Goscinny + Uderzo = Asterix, Umpa-Pá, João Pistolão (?!) e muito mais!

Os geniais Uderzo (a esq.) e Goscinny (a dir.)

O escritor René Goscinny (1926 - 1977) e o desenhista Albert Uderzo (1927 - 2020) foram sem dúvida gênios dos quadrinhos. Esta dupla de quadrinistas franceses ganhou fama mundial graças a sua criação máxima, o intrépido gaulês Asterix, de 1959. Porém Asterix não foi seu único trabalho juntos, e sim o último. Pois desde 1951, quando eles se conheceram, foram vários outros projetos até conseguirem enfim estabelecer a sua obra de grande sucesso. Vamos então conhecer aqui algumas das outras criações que "ficaram pelo caminho"...

Por exemplo, de 1954 a 1957 eles fizeram Luc Junior, um jovem repórter que em suas investigações sempre se envolvia em grandes aventuras, junto com seu amigo Alphonse... Em 1957 eles assumiram um título de outro autor - Benjamin et Benjamine - que foi criado em 1956 por Christian Godard. As histórias eram aventuras bem humoradas de um jovem casal, e juntos a dupla de autores publicaram os 4 últimos álbuns da série.



Nos anos de 1957-1958, pela revista semanal belga Tintin (que foi criada em 1946 para popularizar as histórias do famoso personagem de mesmo nome), Goscinny e Uderzo publicariam várias histórias de Poussin et Poussif. Poussin era um bebê que estava sempre aprontando, tentando fugir, e Poussif um cachorro que sempre tentava resgatar a criança do descuido de seus pais. Claro que no final, sempre era o pobre Poussif que levava a culpa de tudo. Segue abaixo uma rara imagem de uma página de Poussin et Poussif.


E não foram só estas. Ainda houve várias outras participações conjuntas, que nem vou citar aqui para não me alongar muito. A questão é que nenhum dos títulos acima jamais teve tradução para a língua portuguesa. Porém, além de Asteríx, pelo menos duas outras obras relevantes de Goscinny e Uderzo foram adaptadas para nosso idioma! Tratam-se de Umpa-Pá e... João Pistolão. Portanto, agora este artigo irá apresentar (ou relembrar) um pouco mais do indígena Umpa-Pá e do corsário João Pistolão.


João Pistolão (Jehan Pistolet - 1952)

Sendo a primeira colaboração conjunta de Goscinny e Uderzo que conseguiu virar uma série, João Pistolão (Jehan Pistolet) começou de maneira bem modesta em 1952, como tiras do jornal diário belga La Libre Belgique. Em 1954 o título foi publicado na revista publicitária Pistolin, e para não haver confusão de nome com a própria revista, a série mudou de nome para Jehan Soupolet. Depois, nos anos 1961 e 1962, Jehan Pistolet voltaria, mas apenas como republicações, nas páginas da famosa Pilote (a revista semanal de quadrinhos onde Asterix havia nascido e já era seu grande nome).


Na história João Pistolão é um jovem garçom de uma pousada em Nantes, que sempre sonhou com aventuras de piratas, e resolve reunir seus amigos para montar um barco e se tornar um Corsário (piratas contratados por governos) a serviço da França (uma trama levemente parecida com One Piece rs).

E apesar de uma tripulação totalmente inexperiente e formada apenas por cidadãos comuns, ele acaba realizando seu sonho... para acabar enfrentando os mais atrapalhados apuros, sempre com bastante humor. Foram 5 álbuns no total, cujo nomes são: João Pistolão, Corsário Prodigioso, João Pistolão, Corsário de El-Rei, João Pistolão e o Espião, João Pistolão na América, João Pistolão e Sábio Louco.

Embora tenham sido publicadas em Português, as aventuras de João Pistolão não chegaram ao Brasil. A página da imagem acima foi extraída de uma edição portuguesa.


Umpa-pá (Oumpah-Pah - 1958 a 1962)

Já Umpa-pá possui uma característica diferente de todos os outros títulos que apresentei até agora: note pela sua data de publicação, que ele é contemporâneo à Asterix. Porém, quando o pequeno Gaulês começou a fazer bastante sucesso, a dupla resolveu encerrar esta série e focar as suas energias na sua obra mais popular.

Infelizmente há muito tempo fora das bancas e livrarias brasileiras, Umpa-pá já foi publicado inteiro por aqui duas vezes: primeiro na década de 60, pela Editorial Bruguera, e depois na década de 80, pela Editora Record. A boa notícia é que dá para encontrar todo o material de Umpa-pá para se baixar em sites de scans de gibis pela internet. Curiosidade: quando publicada pela primeira vez no Brasil, a revista (e o personagem) se chamavam Humpá-Pá.


As histórias contam as aventuras do indígena Umpa-Pá e do oficial francês Humberto Milfolhas, e a série se passa no século XVIII, durante a época da colonização francesa na América do Norte (mais especificamente no Canadá). De maneira razoavelmente similar a Asterix, Umpá-Pá possui uma força e resistência acima do normal (embora não chegue a ser "sobrenaturais", ele diz que o segredo de sua força é sua dieta baseada em pemicã). Humberto (e os demais franceses) usavam aquelas perucas brancas da época, e até por isso Umpa-Pá também chamava seu amigo de "escalpo duplo".

Foram 5 volumes: Umpa-Pá o Pele-vermelha, Umpa-Pá em Pé de Guerra, Umpa-Pá e os Piratas, Umpa-Pá - a Mensagem Secreta e Umpa-Pá Contra Bílis-Cão. Umpa-Pá na verdade foi a primeira criação conjunta de Goscinny e Uderzo, em 1951; porém na época a dupla não conseguiu encontrar nenhuma editora com interesse em publicá-la. Foi só muitos anos depois que o heróico nativo americano pode ser conhecido pelo grande público.

Imagens da primeira versão de Umpa-Pá, nunca publicada

E aí, quais destas obras vocês já conheciam? Escrevam nos comentários!

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