Mostrando postagens com marcador exclusivo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador exclusivo. Mostrar todas as postagens

sábado, 21 de setembro de 2024

Especial: 35 anos do Master System no Brasil (com direito a recorde Mundial!)

Neste mês de Setembro o saudoso videogame de 8-bits da SEGA, o Master System, completou 35 anos de lançamento em terras brasileiras. Para ser mais exato, ele foi lançado no Brasil no dia 04/09/1989 pela empresa Tectoy.

Globalmente, o Master System perdeu o duelo contra o rival NES / Famicom, da Nintendo, fracassando especialmente nos dois maiores mercados de games: Japão e EUA (e ainda assim, nos EUA conseguiu vender o dobro do americano Atari 7800). Porém na Europa as coisas foram diferentes... lá o Master System praticamente dividiu 50 a 50% as vendas com o Nintendinho; a Austrália e a Coréia do Sul foram outros dois locais onde este console da SEGA seria bem popular. Mas o local do planeta onde o Master System mais brilhou foi o Brasil!

Até hoje, as vendas do console do Master System estão em cerca de 18 milhões de cópias, sendo que no Brasil foram mais de 8 milhões! Agora prestem atenção no "até hoje": sim, pois o Master System continua sendo produzido e vendido por aqui! Ainda que desde a versão "Master System 3 Collection 120 jogos" de 2005, o videogame comerciado não aceite mais cartuchos e apenas rode os jogos embutidos na memória do console, Master System é um videogame que está sendo produzido ininterruptamente em um mesmo país há 35 anos, e isso é um recorde mundial, algo sem precedentes no mercado dos games!


Porque o Master System virou um sucesso nacional e os "milagres" da Tectoy

Há um nome para explicar porque o Master System virou mania por aqui e se tornar o mais brasileiro dentre todos os consoles internacionais: Tectoy. Esta empresa nacional de brinquedos eletrônicos, criada apenas dois anos antes de trazer o Master System para cá, não só investiu de maneira agressiva e acertada em marketing como também agregou vários produtos ao console que, para o contexto nacional da época, eram inimagináveis. Se levarmos em conta os desafios técnicos, e também o quanto a SEGA (e as empresas japonesas em geral) eram resistentes a qualquer modificação em seus produtos originais, as realizações da Tectoy foram praticamente "milagres".

A propaganda do Phantasy Star em Português, de duas páginas, que se espalhou por diversas revistas cotidianas do país

Sua primeira façanha técnica foi em 1991 traduzir o extenso Phantasy Star para o português. A novidade era tão grande que a Tectoy também teve que explicar para o público nacional o que era um jogo de Role Playing Game. O passo seguinte foi, além de traduzir jogos, também modificar completamente seus gráficos e história, adaptando-os para personagens nacionais. Daí sugiram por exemplo jogos como Mônica no Castelo do Dragão (1991) e Geraldinho (1994) - respectivamente modificações de Wonder Boy in Monster Land e Teddy Boy - dentre outros.

Duas fotos do Phantasy Star em Português; e em seguida, Mônica no Castelo do Dragão e Geraldinho

Para aumentar o catalogo de jogos disponíveis para o Master System, a Tectoy começou também a trazer jogos convertidos do portátil Game Gear. Foram mais de 10 jogos trazidos nesse formato, dentre eles os excelentes Dynamite Headdy (1995) e Legend of Illusion starring Mickey Mouse (1998).

Mas a Tectoy não parava! Ela também começou a fazer jogos originais, com desenvolvedores nacionais, e baseados principalmente em programas infantis. Por exemplo, tivemos o lançamento de Férias Frustradas do Pica-Pau (1996) e Castelo Rá-Tim-Bum (1997) dentre outros.

Dynamite Headdy, Legend of Illusion, Férias Frustradas do Pica-Pau e Castelo Rá-Tim-Bum

E para finalizar os "milagres" da Tectoy, encerro com dois jogos de franquias internacionais que acabaram virando exclusividades do Master System nacional e eram também uma resposta direta ao Nintendinho:

Battlemaniacs (1994) é um jogo que foi inicialmente desenvolvido pela Virgin para ser lançado na Europa como conversão do jogo Battletoads in Battlemaniacs do SNES, mas que foi cancelado, e mesmo não estando 100% finalizado, como era jogável a Tectoy comprou seus direitos e lançou o jogo mesmo assim; o mega surpreendente Street Fighter II’ (1997), outro jogo feito pelos brasileiros da Tectoy, resultado de 7 meses de desenvolvimento. Ainda que sua jogabilidade deixe um bocado a desejar, Street Fighter II’ foi uma verdadeira façanha técnica para um console de 8-Bits, e o jogo se tornou o único do Master System a ter 8 Megabits de tamanho (todos os demais tinham no máximo até 4 Mb).

Acima: Battlemaniacs; embaixo: Street Fighter II’ 


Curiosidade: entenda porque este videogame se chama Master System

No Japão, o console foi lançado em 1985 como Sega Mark III, sendo ele a 2ª evolução do SG-1000, de 1983. Quando a SEGA resolveu lançar seu videogame para o mercado estadunidense, a idéia foi promover uma mudança completa: para melhor conquistar o mercado americano, os japoneses estavam dispostos a mudar tanto o nome quanto o visual de seu produto.

O SEGA Mark III, de 1985

Em termos de visual, o videogame ganhou um aspecto "futurista", e o nome escolhido, dentre algumas opções, foi "Master System". Os motivos apresentados foram: soava parecido com a alteração que sua rival Nintendo fez para seu videogame (que mudou o nome de Famicom para Nintendo Entertainment System - NES); além disso, "Master" ("Mestre"), era uma referência à natureza competitiva tanto da indústria de videogames quanto das artes marciais, onde só pode haver um "Mestre".

O plano inicial era fazer jus a alcunha de "Sistema Mestre" e vender um produto completo, único, superior. Portanto, ao comprar o SEGA Master System nos EUA em seu lançamento (1986) você comprava um conjunto inicial que continha o console denominado "Power Base" + 2 controles + a pistola "Light gun" e mais um cartucho com dois jogos: Hang-On e Safari Hunt.

Só que no final das contas, eles também acabaram lançando lá a versão "Base System", que deixou tudo um pouco confuso e o nome escolhido perdeu um pouco de sentido rs.

A versão "Base System", mais barata, não vinha com a pistola, nem com jogos inclusos

De qualquer forma, anos depois, o Master System (com esse visual que conhecemos) também passou a ser vendido no Japão, com o mesmo hardware do Mark III, porém com o chip de som YM2413 FM embutido (antes este chip só poderia ser colocado à parte no Mark III, como acessório).

O chip de som FM do Master System melhora em muito a qualidade sonora do console, e cerca de 60 de seus jogos tiveram trilha sonora desenvolvida especialmente para tirar proveito deste chip. Porém, infelizmente, o YM2413 FM ficou restrito a consoles do Master System japonês e coreano. Nem no Brasil ele chegou. Se tem uma única coisa que a Tectoy não nos presenteou, foi essa.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Especial Michael Jackson 15 anos - Os Jackson Five foram (muito) mais talentosos e famosos do que você se lembra


Hoje, 25 de junho de 2024 faz exatos 15 anos da morte de Michael Jackson, e em sua homenagem postarei dois artigos sobre ele neste ano. Este aqui, e um no dia 29 de agosto, data em que ele faria aniversário.

Não há dúvida que dentre todos os integrantes do The Jackson 5 (que posteriormente foi rebatizado para The Jacksons), Michael Jackson foi sua maior e mais talentosa estrela. Michael foi certamente o maior artista musical dos anos 80, e ainda é um dos maiores artistas musicais de entretenimento de todos os tempos.

Porém, os The Jackson 5 também tinham muito talento em seus outros integrantes. E também fizeram bastante sucesso antes do Michael adulto. A estréia do grupo com o álbum Diana Ross Presents The Jackson 5 (1969) pegou o mundo da música de surpresa (até porque nessa época a média de idade do quinteto era de 12 anos), e por exemplo, em seus dois primeiros anos de carreira os Jackson Five já conseguiram emplacar 4 músicas como #1 nas paradas estadunidenses. 


No apresentação acima, de 1975, podemos ver um pouco do talento musical de todos os irmãos. Os Jacksons vão em um programa da Cher e, junto com ela, cantam um medley de alguns de seus sucessos. Pode se repararar o quanto todos são bem afinados (e ao mesmo tempo que dançam e tocam!). Uma curiosidade: no vídeo podemos ver Michael fazendo a "dança do robô", passo que ele usava bastante no seu período adolescente, mas que abandonou em sua fase adulta solo.

E... voltando um pouco no tempo: aproveitando o enorme apelo popular da época, especialmente entre os jovens, a gravadora Motown (famosa por seus artistas afro-americanos) fez dos Jackson 5 seu principal e mais lucrativo produto de marketing, vendendo adesivos, pôsteres, livros para colorir, brinquedos, e até... um desenho animado! Como se pode ver abaixo, o desenho era um bocado psicodélico, além de ter algumas coisas "curiosas", como Michael ter dois camundongos e uma cobra de estimação. Como a agenda do quinteto estava sempre lotada, não foram eles que fizeram as dublagens, e sim, atores profissionais. Foram 23 episódios em 2 temporadas, exibidos nos EUA pelo canal ABC aos sábados de manhã. A seguir um episódio completo em português. Ser cantor e ter desenho próprio não era pra qualquer um... ainda mais nos anos 70.


E finalmente, vamos mais uma vez ao que talvez mais importa neste artigo: demonstrações de que todos os irmãos Jacksons tinham bastante talento. No vídeo abaixo, mais raro e também de 1975, o grupo vai se apresentar no The Carol Burnett Show. Porém, diferentemente da apresentação feita no programa da Cher, aqui o objetivo é de fato apresentar os integrantes de banda, e alías, com dois bônus: eles também apresentam os ainda mais novos integrantes da família para o mundo musical, os irmãos Randy e Janet Jackson. Os pequenos encerram a apresentação cantando apenas eles dois juntos.


Curiosamente Randy substituiria o irmão mais velho Jermanie no grupo meses depois, após este deixar a banda ao recusar a mudar de gravadora e também tentar fazer sua carreira solo. Já Janet, bem, ela começou aparecendo na TV em um show de variedades com seus irmãos (Sim! Embora tenha durado apenas 12 episódios entre 1976 e 77, os The Jacksons também tiveram uma série de TV, além do desenho animado!), depois ela fez mais algumas participações em seriados diversos, até que em 1982 estreou musicalmente já adulta, via carreira solo. Ela se tornou muito bem sucedida e só ficou atrás em fama e sucesso do seu irmão Michael.


E para encerrar o artigo, mais imagens raras para vocês ;)


Nestas imagens, temos duas esquetes de um episódio de 1977 do The Jacksons Variety Show. Na imagem de cima, os irmãos Jacksons e outros dançarinos fazem o quadro "Cisco Kid". Já abaixo, Michael interage com a atriz Georgia Engel.


E finalizando, imagem com o letreiro tradicional do show de variedades onde os irmãos cantavam e faziam entrevistas ao vivo.






Contemplem o hoje raro jogo de tabuleiro do Jackson 5! Se quiserem me presentear com um desses, fiquem a vontade! ;)

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Conheça a série de livros A Sétima Torre, a (hoje desconhecida) franquia bancada por George Lucas e que poderia ter sido o novo Star Wars

Um gênio dos cinemas, George Lucas foi muito mais genial para fazer dinheiro, montando sua fortuna principalmente com os mais variados produtos licenciados de suas franquias. Tamanha era a importância dos lucros com brinquedos, roupas, etc, que elas exigiram algum acompanhamento e controle do famoso diretor por toda sua vida. Não à toa que até mesmo para distribuir livros e quadrinhos relativos as suas propriedades intelectuais ele criou uma empresa própria, a Lucas Books (hoje Disney–Lucasfilm Press).

Desde sua fundação, por décadas a Lucas Books somente publicou ou licenciou obras dos mundos de George Lucas, mais notadamente Star Wars e Indiana Jones. Eis então que no final dos anos 90 algo inédito e surpreendente iria acontecer...


O novo Star Wars?

Impressionado pelo livro de fantasia Sabriel, publicado em 1995 pelo autor australiano Garth Nix (que futuramente se tornaria o primeiro livro da franquia The Old Kingdom, série que até hoje continua em andamento), George Lucas resolve contatá-lo para criar uma nova série de fantasia... "uma série de livros que poderia virar uma série de TV ou filmes".

Garth Nix

Então a LucasFilm lhe envia uma lista com cerca de 40 itens que eles gostariam de ver na história, os quais Nix recusa, dizendo ser impossível conciliar aqueles temas. Em retorno, ele envia um esboço para a história da série como um todo, e uma breve descrição do mundo em que ela aconteceria. E, como resultado, a companhia acabou gostando do que viu, prometendo liberdade criativa a Garth Nix e fechando contrato. Nascia então A Sétima Torre.

Quando o primeiro livro da série A Sétima Torre - A Queda - saiu em 2000 pela Lucas Books, ele foi anunciado nos EUA como sendo o primeiro livro de uma nova série infanto-juvenil. A saga completa é composta por 6 livros no total: A Queda (2000), O Castelo (2000), Aenir (2001), Acima do Véu (2001), Em Guerra (2001) e A Grande Pedra Violeta (2001).

Embora a série de livros não tenha sido um fracasso de vendas nos EUA, ela ficou bem longe do sucesso esperado, e talvez por isso nunca ouvi falar de qualquer plano para transportá-la para os cinemas. Mas isto não impediu a editora Nova Fronteira, ao iniciar o lançamento da série de livros aqui no Brasil, a partir de 2002, propagandear os livros como sendo "a série planejada por George Lucas para suceder Star Wars". Na imagem título deste artigo temos duas versões do Vol 1. de A Sétima Torre: à esquerda a versão inicial de 2002, e à direita uma edição mais recente, vários anos depois.


A Sétima Torre - Do que se trata?

Na série conhecemos Tal, um garoto de 11 anos que mora dentro de um gigante castelo de 7 torres. Porém este não é um castelo comum, na verdade, se trata de um mini-mundo fechado que abriga toda uma sociedade dividida em castas, sendo que Tal pertence a uma das classes (torres) mais humildes. Além disto, o castelo está em mundo envolto por um espesso véu, para proteger do seu Sol, o qual supostamente sua luz e calor seriam fortes demais para a vida. Portanto, um dos bens mais valiosos daquele mundo são as Pedras do Sol, pedras mágicas utilizadas para várias utilidades, dentre elas a de aquecer e iluminar.

Outra característica curiosa deste mundo é que ao nascerem, os habitantes do castelo são avaliados e, caso passem por alguns testes, são "escolhidos" e ligados a um ser de sombra, seres estes que são vivos, independentes, e tornam seus companheiros. E Tal foi um destes escolhidos. Quando criança, os habitantes "escolhidos" recebem uma sombra "pequena", que os acompanham até eles chegarem a adolescência. É então que, nesta idade, eles precisam entrar no mundo dos espíritos de nome Aenir, para capturar uma sombra maior, definitiva, que os acompanhará durante toda a vida, até sua morte.

Depois de alguns conflitos, e ainda no primeiro livro, Tal acaba caindo fora do castelo, e é resgatado daquele ambiente escuro e frio por Milla, uma menina pertencente à sociedade dos Homens-do-gelo, universo completamente alheio ao mundo-de-dentro-do-castelo. É então que a jovem dupla se torna os protagonistas desta série de seis livros que é A Sétima Torre.


O Veredito

Já faz mais de 10 anos que li os seis livros de A Sétima Torre, então não consigo lembrar em detalhes o quão bom ele é ou não. Porém, em linhas gerais, lembro que me diverti bastante lendo os livros desta saga, só não gostei tanto do desfecho, que achei um pouco maniqueísta e Deus ex machina, o que aliás, não é incomum nem estranho para se encontrar em livros infanto-juvenil (vide por exemplo a saga Harry Potter). Então, fica o convite para você mesmo ler esta curiosa, interessante e esquecida saga e tirar suas próprias conclusões. Atualmente é possível ler os livros comprando-os usados em sebos e lojas virtuais, ou então, procurando por scans dos mesmos em sites da internet.

Verso do Vol. 1 nacional, com direito a "carteirada" de George Lucas

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Conheça Hitman - a HQ precursora de The Boys - que agora está completa no Brasil e é a verdadeira obra prima de Garth Ennis


O grande criador e roteirista de quadrinhos norte-irlandês Garth Ennis é mundialmente conhecido pelos seus trabalhos com Preacher, suas marcantes passagens pelas revistas do Justiceiro (The Punisher) e Hellblazer, e mais recentemente com The Boys, que virou uma famosa série de TV.

Mas se a grande maioria das pessoas considera Preacher (que é realmente muito boa) como sua criação máxima, eu discordo. Para mim a melhor HQ de Ennis é Hitman, cujo personagem apareceu pela primeira vez num quadrinho da DC Comics em 1993, e ganhou sua revista própria mensal em Abril de 1996. Assim como The BoysHitman mistura muito humor com violência, mas que como veremos a seguir, também traz várias outras qualidades (além de ter surgido muitos anos antes de The Boys e ser muito superior a ele).

Na história de Hitman acompanhamos a vida de Tommy Monaghan, um ex-fuzileiro que mora no "Caldeirão", um bairro irlandês de Gotham City (sim, a mesma cidade do Batman). Porém um dia ele foi mordido por um parasita alienígena, e ao invés de morrer, acabou ganhando dois poderes: telepatia e visão de raios-x (sendo que este último deu o efeito colateral de deixar seus olhos completamente pretos). A partir de então Tommy, que já atuava como mercenário (por isso o nome de Hitman, que significa assassino de aluguel), passou a ser ainda melhor em sua profissão, inclusive se arriscando a matar super vilões. Ah sim: apesar de matar pessoas, Monaghan tem um curioso código de honra, e portanto ele só mata "gente ruim", ou seja, criminosos e vilões.

Na página 4 de sua primeira edição, enquanto ainda está se apresentando, Hitman mata uma equipe inteira de super-vilões, a "Shadow-Force". Quer algo mais pré-The Boys que isso?

Já no primeiro arco de histórias de sua revista mensal, Tommy é contratado para matar o Coringa, e lá vai o Batman para intervir e tentar salvar o Palhaço do Crime. Os dois heróis se estranham, claro, e na verdade o Coringa nem estava presente na jogada, tudo foi uma armação dos Arkannone, os "Lordes Infernais das Armas", que querem recrutar Tommy para seu exército o quanto antes, dado seu potencial assassino... especialmente manuseando pistolas e metralhadoras.

Enfrentar os Arkannone ou outros demônios é um tema recorrente em Hitman, porém temos outros assuntos recorrentes, como Tommy enfrentando mafiosos, histórias de guerra, histórias de assassinos profissionais; mas um tema especialmente frequente é... "bastidores". Em primeiro lugar, as histórias de Hitman mostram bastidores de Gotham City, em um segundo nível, do universo da DC Comics, e em terceiro nível, os bastidores do mundo dos quadrinhos em geral. E é por isso que este título é especialmente interessante não só para quem gosta de uma boa história de super-herói que une bastante humor, aventura e violência, mas também quem é fã do Batman e do universo das HQs. Por isso também vemos Tommy também em aventuras com personagens como Mulher-Gato, Superman, Lanterna Verde, Lobo e Etrigan, dentre outros.

E assim acompanhamos Hitman por 61 edições (e mais vários especiais), que também contam com temas bastante presentes nas melhores obras de Garth Ennis, como por exemplo, a cultura irlandesa, romance (de Tommy com a policial Deborah), amizade (com seu grande amigo Natt "Boné"), e humor nonsense. E por falar em nonsense, nada representa mais isso que os personagens Baytor e o grupo de heróis Seção 8.

Os integrantes da "temível" Seção 8 (para os vilões, claro!)

A Seção 8 é nada menos que um grupo de oito malucos, amigos de bar, que saem para lutar contra o crime. E obviamente, são os principais personagens cômicos da série. Eles não tem super poderes, mas cada um possui sua habilidade bizarra especial. Citarei três deles como exemplo: Sixpack (o gorduchinho do centro da foto acima) tem o "poder" de estar sempre bêbado, aguentar beber muito e ser bastante corajoso; o Defenestrador é um brutamontes especialista em arremessar os inimigos pela janela (daí seu nome), e o curioso é que ele sempre carrega uma "janela portátil" consigo para sempre poder dar seu golpe preferido; já o Maçaricão tem o "poder" de soldar cachorros mortos nos inimigos (sim, é essa bizarrice que você leu). Para saber detalhes dos oito personagens, você pode também clicar aqui e ver esta outra matéria).

Já Baytor é... bem, ele é o "Lorde Infernal da Insanidade", e em uma das aventuras de Monaghan, ele e alguns amigos descem ao Inferno e acabam encontrando Baytor, que por sua vez acaba seguindo o grupo de volta para a superfície da Terra quando a história acaba. Acontece que Baytor é tão insano, que nem é bom ou mau (mesmo sendo um Lorde do Inferno). Ele é um ser antropomórfico que sequer tem olhos ou nariz, e apenas fala (ou melhor, grita) o tempo todo: "Eu sou Baytor!!". E sem saber o que fazer com Baytor no nosso mundo, os amigos de Tommy acabam colocando ele para ser atendente de bar, como se vê abaixo.

Sou bem melhor que o Groot... Eu sou BAYTOR!

Mas apesar de ser divertidíssimo e da alta qualidade, Hitman também tem uns problemas... sendo escrito na década de 90, hoje ele está um pouco datado. Duplamente datado, eu diria: na obra você verá algumas críticas a cultura pop da época - especialmente a indústria das HQs - que eram específicas daquele momento temporal. O mesmo pode se dizer de algumas piadas, politicamente incorretas, que hoje já entendemos como de mal gosto.

Finalizando as apresentações, durante sua publicação, de certa forma Hitman venceu dois Eisner Awards (o "Oscar" dos quadrinhos). Pois em 1998 Garth Ennis venceu o prêmio de melhor escritor do ano pela soma de seus trabalhos (nos quais estavam sendo publicados Hitman e Preacher), e em 1999 a edição 34 de Hitman venceu o prêmio de "Melhor História em uma Edição". Nesta revista, vemos Tommy consolando o Superman após este não conseguir salvar um astronauta da morte (particularmente nem acho a história muito boa, é um bocado patriótica... enfim...).

E o melhor de tudo para quem quiser ler esta maravilha é que desde meados de 2023 a Panini lançou por aqui o 4º e último encadernado que cobre praticamente tudo o que foi publicado sobre o Hitman até hoje. São edições de luxo, capa dura, cerca de 400 páginas cada, e a coleção completa não só trazem todas as 61 edições mensais (pela primeira vez no Brasil!) como outras edições especiais, as quais incluem uma com sua origem, uma edição homenagem aos filmes faroeste de Sergio Leone, e encontros extras com Batman, Superman, Liga da Justiça e Lobo (esta história é imperdível para os fãs do Czarniano).

A foto do início deste artigo mostra a capa das duas primeiras edições encadernadas de luxo, e a foto abaixo mostra a capa das duas últimas edições, fechando a coleção. Os 4 volumes continuam sendo facilmente encontrados para compra em lojas virtuais. Fica a recomendação. ;)

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Conheça Megalópolis, o novo filme de Francis Coppola, que ele planejou por mais de 40 anos!!!


Para os cinéfilos de plantão, hoje, 16 de Maio, foi um dia especial. Afinal tivemos dentro do Festival de Cannes a primeira exibição pública do filme Megalópolis, escrito e dirigido pelo aclamado cineasta Francis Ford Coppola, a mesma mente por trás da trilogia de filmes de O Poderoso Chefão, e de Apocalypse Now.

É que este Megalópolis está longe de ser um filme qualquer. Em teoria, Coppola começou a planejá-lo no começo dos anos 80, logo após ter terminado Apocalypse Now, de 1979. E já no seu nascimento os problemas para realizá-lo começaram... como Apocalypse Now foi simplesmente um desastre em termos de estouro de orçamento e infinitos problemas de produção, os estúdios perderam a confiança no diretor estadunidense, e então eles não iriam se arriscar em bancar outro projeto megalomaníaco do mesmo.

Megalópolis se trata de uma ficção científica, onde em um futuro onde Nova York foi destruída, seu atual prefeito e um inovador arquiteto batalham por prestígio e por recuperá-la. Mais ainda, a história é ao mesmo tempo uma fábula baseada na Roma Antiga, então, boa parte dela (inclusive referências visuais e culturais) vêm desta época.

Segundo o cineasta, o mais perto que o projeto ficou de ser realizado foi em 2001, onde a pré-produção foi oficialmente iniciada e atores como Paul Newman, Uma Thurman, Robert De Niro, Nicolas Cage, Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, e Kevin Spacey chegaram a fazer alguns ensaios. Porém o ataque às torres do World Trade Center em setembro de 2001 cancelaram tudo. Não só pelo impacto logístico e financeiro, mas também, porque seria muito inadequado filmar algo sobre a destruição de Nova York depois daquela tragédia.

Megalópolis e Coppola em Cannes. Agora vai?

Afastado dos grandes estúdios de cinema há muitos anos, Francis Coppola filmou e produziu Megalópolis com seus próprios recursos. Diz ter gasto US$ 120 milhões, o que significa parte considerável de sua fortuna pessoal, e também, revela de modo surpreendente o quanto foi importante para ele ter este seu sonho realizado.

O filme conta com um elenco bem famoso, com nomes como Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Shia LaBeouf, Jon Voight, Jason Schwartzman, Talia Shire, Laurence Fishburne e Dustin Hoffman. E apesar de todos estes nomes  - inclusive o maior de todos, o dele mesmo, Coppola - ainda não é garantido que ele chegue por aqui.

Em Abril o filme foi apresentado para as grandes distribuidoras de cinema e streaming do planeta, e nenhuma se interessou em comprar os direitos de Megalópolis por acreditarem que ele não será um sucesso comercial. Por enquanto ele só tem distribuição garantida para alguns cinemas da Europa.

O próximo passo era ver se alguma grande distribuidora mudaria de idéia dependendo da reação do público, críticos e imprensa hoje... em Cannes. E a reação inicial foi... mista. A sessão inicial de Megalópolis terminou com o público aplaudindo o filme por quase 10 minutos, porém as críticas publicadas a seguir eram em geral "8 ou 80"... ou elogiando muito, ou falando muito mal, sendo mais pro segundo caso. Em geral indo na linha que o filme não é mesmo comercial, que é muito maluco, confuso, mas grandioso.

Por enquanto sigo curioso rs. E vocês? Abaixo segue o teaser oficial do filme, feito pelo próprio Coppola. Como vocês podem ver, ele tem os créditos da "American Zoetrope" que é justamente o estúdio de cinema criado por Francis Ford Coppola (décadas atrás) para produzir seus próprios filmes.


domingo, 12 de maio de 2024

Precisamos falar do seriado Hacks e de Jean Smart


Uma das melhores séries de comédia + drama que assisti nos últimos anos e que ainda faltava comentar aqui no Cinema Vírgula era Hacks (e que em algum momento também teve o nome traduzido para Medíocres, mas desistiram desse nome), do streaming Max (antigo HBO Max). Eu assisti suas duas primeiras temporadas (de 2021 e 2022) e adorei, mas como achava que o seriado havia se encerrado, acabei não escrevendo a respeito...

Mas eis que para minha surpresa a HBO renovou Hacks para uma terceira temporada, que acaba de estrear mundialmente! Então, bora comentar sobre esta série magnífica.

Hacks conta principalmente sobre a inusitada amizade e colaboração entre duas mulheres: Deborah Vance (Jean Smart), uma veterana e muito bem sucedida comediante, que já está há muitos anos como atração fixa de um cassino de Las Vegas, e que vê sua estabilidade em risco quando este cassino não quer mais renovar seu contrato, em detrimento de uma nova atração musical jovem; e Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma jovem e reconhecidamente talentosa escritora de comédias, porém que não consegue mais encontrar trabalho devido a um tweet insensível e de ser péssima para ser relacionar com pessoas. Após alguns eventos, o agente de Ava sugere para as duas trabalharem juntas, e com Deborah querendo montar um novo show com material totalmente inédito, a dupla acaba aceitando a parceria à contragosto, e elas começam a se aventurar juntas fazendo uma turnê pelos EUA.

Além das duas protagonistas, a trama principal conta com mais dois personagens importantes: "DJ" (Kaitlin Olson), a filha "problemática" de Deborah, e Marcus (Carl Clemons-Hopkins), empresário e "faz-tudo" de Deborah, bastante dedicado e competente, que entra em crise ao perceber que dedicou toda sua vida ao trabalho, e entra no dilema de querer mudar isso justamente quando a carreira de Deborah também entra em crise.

Hacks é um seriado que consegue o tempo todo misturar humor, drama, e cenas bem emocionantes. E as duas protagonistas estão o tempo todo lutando contra o sistema, brigando contra o machismo, contra o etarismo, ou simplesmente, brigando por fazer o que é o moralmente correto.

Mas além das justas lutas das protagonistas contra o mundo, ambas possuem seus problemas pessoais e emocionais, também muito bem abordados pelo roteiro. Ava tem problemas de comunicação com os pais, não consegue ter relacionamentos afetivos... Já a relação de Deborah com sua filha comove e é muito bem demonstrada, mostrando os dois lados da moeda. O melhor de tudo, entretanto, é mesmo Deborah Vance. Apesar da comediante ser vaidosa e egoísta (e ela é sim egoísta), ao mesmo tempo ela se importa genuinamente com Ava, DJ e Marcus, e essa dualidade é mostrada de maneira tão crível e emocionante... isto só é possível graças a um ótimo roteiro e as excelentes atuações de Jean Smart.

O que me vem a questão... por que Jean Smart não é melhor reconhecida pelo seu talento?

Ela até já recebeu várias premiações ao longo de sua carreira, mas todas por papéis na TV. Ela já ganhou alguns Emmys, sendo o primeiro em 2000, de "Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia", por um episódio de Frasier.

Jean Smart em Uma Família Extraordinária (Wildflower) de 2022

Mas nas premiações de filmes ela continua ausente, o que considero injusto... E olhem que ultimamente ela têm participado (e muito bem) até de filmes grandes. Por exemplo, recentemente ela esteve nos ótimos Babilônia (2022) e Uma Família Extraordinária (2022). No mesmo ano de 2022 ela recebeu (e venceu) sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Porém, não foi por nenhum dos dois filmes acima, e sim, por Hacks... ela venceu o prêmio de "Melhor atriz de Comedia ou Musical" (lembrando que o Globo de Ouro premia tanto TV quanto Cinema).

O episódio final da segunda temporada de Hacks encerra os ciclos apresentados dos personagens e por isso mesmo achei que não teríamos mais episódios. Por isso nem tenho idéia do que pode ser o assunto da terceira temporada, que ainda não comecei a ver. Porém, para minha surpresa e felicidade, as primeiras críticas que estão saindo nas mídias especializadas estão dizendo que Hacks voltou ainda melhor!

E você conhece Jean Smart de algum filme ou série? Já tinha ouvido falar de Hacks? escreva nos comentários.

sábado, 23 de março de 2024

1670 e Poker Face - Duas séries de TV estreantes que você ainda não viu, mas deveria conhecer!


E o Cinema Vírgula segue recomendando boas séries de TV. Desta vez, são duas que estrearam em 2023 e que ficaram entre as minhas favoritas do ano passado. E felizmente, ambas já foram renovadas para uma segunda temporada. Vamos conhecer mais cada uma delas!



1670 (Netflix)

Esta série de comédia polonesa é uma produção original Netflix, e trata-se de um mocumentário que nos mostra a vida em uma pequena vila de nome Adamczycha (que por incrivel que pareça é um vilarejo que existe mesmo na Polônia), no ano de 1670.

O "documentário" existe pois o nobre que governa o local, Jan Pawel (Bartłomiej Topa), contrata pessoas para registrar sua vida, já que ele se acha merecedor de se tornar o "João Paulo" polonês mais famoso da história (em uma piada-referência ao futuro Papa João Paulo II).

A série ironiza os costumes medievais (eu sei que em 1670 já não estamos na Idade Média, mas espero que vocês tenham me entendido), religiões, a nobreza e os costumes poloneses, mas também faz piadas trazendo temas cotidianos e atuais em geral. Por exemplo os personagens tem sua versão "medieval" de um "celular", e a personagem Aniela (Martyna Byczkowska), filha de Jan Pawel, é feminista e bastante preocupada com o meio ambiente.

1670 lembra um bocado o seriado Norsemen, produção original Netflix norueguesa. Porém Norsemen, até por ter tema Viking, tem bastante cenas violentas, nudez, piadas com sexo. Já 1670 não. Seu humor é bem mais leve, menos chocante, e melhor. Sei que o humor polonês não é parecido com o humor britânico, porém, de certa forma, esta série também lembra um pouco as comédias "de história" do Monty Python, como Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e A Vida de Brian (1979).

Para quem gosta de humor crítico e sarcástico, e também História, 1670 é uma ótima pedida. A segunda temporada está confirmada, porém só sairá em 2025. Por enquanto temos que nos contentar com seus 8 episódios de 30 minutos.



Poker Face (Universal+)

Poker Face poderia ser apenas mais um dentre os dezenas de seriados de detetive que existem por aí. Porém, dentre outras qualidades que citarei a seguir, ele possui uma característica bem diferente, que é a estrutura do seu roteiro. E talvez por isso, já na sua temporada de estréia a série recebeu muitas indicações nas principais premiações estadunidenses, como por exemplo o Emmy e o Globo de Ouro.

Na história de Poker Face, acompanhamos Charlie (Natasha Lyonne), garçonete em um cassino, e em cada episódio ela soluciona um crime diferente, geralmente um assassinato. O diferente aqui é que, com exceção do último dos 10 episódios da primeira temporada, primeiro vemos o crime acontecendo (e a protagonista Charlie sequer aparece em tela), e então, depois que o delito foi cometido, a história volta e iniciamos aquele dia sob a perspectiva de Charlie, acompanhando-a até que ela se depara com o crime e começa a resolve-lo.

Mas isto não quer dizer que não temos surpresas. Pois conforme Charlie vai entendendo o que aconteceu, o espectador pode passar pelas mais diversas reviravoltas... o que "vimos" pode não ter sido exatamente o que aconteceu... ou então o assassino não era tão mal assim... espere pelo inesperado!

Ah sim. Não podemos esquecer de Charlie / Natasha Lyonne. Na série, a personagem tem um "super poder", que é saber detectar sempre, com 100% de certeza, se uma pessoa está mentindo ou não. E isso ajuda Charlie nas mais diversas situações. E Natasha Lyonne, com seu jeito "louco / debochado", mais uma vez rouba a cena, sendo divertida mesmo estando em um programa sério. Assim como em Boneca Russa, ela é um grande atrativo em Poker Face.

Embora Poker Face tenha estreado na gringa no começo de 2023, a série só chegou no Brasil neste ano de 2024, através do streaming Universal+. E gostei muito da primeira temporada. Pela Natasha, e pelos roteiros, que não somente divertem na parte detetivesca, como também comovem na parte dramática.

Só tenho duas reclamações a fazer de Poker Face: não gostei do desfecho do episódio final, a "desculpa" para termos uma segunda temporada foi muito ruim, poderia ter sido bem melhor. E a outra reclamação - que nem é reclamação, é só um lamento - é que Poker Face foi criada (e teve inclusive alguns de seus episíodios dirigidos) por Rian Johnson, um diretor / roteirista que não gosto e que fez Star Wars: Os Últimos Jedi e a franquia Entre Facas e Segredos.

sábado, 16 de março de 2024

Você prefere explorar um calabouço (masmorra) ou um abismo (cratera)? Conheça os animes Made in Abyss e Dungeon Meshi


O ano de 2024 chegou e com ele tivemos a estréia de dois animes na Netflix com muitas semelhanças e paralelos. Tratam-se de Dungeon MeshiMade in Abyss. Ambos são baseados em mangás de mesmo nome lançados no Japão. Estou assistindo e gostando dos dois, e a seguir, baseado nos onze primeiros episódios que vi de cada um, segue um resumo do que eles se tratam, e minha opinião.




Dungeon Meshi

Dungeon Meshi (vendido nos EUA como Delicious in Dungeon) é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Ryōko Kui e que terminou recentemente no Japão, em setembro do ano passado. Sua conversão para anime é uma produção original Netflix. Os episódios estão sendo lançados semanalmente toda quinta-feira e a previsão é que toda a saga seja contada em uma única temporada de 24 episódios.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma dungeon (masmorra / calabouço) bem peculiar: em seus níveis mais profundos - ainda inexplorados - ela supostamente abriga o mítico Reino Dourado, antiga e gloriosa cidade, repleta de tesouros e poder. Então toda uma comunidade é criada em torno desta masmorra, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

A trama começa com... uma trágica derrota. Um grupo de seis exploradores tenta derrotar um Dragão Vermelho dentro da masmorra e, antes de ser devorada, em um último ato a feiticeira humana Falin teleporta os demais integrantes para fora. É então que três deles: Laios (um guerreiro humano e irmão de Falin), Chilchuck (um ladrão halfling) e Marcille (uma feiticeira élfica) decidem voltar a masmorra para resgatar o corpo de Falin das entranhas do Dragão, para posteriormente ressuscitá-la.

Dungeon Meshi é muito parecido com um jogo de RPG medieval, e neste sentido, morrer e voltar a vida através de encantamentos ou poções é comum. Por isso não estranhem a trama principal. Em cada episódio o grupo acaba avançando no interior do calabouço e enfrentando um tipo de monstro diferente, o que é bem interessante, pois requer bastante inventividade da equipe para derrotá-los. É bem gratificante ver que na masmorra cada personagem usa principalmente as habilidades de sua classe / profissão, ou seja, os heróis realmente triunfam como grupo, e não como indivíduos.

Agora, o que é realmente curioso e incomum em Dungeon Meshi é que após derrotar seus adversários, o grupo sempre acaba se alimentando (??!!) dos monstros que matou. Já no primeiro episódio o trio conhece Senshi, um guerreiro anão que mora dentro da masmorra e é grande conhecedor dos monstros e de culinária. Ele se une a equipe e durante a jornada e vai cozinhando praticamente tudo o que é derrotado em batalha. Nada se desperdiça, e bons minutos de cada episódio bizarramente são gastos apenas exibindo essa culinária fictícia.

Por enquanto tenho gostado de Dungeon Meshi. É divertido, e a curiosidade perante o inesperado tem me agradado bem. E para quem gosta de RPG, e/ou franquias como Dungeons & DragonsCaverna do Dragão e Senhor dos Anéis, este anime fica ainda mais interessante.




Made in Abyss

Made in Abyss é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Akihito Tsukushi. O mangá, que começou a ser escrito em 2012 e continua em andamento, mas é escrito em um ritmo bem lento, com apenas 12 volumes publicados até agora. O anime por enquanto tem duas temporadas, somando 25 episódios (todos disponíveis na Netflix) e mais um filme (Made in Abyss: O Amanhecer de uma Alma Profunda, de 2020, não presente na Netflix, e que deve ser assistido entre a 1ª e 2ª temporadas). Os 25 primeiros episódios do anime equivalem aos 10 primeiros volumes do mangá. Ao vencer o prêmio máximo de "Anime do Ano" do Crunchyroll Anime Awards de 2017 - evento do canal de streaming especializado em animes Crunchyroll - Made in Abyss ganhou projeção internacional.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma enorme cratera de nome "Abismo" e bem peculiar: com quilômetros de profundidade - muitos deles ainda inexplorados - ela abriga ruínas e relíquias de antigas civilizações, além de criaturas fantásticas e perigosas variadas. Então toda uma comunidade é criada em torno desta cratera, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

(Viram como a premissa entre os dois mangás / animes é bem parecida, meio que só trocando a "masmorra" pelo "abismo"? Pois é! Quase repeti o mesmo texto para ambos! Porém vocês verão que as similaridades vão começar a diminuir a partir de agora...)

Começamos Made in Abyss conhecendo Riko, uma menina de doze anos, e exploradora iniciante. Em uma de suas primeiras descidas, ela encontra Reg, um robô com aparência e mente de garoto, sofrendo de amnésia, com quem faz amizade. Após alguns eventos ela e Reg partem sozinhos - e em segredo - ao fundo do Abismo, em busca da desaparecida mãe de Riko.

Como se pode ver nas duas imagens deste anime que coloquei neste artigo, mais acima, Made in Abyss parece ser "fofinho", até para público infantil. E é totalmente o oposto, pois o roteiro parece ter sido escrito por H. P. Lovecraft. A história tem vários elementos de drama, tensão, e principalmente, o tema "morte" está sempre presente. Por exemplo, na mitologia desta série, ao descer na cratera, o corpo humano sempre sofre, passando por tonturas, sangramentos, febres e alucinações até se adaptar. São efeitos da tal "Maldição do Abismo". Mas piora: a partir de uma certa profundidade, os efeitos no corpo para "subir" de volta são tão fortes que são mortais. Ou seja, as pessoas que descem nas camadas mais fundas são obrigadas a ficar lá para sempre. E é comum no anime vermos pessoas sofrendo os efeitos da "Maldição". Nada leve e agradável.

Assim como em Dungeon Meshi, a história me prende e fico bastante interessado no que vai acontecer no episódio seguinte. E também igualmente ao Dungeon Meshi, aqui tudo é muito surpreendente e inovador, e cada episódio apresenta um monstro ou uma dificuldade diferente. Mas Made in Abyss é ainda mais elaborado, com a adição de uma misteriosa e sinistra trama de plano de fundo, além de paisagens e trilha sonora deslumbrantes.

Porém, para Made in Abyss, sou obrigado a fazer um alerta: como disse anteriormente, escrevo este texto após assistir os 11 primeiros episódios, e a cada episódio que estou assistindo, o nível de violência e terror vêm aumentado de maneira considerável, além da presença de algumas desnecessárias piadinhas que insinuam temas sexuais (ainda nada grave ou explícito, apenas insinuações). Sendo os personagens principais todos crianças, e como a violência não para de escalar, estou me perguntando se isto vai chegar a um nível que irei desaprovar. Mas por enquanto não. O que posso dizer por agora é: estamos diante de um anime para público de no mínimo 16 anos (que é a indicação que está na Netflix).

Eu imagino que a série caminhe para trazer cada vez mais cenas goreao estilo de outras obras como por exemplo Berserk. Mas até agora sigo gostando e assistindo Made in Abyss e estou bem curioso para saber os grandes mistérios deste universo, e principalmente do passado de Reg e da mãe de Riko.




Obs.: ainda há uma ligação curiosa entre esses dois animes / mangás: a atriz Emily Rudd, que é quem interpreta Nami na série live-action de One Piece da Netflix. É que ela dubla a personagem Marcille em Dungeon Meshi na versão estadunidense, e já declarou que embora ame One Piece e ser grande fã de animes em geral, seu anime favorito é Made in Abyss.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Especial Dia Internacional da Mulher: Atriz e inventora, conheça a incrível (e conturbada) história de Hedy Lamarr

Hedy Lamarr (Hedwig Eva Maria Kiesler) nasceu em Viena (Áustria) no dia 9 de novembro de 1914. Curiosa por natureza, e também incentivada pelo pai, já criança costumava desmontar as coisas para ver como funcionavam. De família judia, por ser filha de um banqueiro pôde receber educação particular, sendo que com cerca de 10 anos já era uma boa bailarina, pianista e falava quatro idiomas. Aos 16 anos ela começou a atuar em filmes pela Europa, mas seria dois anos depois, aos 18, onde ganharia fama graças ao polêmico filme checo Ecstasy (1933).

Traumático para a atriz, Ecstasy ficou famoso com Hedy interpretando aquela que é considerada a primeira cena de orgasmo da história do Cinema mundial, além de trazer algumas cenas de nudez. Em entrevistas posteriores, Lamarr contou que foi duplamente enganada. Ingênua e ansiosa para fazer o filme, acabou assinando contrato sem o ler direito, e quando ela se recusou a tirar a roupa a pedido do diretor Gustav Machatý, ele disse que então ela teria que pagar por todas as filmagens até então se fosse desistir da produção. E mais ainda, para "tranquilizá-la", prometeu que as filmagens seriam de longe, o que não permitiriam o espectador perceber muitos detalhes. Foi apenas depois que as tomadas foram feitas que Hedy viu que as cenas foram filmadas em close.

No mesmo ano de 1933, Hedy iniciaria o primeiro de seus seis casamentos, com Friedrich Mandl, um rico austríaco fabricante de munições e armas. Seu marido, absurdamente controlador, acabou com sua carreira de atriz e praticamente a mantinha presa em casa, em cativeiro (além de tentar infrutiferamente destruir as cópias do filme Ecstasy). E ainda piora: sendo simpatizante de Mussolini e Hitler, seus clientes, Mandl frequentemente a levava para reuniões nazistas. Lamarr só sairia deste pesadelo em 1937, através de um plano engenhoso e quase "cinematográfico".

Foram meses de planejamento: primeiro ela pediu ao marido para ter uma criada à sua disposição, criada esta que Hedy escolheu especificamente para ter o mesmo porte, altura e cor de cabelo. A fuga aconteceu na noite de um jantar importante, onde Lamarr aproveitou para colocar em seu corpo todas as jóias que possuía. Em dado momento, fingiu passar mal, e junto com a criada se retirou para descansar. Então Hedy colocou a criada para dormir com um sonífero, roubou e vestiu seu uniforme, e assumindo o "papel" de sua empregada, saiu da casa sem despertar suspeitas. Ela então fugiria de lá de bicicleta com suas jóias, deixando a Áustria para a França, e posteriormente, para a Inglaterra.

O tempo sem atuar não fez o mundo esquecê-la. Tanto que a maior inspiração para o visual de Branca de Neve, na inovadora animação de 1937 da Walt Disney, foi justamente ela. Hedy Lamarr inspirou não apenas a aparência, como também os estilos de maquiagem e penteado da personagem. Em 1938 ela se mudaria para os EUA, e já com um contrato assinado com a MGM para ser atriz em Hollywood.

Hedy Lamarr chegou aos Estados Unidos sendo promovida como a "mais bela mulher do mundo", alcunha que a acompanhou por muitos anos da carreira. Apesar dos esforços da MGM em transformá-la em uma grande estrela, o plano não deu tão certo. As bilheterias de seus filmes acabaram alternando entre desempenhos bons e ruins. Hedy não era uma atriz excepcional, mas ela também era prejudicada por ser escalada apenas para o mesmo papel de mulher bela e sedutora, além de ser colocada propositalmente em alguns filmes menores por Louis B. Mayer. Insatisfeita, Lamarr deixou a MGM e em 1946 produziu o primeiro dos seus filmes, Flor do Mal (The Strange Woman no original), em um movimento bem ousado para a época, especialmente em se tratando de mulheres.

Em seus últimos trabalhos ela se alternou entre filmes independentes (alguns produzidos por ela mesma) e filmes de grandes estúdios, sendo um destes o seu maior sucesso de público, o épico Sansão e Dalila de 1949, da Paramount Pictures, onde ela fazia o papel da Dalila, claro (ver foto abaixo). No total foram quase 30 filmes em solo estadunidense, no período entre as décadas de 30 a 50.

Se durante o dia Hedy era a bela atriz, a noite ela era a inventora, e passava parte do seu tempo em sua casa, se distraindo com as invenções mais diversas. A maioria de suas criações eram soluções práticas para problemas cotidianos, como por exemplo uma caixa de lenços de papel para depositar lenços usados, uma coleira de cachorro que brilhava no escuro, ou uma cadeira para ser acoplada no chuveiro, para que as pessoas que não conseguissem ficar em pé pudessem tomar banho e depois girar para se secar.

Hedy conheceu - e até teve um breve relacionamento - com Howard Hughes: aviador, engenheiro e empresário. Ele lhe deu de presente um "mini laboratório", que Lamarr instalou em seu trailer e com isso também podia se entreter durante o intervalo das gravações dos filmes. Quando Hughes reclamou a Hedy que achava que os aviões ainda eram lentos, ela estudou a respeito e baseando-se na aerodinâmica de peixes e aves, devolveu a ele um projeto para novas asas, à qual Howard replicou que ela era um gênio. Durante a guerra, com objetivo de fazer chegar refrigerantes aos combatentes, com a ajuda de dois químicos emprestados por Hughes, Hedy tentou compactar e transformar a Coca-Cola em pastilha, para ser consumida após dissolvida em água. Porém, ela não conseguiu contornar o problema de que a composição da água que as pessoas bebiam variava de região em região, e então sua tentativa fracassou, como ela mesmo admitiria aos risos. 

Porém a grande invenção de Hedy Lamarr, a qual ela desenvolveu junto com seu amigo e compositor musical George Antheil, foi o sistema que seria batizado de “salto em freqüência”. Estávamos em plena Segunda Guerra Mundial, e Hedy pensava em... torpedos. Ela estava bastante chocada com um episódio onde um torpedo alemão afundou um navio britânico com refugiados, matando 77 crianças.

Na época se tentava controlar a direção dos torpedos via rádio, e se a (única) frequência da transmissão fosse detectada, a arma era facilmente interceptada. Conta a história que em uma noite, Hedy e George "brincavam" de dueto em frente a um piano, com ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava. Então, Lamarr teve o "estalo" de que poderia fazer o mesmo com transmissões de rádio: se o emissor e o receptor mudassem constantemente de frequência, os dois poderiam se comunicar sem medo de serem interceptados.

Os infelizes anos ao lado Friedrich Mandl permitiram que Hedy Lamarr também aprendesse sobre tecnologias relacionadas a armamentos, e isto ajudou no desenvolvimento de sua nova invenção, algo que iria permitir o disparo de torpedos com mais precisão e sem aparecer nos radares dos inimigos. A criação de Hedy e George Antheil foi patenteada e eles a levaram para a Marinha estadunidense, para que fosse usada na Guerra o quanto antes. Porém, por preconceito e machismo não apenas sua idéia foi recusada, como também lhe disseram que se ela quisesse mesmo contribuir na Guerra, que usasse sua beleza para fazer campanhas e propagandas para vender bônus de guerra. E mesmo recebendo este tratamento, assim ela o fez, sendo que Lamarr ajudou a vender quase 25 milhões de dólares dos tais bônus.

A tal invenção de Hedy Lamarr foi ignorada completamente pela Marinha até 1962, quando foi usada por eles na Crise dos Mísseis em Cuba. E somente nos anos 80 os militares liberaram a tecnologia para ser utilizada comercialmente. Desta forma, o tal sistema de “salto em freqüência” foi a base para tecnologias de hoje como WiFi, Bluetooth, e GPS.

Hedy Lamarr não recebeu nenhum tostão por sua invenção em toda sua vida (estima-se que ela valeria 30 bilhões de dólares em valores atuais). E somente em 1997 ela e George receberam um primeiro grande reconhecimento público pela sua criação, o EFF Pioneer Award, concedido pelo Electronic Frontier Foundation para pessoas que fizeram "contribuições importantes para a eletrônica". Hedy morreria três anos depois (em janeiro de 2000), com George Antheil já tendo falecido em 1959.

Uma outra homenagem interessante é que em 2005 os inventores e empresários alemães Gerhard Muthenthaler e Marijan Jordan proclamaram o dia 9 de novembro (dia do nascimento de Hedy) como sendo o Dia do Inventor. Embora não tenha sido seguida por todo o mundo, principalmente países de língua alemã como a Alemanha, Áustria e Suíça adotaram esta data.


Conforme as décadas iam passando, ela foi ficando cada vez mais melancólica e pessimista, e algumas de suas declarações que ficaram famosas foram “Meu rosto foi minha ruína”, e "Qualquer garota pode ser glamourosa. Tudo que você precisa fazer é ficar parada e parecer estúpida.".

Hedy Lamarr passou as duas últimas décadas de sua vida cada vez mais reclusa, em sua casa na Flórida, vivendo apenas com uma pequena aposentadoria e de uma pensão do Sindicato dos Atores. Com as pessoas comentando sobre o declínio de sua beleza, Lamarr realizou algumas cirurgias plásticas, porém não teve bons resultados e isto aumentou ainda mais sua reclusão. Em seus últimos anos, seu contato com o mundo exterior era basicamente via telefone, onde ela passava horas diárias conversando com familiares e amigos.

Em 2017 tivemos o lançamento do filme-documentário estadunidense Bombástica: A História de Hedy Lamarr (Bombshell: The Hedy Lamarr Story), que passou com sucesso por alguns festivais importantes (sendo o de Tribeca o maior deles). Mas ele teve exibições modestas em cinemas e nem chegou ao Brasil. O documentário também chegou a ser exibido nos EUA via canais PBS e Netflix.

Eu assisti Bombástica, e posso afirmar que é muito bom, recomendo! Ainda assim, como se pode notar, não tivemos um filme realmente "grande" sobre Hedy Lamarr, sendo adequadamente divulgado e lançado nas Telonas do mundo todo. Porém, vídeos e textos como este meu, resgatando sua história e contribuições felizmente estão ficando mais frequentes. Então quem sabe... que um dia ela tenha na própria Hollywood uma produção digna em reconhecimento pela sua inteligência e contribuições. Até lá, divulguem este artigo! ;)



PS: já leu os outros artigos especiais aqui do Cinema Vírgula sobre o Dia Internacional da Mulher? Se ainda não, aproveite e clique nos links abaixo!

2022: conheça Roberta Williams e suas revoluções para o mundo dos Videogames

2020: Lucille Ball e seu enorme legado para a cultura POP

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)


Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entregou trabalhos sensacionais como a minissérie Senhor Milagre (2017), ou lixos completos como por exemplo a também minissérie Heróis em Crise (2018). Também em 2018 ele tentou fazer sua HQ space opera com o Superman, em Superman: Para O Alto e Avante, que é legalzinha, mas não trouxe nada de especial...

... mas três anos depois, ele voltou a tentar uma space opera, agora com a Supergirl... e o resultado foi espetacular. Supergirl: Mulher do Amanhã é uma HQ excelente, tão boa que foi uma das obras indicadas ao Eisner Award (o "Oscar" dos Quadrinhos) de Melhor Minissérie de 2022, e que merece ser conhecida por todos.

A história, que é uma aventura pelo espaço, 100% fora do planeta Terra, é narrada por Ruthye, uma jovem que teve seu pai camponês covardemente assassinado, e então contratou a Supergirl para matá-lo em vingança. Ué... mas não faz sentido que ela aceitasse esse tipo de missão... verdade, por isso você precisará ler para entender rs.

Deixando claro, Supergirl: Mulher do Amanhã é uma história emocionalmente pesada (ou seja, não é nada infantil), e é sim uma história de super-herói (ou seja, com bastante aventura e ação), mas dito tudo isso, também é uma história sobre (muita) compaixão, coragem e força feminina. Tom King acaba propondo o seguinte... e se todo o universo fosse machista? Bem, aí ser uma mulher e ser a prima do Superman torna as coisas tudo muito mais complicadas...

E não é só isso. Supergirl: Mulher do Amanhã acaba também recontando uma origem para a Supergirl que faz dela uma das personagens de passado mais dramático de todo o Universo DC. Isso acaba a tornando uma das personagens mais fortes e admiráveis que você já leu. De "defeitos", a história acaba tendo uns "furos" nas leis da Física, mas dá pra relevar rs.

E toda esta bela e emocionante história é brilhantemente ilustrada por uma brasileira! Trata-se da paulistana Bilquis Evely, que aliás já há alguns anos vêm brilhando na DC Comics, como por exemplo  também em Mulher Maravilha e Sandman. Os traços de Bilquis (que você pode ver nas imagens deste artigo) acabam combinando muito bem com Supergirl: Mulher do Amanhã. Sua Supergirl é ao mesmo tempo delicada e forte; suas paisagens, ao mesmo tempo "alienígenas" e cinematográficas. E contribuindo com seus desenhos, a colorização é feita pelo também brasileiro Matheus "Mat" Lopes, e é excelente. Principalmente as cenas sob os céus dos planetas alienígenas são incríveis, parece que você está mesmo no espaço. Deslumbrante!

Para quem é fã de quadrinhos, principalmente fã da DC, Supergirl: Mulher do Amanhã é imperdível. Já pelos temas e personagens envolvidos, e por ser uma minisérie de história completa e fechada, é uma ótima sugestão para mulheres entrarem no mundo dos quadrinhos.


Supergirl: Mulher do Amanhã nos cinemas!

Sim! Outra "prova" de que a história de Supergirl: Mulher do Amanhã é boa é que recentemente, mais precisamente neste 29 de Janeiro, James Gunn - o atual chefão dos filmes da DC - anunciou que Milly Alcock, a moça da foto acima e conhecida por interpretar a Rhaenyra Targaryen na série A Casa do Dragão (HBO), foi a escolhida para ser a Supergirl do futuro filme... Supergirl: Mulher do Amanhã (!). O filme será sim baseado na história dos quadrinhos e, embora não tenha data prevista para lançamento, deverá ser lançado, segundo Gunn, "cerca de dois anos após o novo filme do Superman".


E caso você tenha chegado aqui e ainda não tenha se decidido a ler este quadrinho, seguem mais duas imagens como golpe de misericórdia. ;)


Bilquis Evely e um pouco de sua obra

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)

Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entre...