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sábado, 23 de março de 2024

1670 e Poker Face - Duas séries de TV estreantes que você ainda não viu, mas deveria conhecer!


E o Cinema Vírgula segue recomendando boas séries de TV. Desta vez, são duas que estrearam em 2023 e que ficaram entre as minhas favoritas do ano passado. E felizmente, ambas já foram renovadas para uma segunda temporada. Vamos conhecer mais cada uma delas!



1670 (Netflix)

Esta série de comédia polonesa é uma produção original Netflix, e trata-se de um mocumentário que nos mostra a vida em uma pequena vila de nome Adamczycha (que por incrivel que pareça é um vilarejo que existe mesmo na Polônia), no ano de 1670.

O "documentário" existe pois o nobre que governa o local, Jan Pawel (Bartłomiej Topa), contrata pessoas para registrar sua vida, já que ele se acha merecedor de se tornar o "João Paulo" polonês mais famoso da história (em uma piada-referência ao futuro Papa João Paulo II).

A série ironiza os costumes medievais (eu sei que em 1670 já não estamos na Idade Média, mas espero que vocês tenham me entendido), religiões, a nobreza e os costumes poloneses, mas também faz piadas trazendo temas cotidianos e atuais em geral. Por exemplo os personagens tem sua versão "medieval" de um "celular", e a personagem Aniela (Martyna Byczkowska), filha de Jan Pawel, é feminista e bastante preocupada com o meio ambiente.

1670 lembra um bocado o seriado Norsemen, produção original Netflix norueguesa. Porém Norsemen, até por ter tema Viking, tem bastante cenas violentas, nudez, piadas com sexo. Já 1670 não. Seu humor é bem mais leve, menos chocante, e melhor. Sei que o humor polonês não é parecido com o humor britânico, porém, de certa forma, esta série também lembra um pouco as comédias "de história" do Monty Python, como Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e A Vida de Brian (1979).

Para quem gosta de humor crítico e sarcástico, e também História, 1670 é uma ótima pedida. A segunda temporada está confirmada, porém só sairá em 2025. Por enquanto temos que nos contentar com seus 8 episódios de 30 minutos.



Poker Face (Universal+)

Poker Face poderia ser apenas mais um dentre os dezenas de seriados de detetive que existem por aí. Porém, dentre outras qualidades que citarei a seguir, ele possui uma característica bem diferente, que é a estrutura do seu roteiro. E talvez por isso, já na sua temporada de estréia a série recebeu muitas indicações nas principais premiações estadunidenses, como por exemplo o Emmy e o Globo de Ouro.

Na história de Poker Face, acompanhamos Charlie (Natasha Lyonne), garçonete em um cassino, e em cada episódio ela soluciona um crime diferente, geralmente um assassinato. O diferente aqui é que, com exceção do último dos 10 episódios da primeira temporada, primeiro vemos o crime acontecendo (e a protagonista Charlie sequer aparece em tela), e então, depois que o delito foi cometido, a história volta e iniciamos aquele dia sob a perspectiva de Charlie, acompanhando-a até que ela se depara com o crime e começa a resolve-lo.

Mas isto não quer dizer que não temos surpresas. Pois conforme Charlie vai entendendo o que aconteceu, o espectador pode passar pelas mais diversas reviravoltas... o que "vimos" pode não ter sido exatamente o que aconteceu... ou então o assassino não era tão mal assim... espere pelo inesperado!

Ah sim. Não podemos esquecer de Charlie / Natasha Lyonne. Na série, a personagem tem um "super poder", que é saber detectar sempre, com 100% de certeza, se uma pessoa está mentindo ou não. E isso ajuda Charlie nas mais diversas situações. E Natasha Lyonne, com seu jeito "louco / debochado", mais uma vez rouba a cena, sendo divertida mesmo estando em um programa sério. Assim como em Boneca Russa, ela é um grande atrativo em Poker Face.

Embora Poker Face tenha estreado na gringa no começo de 2023, a série só chegou no Brasil neste ano de 2024, através do streaming Universal+. E gostei muito da primeira temporada. Pela Natasha, e pelos roteiros, que não somente divertem na parte detetivesca, como também comovem na parte dramática.

Só tenho duas reclamações a fazer de Poker Face: não gostei do desfecho do episódio final, a "desculpa" para termos uma segunda temporada foi muito ruim, poderia ter sido bem melhor. E a outra reclamação - que nem é reclamação, é só um lamento - é que Poker Face foi criada (e teve inclusive alguns de seus episíodios dirigidos) por Rian Johnson, um diretor / roteirista que não gosto e que fez Star Wars: Os Últimos Jedi e a franquia Entre Facas e Segredos.

sábado, 16 de março de 2024

Você prefere explorar um calabouço (masmorra) ou um abismo (cratera)? Conheça os animes Made in Abyss e Dungeon Meshi


O ano de 2024 chegou e com ele tivemos a estréia de dois animes na Netflix com muitas semelhanças e paralelos. Tratam-se de Dungeon MeshiMade in Abyss. Ambos são baseados em mangás de mesmo nome lançados no Japão. Estou assistindo e gostando dos dois, e a seguir, baseado nos onze primeiros episódios que vi de cada um, segue um resumo do que eles se tratam, e minha opinião.




Dungeon Meshi

Dungeon Meshi (vendido nos EUA como Delicious in Dungeon) é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Ryōko Kui e que terminou recentemente no Japão, em setembro do ano passado. Sua conversão para anime é uma produção original Netflix. Os episódios estão sendo lançados semanalmente toda quinta-feira e a previsão é que toda a saga seja contada em uma única temporada de 24 episódios.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma dungeon (masmorra / calabouço) bem peculiar: em seus níveis mais profundos - ainda inexplorados - ela supostamente abriga o mítico Reino Dourado, antiga e gloriosa cidade, repleta de tesouros e poder. Então toda uma comunidade é criada em torno desta masmorra, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

A trama começa com... uma trágica derrota. Um grupo de seis exploradores tenta derrotar um Dragão Vermelho dentro da masmorra e, antes de ser devorada, em um último ato a feiticeira humana Falin teleporta os demais integrantes para fora. É então que três deles: Laios (um guerreiro humano e irmão de Falin), Chilchuck (um ladrão halfling) e Marcille (uma feiticeira élfica) decidem voltar a masmorra para resgatar o corpo de Falin das entranhas do Dragão, para posteriormente ressuscitá-la.

Dungeon Meshi é muito parecido com um jogo de RPG medieval, e neste sentido, morrer e voltar a vida através de encantamentos ou poções é comum. Por isso não estranhem a trama principal. Em cada episódio o grupo acaba avançando no interior do calabouço e enfrentando um tipo de monstro diferente, o que é bem interessante, pois requer bastante inventividade da equipe para derrotá-los. É bem gratificante ver que na masmorra cada personagem usa principalmente as habilidades de sua classe / profissão, ou seja, os heróis realmente triunfam como grupo, e não como indivíduos.

Agora, o que é realmente curioso e incomum em Dungeon Meshi é que após derrotar seus adversários, o grupo sempre acaba se alimentando (??!!) dos monstros que matou. Já no primeiro episódio o trio conhece Senshi, um guerreiro anão que mora dentro da masmorra e é grande conhecedor dos monstros e de culinária. Ele se une a equipe e durante a jornada e vai cozinhando praticamente tudo o que é derrotado em batalha. Nada se desperdiça, e bons minutos de cada episódio bizarramente são gastos apenas exibindo essa culinária fictícia.

Por enquanto tenho gostado de Dungeon Meshi. É divertido, e a curiosidade perante o inesperado tem me agradado bem. E para quem gosta de RPG, e/ou franquias como Dungeons & DragonsCaverna do Dragão e Senhor dos Anéis, este anime fica ainda mais interessante.




Made in Abyss

Made in Abyss é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Akihito Tsukushi. O mangá, que começou a ser escrito em 2012, continua em andamento, mas é escrito em um ritmo bem lento, com apenas 12 volumes publicados até agora. O anime por enquanto tem duas temporadas, somando 25 episódios (e todos já disponíveis na Netflix). Os 25 primeiros episódios do anime equivalem aos 10 primeiros volumes do mangá. Ao vencer o prêmio máximo de "Anime do Ano" do Crunchyroll Anime Awards de 2017 - evento do canal de streaming especializado em animes Crunchyroll - Made in Abyss ganhou projeção internacional.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma enorme cratera de nome "Abismo" e bem peculiar: com quilômetros de profundidade - muitos deles ainda inexplorados - ela abriga ruínas e relíquias de antigas civilizações, além de criaturas fantásticas e perigosas variadas. Então toda uma comunidade é criada em torno desta cratera, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

(Viram como a premissa entre os dois mangás / animes é bem parecida, meio que só trocando a "masmorra" pelo "abismo"? Pois é! Quase repeti o mesmo texto para ambos! Porém vocês verão que as similaridades vão começar a diminuir a partir de agora...)

Começamos Made in Abyss conhecendo Riko, uma menina de doze anos, e exploradora iniciante. Em uma de suas primeiras descidas, ela encontra Reg, um robô com aparência e mente de garoto, sofrendo de amnésia, com quem faz amizade. Após alguns eventos ela e Reg partem sozinhos - e em segredo - ao fundo do Abismo, em busca da desaparecida mãe de Riko.

Como se pode ver nas duas imagens deste anime que coloquei neste artigo, mais acima, Made in Abyss parece ser "fofinho", até para público infantil. E é totalmente o oposto, pois o roteiro parece ter sido escrito por H. P. Lovecraft. A história tem vários elementos de drama, tensão, e principalmente, o tema "morte" está sempre presente. Por exemplo, na mitologia desta série, ao descer na cratera, o corpo humano sempre sofre, passando por tonturas, sangramentos, febres e alucinações até se adaptar. São efeitos da tal "Maldição do Abismo". Mas piora: a partir de uma certa profundidade, os efeitos no corpo para "subir" de volta são tão fortes que são mortais. Ou seja, as pessoas que descem nas camadas mais fundas são obrigadas a ficar lá para sempre. E é comum no anime vermos pessoas sofrendo os efeitos da "Maldição". Nada leve e agradável.

Assim como em Dungeon Meshi, a história me prende e fico bastante interessado no que vai acontecer no episódio seguinte. E também igualmente ao Dungeon Meshi, aqui tudo é muito surpreendente e inovador, e cada episódio apresenta um monstro ou uma dificuldade diferente. Mas Made in Abyss é ainda mais elaborado, com a adição de uma misteriosa e sinistra trama de plano de fundo, além de paisagens e trilha sonora deslumbrantes.

Porém, para Made in Abyss, sou obrigado a fazer um alerta: como disse anteriormente, escrevo este texto após assistir os 11 primeiros episódios, e a cada episódio que estou assistindo, o nível de violência e terror vêm aumentado de maneira considerável, além da presença de algumas desnecessárias piadinhas que insinuam temas sexuais (ainda nada grave ou explícito, apenas insinuações). Sendo os personagens principais todos crianças, e como a violência não para de escalar, estou me perguntando se isto vai chegar a um nível que irei desaprovar. Mas por enquanto não. O que posso dizer por agora é: estamos diante de um anime para público de no mínimo 16 anos (que é a indicação que está na Netflix).

Eu imagino que a série caminhe para trazer cada vez mais cenas goreao estilo de outras obras como por exemplo Berserk. Mas até agora sigo gostando e assistindo Made in Abyss e estou bem curioso para saber os grandes mistérios deste universo, e principalmente do passado de Reg e da mãe de Riko.




Obs.: ainda há uma ligação curiosa entre esses dois animes / mangás: a atriz Emily Rudd, que é quem interpreta Nami na série live-action de One Piece da Netflix. É que ela dubla a personagem Marcille em Dungeon Meshi na versão estadunidense, e já declarou que embora ame One Piece e ser grande fã de animes em geral, seu anime favorito é Made in Abyss.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Especial Dia Internacional da Mulher: Atriz e inventora, conheça a incrível (e conturbada) história de Hedy Lamarr

Hedy Lamarr (Hedwig Eva Maria Kiesler) nasceu em Viena (Áustria) no dia 9 de novembro de 1914. Curiosa por natureza, e também incentivada pelo pai, já criança costumava desmontar as coisas para ver como funcionavam. De família judia, por ser filha de um banqueiro pôde receber educação particular, sendo que com cerca de 10 anos já era uma boa bailarina, pianista e falava quatro idiomas. Aos 16 anos ela começou a atuar em filmes pela Europa, mas seria dois anos depois, aos 18, onde ganharia fama graças ao polêmico filme checo Ecstasy (1933).

Traumático para a atriz, Ecstasy ficou famoso com Hedy interpretando aquela que é considerada a primeira cena de orgasmo da história do Cinema mundial, além de trazer algumas cenas de nudez. Em entrevistas posteriores, Lamarr contou que foi duplamente enganada. Ingênua e ansiosa para fazer o filme, acabou assinando contrato sem o ler direito, e quando ela se recusou a tirar a roupa a pedido do diretor Gustav Machatý, ele disse que então ela teria que pagar por todas as filmagens até então se fosse desistir da produção. E mais ainda, para "tranquilizá-la", prometeu que as filmagens seriam de longe, o que não permitiriam o espectador perceber muitos detalhes. Foi apenas depois que as tomadas foram feitas que Hedy viu que as cenas foram filmadas em close.

No mesmo ano de 1933, Hedy iniciaria o primeiro de seus seis casamentos, com Friedrich Mandl, um rico austríaco fabricante de munições e armas. Seu marido, absurdamente controlador, acabou com sua carreira de atriz e praticamente a mantinha presa em casa, em cativeiro (além de tentar infrutiferamente destruir as cópias do filme Ecstasy). E ainda piora: sendo simpatizante de Mussolini e Hitler, seus clientes, Mandl frequentemente a levava para reuniões nazistas. Lamarr só sairia deste pesadelo em 1937, através de um plano engenhoso e quase "cinematográfico".

Foram meses de planejamento: primeiro ela pediu ao marido para ter uma criada à sua disposição, criada esta que Hedy escolheu especificamente para ter o mesmo porte, altura e cor de cabelo. A fuga aconteceu na noite de um jantar importante, onde Lamarr aproveitou para colocar em seu corpo todas as jóias que possuía. Em dado momento, fingiu passar mal, e junto com a criada se retirou para descansar. Então Hedy colocou a criada para dormir com um sonífero, roubou e vestiu seu uniforme, e assumindo o "papel" de sua empregada, saiu da casa sem despertar suspeitas. Ela então fugiria de lá de bicicleta com suas jóias, deixando a Áustria para a França, e posteriormente, para a Inglaterra.

O tempo sem atuar não fez o mundo esquecê-la. Tanto que a maior inspiração para o visual de Branca de Neve, na inovadora animação de 1937 da Walt Disney, foi justamente ela. Hedy Lamarr inspirou não apenas a aparência, como também os estilos de maquiagem e penteado da personagem. Em 1938 ela se mudaria para os EUA, e já com um contrato assinado com a MGM para ser atriz em Hollywood.

Hedy Lamarr chegou aos Estados Unidos sendo promovida como a "mais bela mulher do mundo", alcunha que a acompanhou por muitos anos da carreira. Apesar dos esforços da MGM em transformá-la em uma grande estrela, o plano não deu tão certo. As bilheterias de seus filmes acabaram alternando entre desempenhos bons e ruins. Hedy não era uma atriz excepcional, mas ela também era prejudicada por ser escalada apenas para o mesmo papel de mulher bela e sedutora, além de ser colocada propositalmente em alguns filmes menores por Louis B. Mayer. Insatisfeita, Lamarr deixou a MGM e em 1946 produziu o primeiro dos seus filmes, Flor do Mal (The Strange Woman no original), em um movimento bem ousado para a época, especialmente em se tratando de mulheres.

Em seus últimos trabalhos ela se alternou entre filmes independentes (alguns produzidos por ela mesma) e filmes de grandes estúdios, sendo um destes o seu maior sucesso de público, o épico Sansão e Dalila de 1949, da Paramount Pictures, onde ela fazia o papel da Dalila, claro (ver foto abaixo). No total foram quase 30 filmes em solo estadunidense, no período entre as décadas de 30 a 50.

Se durante o dia Hedy era a bela atriz, a noite ela era a inventora, e passava parte do seu tempo em sua casa, se distraindo com as invenções mais diversas. A maioria de suas criações eram soluções práticas para problemas cotidianos, como por exemplo uma caixa de lenços de papel para depositar lenços usados, uma coleira de cachorro que brilhava no escuro, ou uma cadeira para ser acoplada no chuveiro, para que as pessoas que não conseguissem ficar em pé pudessem tomar banho e depois girar para se secar.

Hedy conheceu - e até teve um breve relacionamento - com Howard Hughes: aviador, engenheiro e empresário. Ele lhe deu de presente um "mini laboratório", que Lamarr instalou em seu trailer e com isso também podia se entreter durante o intervalo das gravações dos filmes. Quando Hughes reclamou a Hedy que achava que os aviões ainda eram lentos, ela estudou a respeito e baseando-se na aerodinâmica de peixes e aves, devolveu a ele um projeto para novas asas, à qual Howard replicou que ela era um gênio. Durante a guerra, com objetivo de fazer chegar refrigerantes aos combatentes, com a ajuda de dois químicos emprestados por Hughes, Hedy tentou compactar e transformar a Coca-Cola em pastilha, para ser consumida após dissolvida em água. Porém, ela não conseguiu contornar o problema de que a composição da água que as pessoas bebiam variava de região em região, e então sua tentativa fracassou, como ela mesmo admitiria aos risos. 

Porém a grande invenção de Hedy Lamarr, a qual ela desenvolveu junto com seu amigo e compositor musical George Antheil, foi o sistema que seria batizado de “salto em freqüência”. Estávamos em plena Segunda Guerra Mundial, e Hedy pensava em... torpedos. Ela estava bastante chocada com um episódio onde um torpedo alemão afundou um navio britânico com refugiados, matando 77 crianças.

Na época se tentava controlar a direção dos torpedos via rádio, e se a (única) frequência da transmissão fosse detectada, a arma era facilmente interceptada. Conta a história que em uma noite, Hedy e George "brincavam" de dueto em frente a um piano, com ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava. Então, Lamarr teve o "estalo" de que poderia fazer o mesmo com transmissões de rádio: se o emissor e o receptor mudassem constantemente de frequência, os dois poderiam se comunicar sem medo de serem interceptados.

Os infelizes anos ao lado Friedrich Mandl permitiram que Hedy Lamarr também aprendesse sobre tecnologias relacionadas a armamentos, e isto ajudou no desenvolvimento de sua nova invenção, algo que iria permitir o disparo de torpedos com mais precisão e sem aparecer nos radares dos inimigos. A criação de Hedy e George Antheil foi patenteada e eles a levaram para a Marinha estadunidense, para que fosse usada na Guerra o quanto antes. Porém, por preconceito e machismo não apenas sua idéia foi recusada, como também lhe disseram que se ela quisesse mesmo contribuir na Guerra, que usasse sua beleza para fazer campanhas e propagandas para vender bônus de guerra. E mesmo recebendo este tratamento, assim ela o fez, sendo que Lamarr ajudou a vender quase 25 milhões de dólares dos tais bônus.

A tal invenção de Hedy Lamarr foi ignorada completamente pela Marinha até 1962, quando foi usada por eles na Crise dos Mísseis em Cuba. E somente nos anos 80 os militares liberaram a tecnologia para ser utilizada comercialmente. Desta forma, o tal sistema de “salto em freqüência” foi a base para tecnologias de hoje como WiFi, Bluetooth, e GPS.

Hedy Lamarr não recebeu nenhum tostão por sua invenção em toda sua vida (estima-se que ela valeria 30 bilhões de dólares em valores atuais). E somente em 1997 ela e George receberam um primeiro grande reconhecimento público pela sua criação, o EFF Pioneer Award, concedido pelo Electronic Frontier Foundation para pessoas que fizeram "contribuições importantes para a eletrônica". Hedy morreria três anos depois (em janeiro de 2000), com George Antheil já tendo falecido em 1959.

Uma outra homenagem interessante é que em 2005 os inventores e empresários alemães Gerhard Muthenthaler e Marijan Jordan proclamaram o dia 9 de novembro (dia do nascimento de Hedy) como sendo o Dia do Inventor. Embora não tenha sido seguida por todo o mundo, principalmente países de língua alemã como a Alemanha, Áustria e Suíça adotaram esta data.


Conforme as décadas iam passando, ela foi ficando cada vez mais melancólica e pessimista, e algumas de suas declarações que ficaram famosas foram “Meu rosto foi minha ruína”, e "Qualquer garota pode ser glamourosa. Tudo que você precisa fazer é ficar parada e parecer estúpida.".

Hedy Lamarr passou as duas últimas décadas de sua vida cada vez mais reclusa, em sua casa na Flórida, vivendo apenas com uma pequena aposentadoria e de uma pensão do Sindicato dos Atores. Com as pessoas comentando sobre o declínio de sua beleza, Lamarr realizou algumas cirurgias plásticas, porém não teve bons resultados e isto aumentou ainda mais sua reclusão. Em seus últimos anos, seu contato com o mundo exterior era basicamente via telefone, onde ela passava horas diárias conversando com familiares e amigos.

Em 2017 tivemos o lançamento do filme-documentário estadunidense Bombástica: A História de Hedy Lamarr (Bombshell: The Hedy Lamarr Story), que passou com sucesso por alguns festivais importantes (sendo o de Tribeca o maior deles). Mas ele teve exibições modestas em cinemas e nem chegou ao Brasil. O documentário também chegou a ser exibido nos EUA via canais PBS e Netflix.

Eu assisti Bombástica, e posso afirmar que é muito bom, recomendo! Ainda assim, como se pode notar, não tivemos um filme realmente "grande" sobre Hedy Lamarr, sendo adequadamente divulgado e lançado nas Telonas do mundo todo. Porém, vídeos e textos como este meu, resgatando sua história e contribuições felizmente estão ficando mais frequentes. Então quem sabe... que um dia ela tenha na própria Hollywood uma produção digna em reconhecimento pela sua inteligência e contribuições. Até lá, divulguem este artigo! ;)



PS: já leu os outros artigos especiais aqui do Cinema Vírgula sobre o Dia Internacional da Mulher? Se ainda não, aproveite e clique nos links abaixo!

2022: conheça Roberta Williams e suas revoluções para o mundo dos Videogames

2020: Lucille Ball e seu enorme legado para a cultura POP

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)


Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entregou trabalhos sensacionais como a minissérie Senhor Milagre (2017), ou lixos completos como por exemplo a também minissérie Heróis em Crise (2018). Também em 2018 ele tentou fazer sua HQ space opera com o Superman, em Superman: Para O Alto e Avante, que é legalzinha, mas não trouxe nada de especial...

... mas três anos depois, ele voltou a tentar uma space opera, agora com a Supergirl... e o resultado foi espetacular. Supergirl: Mulher do Amanhã é uma HQ excelente, tão boa que foi uma das obras indicadas ao Eisner Award (o "Oscar" dos Quadrinhos) de Melhor Minissérie de 2022, e que merece ser conhecida por todos.

A história, que é uma aventura pelo espaço, 100% fora do planeta Terra, é narrada por Ruthye, uma jovem que teve seu pai camponês covardemente assassinado, e então contratou a Supergirl para matá-lo em vingança. Ué... mas não faz sentido que ela aceitasse esse tipo de missão... verdade, por isso você precisará ler para entender rs.

Deixando claro, Supergirl: Mulher do Amanhã é uma história emocionalmente pesada (ou seja, não é nada infantil), e é sim uma história de super-herói (ou seja, com bastante aventura e ação), mas dito tudo isso, também é uma história sobre (muita) compaixão, coragem e força feminina. Tom King acaba propondo o seguinte... e se todo o universo fosse machista? Bem, aí ser uma mulher e ser a prima do Superman torna as coisas tudo muito mais complicadas...

E não é só isso. Supergirl: Mulher do Amanhã acaba também recontando uma origem para a Supergirl que faz dela uma das personagens de passado mais dramático de todo o Universo DC. Isso acaba a tornando uma das personagens mais fortes e admiráveis que você já leu. De "defeitos", a história acaba tendo uns "furos" nas leis da Física, mas dá pra relevar rs.

E toda esta bela e emocionante história é brilhantemente ilustrada por uma brasileira! Trata-se da paulistana Bilquis Evely, que aliás já há alguns anos vêm brilhando na DC Comics, como por exemplo  também em Mulher Maravilha e Sandman. Os traços de Bilquis (que você pode ver nas imagens deste artigo) acabam combinando muito bem com Supergirl: Mulher do Amanhã. Sua Supergirl é ao mesmo tempo delicada e forte; suas paisagens, ao mesmo tempo "alienígenas" e cinematográficas. E contribuindo com seus desenhos, a colorização é feita pelo também brasileiro Matheus "Mat" Lopes, e é excelente. Principalmente as cenas sob os céus dos planetas alienígenas são incríveis, parece que você está mesmo no espaço. Deslumbrante!

Para quem é fã de quadrinhos, principalmente fã da DC, Supergirl: Mulher do Amanhã é imperdível. Já pelos temas e personagens envolvidos, e por ser uma minisérie de história completa e fechada, é uma ótima sugestão para mulheres entrarem no mundo dos quadrinhos.


Supergirl: Mulher do Amanhã nos cinemas!

Sim! Outra "prova" de que a história de Supergirl: Mulher do Amanhã é boa é que recentemente, mais precisamente neste 29 de Janeiro, James Gunn - o atual chefão dos filmes da DC - anunciou que Milly Alcock, a moça da foto acima e conhecida por interpretar a Rhaenyra Targaryen na série A Casa do Dragão (HBO), foi a escolhida para ser a Supergirl do futuro filme... Supergirl: Mulher do Amanhã (!). O filme será sim baseado na história dos quadrinhos e, embora não tenha data prevista para lançamento, deverá ser lançado, segundo Gunn, "cerca de dois anos após o novo filme do Superman".


E caso você tenha chegado aqui e ainda não tenha se decidido a ler este quadrinho, seguem mais duas imagens como golpe de misericórdia. ;)


Bilquis Evely e um pouco de sua obra

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Conheça a Oink Games e seus curiosos jogos de cartas / tabuleiro


A Oink Games é uma empresa japonesa de jogos fundada em 2010, e embora ela também tenha alguns  poucos jogos de videogames em seu catálogo (celulares e Nintendo Switch), seu grande foco e especialidade, desde seu nascimento, são os jogos de tabuleiro.

Falando sobre seus jogos de cartas e de tabuleiro, a Oink Games já lançou cerca de 50 jogos até agora, e apesar de ter lançado jogos em caixas de tamanhos diversos (mas sempre em caixas pequenas), e algumas vezes simplesmente licenciando jogos de designers estrangeiros (por exemplo estão com ela os jogos Modern Art, Stamps e Twins do famoso criador de jogos alemão Reiner Knizia), ela é mais conhecida pelos seus jogos em pequenas caixinhas retangulares (com cerca de 11cm de altura por 6,5 cm de largura), com design diferenciado e minimalista, e de criadores japoneses (ver a foto acima).

Abaixo apresento a vocês 5 destes joguinhos de caixinhas da Oink Games que conheço, em ordem crescente de data de lançamento.


Maskmen (2014)

Dos designers Jun Sasaki e Taiki Shinzawa, Maskmen é um jogo de carteado de Climbing ("escalada"), ou seja, que na sua jogada você precisa "matar" as cartas do jogador anterior, geralmente jogando uma ou mais cartas de valores maiores. Com temática de lutadores da Lucha Libre mexicana, e para 2 a 6 jogadores, o principal diferencial deste jogo é que a definição do "qual valor (cor) é mais forte que o outro" acontece durante as partidas. Bem bonito visualmente, Maskmen fez bastante sucesso no Brasil em 2022, com muita gente importando o joguinho e levando nas jogatinas.


Deep Sea Adventure (2014)

Um dos maiores sucessos comerciais da Oink, ultrapassando 200 mil copias vendidas internacionalmente, Deep Sea Adventure foi criada pelos designers Jun Sasaki e Goro Sasaki, e se trata de um caça-ao-tesouro no fundo do mar. De 2 a 6 "mergulhadores", onde cada jogador rola dois dados, desce cada vez mais fundo no oceano e decide ou não pegar um peça de tesouro... tendo que que voltar para o barco antes de que o oxigênio acabe. Só há dois "probleminhas": quanto mais tesouros você pega, mais pesado você fica, consumindo mais oxigênio; e a reserva de oxigênio é compartilhada... ou seja, se alguém é muito ganancioso, pegando muito tesouros, TODOS são prejudicados correndo risco de vida. É bem comum que todos os mergulhadores acabem sem oxigênio e não voltem a tempo com seus espólios para o barco rs. O jogo é rápido, simples, tenso e divertido. Digamos que é uma versão ultra simplificada de Clank! (2016). Deep Sea Adventure fez tanto sucesso que em 2021 a Oink Games lançou Moon Adventure, uma versão maior e mais elaborada de Deep Sea, com mais componentes.


Dungeon of Mandom VIII
(2017)

Este jogo de cartas é a versão seguinte de Dungeon of Mandom (2013), e apesar do nome estranho, é um jogo familiar para os brasileiros. Pois se trata do jogo que na Europa foi vendido como Welcome to the Dungeon (2013), e teve sua continuação como Welcome Back to the Dungeon (2016). As regras são as mesmas em todos os jogos. A diferença principal entre as versões (além do design / ilustração das cartas), é o número dos personagens. Se nos "Welcome" temos 4 opções de aventureiros cada, no Dungeon of Mandom temos apenas 1, e no Dungeon of Mandom VIII temos 8 (daí o nome). No jogo, cada jogador é um aventureiro de classe distinta, repleto de equipamentos, e que pretende explorar uma masmorra (dungeon). Primeiro os jogadores se revezam desafiando um ao outro para entrar no calabouço com menos equipamentos, que também vai se enchendo de monstros. Quando resta apenas um jogador que não fugiu do desafio, ele desce para a exploração, indo para o "tudo ou nada".

Criado por Masato Uesugi, e ampliado por Antoine Bauza, o jogo chegou ao Brasil sempre na versão Welcome to the Dungeon, em parceria com a editora francesa Iello, ou seja: em uma caixa maior, branca, totalmente diferente das caixinhas da Oink.


Startups (2017)

Startups é um jogo de cartas do designer Jun Sasaki, de 3 a 7 jogadores, com temática de compra de ações de empresas na "bolsa de valores". As cartas são de 6 companhias diferentes, e no final da partida, só pontua quem tiver mais ações para cada companhia. A "sacada" do jogo é que quanto mais ações de uma empresa você tem no momento, fica mais difícil comprá-las. Isso exige dos jogadores balanceamento e estratégia nas compras das mesmas. Para quem olhar no detalhe de como o jogo funciona, irá perceber que ele é "mais ou menos" um No Thanks! (2004) ao contrário.


Scout (2021)

E, finalizando a lista com o melhor de todos eles, Scout, indicado ao Spiel des Jahres de 2022 (ou seja, foi um dos 3 jogos indicados ao equivalente ao "Oscar" de melhor jogo do ano). Um jogo de cartas de 2 a 5 pessoas, do designer Kei Kajino, Scout é o segundo jogo de escalada ("climbing") desta lista. A questão aqui, é que pra mim, ele é o melhor jogo de Climbing que joguei até hoje.

O diferente de Scout está em suas cartas... ele tem números tanto em cima quanto embaixo, e ao receber suas cartas você NÃO pode reordená-las! Pode apenas escolher em jogar com os números da parte de cima, ou os números da parte de baixo! Feito isso, em sua vez, ou você joga na mesa uma ou mais cartas maiores que a do adversário (para "matá-las" e ganhar um ponto para cada carta que matou), ou, se não for possível, se compra uma carta da mesa recém colocada pelo seu adversário, e se coloca na sua mão. Note que ao fazer isto, você aí sim pode colocar a carta pescada em qualquer lugar da sua mão. A rodada acaba quando o primeiro jogador "bater" e eliminar todas as cartas das maõs. Cada carta não jogada que sobrou com você vale um ponto negativo.

Há outras regras, mas não vou citar para não me estender muito. Scout é outro jogo que foi bastante importado pelos brasileiros, e tem feito bastante sucesso por aqui nas jogatinas dos últimos dois anos.



E como os jogos de tabuleiro também tem um pezinho no colecionismo, uma experiência diferente e bacana seria colecionar os jogos de caixinhas da Oink Games (eu mesmo tenho 2 e há mais um outro a caminho). Pena que não é uma tarefa tão fácil para nós brasileiros, afinal, pouquíssimos dos seus jogos saíram por aqui (e quando saíram, foram em caixas genéricas completamente diferente das originais). A única maneira de colecioná-los seria importá-los.

A Oink não é boba e supervaloriza seus preços. Portanto, apesar de serem bem pequenos, suas "caixinhas icônicas" tem o preço médio de 20 Euros, variando levemente para mais ou para menos, dependendo da loja que você os encontre. Só compensa mesmo se você estiver no exterior e comprar pessoalmente, porque se comprar pela internet, com o frete e imposto, o preço vai às alturas.

E aí, conhecia os jogos da Oink Games? Tem algum? Já jogou algum? Coleciona? Escreva nos comentários!



Atualização 17/02/24: hoje a Galápagos Jogos anunciou, de modo surpreendente que irá trazer o Scout para o Brasil. Não disse a data nem o valor, mas será para o primeiro semestre deste ano. E segundo eles, esperam ser apenas o primeiro jogo dentre uma maior parceria com a Oink. Tomara. Nosso dinheiro agradece.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Bomba! Bomba! A História do Mundo - Parte I terá continuação, e estréia agora em Março!


Apresentando aos mais jovens, Mel Brooks (o moço da foto acima) já foi um dos maiores nomes do humor estadunidense entre os anos 60 e 80, seja como produtor, diretor, roteirista ou ator. É dele, por exemplo, o seriado Agente 86; e também grandes filmes da comédia nonsense, como por exemplo Banzé no Oeste (1974), O Jovem Frankenstein (1974) e S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço (1987).

Mas há outro filme muito engraçado e curioso feito por Mel Brooks, tema deste artigo. Trata-se de A História do Mundo - Parte I, de 1981.

A História do Mundo - Parte I é dividida em cinco capítulos (e totalmente independentes entre eles) de eras famosas da História humana. São elas: Idade da Pedra, "Antigo Testamento", Império Romano, Inquisição Espanhola e Revolução Francesa. E o objetivo, claro, é zoar ao máximo com os envolvidos de cada época.

Pode-se verificar pelos temas que uma das características de Mel Brooks foi de nunca ter medo de fazer piadas com religiões (uma das mais famosas do filme é justamente quando Moisés recebe 3 tábuas com os "15 Mandamentos", tropeça, quebra uma delas, e então anuncia ter recebido "10 Mandamentos").

Sim! Originalmente tínhamos 3 tábuas!

Outra característica de Brooks é que ele adora musicais, e portanto, praticamente todo o segmento da Inquisição Espanhola é uma apresentação musical, o que pra mim se torna de longe a parte mais fraca e chata do filme.

Mas apesar de conter um "Parte 1" no nome, e inclusive encerrar o filme com um (falso) trailer anunciando o A História do Mundo - Parte II, Brooks já confessava nas entrevistas da época do lançamento da produção que nunca pensou em fazer uma continuação... esta história de "Parte 1 e Parte 2" era mais uma de suas piadas malucas.

Mas eu, como bom fã de suas loucuras, sempre sonhava que ele mudasse de idéia e este Parte II fosse um dia realizado...

... e eis então que este dia chegou!


A História do Mundo - Parte 2 (a Série)

E não é que 43 anos depois do filme, e agora com 97 anos de idade, o "jovem" Mel Brooks nos presenteia com A História do Mundo - Parte 2, e ainda trabalhando como ator, co-produtor e co-roteirista?

Só que não será um filme, e sim uma série de TV, sendo que a primeira temporada, composta de 8 episódios, tem estréia marcada no Brasil para 6 de Março no Star+.

A lista de atores e comediantes que aparecem em A História do Mundo - Parte 2 é gigantesca. Dentre alguns nomes, posso citar: Wanda Sykes, Nick Kroll, Will Sasso, Danny DeVito, Jack Black, Kumail Nanjiani, Florence Pugh, Taika Waititi, Zazie Beetz, David Duchovny, J. B. Smoove, Seth Rogen, Sarah Silverman, Josh Meyers, Jason Alexander e Timothy Simons.

Abaixo você pode conferir o trailer da produção (e ora, ora... nele temos piadas com religião e musicais... é mesmo um Mel Brooks!). Mesmo apresentando vários trechos um bocado específicos da história estadunidense, estou bem empolgado. E vocês, o que acharam da novidade?



PS: Lembram que na crítica de Tar, eu comentei que a espetacular Viola Davis tinha acabado de se tornar a 18ª pessoa na História a se tornar um EGOT (ou seja, vencedora de pelo menos um prêmio Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro))? Pois bem, Mel Brooks foi o 8º ser humano a atingir este feito, em 2001. ;)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Os dois melhores álbuns musicais que ouvi em 2023


Como diria o grande Advogado Paloma: "Povo brasileiro, eu resolvi ousar mais uma vez", e então estréio aqui no Cinema Vírgula meu primeiro artigo sobre música. Gosto bastante destes dois álbuns, e como presente de final de ano, queria compartilhar estes sons com vocês.



That! Feels Good! - Jessie Ware (Abr 2023)

Vamos começar pelo melhor dos dois. Antes de 2023 nunca tinha ouvido falar de Jessie Ware, mas quando reparei que seu novo álbum That! Feels Good! começava a figurar com frequência nas listas dos "melhores discos do ano" já no primeiro semestre, ela chamou minha atenção.

That! Feels Good!
 mistura (muito) disco com pop e R&B contemporâneos, e o resultado é um som contagiante, muito dançante, e uma das melhores coisas que ouvi nos últimos anos.

Sendo o quinto álbum de estúdio de Jessie Ware, cantora e compositora inglesa de atualmente 39 anos, That! Feels Good! é tão bom que de suas 10 canções, apenas uma eu não "gostei bastante". Me empolguei tanto com o álbum que comecei a ouvir os outros discos de Jessie. A conclusão é que esta mistura de muitos estilos musicais (e sempre com a presença de jazz / blues com batidas dançantes) é sua marca registrada. Sua discografia em geral é muito boa, mas That! Feels Good! é de fato (e por enquanto) seu ápice.

Curiosidade, a música-título That! Feels Good! inclui vocais de várias celebridades cantando a frase-tema, como por exemplo a cantora Kylie Minogue e a atriz Gemma Arterton. Abaixo segue o vídeo da música "Shake The Bottle" para vocês conhecerem, uma das minhas favoritas do álbum.



Dawn FM - the Weeknd (Jan 2022)

Diferentemente de Jessie Ware, eu já conhecia the Weeknd, cantor e compositor canadense de 33 anos. Eventualmente ele faz participações em músicas pop, mas é mais associado ao hip hop e música eletrônica, que não costumo ouvir. De qualquer forma, seu disco Starboy de 2016 é um que conhecia, gosto, e recomendo.

No começo do ano passado, em 2022, ele lançou seu quinto álbum de estúdio, Dawn FM, porém acabei descobrindo-o só bem recentemente, nos últimos meses. Me surpreendi. Achei este Dawn FM tão bom (e até melhor) que Starboy.

O conceito para Dawn FM é um bocado curioso... segundo o próprio the Weeknd, se trata de uma "Rádio FM Psicodélica". E a descrição é bem apropriada. Afinal, o disco de 16 faixas simula uma rádio FM, com direito a, em alguns momentos, um "DJ" anunciar o nome da "rádio Dawn FM" e falar com você, o ouvinte. E, claro, embora o estilo das músicas sejam variados (mas predominantemente "eletrônicas"), as melhores do álbum são justamente aquelas que são mais... "psicodélicas".

Abaixo segue o clipe de uma de minhas músicas preferidas do disco, "Sacrifice", que curiosamente é uma das que incorpora em seu começo um dos "momentos rádio" que citei anteriormente.



Espero que tenham curtido meu primeiro artigo sobre música, e principalmente, curtido pelo menos uma das minhas duas indicações musicais. Feliz ano novo a todos vocês. Obrigado por acompanhar o Cinema Vírgula! Nos vemos em 2024!

domingo, 10 de dezembro de 2023

Seis anos depois... Os Jogos de Tabuleiro e Cartas Modernos continuam em alta no Brasil e no Mundo!


Há exatamente 6 anos, escrevi aqui no Cinema Vírgula sobre como os Jogos de Tabuleiro estavam crescendo no Brasil. De lá pra cá, muita coisa mudou... por exemplo, os 6 jogos que citei naquele artigo já não estão mais entre os mais populares. Mais uma coisa permanece: os jogos de tabuleiro continuam crescendo no Brasil e no Mundo!

Comparando com os dados de 6 anos atrás... o Board Game Geek ( https://boardgamegeek.com ) possuía cerca de 95 mil jogos cadastrados, e hoje passou da marca de 150 mil; já o brasileiro Ludopedia ( https://ludopedia.com.br ), que antes tinha cerca de 15 mil jogos cadastrados, hoje conta com mais de 40 mil. E, até o momento que escrevo estas linhas, em 2023 tivemos no Brasil nada menos que 439 lançamentos em jogos de tabuleiro, sendo 301 jogos base e 138 expansões.

Para você que ainda não conhece esse mundo, recomendo ler meu post anterior, em que explico o que são jogos modernos. Lá você vai aprender a diferença dos jogos de tabuleiro "clássicos" que você conhece (como Banco Imobiliário, War, etc) e os jogos modernos, além de conhecer 6 jogos como exemplos / indicações. Para lê-lo (e recomendo fortemente antes de continuar este), você pode clicar aqui, ou simplesmente clicar na imagem abaixo, tirada do artigo original.

Não deixem de ler o artigo introdutório de exatos 6 anos atrás!

Agora volto apresentando 6 novos jogos que atualmente fazem sucesso entre os jogadores brasileiros. Mas... antes disso, uma observação... estão vendo os jogos da foto no título deste artigo? Trata-se da caixa de todos os jogos que foram indicados em 2023 para o prêmio do Spiel des Jahres, premiação alemã considerada o "Oscar" dos tabuleiros mundiais. Ah, uma outra coisa que mudou, de 2017 pra cá é que até tivemos brasileiros concorrendo ao Spiel des Jahres, em 2020.

Sem mais delongas, vamos conhecer mais 6 jogos modernos. A ordem de apresentação é alfabética, e ao lado do nome mostro a data em que o jogo teve seu lançamento mundial.


Azul (2017)

Jogo lançado por Michael Kiesling, baseado nos azulejos azuis usados nos palácios portugueses, é um jogo de 2 a 4 jogadores para toda a família (é o jogo que mais joguei com meus pais, por exemplo). Com regras simples, o objetivo é em sua vez, escolher ladrilhos de dentro das "fábricas" (os mini tabuleiros redondos) e colocá-los no seu tabuleiro de forma a fazer o máximo de pontos.

Azul fez tanto sucesso por aqui e pelo mundo que virou uma franquia muito lucrativa, com direito a várias expansões, jogos derivados (com regras e peças completamente diferentes), e versões alternativas do jogo original, como a versão "gigante", a versão "mini", e a versão "chocolate" (onde as peças representam chocolates ao invés de azulejos).

Estas versões alternativas (menos a "gigante") são facilmente encontradas para vender aqui no Brasil, e a "mini" - que não é tão mini assim - tem obviamente o menor preço de todos.


Brass: Birmingham (2018)

O principal motivo para que Brass: Birmingham esteja nesta lista é porque ele atualmente é o "número 1" do ranking de "melhor board game de todos os tempos", tanto no Board Game Geek quanto na Ludopedia. Curiosamente o posto anterior era o "dungeon crowlerGloomhaven (2017), e mesmo ambos estando no mercado há vários anos, foi somente agora em 2023 que este Brass assumiu a primeira posição.

Também para 2 a 4 jogadores, entretanto ao contrário do jogo Azul, este aqui é bem mais complexo. Estamos em um cenário de Primeira Revolução Industrial, e como empresários, ganha quem lucrar mais com suas usinas de carvão, ferro e cerveja. Aqui planejamento e estratégia fazem bastante diferença, tanto econômica como espacial (na hora de planejar suas rotas de barcos e trem). Um jogo "normal" de Brass: Birmingham costuma durar mais de 2 horas, mas apesar de sua longa duração e complexidade, também passa longe da lista dos jogos "mais difíceis de se jogar".


Fantasy Realms (2017)

Apesar de já ter alguns anos de idade, Fantasy Realms só chegou ao Brasil em 2023. Trata-se de um jogo de cartas bem simples, de 2 a 6 jogadores, com temática de mundos de fantasia medieval / RPG. Na partida cada jogador começa com 7 cartas, e em sua vez compra uma nova carta e descarta outra. Ao final do jogo, a pessoa que estiver com mais pontos somados nas 7 cartas que tiver em mãos vence.

O "segredo" do jogo é que cada carta tem uma pontuação e efeito específico, que combinando com outras cartas que podem ou não estar em sua mão, podem aumentar seus pontos ou até mesmo diminuí-los. Está aí a graça... se adaptar para que os "combos" de cartas que você têm posse a cada rodada sejam o mais benéfico (ou menos danoso) possível ao jogador.

Por ser um jogo pequeno de cartas, barato, simples e rápido de jogar (cada partida demora de 10 a 15 min), Fantasy Realms entra na lista por ter sido um dos jogos mais jogados no Brasil (em número de partidas) em 2023.


Marvel United (2020)

A série de jogos de tabuleiro Marvel United chegou ao Brasil em 2022, e seus (muitos) novos produtos continuam saindo lá fora e por aqui. Ele tem duas grandes diferenças em relação aos outros jogos apresentados nesta lista: ser um jogo cooperativo, e apostar bastante no colecionismo.

Afinal, como se pode ver pela foto acima, o jogo traz muitas miniaturas. Uma caixa base (e existem várias), permite o jogo de 1 a 4 jogadores, e traz cerca de 10 miniaturas, somando heróis e vilões. Porém, cada caixa diferente (seja outra caixa base ou caixa de expansão), traz novos heróis, novos vilões (novas miniaturas!), e novas maneiras de se jogar o jogo (por exemplo, pode se expandi-lo e jogar de modo competitivo - um time vs outro) e dependendo do novo módulo jogado, aumentar os participantes para 5, 6 e até 7 jogadores.


E como o jogo funciona? É consideravelmente simples, você coloca os "locais" da partida na mesa, formando um "círculo" (ver foto acima), e então vilão e heróis brigam nestes locais, sejam golpeando uns aos outros, ou colocando fichas para "dominar" cada local. Cada herói e vilão possui seu próprio baralho, com ações normais ou poderes, e o jogador joga duas de suas cartas em cada turno para fazer as ações de seu personagem.


Terra Nova (2022)

Diferentemente de todos os outros jogos desta lista, este eu ainda não joguei... e tem um motivo, ele é um lançamento bem recente, chegou há apenas 2 meses no Brasil. E o que ele tem de especial é que Terra Nova promete ser uma versão simplificada do jogo Terra Mystica (que foi o jogo número 1 do ranking do BGG antes do Gloomhaven e do Brass: Birmingham).

Eu joguei Terra Mystica apenas uma vez, e a partida durou... 3h. Porém Terra Nova promete a mesma experiência de jogo entre 60 a 90 min para 2 a 4 jogadores, e pelo que vi em reviews até agora, tem cumprido bem o anunciado. Mesmo simplificado, o jogo tem certa complexidade, e o objetivo é pontuar ao máximo dominando áreas do tabuleiro antes de seus adversários. Porém, cada área do seu tabuleiro possui um tipo diferente de terreno, e dependendo de qual for, você não conseguirá ocupá-lo, e terá que antes transformá-lo para seu tipo de terreno nativo. Sua característica marcante, herdada do Terra Mystica, é que cada jogador joga com uma raça distinta, e cada raça possui um poder exclusivo. Portanto, com raças diferentes, sua estratégia para jogar e vencer precisa ser diferente. Terra Nova vêm com 10 raças diferentes, sendo que seu "pai" Terra Mystica vem com 14.


Wingspan (2019)

Fechando a lista, depois de citar 2 jogos para jogadores avançados, volto a trazer um jogo que, assim como o Azul, é simples, diverte toda a família, e encanta a todos com seus componentes. Aqui somos "colecionadores" de pássaros, e pontuamos conforme cada pássaro que conseguimos trazer para nossa área de criação.

Com direito a ovinhos, comidinhas, e torre para rolar dados em forma de comedouro, Wingspan tem regras simples e ao longo de 4 rodadas os jogadores tentam pontuar ao máximo com as cartas de pássaro coletadas. Cada carta de pássaro é única, e representa um pássaro real da América do Norte (são 170 pássaros no jogo base).

O jogo comporta de 1 a 5 jogadores, e caso você não se importe de jogar em apenas 2 jogadores, existe uma versão levemente mais barata do jogo, o Wingspan: Ásia, que é exclusiva para se jogar em dois (mas também pode ser incorporada como expansão do jogo original, transformando-o em um jogo para até 7 jogadores).

 

Conheciam os jogos acima? Que tal entrar para este mundo?? O Natal está chegando! Que tal dar Jogos de Tabuleiro de presente? Se quiser iniciar, uma opção é começar pelos jogos modernos "pequenos e baratos", geralmente só de cartas. As editoras Papergames, Grok e Geeks n' Orks são exemplos de editoras nacionais grandes mais especializadas em jogos deste tipo. Outra dica é essa lista aqui, que escrevi em 2020. Divirtam-se!

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

A Sete Palmos, uma das melhores séries de todos os tempos, agora está na Netflix (junto com outros 5 seriados da HBO)


Há poucos dias atrás estreou na Netflix o espetacular seriado A Sete Palmos (Six Feet Under no original), que na verdade se trata do relançamento de uma produção original HBO, série esta que foi originalmente exibida por lá em 5 temporadas, entre 2001 e 2005.

A trama acompanha a história da família Fisher a partir do momento em que seu patriarca morre; pois é quando ele deixa sua empresa - uma casa funerária - para que seja administrada pelos seus dois filhos: Nate (Peter Krause), o mais velho, que é obrigado a voltar as pressas de Seattle para assumir a missão, e David (Michael C. Hall - que futuramente iria protagonizar o seriado Dexter), e que ao longo da série vai se descobrindo (e assumindo) ser homossexual. Também completam a família a mãe Ruth (Frances Conroy), uma mulher infeliz que sempre foi reprimida em seu papel de mãe e esposa, e Claire Fisher (Lauren Ambrose), a filha mais nova, que por ser de outra geração e ter pensamentos mais progressistas entra em constante conflito com os demais familiares.

Não posso testemunhar se o começo de A Sete Palmos é realmente bom, pois comecei assistir a série a partir da terceira temporada (naquela época, no "tempo das cavernas", não existiam streamings, então você tinha que se programar para a série no dia e horário certo que os episódios passavam, na TV a cabo, e para assistir o que eles exibiam, e não o que você planejava assistir). Mas posso dizer, pelo que vi empolgadíssimo das três últimas temporadas que A Sete Palmos é uma obra diferenciada, muito acima da média, e até hoje uma das melhores séries que já vi na minha vida.

Além de uma qualidade técnica impressionante, e ótimos atores, seu verdadeiro diferencial é a surpreendente narrativa: cada episódio começa com a morte de uma pessoa diferente (que acaba sendo atendida pela casa funerária Fisher). Então, já aí temos, em cada capítulo, uma maneira diferente de ver a morte, seja pelo lado religioso, filosófico, ou ainda mais mundano, como de justiça, de sorte ou azar, de ironia... há sempre o "fantasma" da finitude humana pairando no ar de modo inteligente, profundo, e o que é melhor, não mórbido.


E em paralelo, claro, vamos acompanhando também a cada episódio os dramas da família Fisher e a evolução como pessoa de cada personagem. É aí que vemos temas como infidelidade, sociedade, religião, homossexualidade e feminismo. Outra curiosidade é que o episódio final de A Sete Palmos é amplamente reconhecido como um dos melhores finais de séries de todos os tempos, opinião que eu também assino embaixo.

Com seus 63 episódios, A Sete Palmos foi uma produção bastante elogiada e premiada, tendo recebido 9 Emmy Awards e 3 Globos de Ouros. Para quem curte série de drama familiar, e também quer refletir sobre a vida, o universo e tudo mais, digo que é uma produção quase obrigatória.


Seis séries da HBO na Netflix!

E o fã de seriados mais atento já deve ter reparado que A Sete Palmos não é a primeira série HBO que veio parar na Netflix nos últimos meses. As atuais concorrentes fizeram uma surpreendente pareceria onde alguns seriados antigos que hoje não constam mais no catálogo da HBO tiveram os direitos de transmissão vendidos para a empresa do logotipo vermelho. Isto, é claro, tem prós e contras para ambas as empresas.

De qualquer forma, além de A Sete Palmos também (re) estrearam recentemente na Netflix: o drama sobre vampiros True Blood, a comédia Insecure, uma série sobre futebol americano com o ator The Rock de nome Ballers, e as espetaculares (e recomendadíssimas) minisséries sobre a Segunda Guerra Mundial, Irmãos de Guerra (Band of Brothers) e O Pacífico (The Pacific), totalizando seis produções e fechando o pacote deste primeiro acordo HBO-Netflix.


O que este acordo irá significar para HBO e Netflix só o futuro dirá, assim também como se teremos ou não eventuais novos pacotes de séries para chegar. Enquanto isto, é aproveitar. Principalmente A Sete Palmos, Irmãos de Guerra e O Pacífico: as três têm minha aprovação máxima.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...