terça-feira, 27 de maio de 2025

Crítica - Missão: Impossível - O Acerto Final (2025)

TítuloMissão: Impossível - O Acerto Final ("Mission: Impossible - The Final Reckoning", EUA / Reino Unido, 2025)
Diretor: Christopher McQuarrie
Atores principaisTom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Hannah Waddingham, Tramell Tillman, Angela Bassett, Shea Whigham, Greg Tarzan Davis
Nota: 6,0

Franquia se despede de modo grandioso, porém com roteiro a desejar

Depois de quase 30 anos, quando tivemos o primeiro Missão Impossível (1996), chegamos ao oitavo e último capítulo da saga: Missão: Impossível - O Acerto Final, que é uma continuação de Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um (2023), cuja trama não havia terminado. Pela lógica, este filme aqui deveria se chamar Parte Dois, porém como a bilheteria do capítulo anterior ficou abaixo do esperado, a Paramount Pictures achou comercialmente mais interessante mudar para este nome.

Obviamente, é bem importante que você tenha assistido a primeira parte antes de ver Missão: Impossível - O Acerto Final. Mas ainda assim já nos primeiros minutos de projeção temos um breve e eficiente resumo do que aconteceu no filme anterior, o que já é suficiente para contextualizar os novos espectadores.

Dois meses após conseguir a chave para obter o código-fonte da inteligência artificial Entidade, Ethan Hunt (Tom Cruise) fica sabendo que agora ele tem uma apertada corrida contra o tempo: em cerca de 3 a 4 dias a Entidade terá assumido todo o arsenal nuclear do planeta, e fará um ataque total contra a humanidade. Para impedir que isto ocorra, Hunt e seu time precisa obter do vilão Gabriel (Esai Morales) a localização do submarino afundado Sevastopol (onde o código fonte da Entidade se encontra), retirá-lo de lá, e usá-lo contra esta maligna IA, para destruí-la.

Assim como em Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, mais uma vez temos uma trama com referências e ligações aos filmes antigos da franquia, e também temos um número enorme de personagens. Porém, ao contrário do que vimos no episódio passado, aqui temos um foco muito maior em Ethan Hunt, que disparadamente ocupa mais tempo em tela. Porém ironicamente, as duas vezes do filme em que temos cenas de ação acontecendo em modo paralelo - e de forma tripla, cortando de um dos três "núcleos de ação" para outro - com toda a trupe de Ethan trabalhando em conjunto, é que temos o melhor de Missão: Impossível - O Acerto Final: tensão, ação e emoção nas medidas certas.

Com personagens carismáticos, ritmo acelerado e boas cenas de ação, certamente este novo Missão: Impossível não desagradará seu público. Ainda assim, o roteiro de O Acerto Final é fraco, trazendo de volta muito de ruim que fez, por exemplo, Missão: Impossível 2 virar piada: coincidências absurdas, situações tão bizarramente forçadas que beiram o ridículo. Exemplos: por duas vezes Tom Cruise tem alguns poucos minutos para salvar uma pessoa que está em outro prédio. Como ele vai salvá-la? Oras... correndo(!), afinal, ele é rápido igual ao Flash e todos os prédios do mundo são vizinhos uns dos outros. Ou ainda, quando ele está dentro do gigantesco submarino Sevastopol que pesa milhares de toneladas: basta ele fazer um mínimo movimento lá dentro, que o veículo inteiro se mexe como se fosse um lápis...

Apesar dos pesares, Missão: Impossível - O Acerto Final se conclui de maneira "épica" e aceitável, com uma trama que pode ser definida com palavras como "resumo", "conclusão" e "nostalgia". MAS ainda assim sua cena final é uma cena sem nenhum impacto, vaga, e com consideráveis ganchos para a história continuar.

Eu torço para que Missão Impossível tenha se encerrado. E olhe que sou bastante fã da franquia. Mas ela já se esgotou. O próprio filme, com este seu roteiro contestável, tira sarro dele mesmo várias vezes durante a história, com os inimigos de Ethan ironizando que ele sempre faz a mesma coisa... que Hunt sempre coloca em risco o mundo inteiro só para salvar a mocinha. Missão Impossível precisa se encerrar porque isto é verdade. E também porque se ficava cada vez melhor a partir do filme 4 e chegou em seu ápice no filme 6, agora vem piorando a cada sequência.

Mas se Tom Cruise não mentiu, Missão: Impossível - O Acerto Final é de fato o desfecho de tudo. Em uma Première duas semanas atrás, o ator declarou (sobre o filme): "É o último. Ele não se chama 'Final' à toa". Vou dar meu voto de confiança no astro e acreditar em suas palavras. Nota: 6,0


PS 1: aqui darei outro exemplo concreto do quão ruim e forçado é o roteiro. Como este PS é um pequeno spoiler, é melhor ler somente depois de ter visto o filme. Pois bem: em um determinado momento, com o avião em queda, o vilão tira sarro de Ethan dizendo "eu tenho o único paraquedas", e ele salta com seu paraquedas deixando nosso herói sozinho. Então Tom Cruise fica em situação difícil não é mesmo? Pois bem... sendo forçado a deixar o avião, ele também salta e depois de um tempo em queda livre, Ethan abre um paraquedas (????), que então pega fogo, e depois de mais um tempo em queda livre, ele abre seu SEGUNDO paraquedas (!!!!), para então pousar em segurança... 

PS 2: como peripécia final, Tom Cruise realizou uma de suas cenas de ação mais arriscadas de todas, que foi fazer acrobacias e lutas do lado externo de um antigo avião monomotor de hélice. No vídeo abaixo, segue um curto vídeo de bastidor das gravações destas cenas.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

Crítica - Mickey 17 (2025)

Título
Mickey 17 (idem, Coréia do Sul / EUA, 2025)
Diretor: Bong Joon Ho
Atores principais: Robert Pattinson, Naomi Ackie, Mark Ruffalo, Toni Collette, Steven Yeun, Patsy Ferran, Cameron Britton
Nota: 5,0

Filme tem bons efeitos visuais, mas não sobressai em mais nada

Mickey 17 era um dos filmes de 2025 que estava na minha lista dos que mais despertou interesse. Ficção científica, dirigido e roteirizado pelo sul coreano Bong Joon Ho, que já venceu Oscar de Direção e Roteiro por Parasita (2019).

Na história, baseada no livro de Edward Ashton de nome Mickey 7, estamos no ano de 2050, onde para fugir de um agiota assassino, vemos o fracassado Mickey Barnes (Robert Pattinson) embarcar em uma nave espacial para colonizar o planeta gelado Niflheim na profissão de "Dispensável", ou seja, uma pessoa que faz trabalhos extremamente perigosos e que, quando morrer, volta a vida através de um clone com memórias restauradas através de um processo chamado "reimpressão".

Porém, as coisas não são fáceis para Mickey. Não apenas ele é tratado mal por todos, como toda a tripulação vive em regime de economia, dada a escassez de recursos, e a enorme incompetência de seus líderes, o casal Kenneth e Ylfa Marshall (Mark Ruffalo e Toni Collette).

Os trabalhos de Bong Joon Ho costumam criticar o capitalismo, mostrar luta de classes, escancarar o egoísmo humano, ter humor sombrio... e aqui em Mickey 17 tudo isto está mais uma vez presente. Porém, tudo é feito sem surpresas e sem muito impacto. Há também um fator que ajuda a explicar a falta de força nas críticas políticas e sociais do roteiro: com exceção de um ou outro personagem, os demais são extremamente idiotas, fazendo este filme lembrar um bocado o clássico cult Idiocracia (2006). A diferença é que neste último há uma explicação para todos se comportarem de modo tão burro; aqui não.

Outro aspecto que poderia se esperar do roteiro de Mickey 17 era explorar os dilemas do personagem de Mickey Barnes morrer constantemente, e de encontrar com uma cópia dele mesmo (ok, isso é spoiler, porém aparece no trailer). Porém exatamente como todo o resto do filme, isto também é feito sem surpresas e sem muito impacto. Aliás, com um agravante: a "cópia" que Mickey 17 encontra tem um comportamento bem diferente do dele e para isso não é dada nenhuma explicação. Pelo menos Robert Pattinson atua bem, e isso é um ponto positivo.

Ainda que exageradamente cinza e marrom, o melhor em Mickey 17 é a parte visual, com boa fotografia e efeitos visuais. E ainda assim, também aqui falta originalidade... por exemplo as criaturas alienígenas são praticamente idênticas a um tipo de animal visto em Nausicaä do Vale do Vento (1984), de Hayao Miyazaki.

Em resumo, Mickey 17 é um passatempo aceitável. Bons efeitos visuais, mas de resto, digamos que é tudo um "médio"... até cogitei dar uma nota 6,0 pra ele... porém o desnecessário sonho que o personagem de Mickey tem perto do fim do filme foi demais para a minha boa vontade. Nota: 5,0


PS: o livro Mickey 7 possui uma continuação de nome Antimatter Blues, que se passa 2 anos após os eventos da primeira história. Porém é pouco provável que teremos esta continuação nos cinemas, já que o filme Mickey 17 mal se pagou nas bilheterias.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #042 - Jason Voorhees e as máscaras dos Goleiros de Hóquei

Um dos personagens mais icônicos dos filmes de terror é Jason, o assassino protagonista dos filmes da franquia Sexta-Feira 13. E se hoje reconhecemos imediatamente sua assustadora imagem, de seu "rosto" impassível coberto por uma máscara de goleiro de hóquei, saibam que nem sempre foi assim.

Até o presente momento, tivemos 12 filmes (!!!) de Sexta-Feira 13, porém Jason Voorhees vestiu sua máscara de hóquei apenas a partir do terceiro filme, Sexta-Feira 13 - Parte 3 (1982). No filme inicial, ele ainda não é adulto e aparece sem máscaras; já no segundo, ele simplesmente aparece com um saco de estopa cobrindo sua cabeça. Na imagem acima, vemos o famoso assassino com seu visual do filme 2 (à esquerda), e estreando a famosa máscara no filme 3 (à direita).

O que poucos sabem é que Jason só ganhou a máscara de goleiro de hóquei por puro acaso. Para o filme Sexta-Feira 13 - Parte 3 o roteiro apenas dizia que Jason "usava uma máscara", sem trazer nenhum detalhe adicional.

Em um dos primeiros dias de produção, o diretor Steve Miner pediu um teste de iluminação, e então a equipe saiu a caça de uma máscara qualquer para que o ator Richard Brooker (que interpretava Jason neste filme) pudesse ser filmado. Quem lhe deu a máscara foi supervisor de efeitos especiais Martin Jay Sadoff, que era um grande fã de hóquei e, por coincidência, trazia em seu carro uma máscara de goleiro do Detroit Red Wings.

O teste foi feito, Miner gostou do visual e a máscara foi "oficializada" para o filme. Como a máscara original não cobria toda a cabeça de Jason, um novo molde foi feito, ampliando-a. Terry Ballard, do departamento de arte, adicionou a ela os triângulos vermelhos e mudou a disposição de alguns furos para dar uma aparência única e marcante. Pronto! A primeira máscara de goleiro de hóquei de Jason Voorhees estava finalmente finalizada!


As máscaras em goleiros de Hóquei no Gelo

Curiosamente, a máscara usada por Jason em Sexta-Feira 13 - Parte 3 já era "antiga" quando o filme foi feito. Para ser mais exato, o objeto em questão é uma 1970 Jacques Plante Elite FibroSport model 103. Ou seja, o filme era do começo dos anos 80, mas aquela máscara foi utilizada no começo dos anos 70. E em se tratando de ser uma máscara do Red Wings, isso significa que na vida real ela foi usada por goleiros como Doug Grant, Bill McKenzie e Terry Richardson.

Mas vamos voltar ao nome presente no modelo da máscara: Jacques Plante. Quem é ele? Bem, além de ser o dono da empresa que fez esta máscara, o canadense Plante também foi goleiro da NHL e na verdade, o inventor das máscaras para goleiros no Hóquei no Gelo!

Segundo o que conta a história, Jacques Plante, goleiro do Montreal Canadiens, desde 1956 treinava usando uma máscara de fibra de vidro que ele mesmo fez (ver imagem ao lado), depois de perder 13 jogos devido uma operação no nariz para sinusite. Porém, seu treinador Toe Blake não o deixava usar a máscara nas partidas por medo que ela limitasse sua visão.

Entretanto, no dia 1º de novembro de 1959, em uma partida contra o  New York Rangers, o nariz de Plante foi quebrado quando seu rosto foi atingido por um disco de borracha (puck) arremessado contra seu gol. Ele foi levado ao vestiário para costurar pontos no nariz e quando voltou, ele estava usando sua máscara de goleiro caseira dos treinos. O técnico Blake ficou furioso, mas como não havia outro goleiro e Plante se recusava a retornar para o jogo sem a máscara, Blake cedeu e os Canadiens venceram o jogo por 3 a 1. Para as partidas seguintes, Plante continuou recusando a deixar a máscara, mas como os Canadiens continuaram a vencer, Blake também foi aceitando a exigência de seu goleiro. No final das contas, os Canadiens seriam os campeões daquela temporada. Seria a quinta Stanley Cup consecutiva do time, e o último título de Jacques Plante como profissional.

Após esta temporada, Plante começou a projetou suas próprias máscaras e as de outros goleiros; trabalho que ficou muito mais sério após sua aposentadoria, quando investiu em uma empresa dedicada a isso. E apenas para reforçar, Jacques Plante não foi o primeiro goleiro da NHL a usar uma máscara facial. Por exemplo em 1930 Clint Benedict, do Montreal Maroons, usou uma máscara de couro para proteger um nariz quebrado. A diferença é que Plante introduziu a máscara como equipamento diário, e não apenas para proteção de machucados.

Mas a conclusão é: por cerca de 50 anos, os goleiros da NHL não usavam máscara nenhuma! Goleiros usarem máscaras só passou a ser maioria no começo da década de 70. E somente a partir da temporada da NHL de 1979-80 o equipamento inventado por Jacques Plante enfim se tornou obrigatório. Coisa de maluco!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 18 de maio de 2025

Muito além de Susan Boyle: conheça aqui outras SETE audições espetaculares em programas de talentos


O que não falta na televisão são programas de "show de talento", onde participantes (em teoria ainda desconhecidos ou de pouca fama) participam de uma competição, realizando ao vivo alguma performance artística, geralmente perante a um público espectador e a um pequeno júri selecionado.

Um dos momentos mundialmente mais famosos destes programas ocorreu em 2009, quando a escocesa Susan Boyle (a primeira pessoa na foto acima) apareceu no programa de calouros britânico Britain's Got Talent pela primeira vez e cantou a música I Dreamed a Dream do musical Les Miserables. Por ser uma pessoa já com certa idade, acima do peso, aparência desleixada e bastante tímida, todos olharam para Susan desconfiados. Porém, quando ela começou a cantar, revelou ser uma cantora excepcional, chocando a todos e as imagens de sua apresentação viralizaram rapidamente por todo o mundo.

Mais de 15 anos após este momento, os programas de "show de talento" continuam firmes e fortes por aí. Assim como novos cantores e cantoras sensacionais continuam surgindo todos os anos. Mas hoje existem tantas outras coisas viralizando pela Internet, que dificilmente teremos algo parecido como o fenômeno Susan Boyle novamente. Por isso, aqui no Cinema Vírgula, resolvi trazer algumas apresentações que considero incríveis para que todos vocês também possam conhecer e desfrutar.



Começando por Loren Allred, estadunidense. Quando ela se apresentou no Britain's Got Talent 2022, ela ainda não era famosa, mas ironicamente sua voz sim. Isto porque, sem creditar, eram dela os vocais no filme musical O Rei do Show (2017) para a música Never Enough. Sua apresentação para esta música é de arrepiar (clique aqui pra ver), porém resolvi trazer algo que achei ainda mais belo: sua performance na disputa final, onde Loren resolveu cantar uma música de própria autoria chamada Last Thing I'll Ever Need.



Para quem curte um pop rock britânico, aqui vai a apresentação do australiano Adam Ludewig no The Voice Australia 2020 cantando Leave A Light On, do cantor Tom Walker. Sua bela voz tornou a canção melhor que a original. O que torna sua performance ainda mais inacreditável é que ele tinha apenas 16 anos de idade na época desta apresentação.




Agora vamos de um novo momento Susan Boyle. Trata-se da estadunidense Amanda Mammana, se apresentando no America's Got Talent 2022 com uma canção de autoria própria. Apesar de ter disfemia (o que popularmente chamamos de gagueira), e um pouco de dificuldade para se apresentar, foi só ela começar a cantar com seu violão para rapidamente nos maravilharmos com sua voz doce e afinada.



Sheldon Riley, jovem cantor australiano, em seus primeiros anos de apresentações públicas também chamou a atenção por muitas vezes usar máscaras, e que segundo ele, o fazia por não gostar da própria aparência. Porém sua voz não tem nenhum resquício desta "timidez": forte, impactante e única. Se preparem para ouvir algo bem diferente. No vídeo abaixo ele reinterpreta a música Frozen, da Madonna, no The Voice Australia 2019. Na mesma competição ele também se apresentou sem cobrir o rosto, como por exemplo na Final, onde você pode vê-lo clicando aqui cantando Everybody Wants To Rule The World.



Segue outro australiano de voz única: aqui vemos Wolf Winters, com sua voz ultra grave, cantando The Sound Of Silence no The Voice Australia 2020. Como curiosidade, apesar de sua excelente apresentação ele foi eliminado, graças a um... digamos "desacordo" entre os jurados Guy Sebastian e Kelly Rowland, a única que poderia aprová-lo (clique aqui para ver o que aconteceu).



A primeira vista, eu não imaginaria que o escocês Stevie McCrorie, com sua camisetinha polo levaria jeito para cantor. Porém sua apresentação de All I Want da banda irlandesa de rock Kodaline no The Voice UK 2015 encantou muito todos os jurados, onde teve aprovação, ou melhor, aclamação(!) unânime.



E para finalizar, se começamos a lista com uma intérprete feminina, terminaremos com outra. Trata-se da australiana Sabrina Batshon cantando Power Of Love no The Voice Australia 2014. A música, que ficou famosa interpretada por Céline Dion, na verdade foi originalmente criada por Jennifer Rush. E Sabrina não ficou devendo para nenhuma das duas...





Gostaram da lista? Deixem nos comentários para eu saber se querem ver mais artigos sobre música no Cinema Vírgula!

domingo, 11 de maio de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #041 - Reese Witherspoon: feminista, entusiasta e adaptadora de livros


A atriz Reese Witherspoon é bem conhecida mundialmente. Hoje com 49 anos e com atuações em cerca de 40 filmes, ela provavelmente ficará para sempre no imaginário popular pelas suas participações nas comédias Legalmente Loira (2001) e Legalmente Loira 2 (2003), e também no drama musical Johnny & June (2005), do qual aliás ela venceu o Oscar de Melhor Atriz.

Porém Reese também é empresária e produtora, onde aliás tem trabalhado mais do que na função de atriz nos últimos anos. Estes outros "aspectos" da pessoa Reese Witherspoon não são muito conhecidos pelo público brasileiro. Portanto, comentarei um pouco deles aqui no Cinema Vírgula. ;)

Seu lado empresária e produtora se iniciou no ano de 2000, quando ela, juntamente com Debra Siegel, fundaram a Type A Films, uma empresa para produzir filmes. Inclusive, os dois Legalmente Loira já seriam produzidos por esta companhia. Em 2012 houve uma fusão da Type A Films com a também produtora Make Movies de Bruna Papandrea, para criar uma nova empresa chamada Pacific Standard. Sob o nome da Pacific Standard foram produzidos filmes como Garota Exemplar e a série da HBO Big Little Lies. Em 2016, Witherspoon e Papandrea se separariam, com Witherspoon ficando com o controle total da empresa.

Em 2015, Reese Witherspoon lançaria seu segundo empreendimento: a Draper James, uma linha (e loja) de roupas e objetos de decoração inspirados no sul dos EUA (ela é da Louisiana, um dos estados desta região estadunidense).

E finalmente, em 2016, Witherspoon e Seth Rodsky fizeram uma joint venture da Pacific Standard com uma empresa chamada Otter Media. Nascia então a Hello Sunshine: uma empresa focada em produzir, para diversas mídias (cinema, TV, etc), histórias protagonizadas por mulheres.

Como exemplos de séries, a Hello Sunshine produziu The Morning Show (Apple TV+), Recomeço (Netflix) e Daisy Jones & The Six (Prime Video). Já em filmes, temos como exemplos Um Lugar Bem Longe Daqui (de 2022, mas que acabou de chegar na Netflix), Um Presente da Tiffany (Prime Video), Na Sua Casa ou na Minha? (Netflix) e Casamentos Cruzados (lançado recentemente na Prime Video).

E ainda tem mais. Reese Witherspoon criou em 2017 seu próprio "clube de livros", o Reese's Book Club. Nele, todo mês, a atriz mensalmente indica um livro para seus seguidores. Os livros também sempre possuem mulheres como protagonistas, e Reese garante que é realmente ela quem faz a indicação dos títulos. Como curiosidade, as indicações do seu book club costumam ser elogiados devida sua diversidade, e também por serem obras bem recentes de autores que em geral ainda não são famosos; por exemplo uma boa parcela delas foram os livros inaugurais de seus respectivos escritores!

Claro que Reese e a Hello Sunshine não iriam perder a oportunidade, e alguns dos seus livros indiciados já foram adaptados em séries ou filmes por eles mesmos, algo que está se tornando cada vez mais comum. É o caso, por exemplo, dos já citados Um Lugar Bem Longe Daqui e Daisy Jones & The Six, e também de Little Fires Everywhere (Prime Video) e A Última Coisa que Ele Me Falou (Apple TV+).

Seu book club é um negócio milionário, disparando a venda de qualquer um de seus livros escolhidos, gerando bastante conteúdo associado nas mídias sociais, além é claro, de estimular o hábito da leitura principalmente entre o público feminino.

A título de curiosidade, em 2021 Witherspoon vendeu a Hello Sunshine para uma dupla de executivos por estimados 900 milhões de dólares, porém com ela e a antiga CEO Sarah Harden continuando a mandar na empresa normalmente. Já em 2023, Reese vendeu 70% da Draper James, onde ela permanece como acionista minoritária e membro do conselho.

Caso queira saber todos os livros que o Reese's Book Club já indicou na vida, é só clicar aqui (está tudo em inglês). As 4 indicações mais recentes estão na imagem mais acima.

Já viu algum filme / série / livro produzido por Reese Witherspoon? Agora não tem desculpa. Só pegar um nome aqui neste artigo e começar. :)



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Crítica - Thunderbolts* [ou agora seria *Os Novos Vingadores?] (2025)

Título
Thunderbolts* (idem, EUA, 2025)
Diretor: Jake Schreier
Atores principais: Florence Pugh, Sebastian Stan, Julia Louis-Dreyfus, Lewis Pullman, David Harbour, Wyatt Russell, Hannah John-Kamen, Geraldine Viswanathan, Olga Kurylenko
Nota: 7,0

Nova Viúva Negra e os Thunderbolts lutam contra a Depressão

Eu tinha curiosidade sobre o quanto este filme Thunderbolts* seria diferente dos demais trabalhos da Marvel. Afinal, eles fizeram um bom esforço em associá-lo à A24, produtora de filmes e séries queridinha do mercado atual, e responsável por filmes consideravelmente "alternativos". Como exemplos de suas produções: Midsommar - O Mal Não Espera a Noite (2019), A Baleia (2022), X - A Marca da Morte (2022), Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo (2022) e Guerra Civil (2024). 

A tentativa de associação entre marcas de Marvel e A24 para este filme foi tal, que chegaram a fazer um trailer especificamente para isto, destacando que Thunderbolts* teria atores que já trabalharam na A24 (Florence Pugh, Sebastian Stan e Julia Louis-Dreyfus), assim como roteiristas (Jake Schreier e Joanna Calo), editor (Harry Yoon), diretores de fotografia, diretora de produção e compositora (Andrew Droz Palermo, Grace Yun e Son Lux respectivamente).

E como resultado final, Thunderbolts* de fato é o filme menos Marvel de todos. Porém, não conseguiu ser muito A24, no que voltarei mais adiante. Na história, vemos a diretora da CIA, Valentina de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) sendo investigada por atividades ilegais e, colocando sua contratada Yelena Belova / Viúva Negra (Florence Pugh) para destruir as provas e instalações que a comprometesse.

Porém Yelena é conduzida a uma missão suicida, pois ela também é uma "evidência" das atividades ilegais de Valentina, que portanto a quer morta. E o mesmo acontece com outros ex-contratados da diretora da CIA, que escapam da armadilha, e se unem virando os Thunderbolts.

E qual é o vilão que eles enfrentam? Bem, além da própria Valentina, seria o personagem Bob / Sentinela (Lewis Pullman)... porém na verdade o que eles estão mesmo enfrentando é a depressão. Inicialmente representada na melancolia da personagem de Yelena, e posteriormente, na "desesperança" encontrada nela e em Bob.

Então é neste aspecto em que Thunderbolts* se difere de todos os outros filmes da Marvel. O inimigo é uma doença, é um sentimento, é algo que você carrega. E o filme martela várias vezes que a cura é pedir ajuda, é não ficar sozinho. E é bom passar esta mensagem.

E por ter este tema, o filme é um pouco sombrio, com vários diálogos e menos ação do que o padrão Marvel... mas as "mudanças" param por aí. Como qualquer outro filme do MCU (Universo Cinematográfico Marvel), a produção é repleta de piadas, de atos heróicos e de efeitos especiais, e isso mesmo com os personagens não tendo muitos poderes sobre-humanos.

Quem rouba a cena em Thunderbolts* é Florence Pugh, não apenas pela qualidade de sua atuação, mas também pelo seu tempo em tela. Yelena é o fio condutor da trama, e temos aqui algo muito próximo do que seria um filme só seu... O que nos leva a um problema: a Marvel continua incapaz de "recomeçar" um ciclo de verdade, e sempre depende de seu gigantesco passado de filmes e séries. Claro, Thunderbolts* é um filme de história fechada e independente. Porém, metade de seus personagens vêm do filme Viúva Negra (2021), e a outra metade, do seriado Falcão e o Soldado Invernal (também 2021). Dá pra entender e curtir o filme sem ter assistido estas obras? Dá. Mas principalmente sem ter assistido Viúva Negra e sem conhecer o passado de Yelena Belova, um pouco se perde, até para compreender melhor a depressão da personagem, ponto central deste filme.

Diferente, e falando quase exclusivamente de um único tema (depressão), Thunderbolts* acaba sendo um bom filme, menos Marvel, mas até por ainda ser bastante intrínseco ao mundo de super-heróis, acaba ironicamente sendo mais DC do que A24. E depois de vários filmes ruins da "Casa das Idéias", é bom ver que este não é um deles. Nota: 7,0.


PS1: muito se especulava o motivo de ter um " * " no título do filme de Thunderbolts*. E não demorou muito para sabermos a resposta. Quatro dias após o seu lançamento mundial nos cinemas, ou seja nesta segunda-feira dia 05/05, a Marvel fez uma ação comercial "mudando" o nome do filme, que agora não é mais Thunderbolts*, e sim *Os Novos Vingadores. Abaixo segue o vídeo com o elenco do filme fazendo a revelação da "surpresa". Na minha opinião, uma estratégia de marketing meio idiota... mas vamos ver se ela terá algum impacto nas bilheterias...

PS2: Thunderbolts* possui duas cenas pós créditos. A primeira, curta e bobinha, aparece no começo da rolagem de créditos. Já a segunda, consideravelmente longa, acontece no final de todos os créditos e antecipa algumas coisas do futuro do MCU... o principal delas, é um considerável spoiler sobre o Quarteto Fantástico. Quero ver se eles vão mesmo manter na cronologia o que foi mostrado na cena, ou se vão simplesmente ignorá-la no futuro.

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