sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Relembrando de Psycho Fox, Decap Attack, e outros jogos curiosos da Vic Tokai!

Há alguns meses eu publiquei um artigo relembrando uma pequena, mas importante, desenvolvedora de jogos de videogames, a IREM. Continuando esta série, hoje trago outra desenvolvedora, ainda menor, a Vic Tokai.

Se você jogou nos videogames de 8 e 16 Bits da SEGA (Master System e Mega Drive) ou da Nintendo (NES e Super NES), aposto que conheceu algum dos jogos da Vic Tokai, desenvolvedora japonesa de games dos anos 80 e 90, que mesmo tendo criado algumas dezenas de jogos para estas plataformas, acabou não ficando tão famosa como outras marcas. 

A Vic Tokai era conhecida por ter vários jogos "incomuns", seja pela temática ou jogabilidade, além de tradicionalmente trazer boas trilhas sonoras e um humor peculiar. Neste artigo irei reapresentar para vocês alguns destes jogos. Curiosidade: a Vic Tokai existe até hoje, sob nome de Tokai Communications, porém não desenvolve mais jogos desde 1997, sendo agora uma empresa de telecomunicações.


A "Quadrilogia da Inércia"

Vamos começar pelo que provavelmente são seus jogos mais famosos - e alguns de seus melhores - que são aqueles que formam a "Quadrilogia da Inércia". Tratam-se de Kid Kool (de 1988, para o NES); Psycho Fox (de 1989, para o Master System); Magical Hat no Buttobi Turbo! Daibouken (de 1990, para o Mega Drive); e Decap Attack (de 1991, também para o Mega Drive). A imagem inicial deste artigo apresenta, em ordem, a tela título de cada um destes games.

Estes quatro jogos apresentavam algumas características em comum. A primeira delas é que todo personagem que o jogador controlava, também encontrava rapidamente no jogo um "pequeno companheiro" quase esférico, que com um clique de botão, era usado como um projétil para matar os inimigos. Conforme podemos ver na imagem abaixo, no caso de Kid Kool o "companheiro" era uma criatura vermelha de nome "Wicky"; em Psycho Fox era um pássaro de nome "Bird Fly"; em Magical Hat no Buttobi Turbo! Daibouken era "Roboggu", um robô em formato de ovo; e finalmente em Decap Attack tínhamos uma assustada caveira, que era acoplada em cima do tronco do protagonista.

Acima: Kid Kool e Psycho Fox; abaixo: Magical Hat e Decap Attack

Outra característica em comum era uma mecânica na movimentação dos personagens - que se hoje até temos algo parecido em jogos de FPS - era e é algo totalmente inusitado para jogos de plataforma. Trata-se da tal "mecânica da inércia", onde para tirar o personagem do repouso era mais difícil, com ele se movimentando bem vagarosamente, e em contrapartida, após correr, é mais difícil para seu personagem parar, e a desaceleração não acontece imediatamente.

Não joguei nem Kid Kool nem Magical Hat para avaliar suas qualidades, porém joguei Psycho FoxDecap Attack e ambos eram muitos bons. Aliás, afirmo com tranquilidade que Psycho Fox fica entre os Top 20 melhores jogos do Master System.


Golgo 13: Top Secret Episode - NES (1988)

Golgo 13: Top Secret Episode foi um dos vários jogos que a Vic Tokai fez para o NES, sendo este um dos mais bem sucedidos, com ótimas vendas. Ele é baseado em um popular mangá de mesmo nome (Golgo 13), que nos apresenta o assassino / espião de aluguel Duke Togo. Na trama deste game, Duke foi contratado para impedir os planos de um grupo terrorista de nome Drek... algo bem ao estilo de uma aventura de um James Bond.

Com gráficos apenas médios para a época, o jogo se destaca pela grande variedade nos tipos de fases: ação lateral onde você luta e atira, labirinto "3D" em 1ª pessoa, tela onde se controla uma mira de tiro em 1ª pessoa, shoot 'em up horizontal onde vc controla um helicóptero, e tela de ação lateral onde você é um mergulhador.


Golgo 13: Top Secret Episode é um jogo consideravelmente longo e difícil e por isto mesmo, para vencê-lo você dispõe de 52 vidas(!). Aliás, a maneira com que as "vidas" são computadas no jogo também é curiosa: a palavra "Episode" do título não está lá a toa... o Golgo 13 brinca ser um seriado de TV, e portanto toda vez que você morre, aparece um "To be continued", e depois os créditos iniciais aparecem novamente, com o número de um "episódio" ao lado do título. Este "número" equivale a quantas vidas você já gastou. Porém, a vida 52 é a última... se morrer, o jogo volta ao começo. Dentre as várias fases e viagens feitas pelo nosso protagonista Duke, há passagens pelo Brasil, no Rio de Janeiro e na Amazônia, como se vê na imagem abaixo.

O #51 da imagem acima indica o "Episódio 51", ou melhor dizendo, que o jogador está usando sua 51ª vida

O game teve uma seqüência, Golgo 13: The Mafat Conspiracy, lançado também para o Nintendinho em 1990, e também pela Vic Tokai. Trata-se de um jogo mais elogiado pela crítica do que o primeiro Golgo 13, contando com ótimos gráficos. Porém, acabou ficando menos conhecido pelo público. Em termos de gameplay, ele também é bem menos variado, contando apenas com as cenas de ação lateral com socos e tiro, a de labirinto 3D em 1ª pessoa, e dirigindo carro ao estilo Out Run, algo não presente no jogo anterior.


Battle Mania / Trouble Shooter (1991) e Battle Mania Daiginjō (1993) - Genesis / Mega Drive

Trouble Shooter é um jogo de tiro de rolagem horizontal lançado nos EUA em 1991, e lançado meses depois no Japão como Battle Mania. Nele você controla duas "policiais" futuristas, Madison e Crystal (ou respectivamente as irmãs Mania Ohtorii e Maria Haneda, na versão japonesa), com suas armas e mochila a jato, para resgatar um príncipe sequestrado.

Battle Mania / Trouble Shooter

Sendo duas personagens, daria para jogar com dois jogadores, correto? Errado. As duas irmãs são movimentadas sempre juntas, sendo que Madison atira sempre para a direita; já Crystal, com um dos botões do controle você alterna se ela atira para a direita ou para a esquerda; além disto, ela é imune a qualquer dano. Além do botão de tiro, o botão de "trocar a direção de Crystal", o terceiro botão dispara um ataque especial, cujo tipo é escolhido antes do começo de cada fase.

Ao longo do jogo você pode coletar power-ups que melhoram seu tiro e aumentam sua vida, além disso, também pode capturar um drone, que se junta ao grupo para ser um terceiro atirador. Trouble Shooter possui um visual colorido e que lembra animes, além de uma ótima trilha sonora. Com fases bem diversas e dificuldade na medida certa, o jogo tem diversão, som e gráficos de primeira. Talvez o único "defeito" do jogo é que ele é curto, poderia durar mais...

Battle Mania Daiginjō

Já Battle Mania Daiginjō, lançado exclusivamente no Japão em 1993, supera seu antecessor em tudo. O jogo tem 3 fases a mais, e conta com gráficos e músicas ainda melhores. Curiosamente, você começa a história apenas com Mania. Sua parceira, Maria, somente se juntará ao time após o termino da primeira fase. Outra mudança em relação ao jogo anterior é que agora, antes das fases começarem, em termos de armamento você não está escolhendo apenas o "poder especial", e sim, qual o tipo de drone que você levará consigo, que por sua vez, é ele quem dispara o "super golpe".

Encerrarei falando sobre os jogos da franquia Battle Mania com uma declaração ousada. Se algum dia você se deparar com alguma lista de Top 10 de melhores shooters do Mega Drive / Genesis e NÃO encontrar um dos dois jogos Battle Mania, das duas uma: ou quem montou a lista não os conheceu, ou a lista está errada.


SOS - Super NES (1994)

Além de criar jogos, como desenvolvedora, a Vic Tokai também atuava como publicadora, lançando jogos de empresas menores que ela. Alguns tão "peculiares" (ou até mais) do que ela mesmo costumava a produzir. Para encerrar esta matéria, trago então um exemplo destes jogos que ela apenas publicou. Trata-se do jogo SOS (ou Septentrion no Japão), desenvolvido pela Human Entertainment, jogo este exclusivo do Super NES.


Em SOS temos uma trama incomum e até "macabra"... apresentado como se fosse um filme, estamos em um grande navio que começa a afundar. Seu objetivo é, em uma corrida contra o tempo, resgatar o maior número de pessoas antes que seja tarde demais. O jogador pode escolher entre 4 personagens - cada um de idade e profissões diferentes - e cada um dos personagens permite 4 ou 5 finais distintos, dependendo de quantas pessoas resgatadas e do destino de alguns passageiros específicos.

O jogo é tenso, com direito há vários momentos em que a tela está inclinada - pois assim está o navio - com vários diálogos e mortes, e uma das dificuldades é conseguir convencer e controlar os passageiros para fora da embarcação. SOS não foi um sucesso de público, mas foi um sucesso de crítica, sendo bastante elogiado por jogadores e revistas especializadas.

Especial: 35 anos do Master System no Brasil (com direito a recorde Mundial!)

Neste mês de Setembro o saudoso videogame de 8-bits da SEGA, o Master System , completou 35 anos de lançamento em terras brasileiras. Para s...