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domingo, 28 de abril de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #021 - Saiba o que é Typecasting e conheça atores que sofreram com ele


Reparem nas quatro pessoas da imagem acima. Qual o nome das duas primeiras? Embora elas sejam as fotos dos atores Ralph Macchio e Matt Leblanc, e não as dos seus personagens, aposto que ao vê-las você não pensou nos nomes reais deles, e sim, em "Daniel San" e "Joey".

E agora, vamos as duas pessoas seguintes. Não importa em que filme ou seriado você viu Michael Cera atuar, mas aposto que o personagem dele era alguém tímido que em qualquer cena aparece constrangido e louco para sair de lá; e não importa em que filme você assistiu Michelle Rodriguez... ela fazia o papel de uma mulher corajosa / valentona / boca-suja (e que tem boas chances de morrer no final). Tudo isso é Typecasting.

Typecasting é o nome que se dá ao processo em que um ator ou atriz se torna fortemente identificado a um determinado personagem, ou a um tipo de personagem com as mesmas características.

Há quem consiga aceitar o ocorrido e lucrar milhões com isto. Porém, muitas vezes isto nem é opção... temos vários exemplos em que um determinado ator ou atriz fica tão fortemente associado com certo papel, que depois dele fica muito difícil encontrar trabalho para atuar com qualquer outro personagem. Ou seja, é praticamente uma aposentadoria forçada.


O elenco clássico de Star Trek. Acima, da Esq. para Dir: George Takei (Sr. Sulu), Nichelle Nichols (Tenente Uhura) e James Doohan (Scotty); E Abaixo: Walter Koenig (Sr. Chekov), DeForest Kelley (Dr. McCoy), William Shatner (Capitão Kirk) e Leonard Nimoy (Sr. Spock)

O elenco clássico de Jornada nas Estrelas (Star Trek)

Um exemplo muito famoso de Typecasting é o elenco do seriado original de Star Trek. Após a fama, todos eles ficaram enormemente associados aos personagens que fizeram. Com exceção de William Shatner e Leonard Nimoy, nenhum outro ator conseguiu emprego que não fosse associado a Jornada nas Estrelas. E mesmo sendo uma exceção, Leonard Nimoy se incomodava demais com a fama de seu personagem, e por isso em 1975 ele até chegou a lançar, como sua primeira autobiografia o livro intitulado "Eu Não Sou Spock".

Shatner conseguiu trabalhar em vários seriados, mini-séries e filmes. Por exemplo na década de 80 ele foi um policial na série Carro Comando (5 temporadas) e nos anos 2000 um advogado em Justiça Sem Limites (também 5 temporadas). Mas os outros integrantes do grupo... Walter Koenig teve uma participação relevante em uma temporada no também seriado de ficção espacial Babylon 5 e mais nada; George Takei acabou encontrando espaço sendo dublador de animações. E foi só isto... o restante do grupo viveu apenas com o dinheiro vindo de convenções, homenagens e participações especiais relacionadas a Jornadas nas Estrelas.


Cena do excelente Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças

Jim Carrey e Adam Sandler

O maior exemplo que vivenciei de uma pessoa lutando contra o Typecasting foi Jim Carrey. A primeira metade dos anos 90 serviu para consolidar Carrey como o melhor e maior astro da comédia mundial da época, e com isso veio a fama, o dinheiro, o prestigio. Mas aparentemente isso não era tudo... após alguns anos no topo, Jim queria também ser reconhecido pela sua habilidade na atuação, e quis provar para o mundo que era capaz de papéis que não fossem com o objetivo de fazer rir. Então ele tentou mudar o rumo de sua filmografia atuando em vários filmes de drama, como por exemplo: O Show de Truman - O Show da Vida (1998), O Mundo de Andy (1999), Cine Majestic (2001) e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004). E ele até conseguiu levar dois Globos de Ouro para casa, um por O Show de Truman e outro por O Mundo de Andy. Mas nunca foi sequer indicado ao Oscar e, em geral, não foi muito elogiado e admirado pela imprensa em sua fase "séria", o que lhe gerou uma decepção que perdura até hoje.

Um outro comediante que tenta ser reconhecido pelo seu talento como ator é Adam Sandler. E vejam como são as coisas... embora Sandler seja notadamente inferior a Carrey tanto atuando em comédias como em dramas, eu não duvido que em breve ele receba a indicação ao Oscar que Jim nunca recebeu. É que Adam Sandler tem seus trunfos. Primeiro, uma lista enorme de amigos que estão sempre fazendo "lobby" a seu favor: David Spade, Kevin James, Drew Barrymore, Chris Rock, Steve Buscemi, Rob Schneider, Salma Hayek e Maya Rudolph são algum deles. E segundo, nada menos que a poderosa Netflix. Seus 3 filmes "sérios" até agora foram produzidos por ela: Jóias Brutas (2019), Arremessando Alto (2022) e O Astronauta (2024).

 

The Rock, Dave Bautista e John Cena

Brutamontes apenas em filmes de ação

Os dois maiores astros "brutamontes" dos Cinemas nos anos 80 foram certamente Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Pelo físico invejável de ambos, eles basicamente participavam de filmes de ação. Acho curioso que quando os dois tentaram sair do Typecasting, eles tomaram caminhos completamente diferentes. Schwarzenegger sequer tentou o drama e foi pra comédia... e até não foi mal (por exemplo Irmãos Gêmeos (1988) e Um Tira no Jardim de Infância (1990)). Já Stallone quando enveredou na comédia foi um retumbante fracasso, disparadamente os piores filmes de sua carreira (lembram de Pare! Senão Mamãe Atira (1992)?). Ele se deu melhor nos dramas, principalmente com as franquias Rocky e Creed, e inclusive ganhou duas indicações de atuação a Oscar por isso.

Um exemplo bem recente de "brucutus" que sofrem com Typecasting e também reagiram de forma diferente a isto são Dwayne "The Rock" Johnson, Dave Bautista e John Cena, todos eles ex-lutadores de Luta Livre profissional dos EUA (WWE). Dwayne tentou atuar em filmes de ação, em comédias, em dramas, e apesar das atuações pífias em geral fez bastante bilheteria e dinheiro... então, hoje em dia parece que nem se preocupa mais em atuar, só é ele mesmo nos filmes... Já John Cena, após fracassar em vários filmes de ação "sérios", parece ter enfim se encontrado nas comédia de ação, com o ótimo seriado Pacificador.

E finalmente, Dave Bautista é um dos mais famosos e recentes casos de alguém de encarar a difícil missão de brigar contra o Typecasting. Após alguns papéis como brutamontes, seja em ação ou comédias de ação (vide a trilogia dos Guardiões da Galáxia) ele também tem tentado filmes de outros gêneros, como de drama (Batem à Porta (2023)) e ficção científica (Blade Runner 2049 (2017) e Duna (2021)), e continua tentando cada vez mais fugir do papel de "valentão burro". Será que ele vai conseguir algum dia? Só o tempo dirá...



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PS 2: Para conhecer outros termos interessantes do mundo do cinema, clique aqui.

sábado, 6 de abril de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #020 - O que é um filme Blockbuster? Conheça a história da origem desta expressão e outras curiosidades associadas

Filmes Blockbuster (também traduzidos no Brasil como Arrasa-quarteirão) são filmes de longa-metragem feitos por grandes estúdios que se tornam muito populares e bem-sucedidos financeiramente. Porém com o passar do tempo o termo também passou a significar filmes em que se espera ter estes resultados, ou seja, que são criados para ser um Blockbuster, contando com um enorme orçamento para sua produção e uma gigantesca campanha de marketing associada.

Como exemplos de filmes Blockbusters deste século, podemos citar os filmes da franquia Harry Potter, Star WarsMissão: Impossível e Os Vingadores.


A origem do termo e sua associação com filmes

A origem do termo blockbuster é triste, pois foi criado como apelido para um tipo de bomba usada pelas Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial. Eram uma das bombas convencionais mais fortes até então, lançadas por aviões bombardeiros ingleses, e tinham o poder de "destruir um quarteirão inteiro", daí o seu nome / apelido.

A primeira vez que o termo blockbuster foi usado para filmes foi em 1943, para promover o filme Bombardeio (Bombardier no original), um filme de guerra sobre... bombardeiros. "O arrasa-quarteirão de todos os programas de ação e suspense!" ("The block-buster of all action-thrill-service shows!"). Em outras palavras, o termo ainda era um trocadilho, e não tinha o sentido atual.

Com o fim da guerra, a palavra blockbuster havia sumido do vocabulário das pessoas. Até que em 1948 a famosa revista Variety voltou a usar o termo em um artigo sobre filmes de grande orçamento. A partir daí, então, os estúdios passaram a usar esta palavra para promover seus filmes "épicos", ou seja, obras espetaculares, grandes em custo e escala. Como exemplos, filmes como Sansão e Dalila (1949), Quo Vadis (1951), Ben-Hur (1959) e Cleópatra (1963) foram produções propagandeadas na época como blockbusters.


O primeiro Blockbuster moderno

O termo blockbuster sofreria nova atualização em 1975, com o filme Tubarão (Jaws no original), de Steven Spielberg. Agora, também se adicionava ao termo sua relevância no cotidiano das pessoas, que passavam a comentar sobre o filme em todos os lugares. E mais ainda, pela primeira vez também o termo passou a significar filas de pessoas dando volta no quarteirão para entrar nos cinemas.

Tubarão, claro, foi o filme de maior bilheteria daquele daquele ano, e dois anos depois Star Wars de George Lucas faria algo ainda muito maior, com seu filme ficando em cartaz nos cinemas por mais de um ano. Estava criada a "era do Blockbuster", ou ainda, a era dos "Blockbusters de verão", já que estes filmes eram lançados nesta época do ano, para aproveitar o maior público nas ruas. A partir de então os blockbusters passaram a ir além das telas, sendo culturais, e recebendo investimento massivo de produtos e propaganda.

Desde Tubarão e até os dias atuais os grandes estúdios tentam todo ano lançar e lucrar centenas de milhões com seu "novo blockbuster", escolhendo e reservando um grande-mega lançamento cinematográfico... embora se formos pensarmos literalmente no tempo de "hoje", a indústria do Cinema tenha sofrido um certo golpe em suas pretensões após a pandemia do Covid-19.


E houve outro...

Ah, e Blockbuster também já foi o nome da maior rede de locadora de filmes e videogames do mundo, dominando o mercado por cerca de duas décadas, passando pelas eras do VHS ao DVD. Porém com o surgimento da Netflix e sites aluguéis on-line (sim, a empresa do som "tudum" começou assim), e posteriormente com a Netflix inaugurando os serviços de streaming, que virariam o novo padrão deste segmento de entretenimento, a empresa entrou em um rápído declínio global a partir do final dos anos 2010. MAS ainda existe UMA loja Blockbuster em atividade (sim, em pleno 2024!), e ela inclusive se aproveita bastante do fato para ser, ela mesma, um ponto turístico e lucrar com isso.

A "última Blockbuster" fica em uma cidade de 100 mil habitantes de nome Bend, estado de Oregon, nos EUA. É dela a foto que aparece no topo deste artigo. E inclusive a loja chegou até a ganhar um filme-documentário, The Last Blockbuster, de 2020.



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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #019 - Não confunda! Muttley NÃO é o Rabugento!

Em meu artigo de curiosidades de hoje, vamos desfazer uma confusão muito comum feita por quem assistia aos antigos desenhos clássicos da Hanna-Barbera. É muito comum pensar em "Muttley, o cachorro rabugento"... porém esta associação está errada(!), ainda que ambos personagens sejam de fato bem parecidos e partilhem muitas coisas em comum.

Mugger... o começo de tudo

Em primeiro lugar, ambos partilham de uma inspiração comum. Teoricamente, eles são uma evolução de um cachorro coadjuvante de nome Mugger, dublado por Don Messick, e que apareceu pela primeira vez em 1964, no filme de animação Oi Galera, Sou o Zé Colmeia!.


Mas voltando ao Muttley vs Rabugento: Muttley foi quem surgiu primeiro, em 1968, como um dentre os vários personagens do desenho Corrida Maluca (Wacky Races, no original). Muttley era o amigo / cachorro de Dick Vigarista, e juntos, sendo os "vilões" da atração, tentavam sabotar os carros dos adversários para vencer as disputas. Claro que sempre tudo dava errado, e na maioria das vezes, Muttley acabava rindo quando seu amigo se dava mal.

No ano seguinte, 1969, Muttley e Dick Vigarista acabaram ganhando seu próprio desenho: Dick Vigarista & Muttley (Dastardly and Muttley and Their Flying Machines no original), onde agora a dupla - que continuava sendo os vilões atrapalhados da trama - com seus aviões, perseguiam o pombo-correio Yankee Doodle para tentar roubar suas mensagens secretas. Notem que aqui Muttley já tem uma leve mudança no visual, pois se em Corrida Maluca sua única vestimenta era uma pequena coleira vermelha, em Dick Vigarista & Muttley ele recebe chapéu e óculos de aviador, e uma echarpe.

É  apenas neste desenho que Muttley "exige" uma medalha em troca de salvar Dick de se acidentar, mas seu característico riso está presente novamente. Acontece que, tanto em Corrida Maluca  como em  Dick Vigarista & Muttley, às vezes vemos Muttley resmungando por ter levado uma bronca, ou ser contrariado. E esse é outro ponto que faz as pessoas acharem que ele é o tal "cachorro Rabugento". Mas quem é então, o tal Rabugento?



Rabugento, o Cão Detetive (The Mumbly Cartoon Show no original) é uma criação bem posterior, estreando na TV dos EUA em 1976, e teve apenas 16 episódios. O personagem, inspirado no detetive Columbo (uma série de TV dos anos 70), mostra Rabugento, um cachorro detetive caçando bandidos com suas aparições surpresa e "milagrosas". Já o outro personagem principal do desenho, o chefe da polícia Sargento Sinuca (Chief Schnooker no original), também é inspirado em outro detetive de outra série policial setentista: Kojak. Diferentemente de Muttley, Rabugento tem uma pelagem cinza, e está sempre vestido com um casaco que cobre totalmente seu corpo.

Rabugento possui uma risada que é exatamente igual a de Muttley, porém, além de rir, em muitas das vezes que um vilão foge de suas perseguições ele acaba resmungando... e muito.. por isso o seu nome. Outra de suas características é seu carro, uma lata-velha que mal anda e está sempre caindo aos pedaços. E se não bastasse as risadas iguais e enorme semelhança física, sabe quem dublava ambos os personagens originalmente? A mesma pessoa (que também deu voz a Mugger): Don Messick.

Apesar de seu programa solo não ter continuado, Rabugento ainda iria participar, no ano seguinte, 1977, de um outro desenho, chamado Ho-Ho-Límpicos (Laff-A-Lympics no original), que teve 24 episódios. Era uma espécie de "Jogos Olímpicos" entre os personagens da Hanna-Barbera, sendo que eles competiam divididos em 3 times... com nosso amigo Cão Rabugento sendo o líder de um deles. Abaixo segue a abertura brasileira deste raro desenho.

  

Acho que agora as coisas estão um pouco mais claras e menos confusas, certo? Não seja por isso. Existe um TERCEIRO cachorro que possui a mesma risada de Muttley e Rabugento: trata-se de Precioso, do desenho Xodó da Vovó (Precious Pupp no original), de 1965. Então, pasmem: a tão famosa risadinha asmática de Muttley não é originalmente dele! Foi usada primeira no Precioso, depois em Muttley, e finalmente, em Rabugento.

No vídeo abaixo, aos 59 segundos, vocês podem ver um trecho de Precioso rindo, em Xodó da Vovó.


Caso algum destes desenhos fez parte de sua infância, comente se você sabia destas diferenças e curiosidades!

Será que quem ri primeiro ri melhor??



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domingo, 10 de setembro de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #018 - Popeye e Shrek existiram na vida real!

A vida imita a Arte ou a Arte imita a vida? Bem... nestes casos foi a Arte quem imitou a vida! Claro, existe uma lista enorme de personagens da ficção cuja aparência foi baseada em algum humano real, mas quis trazer aqui Popeye e Shrek pois ambos são visualmente bastante incomuns.

Sobre Popeye, criado pelo cartunista E. C. Segar na década de 1920, o personagem foi baseado em Frank "Rocky" Fiegel, um imigrante polonês nascido em 27 de janeiro de 1868, que após trabalhar algumas décadas como marinheiro, se estabeleceu na pequena cidade de Chester, Illinois (EUA) - cidade de infância de Segar - onde o autor o conheceu.

Na época, o já aposentado marinheiro trabalhava como uma espécie de "garçom / segurança" de um bar local, ou seja, em caso de confusões, era ele quem colocava os briguentos para fora. Frank era valentão, se envolvendo com frequência em brigas e por isso acabou ficando com um olho deformado, o que o fez ganhar o apelido de Pop-eye. Note que ele tinha um rosto muito parecido com o Popeye dos desenhos, incluindo o uso do característico cachimbo.

Segundo o criador do personagem, apesar da aparência um pouco intimidadora, Frank era "amigável" e tinha uma simpatia especial por crianças. Além de defender as crianças mais fracas de "valentões", também adorava ficar contando para elas as suas aventuras do passado. Tudo isto fez que o então jovem E. C. Segar visse Frank como uma espécie de "herói", e o inspirasse para suas obras no futuro.

Uma curiosidade, a foto que temos do VERDADEIRO Frank Fiegel é a foto que aparece acima, no título deste artigo. A pessoa que aparece na foto abaixo NÃO é Frank, e embora sendo reproduzida de maneira errada em muitos sites, a foto abaixo, tirada em 1940, é de um marinheiro inglês de identidade desconhecida, mas cujo apelido era justamente Popeye.

Não se deixe enganar! Só aqui no Cinema Vírgula você aprende que esta foto NÃO é a do Popeye verdadeiro!


Já o simpático ogro Shrek teve seu visual baseado em um antigo lutador francês de nome Maurice Tillet. Ou melhor... mais ou menos, já que os criadores de Shrek, a DreamWorks Animation, nunca admitiram esta inspiração (mas também nunca negaram).

De qualquer forma, Maurice nasceu na Rússia em 1903, onde seus pais franceses moravam na época. Porém, com o estouro da Revolução Russa, a família voltou para a França, onde Maurice chegou a ser poeta e ator. Porém a partir dos 17 anos o jovem passou a sofrer de acromegalia, uma rara doença em que os ossos das mãos, pés e face passam a crescer de maneira anormal.

Shreks?

Em pouco tempo seu corpo já estava bastante deformado, e em busca de se adaptar a ele, Tillet mudou-se para os Estados Unidos em 1937, onde passou a ganhar a vida como atleta de Luta Livre, fazendo muito sucesso.

Para as lutas, as chamadas para atrair o público diziam que ele era “um monstro feroz", que "não era um ser humano", e Maurice inclusive se divertia urrando para o público (lembra do Shrek?). E por outro lado, ironicamente, seu nome de lutador era "The French Angel", ou, "O anjo Francês", apelido dado pela mãe.

Apesar da sua aparência, Maurice Tillet era considerado uma pessoa muito gentil e generosa (sabe aquilo de ser um "monstro de bom coração"? este é mais um argumento de que Tillet foi inspiração para Shrek), e de inteligência acima da média: também foi engenheiro e falava 14 idiomas.

Maurice Tillet sofreu mais com sua doença em seus últimos anos de vida, e faleceu em 1954, com 50 anos, após um ataque cardíaco, horas depois de saber do falecimento de seu grande amigo e treinador Karl Pojello. Os dois foram enterrados juntos: "Amigos que nem a morte conseguiu separar".



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segunda-feira, 24 de julho de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #017 - Conheça o "Ângulo Holandês" ("Dutch Angle")


Hoje vamos conhecer sobre uma técnica bastante utilizada nos cinemas, mas que muita gente não repara, ou até repara, mas não sabe seu nome ou sua função. Trata-se do Ângulo Holandês (Dutch Angle), que como veremos a seguir, foi bastante usado no recente Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, e foi isto que me motivou a escrever este texto. ;)

O Ângulo Holandês é uma técnica cinematográfica onde ao filmar a câmera é levemente girada (ou "tombada") de modo que a linha do horizonte da tomada não fique paralela à parte inferior do quadro do filme. Isso produz um ponto de vista semelhante a inclinar a cabeça para o lado. O objetivo do uso de um Ângulo Holandês é causar uma sensação de mal-estar, desorientação ou tensão para o espectador.

Por exemplo, na imagem escolhida acima, como título deste artigo para ilustrar o Ângulo Holandês, retirada de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011), o diretor David Yates optou por "entortar" a câmera para que o espectador pudesse compartilhar de uma maneira mais forte o medo / mal-estar que o trio de personagens está sentindo.

Os primeiros usos desta técnica surgem no Movimento Expressionista do cinema alemão dos anos 1920 e 1930. Pois é... alemão e não holandês: o nome "Dutch" (holandês) que acabou ficando famoso nada mais é que um erro ortográfico / corruptela do termo original "Deutsch" (alemão), este sim o correto.

Como exemplo emblemático do uso nos antigos filmes alemães, vemos na imagem acima um exemplo do Ângulo Holandês em Das Cabinet des Dr. Caligari (O Gabinete do Dr. Caligari, de 1920), filme este, aliás, que o personagem de Nicolas Cage elogia aos montes em seu O Peso do Talento (2022).

Voltando então ao que eu disse anteriormente, há várias cenas usando o Ângulo Holandês em Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um. E isto acontece por um motivo extra, aliás: trata-se de uma homenagem ao primeiro filme da franquia, Missão Impossível (1996), onde o então diretor Brian De Palma usou muito deste recurso. Neste Acerto de Contas - Parte Um você pode ver o Ângulo Holandês por exemplo em muitos momentos da sequência da negociação dentro da boate em Veneza (que representa o desconforto dos personagens no local, e/ou que aquilo é uma armadilha), ou ainda, vemos este recurso de imagem em algumas das vezes em que se dá um close no vilão Gabriel (para sugerir que ele não é confiável, ou está mentindo).

Em Missão: Impossível (1996), a câmera gira imediatamente após Ethan Hunt perceber que seu chefe desconfia que ele causou o ataque terrorista, refletindo a tensão / incômodo do personagem

E se você chegou até aqui, lá vai um presente: vá no Google, escreva dutch angle no campo de pesquisa, clique em pesquisar e veja o que acontece. É bem divertido! ;)



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segunda-feira, 19 de junho de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #016 - O 19 de Junho e o primeiro filme brasileiro


Vocês sabiam que hoje, dia 19 de Junho, é o Dia do Cinema Brasileiro?

Mas, apesar da oficialização da data, ela é um pouco controversa, assim como os registros dos primeiros anos relacionados ao cinema no Brasil. Vamos à cronologia.

A exibição de cinema no Brasil aconteceu em 8 de Julho de 1896, no Rio de Janeiro, foi realizada pelo belga Henri Paillie e foi restrita para membros da elite carioca, onde ele apresentou oito pequenos filmes sobre cidades europeias.

Em 19 de Junho de 1898 o ítalo-brasileiro Afonso Segreto – primeiro cinegrafista e diretor do país – registrou as primeiras imagens em movimento em território brasileiro. O filme, intitulado "Vista da baia da Guanabara" foi por muito tempo considerado como o primeiro filme gravado no Brasil, e por isso mesmo, a data se tornou o Dia do Cinema.

Entretanto, o tal vídeo nunca teve exibição pública, e hoje se questiona se ele realmente existiu. O vídeo acima "pode" ser o vídeo em questão, mas provavelmente nunca teremos a resposta definitiva. Atualmente se considera que o primeiro vídeo feito no Brasil foi na verdade o "Chegada do Trem em Petrópolis", do  também italiano Vittorio Di Maio, filmada no dia 1o de Maio de 1897. Porém há dúvidas se o filme foi de fato filmado no Brasil, embora a maior parte dos especialistas aceitem o fato.

E, para deixar tudo mais confuso, ainda há uma segunda data onde o Dia do Cinema Brasileiro é comemorado, o 5 de Novembro, já que neste dia em 1896 tivemos a primeira exibição pública de cinema do Brasil. Esta data, entretanto, é menos lembrada que o 19 de Junho.

Afonso Segreto

E, para encerrar esta viagem ao passado do Cinema nacional, nosso primeiro filme de ficção, ou seja, que não era um simples documentário gravando cenas do cotidiano, foi “Os Estranguladores”, de 1908, dirigido pelo cineasta luso-brasileiro António Leal. O filme - que não possui mais cópias sobreviventes para assistirmos - continha duração de 40 minutos e também é considerado o primeiro sucesso do cinema nacional.



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sexta-feira, 7 de abril de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #015 - Sabiam que o icônico chapéu do Indiana Jones era fabricado aqui no Brasil, em Campinas?


O ano era 1980. 
George Lucas, Steven Spielberg, Harrison Ford e Deborah Nadoolman (figurinista) estavam em busca de um chapéu para o protagonista do então futuro filme Os Caçadores da Arca Perdida. A peça precisaria ser icônica o suficiente para identificar o herói apenas apenas vendo sua silhueta.

Após avaliarem muitos candidatos, o grupo acabou aprovando o clássico chapéu modelo "The Poet", produzido pela fábrica londrina Herbert Johnson. Para se transformar no chapéu final de Indiana Jones que conhecemos, o acessório sofreu algumas mudanças: suas medidas foram ajustadas para o tamanho de Harrison Ford, a cor escolhida foi um tom marrom para dar um clima mais "safari", e a fita que envolve o chapéu foi um pouco afinada, para que assim a parte que envolve a cabeça parecesse mais alta e imponente.


E é então que o Brasil entra na história: o "The Poet" era produzido a partir de uma carapuça (isto é, um chapéu semi-acabado, ver a foto do título deste artigo) de alta qualidade feita com feltro de pelo de lebre e fabricada em Campinas-SP, pela Fábrica Chapéus Cury. Em 1981 os produtores de Hollywood perguntaram para os brasileiros se eles teriam condições de fabricar carapuças de um chapéu para um herói de um futuro filme de aventura. Com o "sim" dos Cury, 8 carapuças foram enviadas para filmarem Os Caçadores da Arca Perdida, com a Herbert Johnson fazendo o acabamento final.

Com o sucesso do filme, a Chapéus Cury continuou suprindo por décadas a demanda dos fãs de Indiana por chapéus de seu ídolo, e diz ter fabricado mais de 500 mil unidades das carapuças até hoje. Como curiosidade, os Cury quiseram vender os chapéus do Indiana Jones aqui no Brasil, sob sua marca, mas não foram inicialmente autorizados. Porém, conseguiram a permissão de vendê-los como "chapéus modelo Indiana Jones". Uma pena, entretanto, que a fábrica de Campinas em que tudo isso aconteceu foi desativada em 2014. O local está parcialmente demolido e vai virar um condomínio com partes residenciais e comerciais. Já a Chapéus Cury em si ainda existe, embora como joint venture com uma empresa estadunidense.

A antiga fábrica Cury, atualmente. Esta parte da fachada e a chaminé deverão ser poupadas da demolição, já que áreas do prédio foram tombadas como Patrimônio Cultural anos atrás

Curiosidade bônus: O Ídolo de Fertilidade Chachapoyan

Em se tratando de Indiana Jones, conforme prometido em meu último artigo de curiosidades sobre ele, sempre trarei uma curiosidade bônus. Então vamos a segunda...

Também conhecido como o "Ídolo Dourado", a pequena estátua das imagens abaixo é inesquecível para qualquer fã de Indiana Jones. Afinal, ela é quem inicia a eletrizante sequência do começo de Os Caçadores da Arca Perdida onde se disparam uma série de armadilhas entre as quais culmina a clássica bola gigante de pedra que tenta esmagar nosso herói.


Mas o que você não deve saber, é que ela é baseada em uma estátua real, que hoje está exibida no Dumbarton Oaks Museum, nas proximidades de Washington, D.C.. Trata-se de uma peça Asteca de 20 cm de altura, que entende-se ser da "deusa Tlazolteotl dando à luz", sendo portanto também esta uma maneira de nomeá-la.


Porém em 2002 a estátua passou por análises de Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e foi constatado que ela foi esculpida (ou quem sabe re-esculpida?) no século XIX. Ou seja, hoje a escultura é vista como "falsa", porém na época do filme (1981) todos acreditavam ser uma peça Asteca autêntica.



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sábado, 11 de março de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #014 - Conheça algumas das estranhas categorias que já fizeram parte da cerimônia do Oscar


Amanhã (12 de Março de 2023) teremos 95ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como Oscars. E ao longo de sua história quase centenária, tivemos algumas premiações que foram concedidas e posteriormente abandonadas, seja porque deixaram de fazer sentido, ou simplesmente por serem... "estranhas".

A primeira edição de cerimônia, ocorrida em 1929, concedeu 12 premiações (atualmente temos o dobro, são 24 categorias), e justamente por estar em seu formato inicial, é dela que temos boa parte das categorias "esquecidas" desta lista... prêmios que foram concedidos no ano inicial e nunca mais.

Começamos pelo prêmio de Melhor Filme. O primeiro da história quem levou foi Asas (1927), mas isso não é 100% preciso. Acontece que em 1929 tivemos os prêmios de Outstanding Picture (algo como "Filme Execepcional"), vencido pelo Asas, e o Unique and Artistic Picture (algo como "Filme Único e Artístico"), que foi vencido por Aurora (1927). No ano seguinte, e a partir de então, as duas categorias foram unificadas como a de Melhor Filme. Se Aurora foi perdeu o posto de Melhor Filme de 29, agora ela pode ficar feliz ao ser homenageada tendo uma de suas cenas como a imagem principal deste meu artigo. ;)

Outro prêmio que em 1929 eram dois era o de Diretor. Tivemos o prêmio de Melhor Diretor de Comédia, e o de Melhor Diretor de Drama. Já no ano seguinte e a partir de então, a categoria foi unificada para apenas o "Melhor Diretor". Saibam vocês, entretanto, que as categorias de Direção estão entre as que mais geraram ciúmes ao longo do tempo. Tivemos o prêmio de Melhor Diretor Assistente entre 1933 a 1937, e o de Melhor Diretor de Dança, entre 1935 a 1937. Estes prêmios foram abandonados por insatisfação de integrantes do próprio sindicato dos Diretores; sobre o primeiro as reclamações vão de sua menor importância criativa à impossibilidade de critérios de avaliação, já ao segundo, o argumento é que "Direção", por si só, é uma habilidade ampla, e não específica.

Outra pérola do Oscar de 1929 foi o Prêmio de Melhor Entretitulagem. Para explicar o que isso significa, eu tive que tirar da Wikipedia: "Entretítulos eram diálogos ou quaisquer outros textos que apareciam entre algumas cenas, para explicá-las melhor.". Ou seja, com o fim do Cinema Mudo, o prêmio não fazia mais sentido.

Vamos agora abandonar o ano inaugural de 1929 e partir para categorias posteriores. A foto acima com Shirley Temple se refere ao Oscar Juvenil, concedido de 1934 a 1960, e eu já havia falado dele antes no meu Curiosidades Cinema Vírgula #009 (confira!).

Outra premiação bem curiosa se refere aos Oscars de Curta-metragem; ainda hoje temos dois: o de Melhor Curta-metragem em Live Action e o de Melhor Curta-metragem de Animação. Porém ao longo das décadas, essas mesmas categorias tiveram divisões bem estranhas. Nos primeiros anos se chamavam Melhor Curta de Comédia e Melhor Curta de Inovação. Depois, mudou-se de 1936 a 1956 para as de Melhor Curta-metragem em Live Action de 1 bobina e de 2 bobinas; com direito ao uma 3ª categoria extra em 1936-37, de Melhor Curta-metragem em Cores.

E, encerrando este texto, outra categoria que mudou muito ao longo das décadas é a de Melhor Trilha Sonora Original. Entre idas e vindas, ela já foi dividida entre "Adaptação" e "Original", "Filmes de Drama" e "Comédia". Sua última mudança de formato aconteceu no fim do Século XX: o que era dividido de 1996 a 1999 em Melhor Melhor Trilha Sonora Original - Drama e Melhor Trilha Sonora Original - Músical e Comédia, virou apenas Melhor Trilha Sonora Original a partir de 2000 e se mantém assim até hoje.



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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #013 - Surpreendente!!! Indiana Jones e Goonies em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (e saiba aonde mais em 2023)


Reconhecem o garoto da foto acima? Se trata de Ke Huy Quan, ator vietnamita que estreou em Hollywood com 13 anos, no filme Indiana Jones e o Templo da Perdição (1984). Quan interpretou o garoto Short Round, que auxilia Indiana na aventura, e encerra o filme com a icônica frase "Very Funny", que décadas depois viraria meme.


Após o sucesso inicial, Ke Huy Quan emplacaria mais um, também nos cinemas: ele seria o garoto inventor "Dado" do clássico filme infantil oitentista Os Goonies (1985). Lembraram do genial apetrecho "Papa-perigo" por aí? rs.

A história do nosso pequeno ator herói continua: depois ele iria para a TV, no mundo das sitcoms, fazendo Together We Stand (por 2 temporadas) e Head of the Class (também 2 temporadas), sendo que só esta última chegou ao Brasil, sob nome de Uma Turma Genial. Porém após estes dois programas, Ke Huy Quan conseguiu fazer uma pequena ponta em um episódio de Contos da Cripta, em 1991, e outra pequena ponta em um filme pequeno no ano seguinte. E ficou nisso. Quan foi outro dentre muitos a ser abandonado pela TV e Cinema.

Ke Huy Quan ainda tentou por alguns anos algum trabalho para se manter na carreira de ator. Mas, sem sucesso, desistiu da atuação. Se formou em Cinema, e por também ser mestre em artes marciais, passou as últimas décadas fazendo trabalhos como coordenador de dublês, coreógrafo de lutas, ou diretor assistente. Dividiu seu tempo entre trabalhos nos EUA e na Ásia. Como filmes mais famosos desta fase, ele participou da criação das coreografias das lutas de X-Men: O Filme (2000) e O Confronto (2001). Parecia que o destino de Quan seria ficar apenas nos bastidores...


E então, em 2022, "os Daniels" (os diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert) redescobriam Ke Huy Quan, convenceram-no a sair da "aposentadoria" e o trouxeram para co-estrelar o excelente filme Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. E não só foi gratificante ver o ator de volta (aliás, quando vi o filme não sabia quem ele era, só fui descobrir semanas depois de tê-lo visto nos cinemas), como constatar o quanto ele é bom atuando! Quan mostra suas habilidades dramáticas, sua versatilidade, e também, suas habilidades marciais (em uma épica cena mostrando o quanto uma pochete pode ser mortal rs). 


Felizmente não fui só eu que fiquei bastante empolgado com a aparição de Ke Huy Quan em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Tanto que, uma coisa bacana aconteceu depois, e esta "coisa" proporcionou um emocionante reencontro entre ele e Harrison Ford após 38 anos!! (veja foto abaixo).

Sabem qual o motivo deste reencontro? Acabando com o mistério então: ambos estavam na D23 EXPO, evento deste Setembro de 2022 da Disney, onde ela anuncia as novidades para o ano seguinte... 2023, de todas suas franquias (Marvel, Star Wars, Pixar, Indiana Jones, etc). E Ke Huy Quan foi anunciado como parte integrante do elenco da segunda temporada do seriado de Loki.


E aí?? Sabiam que ator mirim de Indiana Jones e Goonies havia feito sua volta triunfal após 3 décadas??? Escreva nos comentários!!




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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #012 - Tudo o que você aprendeu sobre Frankenstein nos filmes, TV e quadrinhos está errado!!!

Acabo de ler o clássico da literatura mundial Frankenstein ou o Prometeu Moderno, escrito pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818 (e cuja "versão revisada e definitva" que conhecemos hoje foi publicada pela primeira vez em 1831).

Fiquei bastante surpreso com o quanto o livro é diferente do que eu imaginava... a imagem já "consolidada" de Frankenstein que temos hoje dentro da cultura pop (vejam três exemplos na foto acima) é tão distinta do original que vim aqui correndo compartilhar minhas descobertas para vocês!

Vamos começar pela parte mais óbvia e conhecida... Frankenstein não é o nome do monstro, e sim de seu criador. E Frankenstein, cujo primeiro nome era Victor, não era um "Doutor" nem vivia isolado em um castelo onde era servido pelo seu ajudante "Igor" (que não existe no livro). Victor era um simples estudante universitário, e sua criatura foi "feita" dentro de seu apartamento estudantil em Ingolstadt, Alemanha.

O monstro não tem nenhum nome no livro (é sempre chamado de "monstro", "criatura", ou algo similar) e ao contrário do que vemos na cultura pop atual, para minha grande surpresa na obra original ele é um ser muito inteligente e eloquente. Fisicamente o monstro possuía 2,50m de altura, força e resistência bem acima da humana, e seus braços e pernas são citados como "desproporcionais", embora sem o livro dar mais detalhes sobre isto.

E ao contrário da forma como reconhecemos a criatura de Frankenstein hoje em dia, a pele dele não era da cor verde e sim amarela, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal encobria os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes, completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, parecendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido. (...)".

Pelo trecho acima, a criatura tinha uma aparência assustadora, não? Em outras passagens há insinuações de que os cabelos eram longos, e que seu sorriso era perverso. Seu rosto é dito como tão horrendo que ninguém tem coragem de olhar para ele, nem mesmo o próprio monstro. Por isso mesmo, ciente e ressentido de sua aparência, a criatura está sempre muito vestida, tentando se esconder, cobrindo principalmente sua face.

E então vamos ao momento culminante deste texto. Abaixo a imagem do que seria a "real" aparência do ser criado por Victor Frankenstein (que no caso, por estar em branco-e-preto, a parte da pele amarelada/transparente ainda terá que ficar sua imaginação, leitor).

A imagem acima foi retirada do livro Bernie Wrightson's Frankenstein, publicada em 1983 pela Marvel Comics, que nada mais é que o livro original de Mary Shelley acrescido de dezenas de ilustrações desenhadas por Bernie Wrightson, então importante ilustrador da DC e Marvel, co-criador do Monstro do Pântano.


Outra curiosidade. Sabia que o livro Frankenstein só foi escrito, porque em 1816 o Sol desapareceu?
Ou quase isso rs. Mas o fato é que 1816 foi um dos anos mais problemáticos registrados pela história humana. Neste ano o Hemisfério Norte não teve Verão, com a ano todo registrando temperaturas muito abaixo do normal, muitas geadas, e uma "neblina" encobrindo o Sol por muitos e muitos meses. Boa parte das colheitas foram perdidas e muita fome se espalhou pelo mundo todo. Acredita-se hoje que a causa deste fenômeno foi uma enorme erupção vulcânica no Monte Tambora (Indonésia) no ano anterior, a maior da era humana.

Pois então. Em julho de 1816, passando as férias em uma casa de lago, e cansados do atípico tempo frio e chuvoso que forçava o grupo de amigos escritores Lord Byron, John William Polidori, Percy Shelley e sua esposa Mary Shelley a ficarem trancados dentro do imóvel, eles resolveram, como passatempo, criar uma competição para escrever o conto de terror "mais assustador". Dos quatro, Mary Shelley foi a única que finalizou a história que começou a escrever... e adivinhem: é o livro de Frankenstein que conhecemos. Entretanto, este não foi o único escrito deste encontro que rendeu algum fruto: a história incompleta escrita por Lord Byron (de nome A Fragment) seria reaproveitada anos depois como inspiração para um conto de nome The Vampyre, escrita justamente por Polidori.


Já sabia das informações que contei neste artigo? Ou ficou tão surpreso como eu fiquei enquanto eu lia a obra máxima de Mary Shelley? Escreva nos comentários!




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quinta-feira, 14 de julho de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #011 - Indiana Jones e os Caçadores da Diarréia Perdida

Olhem para a icônica cena acima: surpreendente, engraçada, uma das melhores cenas de Indiana Jones de todos os tempos, vinda de Os Caçadores da Arca Perdida (1981).

O que nem todos sabem é que o desfecho da cena não estava no roteiro, foi um improviso de Harrison Ford. No momento das filmagens o ator - que juntamente de parte da equipe estava sofrendo de disenteria - já estava cansado e sob uma temperatura infernal; então ao invés de lutar contra o adversário com seu chicote e punhos (que era o previsto), em uma espécie de desabafo ele resolveu sacar o revolver para apressar as coisas e "matar" o oponente. Spielberg adorou o que viu e incorporou a cena no filme, que passou então para a posteridade.

No vídeo abaixo podemos ver Ford ensaiando para as cenas de luta planejadas, e posteriormente, o desfecho final que entrou pra história:

Para encerrar, saibam que essa não será a última vez que teremos a franquia Indiana Jones aqui na sessão de Curiosidades Cinema Vírgula... aguardem por futuras publicações. E vou mais além, há tanta coisa pra contar sobre Indy que para cada texto de curiosidade dele que eu escrever aqui, ao final eu irei trazer uma outra curiosidade bônus, ok? Então vamos a extra deste post!

  • Os insetos e animais peçonhentos dos 3 primeiros filmes eram reais, para tornar tudo mais verdadeiro. Foram usados mais de 2 mil ratos, mais de 6 mil cobras, e mais de 50 mil insetos! Ainda assim a quantidade de cobras trazidas para as cenas de Os Caçadores da Arca Perdida não foram suficientes, e então o cenário teve que ser completado com tiras de borracha. Para o quarto filme, a produção optou por insetos digitais... não é a toa que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) é disparado o pior filme dente eles...



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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #010 - DEZ estrelas de Hollywood que já escreveram Quadrinhos

Sabiam que no final de Março chegou ao Brasil uma minissérie em quadrinhos escrita por Keanu Reeves? Pois é... isso me motivou a trazer para vocês essa surpreendente lista. Mas não foi somente nosso eterno Neo que já se aventurou a escrever HQs, a lista de atores que já tiveram seus momentos de escritor chega a dezenas. Nesta lista, trago para vocês 10 deles. Confiram!


Keanu Reeves - o ator é co-criador e co-roteirista da minissérie BRZRKR (lê-se "Beserker"). A obra está programada para ter 12 edições, com a primeira lançada nos EUA em Março de 2021. A saga ainda não foi concluída, e o oitavo volume está programado para este mês na terra do Tio Sam. O quadrinho conta a história de um semideus aparentemente imortal de nome Berserker (e visualmente com a cara do Keanu Reeves) ao longo dos séculos. Por enquanto a saga tem sido muito bem vendida, já em termos de críticas é considerada "mediana", com destaque para as (boas) cenas de muita violência. No Brasil a história será lançada em 4 volumes. Ah, e tem brasileiro nos quadrinhos de BRZRKR: o desenhista Rafael Grampá é quem faz as capas das revistas. Atualmente estão em desenvolvimento pela Netflix um filme (com Keanu estrelando) e uma série de animação sobre BRZRKR, porém ainda sem nenhuma previsão de lançamento.



John Cleese - provavelmente o nome mais famoso do grupo de comediantes britânico Monty Python, o também ator e escritor John Cleese foi co-escritor de uma graphic novel do Super-Homem de 2004 intitulada Superman: True Brit, uma história alternativa que mostra o que aconteceria se a nave do bebê Kal-El tivesse caído na Inglaterra, ao invés dos EUA. Publicada pela DC Comics, a obra recebeu opiniões divididas pela crítica. Com várias piadas e críticas contra a polícia e tablóides britânicos, há nela entretanto algumas idéias que eu gosto, como por exemplo, o fato de que Colin Clark (sim, aqui não é Clark Kent) começar a usar óculos na adolescência para evitar acidentes com sua visão de calor (as lentes foram feitas de um vidro que veio de sua nave).


Mark Hamill - nosso amigo Luke Skywalker aparece aqui com a publicação mais antiga desta lista. Em 1996 ele lançou, como co-escritor, uma minissérie em 5 edições de nome The Black Pearl publicada pela Dark Horse Comics. Aqui temos outra HQ que critica fortemente os tablóides e seu sensacionalismo. A história é sobre Luther Drake, um homem comum que resolve se tornar um vigilante. Hamill escreveu o roteiro pensando em transformá-lo em um filme; como não conseguiu investidores, a história ficou mesmo só nos quadrinhos.


Patton Oswalt - o comediante e ator Patton Oswalt é o primeiro desta lista que escreveu não uma, mas várias obras em quadrinhos. Para a DC ele escreveu JLA: Welcome to the Working Week (2003), que aparece na imagem acima, e é uma história de humor mostrando um adolescente que foi teletransportado acidentalmente dentro da Torre da Liga da Justiça, e, por uma semana, observa em segredo o que os heróis aprontam. Já para a Marvel, Oswalt co-escreveu o recente M.O.D.O.K.: Head Games (2020), minissérie em 4 edições que ajudou a promover e complementar a série de animação de TV M.O.D.O.K., que saiu pela Star+ no ano seguinte. Dentre outras publicações, ele escreveu uma das histórias dentro de Bart Simpson's Treehouse of Horror nº 13 (2007), e uma das histórias incluídas em The Goon: Noir (2006).


Rashida Jones - a filha de Quincy Jones é bem mais conhecida atuando em seriados (Parks and Recreation, The Office), mas também já apareceu em diversos filmes, e foi uma das roteiristas de Toy Story 4 (2019)! Portanto não é lá grande surpresa vê-la se arriscar como roteirista de quadrinhos. Sua criação é Frenemy of the State, uma minisérie de 5 edições publicada em 2010 pela Oni Press, como parte de um projeto de trazer mais quadrinhos de artistas femininos para público feminino. A história conta de forma bem humorada as aventuras de Ariana Von Holmberg, uma jovem e rica socialite que resolver virar agente da CIA. Os direitos de Frenemy of the State foram comprados pela Universal Studios antes mesmo da história ser publicada, mas até hoje não houve nenhum indício de produção de um filme.



Rosario Dawson - a atriz é co-criadora e co-roteirista da minissérie de 4 edições O.C.T. - Occult Crimes Taskforce, publicada pela Image Comics em 2006. A história acompanha a policial Sophia Ortiz (que é desenhada igual a Dawson) dentro de uma unidade da Polícia de Nova York especializada em crimes ligados ao "oculto". A obra é outra que já teve os direitos de adaptação comprados tanto para filmes como para série de TV, mas também nada de concreto até hoje. Em 2019 saíram rumores de que o canal A&E planejava lançar um seriado de O.C.T. mas nenhuma outra notícia foi dita desde então.


Samuel L. Jackson - claro que um ator que lucra em cima da fama de ser "fodão" não iria apenas (co)escrever sua HQ, mas também ter o personagem principal dela com a sua cara. Publicada como minissérie em 4 edições pela Boom! Studios em 2010, em Cold Space temos um quadrinho futurista onde vemos Mulberry, um criminoso espacial em fuga, caindo em um planeta em meio à uma guerra civil. Seu objetivo: sobreviver e se manter badass, claro!


Thomas Jane - talvez o ator menos conhecido desta lista, Thomas interpretou o super-herói Frank Castle no filme O Justiceiro (2004) e nesta época ficou amigo do ilustrador Tim Bradstreet, que não somente criou os pôsteres do filme, mas também era quem desenhava as capas da HQ do Justiceiro naquele momento. No ano seguinte a dupla lançou a minissérie Bad Planet pela Image Comics, com Jane sendo um dos roteiristas. A história conta sobre um meteorito que cai na Terra atual, mas que possuía organismos alienígenas "aracnídeos" que começam a atacar os humanos e se multiplicar. É então que também chega a nosso planeta um outro extraterrestre, um guerreiro de outra espécie alien, que age tentando impedir a terrível invasão. A publicação de Bad Planet é bastante conturbada. O volume 1 saiu em 2005, mas o volume 6 (que encerra o primeiro arco) saiu apenas em 2008. Os criadores iniciaram a publicação do segundo arco de histórias com mais 6 edições (a saga foi prevista em 12 revistas desde o começo), porém até hoje apenas os números 7 (em 2012) e 8 (em 2013) saíram. Tim e Thomas dizem que ainda procuram financiadores para finalizar a história...


Tyrese Gibson - além de cantor e ator da longa franquia de filmes Velozes e Furiosos, Tyrese também já foi co-roteirista de quadrinhos. Em 2009 ele criou o super-herói Mayhem e lançou uma minissérie de mesmo nome em 3 edições pela Image Comics. A história é sobre Dante, um vigilante afrodescendente mascarado que atua na cidade de Los Angeles lutando contra o crime, representado principalmente pelo chefe do crime local Big X. Mayhem! teve vendas ruins e foi mal avaliado pela crítica, sendo o quadrinho de pior desempenho desta lista.


Brian Posehn - embora já tenha atuado em vários filmes - sempre em pequenas participações - imagino que você só reconhecerá Brian como o geólogo Bert no seriado The Big Bang Theory, seu mais famoso personagem em live-action (já que ele também deu vozes a vários personagens de animação). Porém, há um motivo muito especial para que ele encerre essa lista: Brian Posehn é de longe dentre os atores que citei quem mais escreveu obras em quadrinhos... afinal ele foi "o" escritor das revistas de Deadpool, da Marvel Comics, de 2012 a 2015. Foram 45 edições mensais, e mais a minissérie de 7 edições Deadpool: Dracula's Gauntlet. Você sabia disso? Deixe nos comentários se foi o caso!





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Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...