terça-feira, 24 de abril de 2012

48 – 2º capítulo


No dia 7 de março eu postei aqui, sob título “48” (http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/03/48.html) que Hobbit e Avatar 2 estão sendo filmados também a 48 frames por segundo, ao invés dos tradicionais 24.

Também comentei que raríssimas pessoas já viram um filme exibido nesta velocidade. Apenas as pessoas que faziam os próprios experimentos de projeção deste tipo.

Pois isto mudou hoje. No evento CinemaCon - convenção anual dos donos de cinema dos EUA (cinemas, não estúdios) - que acontece durante esta semana em Las Vegas a Warner exibiu 10 minutos de Hobbit em 3D a 48 fps.
 
E a reação do público foi bem dividida. Uns adoraram, mas a maioria estranhou. Resumindo os comentários, dizem que é mesmo o 3D mais real que já viram. Mas é tão real que as imagens deixam de parecer cinema e passam a parecer mais com uma TV de alta definição.

Pelo jeito não será rápida a adaptação do público para a nova tecnologia. E talvez nem mesmo sua filmagem: há quem tenha reclamado que os movimentos dos personagens estão mais acelerados. É esperar pra ver e tirar suas próprias conclusões. Continuo curioso.

Crítica – “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” (2012)


“Com início desastroso, documentário santista se recupera e torna-se aceitável no final”

Este meu blog não foi feito para falar de futebol. E falar sobre o filme do Centenário do Santos não chega a ser uma contradição a esta regra.

Seguindo uma estrutura bem comum para documentários esportivos, onde imagens reais do passado são intercaladas com depoimentos/comentários atuais de quem vivenciou aqueles momentos, “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” é o primeiro de três filmes idealizados pela diretoria santista com objetivo de comemorar o Centenário do clube. E se propõe, como o título diz, a mostrar o futebol arte do Santos durante todos seus anos de existência.

Porém o filme impressiona justamente por não cumprir o prometido. São 93 minutos de exibição, sendo que destes temos menos de 25 minutos para contar toda a história que vai da fundação em 1912 até o milésimo gol de Pelé, em 1969. Ou seja, pouca atenção foi dada justamente ao tempo onde o Santos foi de fato o expoente máximo mundial do futebol arte, do futebol magia, do futebol espetáculo.

E Lina Chamie (diretora e roteirista do filme) e Ricardo Farias (montagem) foram além de limitar a aparição dos times clássicos do Peixe. Os tais primeiros 25 minutos possuem uma das piores montagens que já vi. Confuso, com textos jogados com tal velocidade que mal temos tempo para os ler, depoimentos que não tem absolutamente nenhuma relação com as imagens exibidas. Um caos! Contracenando com os primeiros anos do time da Vila, aparecem imagens recentes de torcida organizada, de títulos do ano passado; estas cenas deveriam estar no final da película, de onde pertencem cronologicamente. E o pior que estão lá também! A edição é tão ruim que algumas cenas se repetem!

Do milésimo gol do Rei em diante, pelo menos, o filme engrena. Depoimentos e cenas dos jogos enfim se harmonizam cronologicamente e temos vários momentos marcantes do Santos, que vão dos Meninos da Vila de 78 até o Tri da Libertadores em 2011. Surgem imagens e depoimentos muito bonitos, ora emocionantes, ora interessantes. É ao menos suficiente para deixar o torcedor satisfeito.

Mas mesmo nesta parte do filme há falhas. A confusão agora é menor, mas existe. Ainda há algumas cenas jogadas sem explicação, o que requer um conhecimento prévio da história do Santos para entender vários momentos do filme. Aliás, comparando este filme com “Pelé Eterno”, se a história do Rei é universal, este documentário só vai interessar os torcedores do Santos. Ainda comparando as duas películas, se o bom filme do Rei tem na trilha sonora seu ponto fraco, aqui a trilha é menos ruim e menos irritante.

Para finalizar, uma crítica que mais tem a ver com futebol do que cinema. Um ponto extremamente negativo é a escolha das pessoas que depõem no documentário. De toda a geração Pelé, apenas ele próprio, mais Pepe, Carlos Alberto Torres, Mengálvio e Lima comentam. Sendo que os dois últimos falam apenas uma frase cada um!

Estranhamente, jogadores e trabalhadores do clube foram preteridos e em seu lugar aparecem pessoas sem importância histórica para o Peixe. Por exemplo, os comentaristas principais são o Mano Brown (rapper) e Cosmo Damião (fundador da Torcida Jovem). Não discuto a genuína paixão de ambos pelo Santos. Mas eles pouco representam para o futebol santista. Se ao menos acrescentassem algo ao texto, tudo bem. Mas não é o que acontece. Enquanto temos depoimentos belíssimos de alguns escritores e jornalistas, da dupla acima só temos frases comuns.

Há outros que aparecem menos, porém mais constrangem do que homenageiam. É o caso do atual assistente de Marketing, Armênio Neto, e de alguns torcedores. Para completar a festa de “bicões”, a própria diretora Lina Chamie aparece brevemente em cena. E mais, ela encerra o filme dedicando-o a seu pai. Oras, afinal o filme é auto-homenagem ou uma homenagem ao Santos?

A conclusão é que o Santos merecia um filme muito melhor. Entretanto “Santos, 100 Anos de Futebol Arte”, mesmo com seus defeitos ainda agrada se levarmos em conta apenas os últimos 40 anos de clube. Assisti-lo apenas uma vez, para relembrar o que já temos mais vívido na memória, é minha recomendação ao torcedor santista.

Nota: 6,0.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crítica – “Jogos Vorazes” (2012)

“Premissa básica falha e casal romântico desnecessário transformam em razoável um filme que poderia ser bom”

Mesmo antes de seu lançamento, “Jogos Vorazes” não me interessou. Também baseado em série de livros, o filme se promovia como “sucessor de Harry Potter e Crepúsculo”, ou seja, a idéia para vendê-lo não era que o filme será bom; e sim, que será bastante assistido. Lamentável.

Ironicamente, mudei de idéia ao ver que “Jogos Vorazes” chegou a completar quatro semanas no topo da bilheteria dos EUA. Fui então vê-lo no cinema em nome da curiosidade (e da manipulação que deu certo).
A história se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde após uma longa guerra o acordo de paz obrigou as 12 colônias rebeldes a entregar anualmente um rapaz e uma moça (ambos entre 12 a 18 anos) como tributo à Capital, dominante.  Estes 24 adolescentes são jogados numa selva repleta de armas e animais, sob forma de um reality show mundial, o tal “Jogos Vorazes”. Com o objetivo de matar seus oponentes, vence os jogos o único jovem sobrevivente.

Segundo o filme, a “desculpa” oficial para os Jogos Vorazes é manter as colônias pacificadas, relembrando-as de “quem manda”. Ao mesmo tempo, segundo palavras do Presidente da Capital: ‘”sabe por que simplesmente não os executamos todos de uma vez? É preciso um vencedor para lhes dar esperança”.

Infelizmente, não faz sentido. Ao longo do filme, vemos que as colônias 1 e 2 tratam os jogos como profissão, como maneira de ascensão social. Treinam para vencer e geralmente vencem. Em outras palavras, os jogos não servem para oprimi-los. Já as colônias restantes sofrem com os filhos que perdem anualmente, e eventualmente se revoltam com as mortes, ou seja, os jogos não os “pacificam”.

Se a premissa básica é falha, pelo menos o enredo traz algumas qualidades. Apesar de se passar no “futuro”, a manipulação do povo burro pela mídia é explícita no filme e igual a que existe nos dias de hoje. Igualmente vemos o mau gosto e a falta de ética dos reality shows. As regras são modificadas a todo momento, seja para agradar o povo, ou principalmente, para agradar os donos do programa. A semelhança com os reality shows reais (inclusive os brasileiros) não é uma coincidência.

Saindo do debate e passando para a ação, as cenas de batalha e sobrevivência são bem interessantes. As situações criadas – e as maneiras que a protagonista principal Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se adapta a elas - são outro ponto alto da história. A "selva" possui uma fotografia bonita, e as várias cenas de violência ficam mais na sugestão do que na exibição, o que também foi uma boa escolha.

Jogos Vorazes seria um bom filme se mantivesse o foco nas suas qualidades acima. Mas ele não segue esta fórmula e investe no clichê, ao enfiar em seu final um desnecessário romance. Apresentado inicialmente como uma maneira de se jogar o jogo e atrair a preferência do público, de uma hora para outra Katniss parece se apaixonar de verdade, o que não faz nenhum sentido. Mais ainda, o filme termina sem esclarecer se aquilo foi amor real ou não.

Aliás, o filme se baseia demais no ponto de vista da protagonista. Quase sempre vemos tudo por seu olhos – não necessariamente por uma câmera em 1ª pessoa, mas sim em câmeras onde Katniss Everdeen é filmada bem de perto – o que traz vantagens e desvantagens. Como positivo o filme é bem sucedido em nos transportar para dentro dos Jogos; como negativo ficamos tão confusos quanto a personagem ao se deparar com algumas reviravoltas que jamais são explicadas. Fico em dúvida se isto é falha da adaptação para as telas, ou se a falha é mesmo do livro.

O resultado final é um filme razoável que podia ser melhor, mas que pelo menos entretém. E a conclusão que chego sobre o real motivo da existência dos “Jogos Vorazes” é o dinheiro. Dinheiro para os organizadores e patrocinadores dos jogos da Capital; e principalmente – já saindo das telas - dinheiro para a autora do livro e os produtores do filme.

Nota – 6,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...