domingo, 30 de dezembro de 2012

Crítica - "Argo" (2012)


"Sóbrio e historicamente interessante".

Baseado em uma história real, "Argo" possui sem dúvida uma premissa curiosa. O ano é 1979, no Irã. Com a recusa do governo dos EUA em entregar o xá Reza Pahlevi, recém deposto pela população, os iranianos invadem a embaixada estadunidense fazendo de seus funcionários reféns. Entretanto, seis americanos conseguiram escapar, se refugiando na embaixada canadense.

O dilema: se tentarem sair do país, serão identificados e provavelmente mortos. A solução: com a ajuda de uns figurões de Hollywood, a CIA monta um plano de criar "Argo": filme de ficção científica a ser rodado no Irã. A idéia é incorporar os seis refugiados como integrantes da produção do filme, e trazê-los sãos e salvos no retorno do elenco aos EUA.

O filme (este, de 2012) começa muito bem. De cara acompanhamos a invasão da embaixada, em cenas tensas, barulhentas, e muito bem executadas. Aliás, o filme é bem executado em geral. Bastante sóbrio, sem apelar para sentimentalismo, consegue mostrar em paralelo diversas ações (acontecendo em diversos locais dos EUA e do Irã) com competência. Tecnicamente o filme também impressiona, principalmente na fotografia, excelente.

Outro ponto bacana é o fato do roteiro não esquecer de contextualizar o momento histórico em questão. Então temos algumas transmissões de TV da época, vemos que enquanto acompanhamos esta crise há outra em curso (a invasão do Afeganistão pela URSS), etc.

Todos estes fatores pesam a favor do diretor (e ator principal) Ben Affleck. Entretanto, mesmo com todas estas qualidades, o filme não empolga tanto, principalmente pela falta de carisma de seus personagens. Os atores são todos frios, distantes. Nenhum personagem (nem o principal, interpretado pelo ator-diretor) tem sua história aprofundada. A tal sobriedade que elogiei anteriormente também tem sua contrapartida.

Mas outro problema do filme, ironicamente, é justamente quando ele tenta dar mais emoção à história. São vários os momentos em que os seis estadunidenses não são pegos em flagrante por questão de um mísero segundo (literalmente). Mesmo com este bom trabalho na direção, Affleck parece não conseguir escapar dos clichês Hollywoodianos.

Eu não tenho dúvidas que "Argo" receberá várias indicações ao Oscar, e poderá levar algumas estatuetas pra casa. Não que mereça, mas faz parte do modus operandi da Academia prestigiar filmes que homenageiam Hollywood. E querem maior homenagem que esta? Uma história real onde eles se envolvem em resgate de vidas?

Bem feito, porém sem grandes passagens ao longo do enredo, "Argo" distrai e certamente vale a pena assisti-lo como curiosidade histórica. Nota: 7,0.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crítica - "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" (2012)


"Quando mais é menos".

Agora sim, a aguardada crítica sobre o filme, ignorando seus 48 fps (se quiser ver minhas impressões sobre o HRF, clique aqui).

Temos em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" mais uma adaptação dos livros de J.R.R. Tolkien. Na verdade, Hobbit é o primeiro livro do autor dentro do universo da Terra Média, escrito cerca de 17 anos antes de "A Sociedade do Anel". Aqui o herói que dá nome à aventura é o hobbit Bilbo Bolseiro, tio de Frodo.


Se pararmos para pensar: o roteiro original vem de J.R.R. Tolkien, que dispensa comentários. A direção vem de Peter Jackson, que já mostrou bastante competência com a trilogia do Senhor dos Anéis. Com esta dupla, era pouco provável que Hobbit desse errado. E não deu. "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é um bom filme, no pior dos casos um bom entretenimento. Todo o encanto, aventura, e qualidade técnica que vimos nos filmes do Senhor dos Anéis está de volta.

Aliás, tecnicamente, temos duas novidades bem interessantes: primeiro, a filmagem a 48 fps; e segundo, várias cenas com tomadas aéreas "de curta/média distância". Desta maneira, conseguimos desfrutar as paisagens e as batalhas de uma maneira inédita e privilegiada, onde temos uma completa noção de onde/como se passam as ações.

Tudo isto serve para agradar os olhos. E "O Hobbit" também é eficiente em agradar o coração, pois nele também temos as esperadas cenas com dose certa de emoção e heroísmo. Para fechar o pacote, só faltaria a parte de agradar a mente (roteiro). E é aí que a aventura de Bilbo falha, e bastante.

A ganância dos envolvidos com a trilogia nos cinemas fez que um livro infantil fosse dividido em TRÊS longos filmes. Obviamente, muita coisa extra livro precisaria ser acrescentada para preencher três produções. E é uma pena que são exatamente as partes "extra livro" que enfraquecem a trama.

Logo de cara, temos DUAS introduções ao filme. A primeira, totalmente irrelevante, só serve para mostrar Frodo, ou seja, fazer uma ponte entre as duas trilogias. Ainda para reforçar a ligação entre as duas trilogias, temos aparições de personagens extra-Hobbit, como por exemplo Saruman, Galadriel e o mago Radagast. A participação destes personagens sob justificativa de uma "grande e misteriosa força do mal" descaracterizam a obra original, dando a Hobbit um tom muito mais sombrio do que a aventura "leve" do livro.

Radagast aliás, é um dos pontos mais baixos do filme. Sua participação abrupta não somente quebra totalmente o ritmo da história, como é um personagem exageradamente caricato, deslocado do mundo apresentado.

A necessidade de "fazer o tempo passar" fica evidente nos diálogos - alguns repetitivos e desnecessários - e principalmente nas batalhas. Sim, batalhas com trolls, orcs, gigantes de pedra... tudo isto está no texto de Tolkien. Mas o que deveriam ser batalhas simples foi realizado de maneira tão grandiosa, tão inverossímil,  tão carregada de efeitos especiais que remetem aos piores momentos da nova trilogia do Star Wars de George Lucas.

Curiosamente, este "inchaço" não pode ser creditado exclusivamente à ganância de Hollywood. Parte da culpa é do diretor Peter Jackson. Afinal, o lucro com três filmes já estava definido e garantido, e ele poderia simplesmente fazer cada filme com cerca de uma hora e meia. Mesmo assim Jackson fez questão de fechar o primeiro filme da trilogia com absurdos 169 minutos! (E isto não é surpresa pra mim... Lembram?).

Apesar de seus defeitos repito que "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" ainda consegue ser um bom filme, e vai agradar quem gostou de "O Senhor dos Anéis". Devido sua longa duração, a história chega a cansar um pouco, mas isto é amenizado devido ao constante encantamento que temos explorando novos trechos do universo de Tolkien. O primeiro filme Hobbit é definitivamente inferior a qualquer um dos três "Senhor dos Anéis", mesmo assim, ainda diverte. Nota: 7,0.

Assisti! Hobbit a 48 fps!!


"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" já entrou para a história do cinema  Não pela sua qualidade (a crítica sobre o filme virá ainda hoje, no meu próximo post), mas por ser o primeiro filme comercial a exibir cenas em 48 fps. (Quer saber mais sobre o 48 fps? Clique aqui).


A nova trilogia de Peter Jackson foi concebida para ser exibida em 3D a 48 fps, e foi sob este formato que fiz questão de assistir "Hobbit 3D HFR" (High Frequency Rate, é como estão vendendo o 48 fps no Brasil). Seguem então minhas impressões:

A grande diferença (e vantagem) em relação ao tradicional, conforme se esperava é a qualidade das imagens; ou melhor ainda, seu detalhamento. Não é exagero: na telona do cinema você consegue ver nos closes cada poro da pele dos atores, ou cada fibra de suas roupas. Toda esta precisão absurda deverá se tornar o grande desafio (ou seria pesadelo?) dos maquiadores e figurinistas daqui para frente. Uma ideia aproximada da qualidade das imagens é o que você encontra assistindo Blu-Ray em TVs LED de alta resolução.

Em termos de 3D - se isto é consequência do 48 fps ou não eu não sei - aqui vemos uma claridade e uma quantidade de cores incomuns (o 3D atual deixa as imagens naturalmente mais escuras, opacas). Tudo é um grande deleite para os olhos, realmente impressionante!

Nem tudo funciona bem, entretanto. Quando o filme começa, as imagens estão em velocidade acelerada, como se estivéssemos apertado um botão "FF". E esta sensação "ruim" se reforça graças à infeliz escolha de cenas pelo diretor: temos de cara sequencias de muita ação, com a câmera em total movimento, o que obviamente amplia a sensação de "correria".

Gradualmente, entretanto, as imagens vão voltando a "velocidade normal". Provavelmente porque sua mente vai se acostumando ao que vai vendo. Depois de uns 15 min já está tudo bem menos acelerado... mas acho que levei cerca de 1h para que as imagens estivessem "100 %" normais em termos de aceleração.

Temos outro problema na computação gráfica. E não se enganem. Em Hobbit, os efeitos via computador são excepcionais, um trabalho brilhante, um dos melhores que já vi. Entretanto, passando pela prova do incrível detalhamento do 48 fps, algumas cenas se tornam "artificiais demais". Nas tomadas nas florestas esta sensação não existe, tudo funciona muito bem. Porém, em construções (sejam imagens internas ou externas) e batalhas gigantes a sensação de artificialidade é maior do que se costuma ver nos filmes atualmente.

Entendo que vale a pena todos experimentarem o 48 fps pelo menos uma vez. É uma "revolução" menor que eu esperava, confesso, mas mesmo assim inesquecível para os olhos. Imagino que em pouco tempo, após conhecer melhor esta nova tecnologia, os problemas vistos em "O Hobbit" serão resolvidos. Em contrapartida não imagino ver o 48 fps substituindo o 24 fps. Mas assim como vale a pena assistir determinados filmes especificamente em 3D, certamente serão produzidos mais filmes onde o 48 fps faça a diferença.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Ficção científica as vésperas do fim do mundo

Como todos sabem – a menos que você seja muito desinformado – o mundo acabará em breve, no dia 21 de dezembro de 2012. :)

Mas antes que o mundo acabe, faço duas indicações para passar o tempo até lá. São obras de ficção científica que entendo nos fazer refletir sobre o assunto, e por isto irei aproveitar a oportunidade para ler (um livro) e rever (um filme) estas obras para "entrar no clima" deste evento vindouro rs.

A primeira indicação é de um livro que nunca li. Por isto não sei se é bom ou não. Mas promete. E comecei a ler ele ontem.


Se trata de “O Cair da Noite” (“Nightfall” no original), livro escrito a quatro mãos por Isaac Asimov e Robert Silverberg. E que acaba de ser republicado no Brasil, pela editora Arte & Letra (não, não estou recebendo jabá por isto, quem dera).

A premissa é a seguinte. Estamos no planeta Kalgash, onde existem seis sóis e consequentemente, nunca há noite. Então, duas descobertas científicas mudam tudo o que se pensava por lá. Primeiramente, arqueólogos descobrem evidências de que sua civilização vêm constantemente sendo destruída e reconstruída a cada 2 mil anos. Segundo – e talvez ainda mais chocante - astrônomos descobrem que a órbita do planeta não é regular, e que em breve não somente estarão orbitando apenas um sol, como ainda, irão experimentar um eclipse solar total. Pela primeira vez, portanto, eles verão a escuridão.

Querem algo mais relacionado ao fim do mundo que isto? E aparentemente, o pessoal de Kalgash está numa situação bem pior que a nossa. :)

A segunda indicação é sobre um filme clássico. “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, do diretor Stanley Kubrick. Se não é sobre o fim do mundo, é sobre um momento crítico da história da humanidade. E nos questiona o "de onde viemos", "por que viemos".


Para várias pessoas, “2001” é como se fosse “o filme mais chato de todos os tempos”. De fato, é um filme absurdamente lento, difícil de assistir, e difícil de entender.

De minha parte, minha visão sobre este filme de Kubrick nunca foi assim extrema. Considero-o um bom filme, porém, que me frustra – confesso - pelo seu final “confuso” que nunca entendi muito bem.
O que mudou, para eu querer assistí-lo novamente? Bem, em primeiro lugar, eu só o assisti uma vez, e tinha uns 15 anos. Acho que mudei um pouco de lá pra cá. :)

E em segundo lugar, assisti semana passada um ótimo vídeo do crítico Pablo Villaça analisando “2001”. O vídeo é antigo, mas vi só agora. E além de dar aula sobre as técnicas usadas pelo diretor, ele explica o final. Agora, vou assistir o filme novamente e verificar se compartilho de suas conclusões ou não. Para quem se interessar pelo assunto, segue o link para o vídeo do Pablo, publicado em duas partes.


O bacana de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”, é que ele é um bom contraponto ao livro que citei. Afinal, é um filme otimista. Para ele, a humanidade evolui. E ainda vai evoluir bastante antes do fim do mundo. :)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Retomando discussões / impressões

Desculpem minha ausência. Na verdade, a falta de filmes “realmente interessantes” no cinema me fez ficar em casa. Por isto, aproveito para dar novas opiniões sobre alguns temas já comentados por aqui.

Hobbit a 48 fps

O primeiro tema é justamente a solução para o “não ter nada de interessante pra assistir nos cinemas”. Estamos há 10 dias da aguardada estréia de “O Hobbit - Uma Jornada Inesperada” (em  14 de dezembro de 2012).

E eu já comentei aqui que Hobbit foi filmado a 48 fps e temia que esta novidade não chegaria ao Brasil (para entender mais, leia: http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/03/48.html e http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/04/48-2-capitulo.html )


Felizmente, teremos 48 fps no Brasil! E a lista das salas que já confirmaram a novidade pode ser encontrada aqui: http://omelete.uol.com.br/hobbit/cinema/o-hobbit-48-quadros-por-segundo-vira-no-brasil-confira-salas/

Novo Robocop – há esperança

As primeiras imagens do novo Robocop me decepcionaram bastante. E não perdoei:  http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/09/o-novo-robocop-jose-padilha-fernando.html

Porém, como se nota abaixo, a armadura “final” deverá ser bem próxima à armadura original. Menos mal.


Na verdade, José Padilha explica que ao longo do filme, a armadura de Robocop vai sendo “atualizada”, ficando mais moderna com o passar do tempo. A imagem acima seria da armadura original.

Elementary – até que não é ruim

Finalmente, mais uma retificação em relação a meu mal humor. :)

Eu fiquei revoltado ao ver uma nova série nos EUA, Elementary, alterar tanto Sherlock Holmes a ponto de fazê-lo morar em Nova York e o Dr. Watson virar Doutora Watson, representada por Lucy Liu: http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/02/sherlock-holmes-esta-virando-palhacada.html .

Mas, não posso criticar sem conhecer. Portanto, fiz questão de assistir a série. E passados já oito episódios (assisti todos), posso dizer que a série não é ruim. Ela não chega nem aos pés do Sherlock Holmes atualmente exibido pela inglesa BBC. Entretanto, sob o batido formato “série policial onde em cada episódio se prende o vilão da vez”, é um dos seriados menos ruins do gênero produzido atualmente nos EUA.


Assim como na BBC, vemos um Sherlock Holmes transportado para os dias atuais. E menos mal que se trata do Sherlock “de verdade”. Ele é Inglês, e pelo que a história insinua, toda a sua carreira que conhecemos dos contos realmente “aconteceu” lá em Londres. Porém, após todo seu sucesso no velho continente, ele acabou virando viciado em ópio, foi rejeitado pela Scotland Yard, e vindo para os EUA se tratar. É onde conhece a Doutora Watson, ex-médica que hoje trabalha como acompanhante/tutora de ex-drogados.

Não é um conceito absurdo. Afinal, nos livros de Conan Doyle, Holmes enfrentou diversas recaídas pelo uso da droga, que ele usava para “expandir a mente” em casos extremamente difíceis.

Há alguns episódios fracos. Previsíveis. Mas na média, até agora tem sido interessante acompanhá-lo. Apesar de todas as mudanças em Holmes e Watson, suas características são preservadas. Ele mantém seu aguçado poder de observação, sua obsessão pela solução de problemas, e explica sempre suas conclusões. Ao mesmo tempo, Watson é companheira leal e inteligente, como nos livros.

E é isto. Pra compensar minha ausência, amanhã tem outro post!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Crítica: 007 - Operação Skyfall (2012)

“James Bond retoma a boa forma, ainda que em crise temporal”

Com Cassino Royale, em 2006, a franquia de James Bond teve um grande recomeço. Não apenas estreava um novo ator para o papel do famoso espião, o britânico Daniel Craig, mas também pela trama trazer simplesmente “a” primeira missão de Bond como 007.

Mais ainda, o estilo mudara. Cassino Royale trouxe muito mais realismo para a franquia. Vilões caricatos, apetrechos exóticos (leia-se bizarros), tudo isto ficou de fora. E além do realismo, muita ação, claro. Com direito a uma enorme sequência inicial de parkour de tirar o fôlego. A estréia de Craig como Bond foi excelente, facilmente um dos melhores filmes do espião já feitos.

Dois anos depois veio Quantum of Solace, ainda menos parecido com os Bond clássicos, e com história confusa e ruim. Pelo menos eles tiveram a desculpa de terem sido atrapalhados pela greve de roteiristas que rolava na época.

Chegamos então a 2012, com Operação Skyfall  e sua missão de provar que a grande qualidade de Cassino Royale não foi um golpe do acaso. E assim como seu antecessor, o novo filme de Bond também começa com uma longa e ótima cena de ação. Mas agora a perseguição não é apenas a pé, e sim também com carros, motos, e até trem.

Em pouco tempo vemos que a história também é um pouco diferente. Não se trata de alguém querendo dominar o mundo, e sim, de vingança pessoal contra a M (Judi Dench) e a MI6. Este sentimento de “algo dentro de casa” é reforçado com maestria pela filmagem feita o tempo todo em plano fechado (e as vezes até em primeira pessoa). Aliás, a fotografia é muito boa e a variedade de cenários,  ângulos e tomadas de câmera feitas ao longo do filme impressiona.

O roteiro, se não é brilhante, agrada. É balanceado, simples, e sem falhas. E outro grande ponto positivo do filme é o vilão intrepretado pelo espanhol Javier Bardem. Sem dúvida o vilão mais interessante que o Bond-Craig já enfrentou. Ainda sobre atuações, Judi Dench está muito bem. O mesmo não pode se falar de Daniel Craig. Se em Cassino Royale ele conseguiu nos mostrar que tinha sentimentos, não se pode falar o mesmo por aqui. Craig convence como ator de ação. Mas como ator dramático, desta vez perdeu até pro cigano Igor.

Se parássemos aqui, Operação Skyfall seria de nível semelhante à Cassino Royale. Mas não é. Sob justificativa de comemorar os 50 anos da série, passado e presente se misturam de maneira confusa. Personagens clássicos, ausentes desde 2006, como o inventor Q e a secretária Moneypenny retornam a franquia. Porém retornam de maneira desfigurada.

Outro elemento estranho é ver Bond em vários momentos se lembrar dos “velhos tempos”, sentindo saudades dos apetrechos espalhafatosos que recebia para completar uma missão. Oras... os dois filmes anteriores mostraram James em seu primeiro ano como 007, se passando nos dias atuais (e sem as bugigangas). Como Bond ficou “tão velho” de uma hora para outra? Soa artificial demais.

Há também um retrocesso no realismo conquistado com Cassino Royale. Até quando vamos ver vilões com arma de fogo na mão, e ao invés de atirar a distância, encostar ao lado do mocinho para atirar, porém apenas para ser desarmado? Será que nenhum vilão sabe que um revolver funciona diferentemente de uma faca? E se isto acontecesse uma vez só, tudo bem. Mas acontece uma, duas, três...

Somando prós e contras o resultado final é um filme com falhas, mas ainda sim bom e de ritmo intenso. Operação Skyfall não alcança Cassino Royale, mas é bem superior a Quantum of Solace.
Nota: 7,0.

PS: mais uma vez, minha “homenagem” aos idiotas que “traduzem” os nomes dos filmes. Originalmente apenas “Skyfall”, aqui no Brasil o título foi estendido para “Operação Skyfall”. Faltou avisar ao “jênio” que fez isto que "Skyfall" não é o nome de nenhuma operação, e sim de outra coisa (que não vou contar para não dar spoiller). Lamentável.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bomba: anunciado Star Wars VII (ou se preferir, “George Lucas, o fanfarrão”)

Vou direto à notícia completa. Ontem a tarde (dia 30), foi anunciada a venda da Lucasfilm (estúdio de George Lucas) para a Disney, por US$ 4 bilhões. E mais, já está confirmado para 2015 a estréia nos cinemas de Star Wars VII.

Já imagino acaloradas discussões na internet, dizendo se isto é uma notícia boa ou ruim. Particularmente, eu detestei. Seguem portanto minhas considerações.

George Lucas um dia foi legal

Não dá para negar a contribuição de George Lucas aos cinemas. Sim, ele chamou bastante atenção de Hollywood com seus primeiros filmes: THX 1138 (1971) e American Graffiti  (1973); mas não é a isto que me refiro. Falo de Star Wars (1977). O expoente máximo do início da “era dos blockbusters”, iniciada em 1975 com Tubarão, de seu amigo Spielberg.

Star Wars mudaria a maneira de se vender e lucrar com cinema. Com muito dinheiro gasto em marketing; com muito retorno de público; e com um lucro sem igual em produtos derivados licenciados. E fez tudo isto com um filme que misturava ficção científica, com filosofia oriental... nada que se imaginava agradar o público da época.

Mais ainda, com restrições de orçamento, Star Wars revolucionou os efeitos especiais da época, se desdobrando para entregar efeitos críveis (e ótimos) via Industrial Light & Magic, empresa criada por Lucas especialmente para isto.

E não para aí. George Lucas ainda co-criou outra franquia excepcional, Indiana Jones (uma de minhas preferidas). E criou também a Lucasarts, produtora de ótimos jogos para computador (vocês se lembram de Monkey Island, Maniac Mansion, etc?).

1999 – o fantasma que mudou tudo

Tudo mudaria para pior a partir de 1999, com a estréia de Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma. Sinceramente, eu acho que Lucas deveria mesmo ter feito a primeira trilogia, e não a acho ruim. Mas é inegável que ela chega até a desconstruir a saga original, e que a qualidade caiu muito (principalmente no primeiro filme).

A nova trilogia não foi o maior problema então. O problema foi a ganância de George Lucas. E sua odiável mania de reescrever a história. Brotaram bilhares de versões de seus filmes de Star Wars... cada um alterando determinadas cenas, reescrevendo de maneira covarde uma história já consagrada. E enchendo de efeitos especiais por computador, tornando os filmes originais piores do que eram.

Um caso emblemático disto é a tal cena do “Han Solo atirou primeiro”, do Star Wars IV (1997). Como qualquer mercenário que se preze, ele atirou em um assassino antes que o mesmo atirasse nele. QUAL O PROBLEMA DISTO? Pois Lucas alterou pro assassino atirar primeiro, e ainda teve a cara de pau de declarar que Han Solo JAMAIS atirou primeiro... o ângulo da câmera que deu a "impressão errada".

George Lucas, o fanfarrão

E ainda tem mais. Não bastou a ele alterar cenas de seus filmes. Ele quis alterar a história de como seu filme foi criado! Na década de 70, George Lucas explicou pra quem quisesse ouvir que a saga de Star Wars era composta de nove filmes, ou 3 trilogias (as vezes chegou até falar de uma 4a trilogia), e que resolveu iniciar pela trilogia “do meio” por entender ser a mais viável comercialmente.

E não é que no mesmo famigerado ano de 1999, ele negou veementemente que havia uma 3ª trilogia? Disse que a saga SEMPRE foi feita para 6 filmes. Episódio VI era o fim e acabou. É mesmo um fanfarrão.

Até porque ontem, comentando o anúncio da venda de sua companhia para a Disney, e perguntado sobre “o que vai ser da saga Star Wars”, ele respondeu... “bem, existem scripts para os filmes de 7 a 9, e mais centenas de livros, quadrinhos, jogos, do universo expandido que podem ser incorporados”.

Ah, Lucas... vou manter o “fanfarrão” para não descer o nível


Vender para a Disney é ruim sim senhor

Preconceitos a parte com a companhia do seu Walt, contra fatos não há argumentos. Alguns anos atrás, a Disney comprou também a Pixar e a Marvel.

Isto significou que eles deixaram de fazer bons filmes? Não. Mas significou que, na média, os filmes pioraram. Pois para a Disney, pouco importa a qualidade. O que importa é quantidade (leia-se “dinheiro”). Com isto, passamos a ver filmes “não tão bons assim”, como por exemplo Carros 2, Thor ou Capitão América.

Isto sem contar que o mais recente fracasso da companhia foi justamente a sua tentativa de ter seu “próprio Star Wars”, com John Carter - Entre Dois Mundos (2012).

A nova trilogia - o que esperar?

Deixando claro, ainda não está confirmado que teremos uma nova trilogia. Apenas um Episódio 7 foi anunciado. Qual será a história? Ninguém sabe. Provavelmente, nem a Disney.

Mas a 3ª trilogia, dos filmes de 7 a 9, está escrita desde a década de 70, não é? Do que ela se trata?

A versão mais aceita é que nos filmes 7 e 8 Luke Skywalker iria se consolidar como “o” Jedi, e que no filme 9, somente aí, o Imperador seria confrontado e derrotado definitivamente. Ou seja, no filme 6 apenas Vader seria derrotado, o Imperador não.

Há outra abordagem, bem mais pessimista, que dá conta de que Luke passa para o lado negro da Força... ele não soube lidar com tanto poder devido não ter terminado seu treinamento. Portanto, a 3ª trilogia giraria em derrotar Luke (e desta vez o Império de uma vez por todas), sendo a heroína final a filha de Han Solo com a Princesa Léia. Esta história já teve sua versão contada na saga em quadrinhos Dark Empire, publicada nos EUA pela editora Dark Horse em 14 edições, sob forma de trilogia, entre 1992 a 95. No Brasil, apenas a “parte 1” foi publicada, sob título de O Império do Mal, pela editora Abril em 1997.

E pode piorar...

Encerrando meu texto pessimista com chave de ouro, podem anotar aí. Mexer com Star Wars não vai ser suficiente. Lembra que eu disse lá no começo do texto, sobre outra ótima franquia da Lucasfilm? Pois é. Eu aposto com vocês que a Disney vai estragar Indiana Jones fazendo um reboot da série.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Crítica: As Vantagens de Ser Invisível (2012)

“O drama do adolescente rejeitado, desta vez em um filme muito bem executado e de grande sensibilidade”

“As Vantagens de Ser Invisível “, é uma adaptação do livro de mesmo nome escrito em 1999 por Stephen Chbosky, que curiosamente também é o diretor do filme. A história começa com o primeiro dia de Charlie (Logan Lerman) no colegial. Extremamente tímido, fechado, “invisível” para as demais pessoas, só após um bom tempo sozinho ele acaba fazendo amigos: os não tão invisíveis, porém “esquisitos” meio-irmãos Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson). Enfim “enturmado”, acompanhamos Charlie crescer em seus problemas típicos de adolescente, como o primeiro beijo, o bullying, o primeiro amor, o contato com bebidas, drogas...

O que poderia ser apenas um filme comum se transforma em um filme diferenciado devido alguns motivos. O primeiro deles, é que além dos problemas de adolescente, Charlie tem que lidar com dois grandes traumas de seu passado, que aliás são apresentados pouco a pouco, sutilmente, ao espectador.

O segundo motivo é que o filme é muito bem executado. Tanto no presente, quanto no passado (os traumas de Charlie fazem com que ele tenha rápidos flashbacks/alucinações), as cenas e diálogos são apresentados no momento certo, crescendo junto com a história. Tudo tem sua razão de ser, até a trilha sonora, e se encaixam corretamente ao longo da trama.

Finalmente, impressiona a beleza com que os dramas são apresentados. Nota-se uma grande sensibilidade nas atitudes dos personagens em relação aos problemas de seus companheiros. Como por exemplo quando em plena festa, “chapado”, Charlie faz uma revelação sobre seu passado. De imediato Sam percebe o quanto esta declaração foi importante, melancólica, e sai em sua ajuda instantaneamente.

Não posso dar muito mais detalhes do filme sem estragá-lo. Por isto, só mais uma pitada de informação: o trio de atores principais está ótimo (é, Emma Watson é boa atriz sim), outro ponto positivo para o filme.

“As Vantagens de Ser Invisível “ é sem sombra de dúvida um drama. Porém, cenas muito bem resolvidas emocionalmente, e até momentos de delicado humor tornam o filme prazeroso de se assistir. Para o escritor/diretor Stephen Chbosky a vida é definitivamente dura, mas paradoxalmente, ela te traz muitas pessoas para ajudar a suportá-la e curtí-la. Nota: 8,5.

PS 1: infelizmente, a tradução apresenta vários erros significativos de tradução. E isto é mais um motivo do porque os filmes devem ser legendados. Se fosse dublado, ninguém jamais poderia perceber estes erros.

PS 2: como curiosidade, não posso deixar de comentar uma piada no filme que somente entende bastante de NHL captaria. Em um determinado momento, Charlie brinca com o pai dizendo: “E o seu Penguins, agora vai ou não vai?”. No que o pai responde: “Ah, a defesa deles é horrível, não vão chegar a lugar nenhum”...
Bem, como torcedor do Pittsburgh Penguins, eu posso dizer: “E daí? De fato não temos tradição na defesa... mas como fazemos gols!" Tanto que se a história, que ocorre no início dos anos 90 em Pittsburgh, tivesse mais alguns meses, o desesperançoso pai de Charlie estaria vendo seu Penguins sendo campeão pela primeira vez. :)

domingo, 14 de outubro de 2012

Crítica: Hotel Transilvânia (2012)

“Animação com história genérica se salva com visual incomum e piadas imprevisíveis”


Recentemente comentei sobre “Ted”, estréia nos cinemas de Seth MacFarlane (criador de American Dad e Family Guy) como diretor. Embora divertido em alguns momentos, um filme apenas razoável. Seguindo esta mesma linha, “Hotel Transilvânia” é a animação onde estréia como diretor Genndy Tartakovsky, criador dos bem interessantes “O Laboratório de Dexter” e “Samurai Jack”, dentre outros. E da mesma forma, seu filme faz rir com algumas boas piadas, mas possui uma história comum e desinteressante.

Se em “Ted” seu principal defeito é ser parecido demais com as outras criações de MacFarlane, aqui o principal problema é que pouco vemos o dedo de Tartakovsky no resultado final do próprio filme. O ponto alto da animação são as piadas espalhadas ao longo da história – bem engraçadas e totalmente imprevisíveis (porém,  pouco relacionadas à trama). Ao contrário dos roteiros dinâmicos de “Dexter” e “Samurai Jack”, aqui Genndy Tartakovsky sequer é roteirista e o resultado é uma história monótona, que não ganha o interesse do expectador.

Olhem só: em “Hotel Transilvânia”, vemos o Conde Drácula (Adam Sandler) como dono do hotel-título do filme, que nada mais é do que um refúgio que os monstros têm dos “temíveis” humanos. Super-protetor, Drácula mantém sua filha Mavis (Selena Gomez) dentro do Hotel, que sempre sonhou conhecer o mundo exterior. Quando o hotel é invadido por um garoto humano (Andy Samberg), a vida dos três se transforma. Parece sessão da tarde, não?

Por outro lado, além as boas piadas citadas anteriormente, o visual do filme também é um atrativo. Ainda que os monstros não deixem totalmente de serem “bonitinhos”, um visual mais dark e realista (que lembra “A Noiva Cadáver” de Tim Burton, por exemplo) torna a animação um pouco diferente do que vemos atualmente nos cinemas.

Também me chamou a atenção os monstros escolhidos para aparecer no fime. Temos vampiros, múmias, Frankenstein... mas também personagens que não deveriam fazer parte deste “panteão”, como por exemplo, a Hidra, versões zumbis de Einstein e Beethoven, ou mesmo Quasímodo, com suas características totalmente deturpadas como “chef” de cozinha. Esta “salada” não é prejudicial ao filme, felizmente, e é parte do material utilizado pelas piadas.

Por fazer boa bilheteria nos EUA, talvez ainda tenhamos a chance futura de ver Genndy Tartakovsky fazer algo mais autoral. Em Hotel Transilvânia vemos apenas um pouco de seu rápido humor e só. É pouco. Nota: 5,5.

PS: para os papais, classificaria esta animação para faixa etária de crianças de uns 8, 9 anos pra cima... o visual mais “dark” (boa parte do filme é dentro do escuro hotel) e personagens bem mais insanos que “fofinhos” contribuem para isto.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crítica: Looper – Assassinos do Futuro (2012)

“Com ótimo ritmo e universo bem construído, filme surpreende ao ser bom”

Estamos em meados de 2040. A viagem no tempo ainda não foi inventada. Mas será inventada 30 anos depois. E os criminosos do futuro transportam suas vítimas para 2040, onde assassinos locais (os Loopers) são contratados para apagar estes “problemas” sem deixar vestígios.

É neste contexto que conhecemos Joe  (Joseph Gordon-Levitt), um jovem porém competente Looper que tem sua rotineira vida completamente alterada quando a próxima pessoa que lhe é enviada para matar é sua própria versão 30 anos mais velha (Bruce Willis).

Com esta sinopse e atores, o normal seria termos um filme com muita ação e viagem no tempo. E os temos, embora a história não empolgue nestes aspectos. ”Looper”, entretanto, encanta pelo universo muito bem construído. Ao longo da história, somos naturalmente apresentados a dezenas de características e temas da ficção científica, de maneira fluida, sem nenhum didatismo chato, como temos por exemplo em “A Origem”.

A trama apresenta algumas “forçadas de barra” mas é salva principalmente pelo seu ótimo rítmo. A história prende a atenção do expectador o tempo todo, por ser bastante imprevisível e principalmente pela eficiência com que a tensão aumenta gradativamente até seu clímax.

Confesso que assistir “Looper” não era uma de minhas prioridades, pois sobre ele eu tinha dois preconceitos.

O primeiro era ter que “aguentar” Joseph Gordon-Levitt como protagonista. Nunca conseguira desassociar dele a imagem do pirralho de “3rd Rock from the Sun”. Mesmo suas elogiadíssmas atuações em “A Origem” e “Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge” não me convenciam. Mas agora convenceu. Sim, claramente ele usa maquiagem para se parecer com Bruce Willis. Mas sua ótima atuação vai além da transformação física. Ele consegue imitar os trejeitos de Willis muito bem, culminando num personagem bem diferente de seus papéis anteriores.

O segundo preconceito se refere a ser filme de “Viagem no Tempo”. A cada 10 filmes do gênero, 9 são confusos e simplesmente não fazem sentido. Aqui o filme nem chega a confundir muito; mesmo assim sua lógica é frágil. Sabe aquela máxima do "altere o presente e automaticamente se altera o futuro"? Isto é bastante explorado, porém as mudanças estranhamente só acontecem com os Loopers. Eles mudam, mas tudo ao seu redor aparentam ficar imaculadamente inalterado, o que não faz muito sentido. É emblemático que no primeiro encontro entre Joe do presente e Joe do futuro, Bruce Willis grita revoltado: "não perca seu tempo tentando entender viagens no tempo!". Isto vale mais para quem assiste o filme do que para Gordon-Levitt. E ainda piora. No meio da trama temos uma pequena cena, de míseros dois segundos, que entra em contradição com o desfecho da história, enfraquecendo seu final.

Felizmente, estes "deslizes temporais" pouco comprometem. Como disse anteriormente, viagens no tempo não são os maiores atrativos de “Looper”. Fique com seu universo ultra diversificado, seus personagens, seus diálogos, e você terminará com uma boa diversão. Nota: 7,0.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Zorro que não é Zorro, e a parceria de Depp que não é com Tim Burton

Hoje, 3 de outubro, foi divulgado o primeiro trailer oficial do filme "The Lone Ranger", provisoriamente traduzido (e de maneira aceitável) para o português como "O Cavaleiro Solitário".

Me pergunto, entretanto, se o nome vai durar. Porque aqui no Brasil, lambanças com nomes e traduções é o que não faltam. Se você for velho suficiente, talvez tenha pais velhos o suficiente que lhe contaram sobre o índio Tonto, fiel companheiro do Zorro.
Tonto e "The Lone Ranger"

Se sim, saiba que a lembrança de seus pais está correta. Mas isto não significa que eles estivessem certos. O verdadeiro Zorro nunca conheceu um índio de nome Tonto, ou foi um pistoleiro como mostra a foto ao lado. Criado em 1933, e mundialmente famoso apenas na década de 50 graças a uma série de TV estadunidense de mesmo nome, "The Lone Ranger" chegou ao Brasil com o "genial" nome de Zorro. Daí a confusão.

É este o personagem cujo filme estreará em julho de 2013 por aqui, e cujo trailer pode ser visto no link ao final do texto. Como vocês irão perceber, o grande nome da produção é Johnny Depp. Pra “variar”, mais uma vez com um personagem pra lá de exótico. E junto com Depp, o filme “The Lone Ranger” conta com um diretor bem conhecido por ele.

A mais famosa parceria de Depp é com o diretor Tm Burton. Foram 8 filmes juntos. E quase sempre, esta parceria é acompanhada da atriz Helena Bonham Carter, esposa do diretor. Adivinha quem é a atriz principal? Ela, a mesma Helena. Oras, toda esta explicação foi para dizer que o diretor de “O Cavaleiro Solitário” é Burton, correto? Errado.

O filme será dirigido pelo competente Gore Verbinski, que foi o diretor de Johnny Depp nos três Piratas do Caribe.

Depp, no "The Lone Ranger" versão 2013
O trailer não me empolgou muito. E o fato da produtora ser a Disney, menos ainda. O por quê deste post então? Mais uma vez a resposta é Gore Verbinski, que a meu ver é injustamente ignorado pela mídia em geral. É para ele que chamo a atenção.

Nele (e em Depp, claro) reside a chance de um filme bem interessante, afinal. Vamos aguardar.

Confiram o trailer.


Abraços e até mais!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Crítica – Intocáveis (2011)


“Ótima comédia francesa ensina a fazer humor com classe”.

A primeira descrição que li sobre “Intocáveis” foi algo mais ou menos assim: “milionário tetraplégico contrata ex-presidiário para ser seu auxiliar”. Ou seja, uma história já repetida a exaustão por filmes de “Sessão da Tarde” feitos a toque de caixa. E de fato, se a história possui mesmo diversas situações “clichê”, a maneira como ela é contada é que a torna especial.

Francês, o filme já mostra ser diferente em suas piadas. As comédias atuais costumam trazer dois tipos de humor: ou temos piadas “físicas”, com personagens trapalhões tropeçando ou derrubando objetos; ou principalmente, temos o humor do “grito e palavrões”. Ou seja, quanto mais xingamentos, e quanto mais desesperado/revoltado o “comediante” está, mais “engraçada” é a piada. Porém, “Intocáveis“ surpreende ao trazer excelentes piadas ao longo de todo filme sem usar palavrões nem piadas físicas (e notem que o simples fato de um dos protagonistas ser tetraplégico seria um prato cheio para vê-lo caindo, por exemplo).

Engana-se, entretanto, que este humor “com classe” não é políticamente incorreto. Muito pelo contrário. A maioria das piadas são sobre deficiência física, sobre pobreza. Mas tudo isto é feito sem ofender. O segredo? Seus personagens. Eles não fazem humor para humilhar ou agredir ninguém. Fazem humor por serem naturalmente otimistas, por se preocuparem cada um em levantar o ânimo do outro. Fazem humor pela amizade.

Outra abordagem que foge um pouco do comum é a opção por cenas mais privadas. O rico Philippe (François Cluzet) não procura usar seu contratado Driss (Omar Sy) para reintroduzí-lo à sociedade.  Ao contrário, Philippe é bem reservado, quase não sai de casa (ele até possui um amor platônico), e portanto a maioria das cenas são rodadas dentro de sua mansão.

O filme é baseado numa história real, e por isto mesmo, me agradou bastante ver os diretores (Olivier Nakache e Eric Toledano) optarem por soluções que reforçam o realismo do filme. Por exemplo, as cenas são filmadas em plano fechado, colocando o espectador “ao lado” dos personagens. E assim como na sua vida real você não sai ouvindo por aí uma trilha sonora na sua cabeça, em boa parte do tempo não temos nenhuma música ao fundo. E quando temos, além de serem ótimas para se ouvir, na maioria dos casos refletem o que os próprios personagens ouvem. Como a música em um concerto, por exemplo.

Para fechar o pacote, os dois atores principais são excelentes. Cluzet convence como tetraplégico; e Omar Sy é engraçadíssimo. Por esta atuação, Sy levou o César de melhor ator em 2012. Aliás, mesmo os atores coadjuvantes também convencem com boas atuações.

Tantas qualidades resultaram em sucesso de crítica e público. “Intocáveis” já é o filme francês mais assistido da história no exterior (superando o antigo campeão “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", de 2001), e também o segundo filme mais assistido na França em todos os tempos (perde apenas para "A Riviera Não é Aqui", de 2008).

Vendido como comédia e drama, “Intocáveis” também possui suas cenas dramáticas, que inclusive emocionam. Mesmo assim, o drama não é muito aprofundado. Para o filme, e para seus personagens, o que vale mesmo na vida é o humor. Nota: 8,0.

domingo, 23 de setembro de 2012

Crítica – Ted (2012)

“Seth MacFarlane aparenta ter alcançado seu limite criativo”

O estadunidense Seth MacFarlane começou sua carreira artística como animador e escritor de diversos títulos da Cartoon Network. Depois de alguns anos, em 1999, Seth teve sua primeira grande oportunidade solo, a estréia da animação “Family Guy” (no Brasil, “Uma Família da Pesada”). Politicamente incorreto, e de humor absurdamente nonsense, este ainda é sua criação de maior sucesso, atualmente em sua 10ª temporada nos EUA.

Com “Ted”, MacFarlane tem sua estréia em filmes live-action. Ele é o diretor, co-escritor e dubla as vozes do personagem principal, o ursinho de pelúcia Ted. A história não tem nada de novo. Ainda menino, o solitário John Bennet (Mark Wahlberg) pede a uma estrela cadente que seu ursinho ganhe vida. E voilá! Eles vivem felizes até que John se torna adulto (35 anos, na verdade) e começa um relacionamento sério com Lori Collins (a bela Mila Kunis). É quando John precisa escolher entre seu amigo peludo ou um casamento com a namorada.

Confesso, normalmente passaria longe de um filme “mais do mesmo” como este. Mas, tive a curiosidade de assisti-lo por ser o filme do “criador de Family Guy”. Gosto bastante do desenho em questão, e ele se manteve surpreendente e engraçado por muitos anos. Somente nas duas últimas temporadas “Family Guy” perdeu seu encanto. Suas piadas não são mais engraçadas nem surpreendentes. Quis tirar a prova e ver se Seth MacFarlane iria voltar a me surpreender, agora em um novo universo criado por ele.

Infelizmente não foi o que aconteceu. Após apresentados os personagens, Lori diz a John que o que mais ama nele é que “mesmo após 4 anos de convivência, ele ainda a conseguia surpreender”. Ironicamente, não é assistindo sua história que espectador partilhará desta sensação. Já que o filme – mesmo não sendo cansativo - definitivamente não traz nenhuma grande emoção em seus 106 minutos.

Entretanto, “Ted” ainda traz alguma coisa ou outra interessante. Por exemplo, o filme faz diversas homenagens aos anos 80. Seja nos diálogos, nos atores convidados, ou na trilha/efeitos sonoros. Seth também não se esqueceu dos dias atuais. Piadinhas sobre as celebridades da música Pop atual também estão bastante presentes.

Dá para se dizer que o roteiro traz o caótico humor de “Family Guy” diluído dentro da estrutura mais tradicional dos filmes de Hollywood. E assim, seu humor perde força. Há um bom número de boas piadas espalhadas pelo filme. Mas são todas piadas que no máximo te levarão a sorrir, jamais gargalhar.

Seth MacFarlane vai bem em sua estréia como diretor (filme e roteiro possuem poucas falhas), porém aparenta ter mesmo perdido sua principal qualidade, a de surpreender. Ele parece ter mesmo atingido seu limite, embora que para grande parte do público isto seja suficiente. Afinal “Ted” foi bem nas bilheterias estadunidenses e animada pelos bons resulltados Fox já acertou com MacFarlane a produção de um novo seriado (também live-action e ainda sem nome) juntamente com os demais roteiristas de “Ted”. Nota: 5,0.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O novo Robocop, José Padilha, Fernando Meirelles e Bruno Barreto


Os anos 80 voltaram a ser moda no Cinema. Várias franquias oitentistas pintaram em Hollywood nos últimos anos, como por exemplo Transformers, Comandos em Ação e Vingador do Futuro; e ainda irão surgir muitas mais, como o novo Caça-Fantasmas, Tartarugas Ninja e... Robocop.

Com as filmagens iniciadas neste mês, e dirigido pelo competente brasileiro José Padilha (o mesmo diretor dos “Tropa de Elite”), as informações sobre o filme do policial-robô até agora são pra lá de preocupantes.

O primeiro mal sinal foi a enorme dificuldade do estúdio para encontrar atores para os papéis principais. Várias estrelas foram cotadas para ser Alex Murphy, porém no final apenas se conseguiu o desconhecido Joel Kinnaman para protagonista. Já para ser o “vilão”, Hugh Laurie recusou o papel de última hora e até agora o ator que herdará o personagem é uma incógnita.

Depois, cerca de 20 dias atrás, Fernando Meirelles (que teve pelo menos dois bons fimes nos EUA: “O Jardineiro Fiel” e “Ensaio Sobre a Cegueira”), tomou as dores de seu colega diretor em entrevista à revista Trip: "Ele está dizendo que é a pior experiência dele. De cada dez ideias que ele tem, nove são cortadas. Qualquer coisa que ele quer, tem que brigar. ‘Isso aqui é um inferno’, disse ele para mim. ‘O filme vai ficar bom, mas eu nunca sofri tanto e não quero fazer isso de novo’.".

Não seria a primeira vez que um brasileiro tivesse seu trabalho tão atrapalhado por um estúdio. Em 2003, a primeira tentativa do brasileiro Bruno Barreto (de "O Que É Isso, Companheiro?") em Hollywoody foi um retumbante fracasso, com o fraquíssimo “Voando Alto”. O que era para ser uma comédia de humor negro virou uma cómedia sem sentido quando a Miramax obrigou o brasileiro a transformar o personagem da atriz principal, Gwyneth Paltrow, de uma pessoa originalmente má para uma mocinha boazinha. Não bastando isto, se achando “a” estrela, Gwyneth também não perdoou. Embora tenha negado publicamente, o boato da época é que a atriz estava tão decepcionada com o filme que se referia a ele como "View From My Ass", um trocadilho com o nome do filme em original, "View From The Top".

E eis que neste fim de semana, surge a primeira imagem do novo Robocop, que segue abaixo.

O novo Robocop - robô... ou uma pessoa de armadura?

Mais uma vez, o que se vê mais preocupa do que agrada. Robocop parece muito mais um homem comum vestido de armadura do que um robô. O que seria uma tremenda decepção, além de desnecessária mudança no personagem. No filme original, do policial Alex Murphy só sobraram a cabeça, coluna vertebral, e alguns poucos órgãos internos. Aqui, até os membros parecem ter sido preservados. Afinal, nota-se que a mão direita é uma... mão! Ou será que tudo o que vemos (inclusive esta mão humana), será coberto futuramente por CGI?

Em recente declaração, Padilha aparenta não concordar com o que Meirelles disse e divulgou um “É empolgante pensar que vamos começar a produção de RoboCop. Eu tenho um elenco dos sonhos e um time criativo incrível.”.

O novo RoboCop tem estreia marcada para 9 de agosto de 2013, quando enfim veremos o resultado de tudo isto. Meu ceticismo (e lamento, pois gosto bastante do personagem) está lá no alto.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Crítica - Cavalo de Guerra (2011)


“Nem oito nem oitenta, afinal”


Enfim pude ver “Cavalo de Guerra”, do diretor Steven Spielberg, e indicado a 6 Oscars neste ano - incluindo o de melhor filme. Antes mesmo de vê-lo, já estava preparado para odiá-lo ou adorá-lo. Afinal, foi esta a reação que vi nas pessoas que conheço e o assistiram. Um lado argumentava ser um filme comovente, um dos melhores do diretor americano. O outro, reclamava que a humanização do cavalo beirava ao ridículo, além da história ser insuportavelmente melosa.

Finalmente assistido, para minha surpresa não partilhei de nenhum dos dois extremos. Não foi nem oito nem oitenta: o filme tem sim suas qualidades e defeitos, mas no todo fica um pouco acima da média.

A trama é sobre a história de um cavalo “valente” e suas ações durante a 1ª Guerra Mundial. Aliás, já aí temos a primeira falha do filme: apenas somos localizados no tempo e espaço da história após mais de 10 minutos de projeção.

E é a jornada deste equino o fio condutor da narrativa, nos levando a várias pequenas histórias distintas, com personagens distintos, e que no fundo nos mostram as perdas que uma guerra traz às pessoas, variando pela idade, pela profissão, ou por serem civis ou militares. Aí reside o grande mérito do filme. As histórias são bem escritas e emocionantes. Outro ponto bastante positivo da história é mostrar que, sejam soldados (ou civis) franceses, alemães, ingleses; em linhas gerais não há vilões ou heróis. Todos somos iguais, simples humanos, independente de sua nacionalidade.

A fotografia de “Cavalo de Guerra” é ótima. Belas imagens o tempo todo, e mais ainda, enquadramentos de ângulos bem variados, que são utilizados para reforçar as diferenças físicas e psicológicas entre os vários cenários exibidos.

Mas se a imagem é positiva, a trilha sonora é decepcionante. Desde seu segundo incial, sabemos claramente que veremos um drama. Porém  já no “treinamento inicial” do cavalo ouvimos aquela musiquinha sarcástica típica para representar um “trapalhão”. Esta tentativa forçada de tornar algo sério como cômico é constrangedora. Totalmente em desacordo com o filme. E ainda temos por várias vezes, de maneira abrupta, um reforço desncessário para as “atitudes heróicas”... para Spielberg não bastam as imagens, o contexto... ele precisa nos chamar de burros e toda "grande ação" é acompanhada daquela música “triunfal”... e patética. Pior ainda é ver que uma das 6 indicações ao Oscar foi justamente a edição de som!

E quanto a “atuação” do cavalo? Sim, há bastante exagero em sua humanização. Nem tanto quanto a ele entender tudo o que lhe é dito, mas principalmente quando ele começa a agir espontaneamente em defesa dos oprimidos. Porém, não foi isto que mais me incomodou em “Cavalo de Guerra”. O que mais me irritou foi a já tradicional mania de Spielberg de insistir no final feliz, por mais inverossímil que ele seja. Dentre outras coisas, o cavalo-protagonista passou pelas mãos de diversas pessoas, e sempre encontrou alguém disposto a tratá-lo de maneira digna. Durante uma guerra. Sei. Fora as "coincidências" que somos obrigados a aceitar.

Como um todo, o filme é bastante agradável e possui boas mini-histórias que garantem sua apreciação apesar dos exageros do diretor. Spielberg continua não ser sombra do que foi nos anos 80/90, mas desta vez não foi tão mal. Nota: 7,0.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ctítica - Os Mercenários 2 (2012)


“Nem os poderes de Chuck Norris conseguem fazer a continuação melhor que o flime original”

Anos atrás Sylvester Stallone teve uma boa idéia para ganhar dinheiro: atender o desejo de seus fãs. Que tal juntar em um filme só os grandes nomes de ação dos anos 80? Nunca havia sido feito, e os fãs adorariam. Daí surgiu o primeiro “Os Mercenários”, de 2010, que além de tudo contou com o reforço de alguns atores de ação mais recentes, como por exemplo Jason Statham. Mesmo sendo um filme de ação genérico, o carisma de seus personagens e uma boa execução de cenas garantiram bom entreterimento e bilheteria.


Para sua continuação, certamente Stallone continuou a pensar no que seus fãs queriam. O que poderia fazer “Os Mercenários 2” melhor que o primeiro? “Oras, unir ainda mais atores famosos”. Dito e feito, foram acrescentados Jean-Claude Van Damme e Chuck Norris. Que mais poderia ser melhorado? “Bem, Schwarzenegger e Bruce Willis não tiveram cena de ação no primeiro filme. Que tal mudar isto”? Perfeito! Eis que os dois veteranos também dão seus tiros. A vontade de agradar o público é tanta que Chuck Norris foi realmente utilizado na história como um ser onipotente que faz jus aos populares “Chuck Norris facts”.

Porém nem mesmo o mito Chuck Norris foi suficiente para quebrar a escrita de que as continuações são piores que os filmes iniciais. Na verdade, “Os Mercenários 2” começa em grande estilo. A sequência inicial de cenas de ação, bem longa por sinal, é excelente e pra mim a melhor da franquia. Mas os “prós” em relação ao filme anterior param aí.

Ao contrário de seu antecessor, onde a grande lista de personagens tinha seu próprio espaço e desenvolvimento, aqui apenas Stallone e Statham são destacados. O enredo também piora. Mais uma vez a trama tenta trazer algum conteúdo com diálogos filosóficos e cenas emotivas, porém desta vez o faz de maneira abrupta, prejudicando o ritmo do filme.

Uma coisa que Stallone aprendeu a fazer muito bem (e faz uso deste recurso desde “Rambo 4”, de 2008) é alternar nas batalhas o enquadramento das câmeras. Ora temos uma filmagem com plano mais aberto (para mostrar onde os personagens estão em relação uns aos outros), ora temos uma filmagem com plano fechado, quase um close, para ver em detalhes os golpes aplicados ou o sangue jorrando. Com esta alternância, em alta velocidade, entramos na adrenalina da luta sem deixar de ver o que está acontecendo, o que é um mérito comparando com muitos filmes de ação atuais (vide os péssimos filmes de Michael Bay, por exemplo).

Porém mesmo repetindo esta virtude, as filmagens são piores que as do filme anterior. Muitas cenas estão desfocadas, embaçadas. Poderia ser proposital (para dar efeito de filme antigo). Poderia ser a fita do cinema que assisti (que já estaria velha de tanto uso). Ou poderia ser filmagem mal feita. E pelo que li na internet, a resposta infelizmente vai para a 3ª opção.

Mas além da primeira sequência de ação, não há mais nada em que “Os Mercenários 2” seja melhor que o primeiro filme? Se você não se importa com a mistura de humor e ação a resposta é “sim”. A continuação se leva menos a sério e o número de piadas espalhadas pela história é bem maior. Melhor ainda, são piadas bem engraçadas. Ver um grande elenco estrelado reunido para tirar sarro de sua velhice e filmes passados não perde a graça nunca.

Somando todos os prós e contras, “Os Mercenários 2” é levemente inferior ao primeiro filme. Porém, para quem curte o gênero de ação, ele ainda garante diversão suficiente. Nota: 6,0.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os 5 melhores dos últimos 5



Fim de semana chegando, eis um post com indicações de filmes para vocês se divertirem em casa.

Abaixo segue minha lista dos 5 melhores filmes que assisti NO CINEMA (sim, só cinema, o que significa predominância hollywoodiana) nos últimos 5 anos (sem contar o ano corrente, 2012).

2011
* Cisne Negro - ("Black Swan")
* O Discurso do Rei - ("The King's Speech")
* Melancolia - ("Melancholia") (*)
* X-Men: Primeira Classe - ("X-Men: First Class")
* O Segredo dos Teus Olhos - ("El secreto de sus ojos")

2010
* Toy Story 3 - ("Toy Story 3") (*)
* Guerra ao Terror - ("The Hurt Locker")
* A Ilha do Medo - ("Shutter Island")
* O Livro de Eli - ("The Book of Eli")
* Lunar - ("Moon")

2009
* Bastardos Inglórios - ("Inglourious Basterds")
* O Lutador - ("The Wrestler")
* Quem Quer Ser Um Milionário? - ("Slumdog Millionaire")
* Se beber, Não case - ("The Hangover")
* Watchmen - O Filme - ("Watchmen")

2008
* Onde os Fracos Não Têm Vez - (No Country for Old Men") (*)
* Wall-E - ("Wall-E") (*)
* Batman - O Cavaleiro das Trevas - ("The Dark Knight")
* Ensaio sobre a cegueira - ("Blindness")
* Eu Sou a Lenda - ("I Am Legend")

2007
* Cartas de Iwo Jima - ("Letters from Iwo Jima") (*)
* Lady Vingança - ("Chinjeolhan geumjassi")
* Tropa de Elite - ("Tropa de Elite")
* Pecados Íntimos - ("Little Children")
* O Segredo de Beethoven - ("Copying Beethoven")

Considerações:

1) Os filmes sublinhados e com asterisco são os que considero serem os 5 melhores dentre os 25 filmes listados. São três dramas não muito convencionais e duas animações (para minha própria surpresa! ah, esta Pixar, viu?)

2) 2008 não foi lá um ano tão bom, por isto mesmo, tanto "Batman 2" quanto o "Eu Sou a Lenda", que de mim levam a alcunha: "filme excelente, mas com um final horroroso" conseguiram mesmo assim entrar no Top 5.

3) Breve apresentação dos 5 filmes que destaquei:

Cartas de Iwo Jima: faz parte de um ambicioso e interessante projeto do diretor Clint Eastwood. "Iwo Jima" (nome de uma batalha travada entre os EUA e Japão durante a 2a guerra mundial) teve sua história contada nos cinemas por dois filmes lançados quase simultaneamente: o fraco "A Conquista da Honra" (a batalha sobre o ponto de vista dos EUA) e o excelente "Cartas de Iwo Jima" (a batalha sobre o ponto de vista do Japão). Ainda que seja interessante assistir os dois filmes para vê-los se entrelaçando, "Cartas de Iwo Jima" funciona isoladamente, tem um grande história, e é um dos melhores filmes que Eastwood já fez.

Wall-E: a história do pequeno robozinho cujo nome dá título ao filme deve não ser "o" melhor filme da Pixar. Mas se considerarmos apenas sua primeira terça parte (o filme tem 98 min de duração), onde quase não há diálogos e Wall-E é praticamente o único personagem, afirmo sem hesitar que são os melhores 35 minutos já produzidos pela Pixar até hoje. Acompanhamos drama, humor, romance, tudo isto de um robô que sequer possui rosto! (ele só tem olhos); comparável às melhores cenas produzidas por Charlie Chaplin! Infelizmente, o restante do filme não tem o mesmo nível, se tornando infantil mas ainda assim bastante aceitável.

Onde os Fracos Não Têm Vez: filme policial/faroeste/suspense dos irmãos Coen, mostra o duelo de sobrevivência de uma pessoa "comum" contra um assassino profissional, utilizando tomadas de câmera que te colocam "dentro" do filme como eu nunca tinha visto. Um bom número de cenas surpreendentes e a espetacular fotografia são mais dois grandiosos bônus. Alerta vermelho para o público feminino: até hoje 100% das mulheres que sei que assistiram este filme o odiaram.

Toy Story 3: sozinho, uma excelente e divertidíssima história de aventura. Mas para quem cresceu assistindo os dois filmes anteriores desta trilogia nos cinemas, sua conclusão é de grande sensibilidade, e extremamente comovente. E claro, outro show de evolução na computação gráfica.

Melancolia: escrito e dirigido pelo sempre polêmico Lars von Trier, é de longe o filme menos tradicional dos cinco que detalhei. Sinal vermelho para quem não gosta de filmes "cult". Bastante lento e extremamente depressivo (o nome do filme é, portanto, bem apropriado), nos transmite de maneira brilhante as angústias (e o inter-relacionamento) de duas irmãs (as atrizes Kirsten Dunst e Charlotte Gainsbourg). Funciona como dois filmes em um, com cada metade da história apresentada sob o ponto de vista de cada uma delas. Somado à tudo isto, uma fotografia espetacular.


O que acharam da lista? Quais destes 25 vocês já assistiram? Comentem!

domingo, 26 de agosto de 2012

Dupla-Crítica: “Poder sem Limites” (2012) e “Piratas Pirados! (2012)”


Pela primeira vez em meu blog irei fazer duas críticas em um mesmo post. São dois filmes divertidos que assisti neste fim de semana, mas não me empolgaram o suficiente para fazer uma crítica detalhada de cada um deles rs.

O primeiro é “Poder sem Limites” ("Chronicle"), cuja história se trata de três adolescentes (Andrew, Matt e Steve) que após entrarem em contato com uma estranha pedra brilhante desenvolvem super poderes.

Trata-se de um filme com muitos altos e baixos. A história é filmada sempre do ponto de vista de “primeira pessoa”. Na grande maioria do tempo as imagens são da câmera de Andrew (que resolve documentar a própria vida), mas também vemos algumas cenas pela câmera da namorada de Matt, ou então, pelas câmeras de segurança das lojas ou de repórteres de rua. Esta premissa nos entrega uma das melhores coisas do filme: ao mover telepaticamente a câmera com seus poderes, Andrew nos garante cenas de ação sob ângulos e perspectivas inéditas e extremamente interessantes. Por outro lado, esta mesma abordagem de “primeira pessoa” atrapalha o enredo. Dá para entender a motivação de Andrew em filmar muitas das cenas, mas em outras, não. O que levou ao diretor optar por fazer os personagens em algumas momentos tentar nos convencer em voz alta do porque estão filmando naquela determinada situação. Um pena.

Outro ponto alto é o realismo de uma das “super-lutas” entre eles. Ao contrário dos outros filmes (e gibis) da Marvel e DC Comics, obviamente quando há este tipo de luta muito estrago é feito e muita gente inocente deveria morrer. E aqui morrem. Porém voltando aos pontos negativos, temos um mau desenvolvimento dos personagens. Andrew, Matt e Steve possuem claramente personalidades e histórias distintas e interessantes. Porém o diretor meio que “abandona” os dois últimos e acaba focando apenas em Andrew, justamente o personagem sem carisma, pessimista, que por estas características não nos comove com seu drama.

De tantos altos e baixos, “Poder sem Limites” (alías, que tradução lamentável para o título do filme, hein?) só podia receber uma nota próxima da média: nota 6,0.


Já o segundo filme, “Piratas Pirados!” ("The Pirates! Band of Misfits"), é a mais nova animação do estúdio inglês Aardman (criadora de Wallace & Gromit, dentre outros), famosa por suas animações stop-motion com massinha.

Na história, vemos um grupo de piratas “comuns” cujo capitão, de ordinário nome “Capitão Pirata”, sonha obter fama e reconhecimento vencendo o título de “Pirata do Ano”. Seu problema é que ele nem se compara com os grandes piratas; mas vê a chance de vencer o prêmio quando recebe uma curiosa proposta do naturalista Charles Darwin(??)!!

A impressão que fica é que todo o esforço de se fazer um stop motion com massa de modelar foi desperdiçado num roteiro comum. Sim, a história é redondinha, bacana, e com algumas piadas excelentes distribuídas ao longo do filme. Mesmo assim não conseguem nos fazer esquecer que se trata de uma história extremamente genérica, sem empolgar.

Faltou em “Piratas Pirados!” o poder de surpreender, que tinha de sobra por exemplo no ótimo “A Fuga Das Galinhas” (2000), de mesmo estúdio e diretor. Sim, nos surpreendemos com algumas das ótimas piadas e com a presença de Darwin. Mas é muito pouco. Trata-se de um filme agradável e nada mais. Nota: 6,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...