sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Crítica - Stan e Ollie - O Gordo e o Magro (2018)

TítuloStan e Ollie - O Gordo e o Magro (Stan & Ollie, Canada / EUA / Reino Unido, 2018)
Diretor: Jon S. Baird
Atores principais: Steve Coogan, John C. Reilly, Shirley Henderson, Nina Arianda, Rufus Jones, Danny Huston
Ótima interpretação sobre dois ótimos intérpretes

Mais um filme muito bom que merecia alcançar os cinemas brasileiros e não conseguiu. Stan e Ollie - O Gordo e o Magro chegou no Brasil poucos meses atrás, apenas através da compra via serviços de streaming como Youtube, Looke, etc.

A dupla composta pelo americano Oliver Hardy e o inglês Stan Laurel (conhecida no Brasil como "O Gordo e o Magro") deixou sua marca na história sendo um dos nomes mais populares da comédia do início de Hollywood. Atuando juntos da década de 1920 até a década de 1950, a dupla era tão talentosa que conseguiu fazer a transição do cinema mudo para o cinema sonoro sem perder a qualidade de seu humor.

Os reprises de seus filmes eram comuns na TV brasileira até meados dos anos 80. Depois disso eles "sumiram" da vida tupiniquim e se você tiver menos de 30 anos, muito provavelmente não os conhece. Stan e Ollie - O Gordo e o Magro é uma boa oportunidade para corrigir isto.

O filme se passa em 1953, onde a velha dupla, já sem dinheiro e sem saúde, realizou suas últimas performances juntos em uma breve turnê por teatros europeus. A história contada no filme é bem próxima dos fatos reais - pelo menos é o que se acredita - já que Hardy e Laurel eram bem reservados e jamais se pronunciaram sobre esta época para qualquer veículo de mídia.

Não vou contar mais sobre a trama, mas posso garantir que se trata de uma história muito triste, bela e comovente sobre o final da vida e a amizade. Me emocionei bastante nos minutos finais. Vale o alerta: este filme não é uma comédia, e sim um drama.

A "cereja do bolo" certamente é a atuação da dupla principal Steve Coogan (Stan) e John C. Reilly (Oliver). É muito impressionante o quanto eles conseguiram ficar "iguais" à dupla original. Desde a aparência física, como as expressões faciais, os trejeitos... tudo inacreditavelmente parecido com os verdadeiros Gordo e Magro.

O filme só não ganha nota maior porque se arrisca pouco, principalmente no roteiro. O filme certamente poderia se aprofundar mais em alguns dramas, mostrar mais cenas de Stan e Ollie em ação como comediantes, ou ainda, contar um pouco mais da história de ambos antes de 1953. Ainda assim, Stan e Ollie - O Gordo e o Magro é uma homenagem muito bonita e merecida a esta dupla genial. Nota: 7,0


PS: algumas das cenas do filme são refilmagens idênticas de performances da dupla verdadeira. Por exemplo, há esta propaganda que quem assistiu o filme certamente irá se lembrar.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Dupla Crítica: MIB: Homens de Preto - Internacional (2019) e Brightburn - Filho das Trevas (2019)


Duas produções envolvendo alienígenas e super-seres que chegaram ao Brasil meses atrás e que só agora tive tempo para publicar minha análise por aqui. A primeira se trata do reboot da franquia Homens de Preto, que fez muito sucesso no fim dos anos 90 e já teve 3 filmes. A segunda é uma obra inédita, mas não tão original, da história de um "Superman do mal". Já tivemos algumas versões similares a isto nos quadrinhos... entretanto é a primeira vez que temos uma visão desta história contada nas telonas. Confiram ambas as críticas!


MIB: Homens de Preto - Internacional (2019)
Diretor: F. Gary Gray
Atores Principais: Chris Hemsworth, Tessa Thompson, Kumail Nanjiani, Rebecca Ferguson, Rafe Spall, Emma Thompson, Liam Neeson

Em uma época em que os reboots empesteiam os cinemas pelo mundo,  não é nenhuma surpresa que Homens de Preto ganhe o seu. A princípio a aposta tinha boa chance de dar certo, ao trazer como os dois novos agentes protagonistas o carismático Chris Hemsworth e a competente Tessa Thompson, dois atores jovens que fazem sucesso nos filmes de super-heróis da Marvel.

Mas a dupla esteve longe de salvar MIB: Homens de Preto - Internacional: com uma história sem nenhum propósito, repleta de furos, e que mais parece um filme B de James Bond do que qualquer filme sobre ETs, o novo MIB é intragável. Aliás, o roteiro é tão ruim que conseguiu fazer Chris Hemsworth ser irritante, com um personagem muito burro e arrogante que tenta fazer rir o tempo todo e não consegue.

Aparentemente os envolvidos com o filme sabiam que não tinham roteiro, e então a tentativa para agradar veio através de centenas de piadinhas (que não funcionam) e muuuuitos efeitos especiais e personagens bizarros. Porém estes não acrescentam nada à trama e nem são lá muito bem feitos, já que o filme não teve um orçamento tão grande se comparado aos blockbusters atuais (US$ 110 milhões).

Mesmo não investindo muita grana na produção do filme, a Sony bem que tentou fazer deste reboot um sucesso, já que investiu mais dinheiro em marketing (US$ 120 milhões) do que fazendo seu produto. Por exemplo, em alguns países o filme foi alterado para receber uma pequena participação especial de uma personalidade local. O Brasil foi um dos países contemplados com essa ação e quem faz uma ponta em MIB 4 nos nossos cinemas é... Sérgio Mallandro.

Mas quando o produto é ruim, é difícil ele ser salvo pela propaganda. Os US$ 260 milhões arrecadados em bilheteria não são valores baixos, mas o filme sequer se pagou com estes números. E eu acho que é muito que bem feito! Quando os executivos de Hollywood vão aprender a se preocupar em trazer bons roteiros? Nota: 4,0.


Brightburn - Filho das Trevas (2019)
Diretor: David Yarovesky
Atores principais: Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Matt Jones, Meredith Hagner, Emmie Hunter, Gregory Alan Williams

Não é a primeira vez que alguém pensa em contar nos cinemas a história de um Superman malvado. Mas é a primeira vez que alguém consegue realizá-lo. Um dos responsáveis por esta façanha foi James Gunn (Guardiões da Galáxia), que atuou como produtor e trouxe para roteiristas o seu irmão Brian e seu primo Mark. Por motivos de licenciamento - já que a DC Comics não tem nada a ver com esta produção - ao invés de um Clark Kent e um Superman temos um Brandon Breyer e um Brightburn.

A idéia é certamente interessante, mas em Brightburn... é pessimamente executada. A história é muito ruim, quase inexistente; mas o que realmente inexiste é o desenvolvimento de personagens. O "superboy" Brandon (Jackson A. Dunn) teve uma boa educação, sempre foi bonzinho, e, de uma hora pra outra, ganha seus poderes e vira malvado. O mais perto de explicação para seu comportamento seria que o garoto estivesse "possuído" pela sua nave. Ou seja, nem coragem de fazer ele mau de verdade o filme teve.

E após o garoto virar mau e invencível com um piscar de olhos, o filme descamba para um terror trash, repleto de sangue, rostos dilacerados... cenas de puro mal gosto. Se Brightburn pelo menos tivesse alguma qualidade como filme de terror até vai lá... mas nem isto, pois o espectador não chega a sentir medo ou suspense. As mortes são tão fáceis e rápidas que você as assiste passivamente, sem emoção, assim como são as expressões da maioria dos atores do filme...

Somando o currículo do diretor e dos dois roteiristas, juntos o trio possui apenas 2 longa metragens na carreira. Junta-se a isso um baixo orçamento e atores ruins... as chances de Brightburn dar certo não eram as melhores. O que aprendemos aqui é que da família Gunn só mesmo o James tem talento... e ele mesmo teve seu filme queimado comigo ao produzir algo tão ruim como isso. Nota: 3,0.

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Crítica - Era Uma Vez em... Hollywood (2019)

TítuloEra Uma Vez em... Hollywood ("Once Upon a Time... in Hollywood", China / EUA / Reino Unido, 2019)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Austin Butler, Al Pacino
Uma ode saudosista à Hollywood do fim dos anos 60

Eis que chega aos cinemas o 9º filme de Tarantino como diretor. Estamos na Hollywood de 1969 e ao misturar fatos e personagens reais com fictícios, para aproveitar melhor o filme é necessário saber um pouco do contexto histórico da época.

É importante saber o básico de quem foram Charles Mason e Sharon Tate, de que estamos nos últimos anos do movimento hippie, e principalmente, que TV e Cinema passavam por grandes mudanças. Com uma população cada vez mais urbanizada, programas de faroeste e show de variedades estavam em decadência; já nos cinemas as grandes super produções começavam a ser substituídas por filmes autorais e mais baratos, de uma nova geração de diretores como Martin Scorcese, Francis Ford Copolla, e o próprio Roman Polanski, que aparece no filme.

É nesse contexto que conhecemos a ex-estrela de Westerns na TV, o ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), e seu ex-dublê (e melhor amigo) Cliff Booth (Brad Pitt) buscando novas oportunidades de emprego. É então que eles se envolvem indiretamente com o grupo da Família Manson, dentre outras pequenas histórias envolvendo bastidores do mundo dos filmes e seriados da época.

Era Uma Vez em... Hollywood traz um dos roteiros mais fracos e simples dentre os filmes de Tarantino. Não há grandes diálogos ou acontecimentos. Ainda assim, o roteiro é bom e acima da média.

É certamente o filme mais pessoal e menos violento de Quentin. E aliás, por muitos momentos esta "violência" é substituída por um ingênuo otimismo e amor ao mundo das celebridades, amor este personificado principalmente em Sharon Tate (Margot Robbie). Robbie convence com seu encantamento e felicidade em todos os momentos em tela.

A homenagem de Tarantino pela Hollywood do final dos anos 60 é escancarada com quase uma centena de referências a filmes, seriados, propagandas e músicas da época. Por falar em músicas, a trilha sonora - como em todo filme do diretor - é excelente, e se bobear este é o filme que traz uma maior quantidade de músicas diferentes.

Se o roteiro não é o ponto principal do filme, por outro lado Tarantino compensa com uma grande qualidade técnica, através de uma fotografia excelente e tomadas em movimento muito belas e bem feitas. A maneira com que ele cria o clima de tensão e suspense em algumas cenas é magistral. E, claro, não podemos deixar de elogiar o cuidado com que o diretor tem com seus atores/personagens.

DiCaprio e Brad Pitt estão excelentes em Era Uma Vez em... Hollywood. Carismáticos, engraçados, mudanças repentinas de emoções... somente pela dupla o filme já vale muito a pena.

Era Uma Vez em... Hollywood é provavelmente o filme mais mainstream de Tarantino, ainda que ele mantenha todas suas características autorais. É também provavelmente seu filme mais lento e contemplativo, sendo isto o que entendo ser o ponto fraco deste filme. Com vários altos e poucos baixos, Era Uma Vez em... Hollywood é obrigatório para todo fã de cinema. Nota: 7,0


PS 1: o filme traz uma cena pós créditos com DiCaprio fazendo uma propaganda e, em seguida, aparece um inusitado "áudio pós créditos" (que sequer foi legendado aqui no Brasil). O áudio (real) é de Adam West em um concurso ocorrido em 1966 para uma rádio, onde ele promovia o seu seriado do Batman.

PS 2: é muito provável que vocês já tenham visto notícias da polêmica envolvendo a maneira com que Bruce Lee é representado no filme. Tarantino mostra Lee como uma pessoa bem arrogante, o que causou a ira da família do ex-lutador. Mas poderia ser pior. Pelo roteiro original, o personagem de Brad Pitt iria ter uma luta demorada contra Bruce Lee, sendo que o personagem de Pitt iria massacrá-lo. Mas Pitt foi contra esta ideia, por respeito a Lee, e então juntamente com o responsável pela coreografia da luta eles convenceram Tarantino a deixar a luta como ficou no filme... curta e sem vencedores.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...