sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Crítica: 007 - Operação Skyfall (2012)

“James Bond retoma a boa forma, ainda que em crise temporal”

Com Cassino Royale, em 2006, a franquia de James Bond teve um grande recomeço. Não apenas estreava um novo ator para o papel do famoso espião, o britânico Daniel Craig, mas também pela trama trazer simplesmente “a” primeira missão de Bond como 007.

Mais ainda, o estilo mudara. Cassino Royale trouxe muito mais realismo para a franquia. Vilões caricatos, apetrechos exóticos (leia-se bizarros), tudo isto ficou de fora. E além do realismo, muita ação, claro. Com direito a uma enorme sequência inicial de parkour de tirar o fôlego. A estréia de Craig como Bond foi excelente, facilmente um dos melhores filmes do espião já feitos.

Dois anos depois veio Quantum of Solace, ainda menos parecido com os Bond clássicos, e com história confusa e ruim. Pelo menos eles tiveram a desculpa de terem sido atrapalhados pela greve de roteiristas que rolava na época.

Chegamos então a 2012, com Operação Skyfall  e sua missão de provar que a grande qualidade de Cassino Royale não foi um golpe do acaso. E assim como seu antecessor, o novo filme de Bond também começa com uma longa e ótima cena de ação. Mas agora a perseguição não é apenas a pé, e sim também com carros, motos, e até trem.

Em pouco tempo vemos que a história também é um pouco diferente. Não se trata de alguém querendo dominar o mundo, e sim, de vingança pessoal contra a M (Judi Dench) e a MI6. Este sentimento de “algo dentro de casa” é reforçado com maestria pela filmagem feita o tempo todo em plano fechado (e as vezes até em primeira pessoa). Aliás, a fotografia é muito boa e a variedade de cenários,  ângulos e tomadas de câmera feitas ao longo do filme impressiona.

O roteiro, se não é brilhante, agrada. É balanceado, simples, e sem falhas. E outro grande ponto positivo do filme é o vilão intrepretado pelo espanhol Javier Bardem. Sem dúvida o vilão mais interessante que o Bond-Craig já enfrentou. Ainda sobre atuações, Judi Dench está muito bem. O mesmo não pode se falar de Daniel Craig. Se em Cassino Royale ele conseguiu nos mostrar que tinha sentimentos, não se pode falar o mesmo por aqui. Craig convence como ator de ação. Mas como ator dramático, desta vez perdeu até pro cigano Igor.

Se parássemos aqui, Operação Skyfall seria de nível semelhante à Cassino Royale. Mas não é. Sob justificativa de comemorar os 50 anos da série, passado e presente se misturam de maneira confusa. Personagens clássicos, ausentes desde 2006, como o inventor Q e a secretária Moneypenny retornam a franquia. Porém retornam de maneira desfigurada.

Outro elemento estranho é ver Bond em vários momentos se lembrar dos “velhos tempos”, sentindo saudades dos apetrechos espalhafatosos que recebia para completar uma missão. Oras... os dois filmes anteriores mostraram James em seu primeiro ano como 007, se passando nos dias atuais (e sem as bugigangas). Como Bond ficou “tão velho” de uma hora para outra? Soa artificial demais.

Há também um retrocesso no realismo conquistado com Cassino Royale. Até quando vamos ver vilões com arma de fogo na mão, e ao invés de atirar a distância, encostar ao lado do mocinho para atirar, porém apenas para ser desarmado? Será que nenhum vilão sabe que um revolver funciona diferentemente de uma faca? E se isto acontecesse uma vez só, tudo bem. Mas acontece uma, duas, três...

Somando prós e contras o resultado final é um filme com falhas, mas ainda sim bom e de ritmo intenso. Operação Skyfall não alcança Cassino Royale, mas é bem superior a Quantum of Solace.
Nota: 7,0.

PS: mais uma vez, minha “homenagem” aos idiotas que “traduzem” os nomes dos filmes. Originalmente apenas “Skyfall”, aqui no Brasil o título foi estendido para “Operação Skyfall”. Faltou avisar ao “jênio” que fez isto que "Skyfall" não é o nome de nenhuma operação, e sim de outra coisa (que não vou contar para não dar spoiller). Lamentável.

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