domingo, 27 de novembro de 2022

Crítica Amazon Prime - O Peso do Talento (2022)

Título: O Peso do Talento ("The Unbearable Weight of Massive Talent", EUA, 2022)
Diretor: Tom Gormican
Atores principais: Nicolas Cage, Pedro Pascal, Tiffany Haddish, Sharon Horgan, Paco León, Neil Patrick Harris, Lily Mo Sheen
Nota: 6,0

Nicolas Cage como Nicolas Cage é surpreendentemente comedido

Nicolas Cage tem uma carreira extensa e curiosa. Ele começou a ter relevância em meados dos anos oitenta, com Peggy Sue - Seu Passado a Espera (1986) e Arizona Nunca Mais (1987), mas foi nos anos 90 onde o ator virou uma grande estrela, ao conseguir seu Oscar por Despedida em Las Vegas (1996), e também ao estrelar filmes dos mais diversos tipos de gêneros, como por exemplo ação (A Rocha (1996), A Outra Face (1997) e Con Air - A Rota da Fuga (1997)), romance (Cidade dos Anjos (1998)) e suspense (8 Milímetros (1999)).

Nos anos 2000, Cage ainda fazia filmes de primeiro escalão, mas já não trazia muito retorno de bilheteria. Seus maiores sucessos foram com a franquia A Lenda do Tesouro Perdido (2004 e 2007). Posteriormente, já bastante endividado, o ator passou os anos 2010 fazendo muitos filmes de qualidade duvidosa... alguns sequer chegavam aos cinemas, saindo direto para o DVD. O que importava para Nicolas era trabalhar e receber, não importando a produção... e com isso, seus personagens malucos e excêntricos aumentaram bastante, contribuindo com sua fama de atuações "exageradas".

Nicolas Cage chegou a ser um dos atores mais bem pagos de Hollywood. Porém, não soube administrar seu dinheiro. Comprou ilha, castelos, dezenas de propriedades de luxo e não pagou os impostos devidos por isso. Ter divorciado algumas vezes também não ajudou muito na equação. Mas parece que os anos 2020 são de um bem vindo ressurgimento em sua carreira. Com um casamento novo (seu quinto), e filha recém-nascida, agora Cage volta a chamar atenção mundial com um filme em que interpreta a si mesmo: O Peso do Talento.

Na trama temos Cage "interpretando" o ator Nicolas Cage, que está constantemente tentando encontrar novos papéis para retomar sua carreira e a fama. É então que a realidade começa a dar espaço para a ficção: temos aqui um Cage sozinho e divorciado, mas que tenta sem sucesso se manter presente na vida de sua filha Addy (Lily Sheen). Aqui ele também está endividado, também por manter uma vida extravagante... porém com preocupações mais básicas... das dívidas não afetarem a vida da filha e a ex-esposa Olivia (Sharon Horgan). Eis então que o ator recebe uma proposta inusitada: por um milhão de dólares, participar da festa de aniversário de um fã bilionário, Javi Gutierrez (Pedro Pascal). E as surpresas/delírios não pararam por aí... com Javi sendo investigado pela CIA, Nicolas é forçado a agir como espião...

Eis então o paradoxo de O Peso do Talento: temos nele uma trama simplesmente insana e absurda, que por outro lado traz um Nicolas Cage bem "sóbrio", com poucos momentos de exagero de emoção. Ao longo da história, vários filmes de Cage são citados, além de algumas de suas "cenas memoráveis", mas nada é mostrado... é como se estivéssemos diante de uma produção feita por um fã do ator, porém com sérias restrições orçamentárias...

Quando O Peso do Talento saiu nos festivais, a atuação de Nicolas Cage foi aclamada, e era dita como uma das melhores do ano. Sinceramente, embora ele esteja bem (e como sempre), não vi nada muito especial. Achei também que iria rir muito com este filme, o que não aconteceu. Porém, a história traz diversas boas piadas, que assim como a atuação de "Nick" neste filme, são... comedidas... apenas me fizeram sorrir.

Em suma, O Peso do Talento não é nada do que eu esperava, mas ao mesmo tempo não deixa de ser um entretenimento decente para nos lembrar que Nicolas Cage ainda pode e deve ser melhor aproveitado em filmes. Nota: 6,0

sábado, 5 de novembro de 2022

Crítica - Não! Não Olhe! (2022)

Título: Não! Não Olhe! ("Nope", Canadá / EUA / Japão, 2022)
Diretor: Jordan Peele
Atores principais: Daniel Kaluuya, Keke Palmer, Brandon Perea, Michael Wincott, Steven Yeun, Wrenn Schmidt
Nota: 6,0

Jordan Peele muda sua fórmula e entrega seu filme mais fraco

O terceiro longa metragem do diretor Jordan Peele começa muito bem, com uma cena dramaticamente muito forte, tensa. Imediatamente depois, ele presta uma inusitada homenagem aos primórdios do cinema e já desfere fortes críticas sociais, contra o racismo e ao uso de animais em filmes.

A seguir, a história contada em Não! Não Olhe! continua interessante, onde vemos incursões crescentes de uma entidade alienígena na fazenda dos jovens irmãos Haywood - "OJ" (Daniel Kaluuya) e "Em" (Keke Palmer) - enquanto, em paralelo, é contada em flasbacks sobre um terrível acidente em um set de filmagem em uma sitcom, ocorrido décadas atrás.

Então mais ou menos no meio do filme todo o véu de mistério é revelado, e Não! Não Olhe! começa a piorar e entra em uma decrescente de qualidade até seu final. Descobrimos qual é a motivação da "entidade alienígena", o que aconteceu no incidente de muitos anos atrás, e qual a relação entre eles (pequena, aliás). No meu artigo anterior a esta crítica, eu comento sobre 3 diretores, dentre eles Jordan Peele, e dele reclamo que seus filmes são ótimos, até a parte da "revelação final", que é decepcionante... Pois bem; em Não! Não Olhe! o diretor mudou totalmente sua fórmula, fazendo sua "revelação" no meio, que não é ruim... porém, é seu filme que se torna ruim a partir dela.

Além do óbvio problema que todo filme de terror sofre quando seu mistério é revelado, que é o fato de que tudo que é conhecido perde sua capacidade de assustar, as regras montadas no universo desenvolvido por Peele até então começam a mudar, perdendo um pouco de sentido e credibilidade.

Na média, Não! Não Olhe! não deixa de ser um filme interessante e bem sucedido no clima de terror e suspense, mas por desandar do meio pro fim, é o mais fraco de Peele até agora. Ao contrário dos seus outros filmes até então, onde de memorável ficaram cenas de horror, aqui ficam cenas de homenagem aos bastidores de produção de TV e cinema, principalmente no que se trata de filmagens, ou sendo mais específico, ao ato de coletar imagens. Ou ainda, ficará na lembrança aquilo que o filme não mostra, que são os incidentes e abusos com animais (se interessar, leia o PS abaixo). Nota: 6,0


PS - verdade vs ficção: para ler isso aqui, recomendo ter assistido o filme antes, pois irei dar vários spoilers.

Sobre o "a primeira série de fotografias animadas" serem de um homem negro em um cavalo não é totalmente confirmado. De fato, Eadweard Muybridge e suas filmagens com cavalos foram pioneiros no quesito, mas o nome dos jóqueis das seqüências de fotos são desconhecidos. Foram várias sessões de fotos para as "filmagens". A primeira de todas bem sucedida (e que não aparece no filme Não! Não Olhe!) é a da esquerda na imagem abaixo, e a identidade do cavaleiro "pode" ter sido G. Domm (não é comprovado). O cavalo, se sabe ser Sallie Gardner. As imagens que aparecem no filme (à direita) são muito mais aperfeiçoadas, após anos de experimentos de Muybridge, e novamente não se têm idéia do nome de quem está cavalgando, só se sabe o nome do cavalo. Aqui pelo menos há a certeza que o jóquei é afro-americano, mas na primeira animação nem isso se sabe.


Já quanto ao incidente com o chimpanzé, ele é levemente inspirado no mais grave incidente conhecido com este tipo de animal, ocorrido nos EUA em 2009. Leia aqui a triste história, se quiser saber mais. Porém, o acidente real não teve nenhuma ligação com qualquer seriado de TV.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...