terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Os 8 Melhores Consoles de Videogame de Todos os Tempos


Já vi dezenas de listas sobre os "melhores consoles de todos os tempos", e nenhuma ficou muito próxima da minha. Talvez por que quem escreve estes rankings não acompanhou o mercado de videogames desde o começo, quando "tudo era mato", como eu tive oportunidade de fazer? rs. Não sei. Enfim, seguem aqui os 8 consoles de videogame que mais admiro (não inclui os portáteis, apenas consoles "de mesa"). Eles estão listados abaixo em ordem cronológica de lançamento, mas se quiserem ver o ranking numerado com a minha preferência, só vão encontrá-lo no final do artigo rs.



Atari 2600 (EUA, 1977, 2ª geração)


Por mais "toscos" que seus jogos possam parecer nos dias de hoje, o Atari 2600 não só foi o primeiro videogame que joguei, mas também foi o primeiro videogame de dezenas de milhões de jogadores em todo o mundo. Foi o primeiro console "para se jogar em casa" que se tornou verdadeiramente popular, e seu modelo de negócio é base de toda a indústria de videogames atual. Por exemplo, foi o Atari 2600 (originalmente lançado como Atari VCS) quem popularizou os cartuchos ROMs que seriam usados por consoles posteriores por décadas.

O Atari 2600 foi certamente o responsável por inserir videogames na casa das pessoas do Ocidente; e se não o fez no Oriente (que o Atari não alcançou), pelo menos ele foi a fagulha que proporcionou à Nintendo a coragem de lançar seu primeiro "home" console alguns anos depois, o NES.

Com limitadíssimas capacidades de gráfico, cores, som e armazenamento, restou aos desenvolvedores de jogos para o Atari abusar da criatividade, criando alguns jogos inovadores e memoráveis, como por exemplo: Adventure, River Raid, Pitfall! e H.E.R.O..



Sega Master System (Japão, 1985, 3ª geração)


Sendo o melhor dentre todos os consoles de 8 bits, o Master System tinha um hardware bem superior ao seu rival "Nintendinho" (NES). Entretanto, devido a péssimas decisões comerciais e de marketing, e somado ao fato de que a Nintendo tinha a exclusividade nos jogos da maioria das produtoras de games da época, este brilhante console da SEGA ficou bem atrás das vendas do NES, principalmente nos EUA.

Azar dos EUA, que perderam a oportunidade de jogar algo bem melhor e mais empolgante: jogos como Phantasy Star, Alex Kidd in Miracle World, Wonder Boy 3 e 5, e vários jogos da franquia Disney, como por exemplo Land of Illusion Starring Mickey Mouse eram muito superiores em gráficos e som do que qualquer jogo do NES. Outra diferença gritante entre o Master System e o Nintendinho eram as cores: o console da SEGA possuía cores mais claras e vivas; aliás a paleta de cores do Master é uma das melhores que já vi até hoje.

O quase "monopólio" da Nintendo para distribuir jogos de empresas terceiras acabou gerando algo positivo: obrigar a SEGA a desenvolver seus próprios jogos, muitos deles excelentes, o que acabou gerando franquias inéditas de games que futuramente colocariam a SEGA no mesmo patamar de vendas da Nintendo. Em resumo o NES tinha uma biblioteca de jogos muito maior que a do Master, e também, claro, tinha ótimos jogos. Porém os melhores jogos do Master System eram superiores aos melhores jogos do NES e ponto final.

Os principais acessórios deste console da SEGA, a pistola Light Phaser e os Óculos 3D também eram bem superiores em qualidade comparando com as versões dos consoles rivais. Os tais óculos aliás eram quase revolucionários, porém tiveram vida curta: poucos jogos compatíveis, e com a entrada para uso já removida para todas as versões seguintes do console, a partir do Master System II internacional (Master System 3 no Brasil). A se lamentar o fato de que apenas o Master System japonês recebeu em suas placas o chip de som FM, um componente que acrescentava uma enorme qualidade no som do sistema, possibilitando os videogames caseiros com melhores sons já vistos (e incluo nisto os jogos de computadores pessoais), até o surgimento do PC Engine pela 4ª geração.

O legado do console em termos de jogos é maior do que a imprensa especializada costuma relembrar. Além de jogos que marcaram história no mundo dos videogames como os já citados Phantasy Star e Alex Kidd in Miracle World, o Master System foi o único console até hoje que portou alguns arcades da SEGA como Alex Kidd: The Lost Stars e Shadow Dancer; o jogo Wonder Boy é melhor e maior que a versão do arcade, por possuir checkpoints, fases extras e fases bônus (por isso mesmo ele foi lançado no Japão como Super Wonder Boy). Outros exemplos nem envolvem fliperamas: lançado em dezenas de consoles, inclusive para consoles da 4ª geração, a versão do Master para California Games (nosso Jogos de Verão) é de longe a melhor dentre todas em todos os tempos.

O brilhante trabalho da TecToy fez com que o Master System se tornasse o mais "brasileiro" dentre todos os consoles que já pisaram por aqui: jogos portados exclusivamente para o Brasil (e também alguns jogos 100% brasileiros, como por exemplo o Castelo Rá-Tim-Bum), jogos traduzidos para o Português (algo simplesmente inimaginável para consoles na época), programa diário com dicas na TV aberta... e tudo isto culminou em um recorde: o velho Master é o videogame de maior longevidade de todos os tempos, e ele continua em produção aqui no Brasil até hoje. 



Mega Drive / Genesis (Japão, 1988, 4ª geração)


Pegue o já excelente Master System e o melhore muito em tudo. Faça o primeiro console com processamento verdadeiramente em 16 Bits do mundo (o PC-Engine era 16 Bits apenas no processador gráfico). E mais ainda, faça tudo isso um ano e meio antes da gigante única dos videogames, a Nintendo. Tudo isto é o sensacional Mega Drive (ou SEGA Genesis nos EUA), que seria o primeiro grande console daquela que considero a maior dentre todas as gerações de consoles.

A evolução dos jogos comparando com a geração anterior era enorme: era um deleite jogar em casa as adaptações exclusivas de clássicos arcade, como Out Run, Golden Axe, Altered Beast e etc. E o fato da SEGA lançar um produto de grande qualidade bem antes da Nintendo fez com que enfim ela competisse com a gigante rival em vendas. Se a empresa do Mario tinha quase 50% do mercado da 4ª geração, a SEGA a seguia de perto, com quase 40%.

Uma enorme contribuição do Mega Drive para o mundo dos videogames foi seu foco em jogos de esportes, em parceria com a desenvolvedora Electronic Arts. Seguindo o plano de marketing dos presidentes da Sega of America (Michael Katz até metade de 1990, e Tom Kalinske após ele), o Mega Drive foi quem efetivamente colocou jogos de esportes de qualidade dentro dos consoles caseiros, e dava um banho no rival SNES neste gênero. Os primeiros jogos de esportes, da era Katz, eram exclusivos do console e eram associados aos maiores esportistas do momento: Pat Riley Basketball, Arnold Palmer Tournament Golf, James 'Buster' Douglas Knockout Boxing, Joe Montana Football, Tommy Lasorda Baseball; mas os melhores jogos viriam depois, já sob Kalinske: a série John Madden Football, a série FIFA, a série NHL, a série NBA. Embora estes jogos não fossem mais exclusivos (eles também eram lançados no SNES), no Mega Drive / Genesis eles sempre chegavam às lojas alguns meses antes do que no videogame rival.

Outro marco importante foi o lançamento do jogo Sonic the Hedgehog, em 1991, e que se tornaria o mascote oficial da SEGA desde então. Criado para desfrutar do máximo da capacidade gráfica do Mega Drive, o game cumpriu seu propósito e mostrou gráficos de qualidade com uma velocidade de movimento jamais visto na história dos videogames.

Com o objetivo de aproveitar ao máximo das enormes vendas do console, a SEGA lançou dois adicionais bem ousados e caros: o Sega CD (1993) e o 32X (1994). Ainda que o 32X tenha recebidos ótimos jogos que aproximavam o Mega Drive mais do que nunca dos arcades, ambos apetrechos receberam pouca atenção, decepcionando a todos que investiram dinheiro neles, e iniciando o clima de insatisfação que futuramente se tornaria um dos fatores que justificaram o fracasso do console seguinte, o SEGA Saturn.



Super NES (Japão, 1990, 4ª geração)


Se nos 8 bits o console da Nintendo era bem inferior tecnicamente do que o da SEGA, na geração dos 16 bits a empresa do Mario deu o troco. O Super NES tinha uma capacidade bem maior do que o rival Mega Drive, e após alguns meses com vendas mornas, ganhou o gosto do público e foi um enorme sucesso, sendo o console mais vendido da geração.

O "Nintendinho" trouxe vários ótimos jogos e franquias... mas ainda assim com baixa qualidade de som e imagem. Com o Super NES, franquias como Super Mario BrosMetroid, Castlevania, etc finalmente ganharam visual e músicas que mereciam, e viraram jogos espetaculares.

Se o Mega Drive era superior em jogos de esportes, o Super NES era melhor nos jogos de RPG. Os exclusivos Final Fantasy, Zelda, Mario RPG e Chrono Trigger tinham uma qualidade incrível, tanto de jogabilidade quanto em história. Outro gênero que o SNES vencia era o de carros de corrida: Top GearF-Zero e Super Mario Kart foram franquias exclusivas e excelentes que estrearam neste console.

Em 1994 o SNES apresentaria ao mundo mais uma revolução, o jogo Donkey Kong Country, jogo de plataforma onde os personagens apareciam pela primeira vez em 3D. Aproveitando-se ao máximo do console, a Nintendo ganhou muito dinheiro com a série Donkey Kong Country, e deixava claro que era possível continuar evoluindo seus jogos apenas com seu console base, ao contrário do rival Mega Drive, que precisava do 32X incorporado para fazer algo similar.

Somando prós e contras do Super NES e do Mega Drive, ambos foram consoles incríveis, com extensas bibliotecas de jogos (muitos deles em comum), e para dizer qual dos dois foi melhor vai mesmo do gosto do jogador... enquanto eles "empatavam" em jogos de luta e plataforma, repito que o primeiro vencia no RPG e o segundo vencia em jogos de esportes. O que importa é que estes dois videogames foram tão bons que pra mim deixam a 4ª geração como a melhor de todos os tempos. E isso que nem falei de mais um console dela, que vem a seguir...



Neo Geo (Japão, 1991, 4ª geração)

O maior sonho de todo console dos anos 80 e 90 era se igualar as potentes máquinas dos fliperamas; e portanto, nada mais justo colocar na lista de melhores consoles aquele que foi o primeiro a verdadeiramente atingir este feito. Tanto é verdade, que quando o Neo Geo AES (o console caseiro) foi colocado à venda, ele rodava exatamente os mesmos jogos do Neo Geo MVS (a versão arcade, lançada um ano antes).

O Neo Geo era tão mais avançado que os demais consoles da 4ª geração que há quem diga que ele deveria pertencer a uma geração a parte, ou seja, a geração "4,5". Tanta tecnologia, ironicamente, acabou sendo a origem de seu fracasso comercial: seus altos preços.

Quando o console saiu, ele era bem mais caro que os concorrentes (literalmente 2x ou 3x mais caro, dependendo do modelo), e para piorar tinha uma biblioteca de jogos muito pequena, já que as produtoras de jogos já estavam fechadas com a SEGA e principalmente com a Nintendo, obrigando a SNK a desenvolver seus próprios títulos. A diferença de preços também atingia os jogos, já que os gigantescos cartuchos com cerca de 300 MB eram caríssimos.

A SNK Corporation até tentou salvar o console lançando o Neo Geo CD em 1994, uma opção bem mais em conta principalmente na hora da compra dos jogos, pois a produção de CDs era muito mais barata. Porém o leitor de CD era de velocidade apenas 1x, muito lento para o que o console precisava, e o que deveria ajudar, pirou a imagem do console, que ficou com a famoso pela demora com que os jogos de CD carregavam. Meses depois, surgiu o Playstation com seu leitor de velocidade 2x, e isso praticamente decretou o fim do Neo Geo (aliás, o Playstation massacrou toda a concorrência da época quando chegou). A SNK até fez uma última tentativa em 1995, lançando o Neo Geo CDZ, agora com leitor de 2x. Mas já era tarde demais; os consoles de 5ª Geração já dominavam amplamente o mercado, com jogos bem mais avançados.

Ainda hoje dá para cravar que o Neo Geo foi o melhor console para jogos de luta de "um contra um" em 2D em todos os tempos: Art of FightingFatal Fury, Samurai Shodown, The Last Blade, The King of Fighters são apenas algumas franquias que sugiram e tiveram vários títulos no Neo Geo. E se engana quem acha que o console só tinha jogos bons deste tipo, como veremos a seguir.

Jogos de esporte? O Neo Geo tinha os ótimos Windjammers (vários mini jogos usando frisbee), Goal! Goal! Goal! e a franquia Super Sidekicks (futebol), Street Slam (basquete de rua), além de vários títulos para Futebol Americano e Baseball; Jogos de ação e plataforma? ele tinha a espetacular franquia Metal Slug e outros jogos como Magician Lord e Top Hunter; Jogos Beat 'em up?, havia a franquia Sengoku e o Mutation NationJogos de "navinha"? haviam Aero Fighters, Blazing Star, Last Resort, Prehistoric Isle 2Pulstar. Ou seja, jogos incríveis não faltavam, mas ainda assim sua pequena biblioteca (cerca de 160 jogos no total, já considerando cartuchos + CDs) é apontada como "defeito" deste console.

Em sua lista de "ausências", o Neo Geo não tinha jogos em 3D, o que lhe "impediu" de trazer jogos de simulação de corrida ou de tiro em primeira pessoa. Os RPGs também praticamente não existiam (apenas o Crossed Swords teve alguma relevância), e imagino que isso se deva ao fato de que por ser um console pensado nos fliperamas, a grande maioria dos jogos do console eram feitos para serem rápidos e casuais. Ainda assim, o Neo Geo deixou um importante legado para os jogos "demorados": foi o primeiro console caseiro a ter um cartão de memória removível para jogos salvos.

Junto com o Master System, o Neo Geo é o console cujo destino comercial eu mais lamento. Ele merecia um sucesso muuuuito maior. Mas seu alto custo e um mísero erro de estratégia (o CD de velocidade 1x) foram suficientes para que este console tivesse vida curta. Sim, o mercado dos videogames é injusto muitas vezes.



Playstation 2 (Japão, 2000, 6ª geração)


Embora eu tenha jogado bastante - e adorado - o Playstation 1, em geral eu não gosto da 5ª geração de videogames, repleta de jogos 3D "quadradões". Mas quando o Playstation 2 chegou, não somente resolveu de vez esta limitação gráfica como trouxe uma evolução incrível em relação ao seu modelo anterior.

Fica até difícil explicar o quanto o PS2 é bom... mas saibam que ele é até hoje o console mais vendido de todos os tempos, teve mais de 3800 jogos lançados, e também costuma ser eleito "o" melhor console de todos os tempos pela crítica especializada.

Playstation 2 foi o primeiro console a rodar jogos em DVD, o que foi um enorme atrativo na época, já que ele também permita rodar DVDs de filmes e música. E ainda funcionava com os jogos em CD do Playstation anterior, sendo o primeiro console de mesa "famoso" a ter retrocompatibilidade sem depender de algum acessório externo extra para isto (o único console a fazer isto antes dele foi o obscuro Atari 7800).

E por falar em jogar jogos "antigos", o Playstation 2 foi o primeiro console de mesa a lançar grandes clássicos arcades exclusivos da SEGA (isso sem contar os próprios consoles da SEGA, claro), via série SEGA Ages 2500. O nome 2500 vem do preço dos jogos no Japão, lançados a 2500 Ienes. Alguns jogos são cópias do arcade original, mas a maioria das versões são remakes exclusivos atualizando-os para os gráficos da época. Foram 33 títulos no total, sendo alguns deles coletâneas. É verdade que alguns destes remakes não ficaram bons, mas outros ficaram bem aceitáveis... e digo mais, só a intenção e bom gosto de relançar os jogos da SEGA já vale muitos elogios para este console!!!

Franquias famosas e exclusivas como Grand Theft Auto, Final Fantasy e Metal Gear Solid alcançaram uma qualidade gráfica inimaginável com o PS2. E ainda foi nele que surgiriam outras franquias excelentes, como God of War e Kingdom Hearts. Aliás, depois que eu vi rodando jogos como God of War (I e II), Shadow Of The Colossus e Okami, a conclusão que cheguei é que não seria mais necessário um videogame mais potente do que o Playstation 2: graficamente ele já conseguiu atingir tudo o que eu desejava. Porém minha visão mudou com o avanço da tecnologia: a chegada das TVs planas em HD criaram necessidade para evoluções gráficas.



Xbox 360 (EUA, 2005, 7ª geração)


O Xbox 360 é o primeiro console da 7ª geração, revolucionando o mercado de games ao ser o primeiro console com gráficos HD (480 pixels verticais), e também, pelo enorme avanço que trouxe em sua rede Xbox Live (que já existia desde 2002): pela primeira vez na história os usuários podiam "de fato" comprar jogos e jogar contra outros jogadores pela internet com ótima qualidade. Sim... jogar pela internet via consoles caseiros começou a decolar na geração anterior, inicialmente com o Dreamcast; porém foi só nesta geração que isto virou uma febre, e não é exagero dizer que o primeiro "culpado" foi o Xbox 360. Ele foi o primeiro videogame a conseguir rodar jogos de última geração para múltiplos jogadores online a nível global, além de trazer conceitos competitivos inovadores como as Conquistas e o GamerScore. Agora os jogadores poderiam ir atrás dos mais variados desafios - ao invés de apenas vencer os jogos - e se comparar com adversários do mundo inteiro.

Outro ponto que merece destaque é que a 7ª geração deu um salto de processamento de pelo menos 10x mais em relação à geração anterior. E o mais impressionante sobre todas as qualidades que disse sobre o Xbox 360 até aqui, é que ele fez tudo isso 1 ano antes de seu concorrente PlayStation 3 ser lançado! E, outra novidade: o Xbox 360 foi o primeiro console a vender controles sem fio junto com a versão padrão do videogame, embora também houvesse para venda a versão com controles de fios USB.

E mesmo já sendo um baita console por si só, ele também entrou na minha lista de melhores devido sua importância mercadológica: ele foi o primeiro (e até hoje único) videogame a se equiparar em vendas com o da rival Sony. Se o Xbox 360 não tivesse sido um sucesso de vendas e um real concorrente ao PlayStation 3, talvez hoje veríamos um completo monopólio da Sony no mercado, o que seria muito ruim para todo mundo.

O Xbox 360 também entra na minha lista por ter trazido o Kinect, o melhor controlador de movimentos  de sua época. Mesmo que longe de ter respostas de movimentos perfeitas, ele foi superior aos seus concorrentes diretos de mesma geração - Wii Remote (Nintendo Wii) e PlayStation Move (PlayStation 3) - por dispensar o uso de qualquer controle físico, sendo necessário apenas o próprio corpo do usuário. Ironicamente o grande ponto positivo do Kinect é também seu principal ponto negativo, já que qualquer jogo mais avançado necessita pelo menos de um "botão" para funcionar melhor. Na prática, o Kinect foi o melhor aparelho porém com os jogos mais simplórios. Ainda assim, foi um marco tecnológico muito impressionante.

Este incrível console poderia ter sido ainda mais bem vendido, e estar mais presente na lista dos "melhores consoles de todos os tempos" dos especialistas se não fosse o lamentável problema do Red Ring of Death, onde o aparelho "travava" e 3/4 do anel de Led que envolve o botão de liga/desliga do console ficavam permanentemente acesos em vermelho, indicando um erro de hardware (em geral devido a superaquecimento), deixando como única opção desligá-lo. Oficialmente a Microsoft fez de tudo para "minimizar" o problema, mas nunca dizendo a porcentagem real de consoles com defeito, limitando a dizer que era próximo da taxa de falha aceita pela indústria. De qualquer forma, eles estenderam a garantia do produto e trocavam os consoles com problemas. Pela falta de dados oficiais, até hoje é difícil mensurar as falhas de hardware do Xbox 360. Porém as revistas especializadas citam números que entre 30 a 60% dos consoles fabricados nos dois primeiros anos apresentaram algum defeito de hardware... um valor assustador! A Microsoft chegaria a resolver o problema lançando posteriormente outros 2 novos modelos corrigidos/melhorados do próprio Xbox 360, mas sua reputação ficou irremediavelmente manchada.



Playstation 4 (EUA, 2013, 8
ª geração)

Embora os antecessores Xbox 360 e Playstation 3 tivessem entregado em seus últimos anos alguns jogos que possuíam trechos com imagens em Full HD (1080 pixels, também conhecido com 2K), foi apenas nesta geração que os consoles rodaram 100% nesta qualidade gráfica.

Com os consoles da Sony e Microsoft cada vez mais parecidos entre eles (tanto em capacidade quanto em jogos), eu optei pelo Playstation 4 ao invés do Xbox One pois o PS4 é considerado levemente superior em hardware. Outro fato que me faz escolher esse console são seus jogos exclusivos; não apenas os jogos "novos" (nos quais me chamam a atenção principalmente as franquias The Last of UsGod of War), mas principalmente pelos remakes de clássicos do passado, como por exemplo Final Fantasy VII (PS1) e Shadow of the Colossus (PS2): para mim uma ideia excelente, esta, de adaptar estes grandes jogos para os gráficos excepcionais atuais.

Alguns anos depois, tanto a Sony quanto a Microsoft lançaram novas versões ainda mais potentes de seus consoles, dentro da própria geração (algo inédito na indústria de videogames): surgiram então o PlayStation 4 Pro e Xbox One X para rodar jogos na resolução 4k. Sinceramente? Para mim, este velho que escreve estas linhas, é algo desnecessário. Assim como eu já considerava o Playstation 2 como o "videogame definitivo", que não precisava de mais evoluções e só mudei de ideia após o lançamento das TVs HD, o mesmo acontece aqui: o mercado não precisava ter evoluído os consoles iniciais da 8ª geração e sequer ter criado a 9ª geração. E só vou mudar de ideia quando novamente surgir uma tecnologia totalmente diferente, que talvez sejam máquinas de Realidade Virtual (VR).




PS: no começo do artigo eu "fugi" da responsabilidade de ranquear o Top 8 dos videogames. Mas se você chegou até aqui, agora saberá qual é o meu Top 5 dos melhores consoles de todos os tempos: em quinto lugar eu coloco o SNES, pra mim ainda o melhor console "de mesa" da história da Nintendo; em quarto vêm o Neo Geo, por ser realizado o sonho de todo gamer da época, que era ter um fliperama de verdade em casa; o terceiro lugar vai para o Master System (ainda que este seja o console que está em primeiro lugar no meu coração); a "prata" fica com o Playstation 2 pelo seu inigualável sucesso de vendas, quantidade e evolução de jogos, e a primeira posição fica com o Mega Drive / Genesis, espetacular console da SEGA que continuo jogando seus jogos com prazer até hoje!

domingo, 3 de janeiro de 2021

Retrospectiva Cinema Vírgula 2020: O melhor e o pior do Cinema e da TV, e a lista de filmes assistidos


Feliz ano novo! Deixamos o problemático ano da pandemia de Covid-19 para trás, e entramos em 2021 esperando por uma vacina. A pandemia impactou diretamente todo mundo do entretenimento, principalmente o Cinema, cuja produção de novos filmes foi congelada e a exibição dos títulos já produzidos foi em sua grande maioria adiada para 2021, já que as salas de cinemas passaram meses fechadas.

O impacto na TV e nas empresas de streaming foi menor, mas ocorreu. Produções de novos programas também foram interrompidos; entretanto, com o mundo inteiro dentro de casa, o público total assistindo séries aumentou, o que reduziu muito o impacto financeiro para eles.

Em resumo, a retrospectiva deste ano também foi afetada, porque tive bem menos opções de filmes novos para assistir. Mas vamos lá, ainda teve bastante material para ser relembrado, pro bem e pro mal.


Melhores e piores da TV - Seriados
Pra mim o evento mais importante do ano em termos de séries foi a conclusão do seriado alemão Dark, da Netflix. Embora eu não tenha gostado muito do final, o seriado como um todo foi bastante interessante e corajoso. Outras duas obras que gostei bastante foram minisséries relacionadas a esporte: Arremesso Final (documentário de Michael Jordan) e O Gambito da Rainha (ficção).

Já no Amazon Prime, que pouco assisti, o destaque ficou para a segunda temporada de The Boys, que embora tenha sido inferior a temporada inicial, se mantém empolgante. Também no Prime eu assisti a temporada de estréia do apenas mediano Star Trek: Picard; restando como grande recomendação para os fãs de Jornada nas Estrelas o também estreante Star Trek: Lower Decks, que gostei bastante, mas que ainda não chegou ao Brasil.

Aliás, ainda sobre o Amazon Prime, que passei a assinar só em 2020, tem dois seriados que não são novos, já tem alguns anos de idade, mas ainda assim gostei bastante e quero recomendar a vocês: tratam-se de Philip K. Dick's Electric Dreams (seriado no mesmo estilo de Black Mirror, baseado em contos do mesmo autor dos livros de Blade Runner e The Man in the High Castle) e Fleabag (premiadíssima comédia + drama sobre a vida de uma solteira de 33 anos).

Em termos de "piores", só teve um seriado que me decepcionou, The Playbook: Estratégias para Vencer (Netflix). Não teve nenhum outro seriado que não tenha gostado, e aproveito para fazer um alerta: apesar da crítica em geral ter falado muito mal da nova comédia de Steve Carell, Space Force (Netflix), eu achei ela bem legalzinha, vale a pena lhe dar alguma chance. E não, ainda não assisti O Mandaloriano, mas pretendo fazê-lo no primeiro semestre deste ano.


Melhores e piores da TV - Filmes
Meu Top 3 de filmes deste ano na TV vai para o espanhol O Poço (Netflix) em primeiro lugar, o segundo lugar para a diferente ficção científica A Vastidão da Noite (Amazon Prime), e o meloso Milagre na Cela 7 (Netflix) em terceiro.

E como sempre, os canais de streaming tentam nos ganhar pela quantidade, não pela qualidade... portanto a lista de filmes ruins ou no máximo razoáveis é considerável, embora eu tenha conseguido evitar a maioria deles. Com isso, minha relação de filmes de 2020 pra se evitar vai apenas para: Ava e Coffee & Kareem, ambos da Netflix.

Também acho relevante comentar que assisti a trilogia de filmes "Baztán", baseada em uma série de livros policiais espanhola. Apesar de apenas o último filme ter sido feito em 2020, todos só chegaram no Brasil este ano. Como um todo, é uma série interessante... porém ela começa com um filme muito bom e se encerra com um bem ruim.


Melhores e piores dos Cinemas
Com a pandemia fechando os cinemas por meses, este foi de longe o ano em que menos assisti filmes na "tela grande" desde o início do meu blog. Os melhores filmes são todos do começo do ano, pré-Covid no Brasil, e múltiplos indicados ao Oscar: 1917, O Farol e Jojo Rabbit

Já falando dos piores do ano, começo com duas super produções bem ruins, porém cuja baixa qualidade eu já esperava. Estou falando de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, e o novo filme de Christopher Nolan, Tenet. Curiosamente, há duas animações que agradaram a crítica especializada em geral, mas que eu particularmente achei bem mais ou menos: Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e Frozen 2.

A indústria do cinema ainda não sabe como se portar no mundo em pandemia, e no mundo pós-pandemia. A queda total de arrecadação nos cinemas mundiais (em números absolutos) foi de cerca de 70% em relação a 2019, porém, quando a Warner resolveu lançar no final do ano seu Mulher-Maravilha 1984 simultaneamente nos cinemas e em streaming (no caso, na HBO Max estadunidense), gerou grande revolta nos estúdios, cineastas e donos de cinema.

Se por um lado os estúdios tiveram um ano péssimo, reitero que para as empresas de streaming o ano não foi ruim. Por exemplo, a Netflix bateu seu recorde de mini série mais assistida de todos os tempos com O Gambito da Rainha, e tem grandes chances de bater seu próprio recorde em filmes, com o bem fraco O Céu da Meia Noite.


Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2020
Os artigos mais acessados deste ano são listas de filmes e obras da Netflix. Confiram, do mais para o menos clicado, e clique para ver caso tenha perdido:

Lista dos filmes que assisti em 2020
Finalizando, segue a lista de todos os filmes que assisti em 2020; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. Este ano foram 105 filmes, superando em 1 a minha meta anual de 104 filmes (que significaria 2 filmes por semana).

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

1917 (idem, EUA / Reino Unido, 2019)   (*)
Advantageous (idem, EUA, 2015)
Agatha and the Curse of Ishtar (idem, Reino Unido, 2019)
O Apostador ("The Gambler", EUA, 2014)
Asterix e o Segredo da Poção Mágica ("Astérix: Le Secret de la Potion Magique", Bélgica / França, 2018)
Ava (idem, EUA, 2020)
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa ("Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn", EUA, 2020)
Bagdad Café ("Out of Rosenheim", Alemanha Ocidental, 1987)
Bob Esponja: O Incrível Resgate ("The SpongeBob Movie: Sponge on the Run", Coréia do Sul / EUA, 2020)
A Caminho da Lua ("Over the Moon", China / EUA, 2020)
The Carter Effect (idem, EUA, 2017)
O Centenário Que Saiu Sem Pagar a Conta e Sumiu ("Hundraettåringen som smet från notan och försvann", Suécia, 2016)
O Céu da Meia-Noite ("The Midnight Sky", EUA, 2020)
Champs: nas carreiras de Tyson, Holyfield e Hopkins ("Champs", EUA, 2014)
Coffee & Kareem (idem, EUA, 2020)
Curtindo a Vida Adoidado ("Ferris Bueller's Day Off", EUA, 1986)
Despedida em Grande Estilo ("Going in Style", EUA, 2017)
Destacamento Blood ("Da 5 Bloods", EUA, 2020)
O Dilema das Redes ("The Social Dilemma", EUA, 2020) 6
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica ("Onward", EUA, 2020)
O Durão ("Get Hard", EUA, 2015)
Duro de Matar ("Die Hard", EUA, 1988)   (*)
Duro de Matar 2 ("Die Hard 2", EUA, 1990)
Elizabeth (idem, Reino Unido, 1998)
Elizabeth: A Era de Ouro ("Elizabeth: The Golden Age", Alemanha / EUA / França / Reino Unido, 2007)
O Enigma de Outro Mundo ("The Thing", EUA, 1982)
Enola Holmes (idem, Reino Unido, 2020) 6
Entre Facas e Segredos ("Knives Out", EUA, 2019)
A Era do Peixinho (idem, Brasil, 2018)
Era uma Vez em Tóquio ("Tôkyô monogatari", Japão, 1953)
Era Uma Vez um Sonho ("Hillbilly Elegy", EUA, 2020)
O Escândalo ("Bombshell", Canadá / EUA, 2019)
O Estranho ("The Stranger", EUA, 1946)
Um Estranho no Ninho ("One Flew Over the Cuckoo's Nest", EUA, 1975)   (*)
Eu Não Sou um Homem Fácil ("Je Ne Suis Pas un Homme Facile", França, 2018)
Fangio O Rei das Pistas (Fangio: El hombre que domaba las máquinas, Argentina, 2020)
O Farol ("The Lighthouse", Canadá / EUA, 2019)   (*)
Fita de Cinema Seguinte de Borat ("Borat: Subsequent Moviefilm", EUA / Reino Unido, 2020)
Fogo no Céu ("Fire in the Sky", EUA, 1993)
Frozen 2 ("Frozen II", EUA, 2019)
No Gogó do Paulinho (idem, Brasil, 2020)
G.O.R.A. (idem, Turquia, 2004)
Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua ("Vilas: Serás lo que debas ser o no serás nada", Argentina, 2020)
O Guardião Invisível ("El Guardián Invisible", Alemanha / Espanha, 2017)
Hamlet (idem, EUA / França / Reino Unido, 1990)
Holy Hell (idem, EUA, 2016)
O Homem que Ri ("The Man Who Laughs", EUA, 1928)
A Incrível História da Ilha das Rosas ("L'incredibile storia dell'Isola delle Rose", Itália, 2020)
Inferno de Dante: Uma Animação Épica ("Dante's Inferno: An Animated Epic", Coréia do Sul / EUA / Japão / Singapura, 2010)
Inconceivable (idem, EUA / Reino Unido, 2017)
Indústria Americana ("American Factory", EUA, 2019)
The Jesus Rolls (idem, EUA, 2019)
Joias Brutas ("Uncut Gems", EUA, 2019)
Jojo Rabbit (idem, EUA / Nova Zelândia / República Checa, 2019)   (*)
Judy: Muito Além do Arco-Íris ("Judy", EUA / Reino Unido, 2019)
Klaus (idem, Espanha / Reino Unido, 2019)
Legado nos Ossos ("Legado en los Huesos", Alemanha / Espanha, 2019)
O Limite da Traição ("A Fall from Grace", EUA, 2020)
Lionheart (idem, Nigeria, 2018)
Milagre na Cela 7 ("Yedinci Kogustaki Mucize", Turquia, 2019)
As Minas do Rei Salomão ("King Solomon's Mines", EUA, 1985)
Ninguém sabe que estou aqui ("Nadie Sabe Que Estoy Aquí", Chile, 2020)
O Nome da Rosa ("Der Name der Rose", Alemanha Ocidental / França / Itália, 1986)
Nós ("Us", EUA, 2019)
A Origem dos Guardiões ("Rise of the Guardians", EUA, 2012)
Perdi Meu Corpo ("J'ai perdu mon corps", França, 2019)
Oferenda à Tempestade ("Ofrenda a la Tormenta", Alemanha / Espanha, 2020)
O Poço ("El Hoyo", Espanha, 2019)   (*)
Miss Fisher and the Crypt of Tears (idem, Australia, 2020)
Nina - No Palco e Na Vida ("All About Nina", EUA, 2018)
No Coração do Mar ("In the Heart of the Sea", Austrália / Espanha / EUA, 2015)
No Portal da Eternidade ("At Eternity's Gate", EUA / França / Irlanda / Reino Unido / Suiça, 2018)
Um Príncipe em Nova York ("Coming to America", EUA, 1988)
Privacidade Hackeada ("The Great Hack", EUA, 2019)
À Prova de Morte ("Death Proof", EUA, 2007)
Queen + Adam Lambert Story: O Show Deve Continuar ("The Show Must Go On: The Queen + Adam Lambert Story", EUA / Reino Unido, 2019)
Quem Com Ferro Fere ("Quien a Hierro Mata" Espanha / EUA / França, 2019)
Radioactive (idem, China / EUA / França / Hungria / Reino Unido, 2019)
Rambo - Programado Para Matar ("First Blood", EUA, 1982)
Rambo II: A Missão ("Rambo: First Blood Part II", EUA / México, 1985)
Rambo III (idem, EUA, 1988)
O Rei da Comédia ("The King of Comedy", EUA, 1982)
Resgate ("Extraction", EUA, 2020)
Rio Bravo ("Rio Grande", EUA, 1950)
Rua Cloverfield, 10 ("10 Cloverfield Lane", EUA, 2016)   (*)
O Segredo da Cabana ("The Cabin in the Woods", EUA, 2011)
Os Segredos de Saqqara ("Secrets of the Saqqara Tomb", Egito / EUA, 2020)
Selvagem ("The Wild", Canadá / EUA, 2006)
Os Selvagens da Noite ("The Warriors", EUA, 1979)
Sete Homens e um Destino ("The Magnificent Seven", Austrália / EUA, 2016)
Os Sete Samurais ("Shichinin no Samurai", Japão, 1954)
Sonic: O Filme ("Sonic the Hedgehog", Canadá / EUA / Japão, 2020)
Taylor Swift: Miss Americana ("Miss Americana", EUA, 2020)
Tempos Modernos ("Modern Times", EUA, 1936)
Tenet (idem, EUA / Reino Unido, 2020)
The Old Guard (idem, EUA, 2020)
The VelociPastor (idem, China / EUA, 2018)
Turma da Mônica: Laços (idem, Brasil, 2019)
A Vastidão da Noite ("The Vast of Night", EUA, 2019)
E o Vento Levou ("Gone with the Wind", EUA, 1939)
Virunga (idem, Congo / Reino Unido, 2014)   (*)
Visita ao Inferno ("Into the Inferno", Alemanha / Canadá / Reino Unido, 2016)
As Vozes ("The Voices", Alemanha / EUA, 2014)
A Voz Suprema do Blues ("Ma Rainey's Black Bottom", 2020)
What Happened, Miss Simone? (idem, EUA, 2015)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Crítica - Tenet (2020)

Título
Tenet (idem, EUA / Reino Unido, 2020)
DiretorChristopher Nolan
Atores principais: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Dimple Kapadia, Michael Caine
Lamento Nolanzetes, o dia que eu mais temia chegou

Ocasionalmente vemos surgir grandes diretores, que fazem obras autorais bem diferente do padrão, tanto em termos de roteiro quanto visuais. E sou grande admirador destes realizadores, como por exemplo posso citar Darren Aronofsky e Christopher Nolan. Ambos têm filmes em meu Top 10 de todos os tempos: O Grande Truque (Nolan) e Fonte da Vida (Aronofsky), que curiosamente foram lançados no mesmo ano, 2006; e ambos também estiveram presentes na minha lista de "diretores que mais gosto atualmente", que escrevi em 2014 (clique aqui pra rever).

Mas de 2014 pra cá algumas coisas aconteceram... as vezes diretores se perdem no próprio ego e fama. Aconteceu em 2017 com Darren Aronofsky, com seu filme Mãe; e agora em 2020 aconteceu com Christopher Nolan, com seu novo lançamento Tenet. Aliás, o resultado final de Tenet é bem pior que de Mãe, pois pelo menos no segundo eu passei por uma experiência interessante. Se auto-alimentando da própria mística em fazer filmes cada vez mais ambiciosos e complexos, e piorando filme a filme justamente por isso, eu temia que um dia Nolan fizesse algo tão complexo que se tornaria bem ruim. Pois é, Nolanzetes, este dia chegou.

O conceito de Tenet é o seguinte: assim como tudo na nossa realidade se move em um sentido temporal (para o futuro), uma agência secreta começa a descobrir objetos que se movem no sentido temporal contrário (para o passado). Como se vê no trailer (recomendo você assisti-lo clicando no link do começo do texto), imagine uma pistola "invertida" no tempo: quando você dispara o gatilho, o que acontece é que uma bala que estava incrustada em algum lugar volta para o cano do revólver. Pois é... Isso já é um conceito bem complicado para pequenos objetos, porém quando Nolan resolve ampliá-lo para pessoas, veículos, prédios... aí ele se perde de vez: o filme mostra literalmente CENTENAS de pequenas inconsistências, sejam visuais, sejam lógicas ou temporais, ao longo das intermináveis 2h30min de projeção.

Junto a este conceito, está uma trama clichê e sem sentido de espionagem onde um vilão quer destruir o mundo com este novo poder (Kenneth Branagh) e um herói quer salvá-lo (John David Washington). O diretor/roteirista Christopher Nolan aproveita para "homenagear" (ou seria reciclar?) vários de seus filmes em um só, tornando-o ainda mais caótico. Em Tenet podemos ver elementos dos roteiros de O Grande Truque, Batman, A Origem, Amnésia e Interestelar.

Claro, Tenet também possui algumas qualidades. Como sempre nos filmes deste diretor, a fotografia e os movimentos de câmera estão impecáveis, excelentes. E no meio de tanta confusão temporal, onde pessoas que se movem pro passado se encontram com pessoas que se movem normalmente (!!!???), há algumas cenas de ação plasticamente bem diferentes e belas. Mas as qualidades param aí.

Até no som Nolan perde a mão como nunca: o filme tem uma trilha sonora pesada (de novo), muito barulhenta, repleta de marchas pesadas e agitadas. Com isso Tenet fica com um "clímax" gigante de 2h30min... é um martírio assistir. Fora que todos seus personagens falam de maneira rápida, curta e grossa. É pro espectador não conseguir respirar e entender o que está acontecendo. Aliás, faz sentido: se nem mesmo o próprio diretor/roteirista conseguiu dar coerência nas regras que criou (e ao longo do filme novas regras são apresentadas constantemente, até chegar a um ponto que eu simplesmente resolvi não me esforçar mais pra entender), claro que ele vai tentar esconder seus erros do público!

Tenet é tranquilamente o pior filme de toda a carreira de Christopher Nolan. E sei que se já desagradei os Nolanzetes em críticas passadas, estou desagradando mais uma vez neste momento. Afinal, não há limites para os fanáticos defenderem seus ídolos. Nota: 4,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...