sábado, 31 de dezembro de 2016

Crítica - Passageiros (2016)

Título: Passageiros ("Passengers", EUA, 2016)
Diretor: Morten Tyldum
Atores principais: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Laurence Fishburne
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=j30Rwlm75KM
Nota: 6,0
Boa ficção científica derrapa em seu final

Passageiros é um filme que mistura romance com ficção científica. Na história, em algum momento indeterminado do futuro, a nave espacial Avalon transporta em modo automático mais de 5000 passageiros em uma viagem de 120 anos para "Homestead", um novo e remoto planeta. Porém, graças a um mal funcionamento, dois passageiros despertam de suas câmeras de hibernação 90 anos antes do destino final, o que os deixa "condenados" a morrerem sozinhos de velhice durante a viagem.

Contando com imagens espaciais muito bonitas e com uma trilha sonora muito bem utilizada, a maior qualidade de Passageiros reside na discussão sobre dramas humanos (como em qualquer boa ficção científica que se preza), em especial a solidão e a ética. Na maioria do tempo o roteiro é equilibrado, crível e envolvente... ainda que tenha algumas passagens repetidas, alongando desnecessariamente a história.

O trio "vivo" da nave (os humanos vividos por Jennifer Lawrence e Chris Pratt, e o androide vivido por Michael Sheen) se envolvem em diálogos e situações interessantes e bem humoradas. Os três atores também atuam muito bem, acrescentando qualidade ao filme.

Porém chegando ao final de sua história, Passageiros decepciona bastante. Lembra do mal funcionamento que citei no começo? Ele é o gatilho para eventos que culminam no clímax do filme. E neste momento, a história simplesmente joga fora todo o debate até então e se transforma em um filme de ação completamente inverossímil e com várias tecno-baboseiras. E para piorar, no meio desta correria sem pé nem cabeça, houve espaço para encaixar diversos clichês de filmes de romance irritantemente melosos e incoerentes.

Uma pena. Ainda que valha seu ingresso, Passageiros desperdiça um começo bastante promissor em troca de uma miscelânea de diversos gêneros de filme (sem se aprofundar em nenhum deles) e um final hollywoodiano. A dúvida que fica é se este desfecho decepcionante é culpa do roteirista ou dos produtores. Nota: 6,0

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crítica - Rogue One: Uma História Star Wars (2016)

Título: Rogue One: Uma História Star Wars ("Rogue One", EUA, 2016)
Diretor: Gareth Edwards
Atores principais:  Felicity Jones, Diego Luna , Riz Ahmed, Ben Mendelsohn, Forest Whitaker, Mads Mikkelsen, Donnie Yen, Jiang Wen
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=9oISQcXuki0
Nota: 6,0
Muita "Guerra" e pouco "nas Estrelas"

Para quem não está muito familiarizado com o universo de Star Wars, incio com uma explicação: até agora a franquia já teve 7 filmes (Os Episódios de I ao VII), que são continuações de uma única grande história. Já Rogue One: Uma História Star Wars é o primeiro filme derivado da série: uma história fechada com começo, meio e fim; e que cronologicamente se passa imediatamente antes do Episódio IV.

Na história, a Aliança Rebelde descobre que o Império está construindo uma arma tão poderosa que é capaz de destruir planetas. É então que os rebeldes "convocam" a jovem Jyn Erso (Felicity Jones) para ajudá-los a impedir que a arma seja finalizada. Erso é uma pessoa importante para a Aliança pois ao mesmo tempo que ela é filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen) - o cientista por trás da construção da tal super-arma - ela também é amiga de Saw Guerrera (Forest Whitaker), um líder separatista cuja facção seria essencial na luta contra o Império.

Quando o primeiro filme de Star Wars surgiu em 1977 - justamente o Episódio IV - ele foi um estrondoso sucesso de público pois reunia características difíceis de se encontrar nos cinemas da época: alucinantes batalhas entre naves no espaço; empolgantes duelos de sabres de luz, e uma espécie de "religião" baseada em uma Força universal que conecta todos os seres vivos... e que concede super-poderes.

39 anos depois surge o filme Rogue One: Uma História Star Wars e ele não traz para as telas nenhuma destas três características tão essenciais para a franquia. O que sobra então? Guerra, guerra e mais guerra. Um filme em que a grande maioria das batalhas são em terra, usando pistolas, metralhadoras, bombas e até lança mísseis. É praticamente um filme de guerra dos anos 2000 com os soldados vestindo roupas esfarrapadas (no caso dos rebeldes), ou lustrosas armaduras metálicas (no caso dos imperialistas). Rogue One só lembra Star Wars de verdade em seus 15 minutos finais, que aliás são de longe o melhor pedaço desta produção.

Apesar da grande descaracterização da franquia, a história em si não é ruim. Funciona como um bom filme "padrão" do gênero de guerra, com boas cenas de ação. Sua única e maior novidade é trazer para Star Wars pela primeira vez uma guerra "de verdade". Muito longe das batalhas "limpas" da trilogia clássica onde os rebeldes apenas se defendem, em Rogue One os soldados da Aliança atacam desesperadamente seus inimigos, com táticas as vezes nada heroicas que estão entre a guerrilha e o terrorismo.

Apesar de uma trama interessante, o roteiro padece com vários problemas estruturais. Contando a história de maneira sempre apressada e com muitos cortes, o desenvolvimento dos personagens é pífio. É praticamente impossível sentir empatia com qualquer pessoa de Rogue One. O único personagem que possui algum carisma - o lutador cego de "kung-fu" Chirrut (Donnie Yen) - parece estar em filme errado: ele faz muito mais sentido dentro do universo de filmes como O Tigre e o Dragão (2000), do que Star Wars.

Dizem os produtores que o filme possui muitos minutos que foram cortados na edição final. A questão é que dentro das 2h14min de Rogue One daria tempo para desenvolver vários personagens... isto se eles não tivessem optado por gastar espaço para mostrar centenas de fan services. Temos participações especiais - dentre muitas outras - de R2-D2, C-3PO, o senador Bail Organa, Darth Vader, Cornelius Evazan, a Princesa Leia e o Governador Moff Tarkin; sendo estes dois últimos imagens feitas por computador que não me convenceram como atores reais.

Tecnicamente, Rogue One também falha em vários aspectos. É verdade que o filme aproveita para trazer imagens belíssimas de planetas e outros objetos espaciais. Entretanto, na maior parte do tempo as imagens são em ambientes apertados e fechados, exagerando nos closes no rostos dos atores e desfocando todo o ambiente ao fundo. Sinceramente, em pleno ano de 2016 vender um filme em 3D com tanta limitação de foco (em 3D "de verdade" não há a necessidade do plano ao fundo perder foco porque afinal de conta as imagens são em... 3D!) é um insulto ao público.

Outro ponto fraco de Rogue One é sua trilha sonora. Pela primeira vez o mestre John Williams ficou de fora de um filme de Star Wars e ele fez muita falta. Para piorar, o trabalho de seu substituto Michael Giacchino foi prejudicado por problemas de cronograma - ele teve apenas quatro semanas e meia para compor toda a música do filme - e o resultado foi uma trilha fraquíssima.

Apesar dos muitos problemas, Rogue One: Uma História Star Wars ainda consegue entreter. Seria ele, entretanto, uma obra relevante para a franquia de Star Wars? A resposta: sim, embora não tanto. O filme deixa três legados importantes na mitologia: consegue "corrigir" um grande furo de roteiro relacionado a Estrela da Morte, dá uma explicação aceitável para a mira ruim de todos os stormtroopers, e nos apresenta de maneira bem mais clara o quanto a situação da Aliança Rebelde era desesperadora (isto é mais detalhado no universo expandido, mas foi pouco mostrado nos outros filmes). Nota: 6,0

domingo, 18 de dezembro de 2016

Crítica - A Vingança Está na Moda (2015)

Título: A Vingança Está na Moda ("The Dressmaker", Austrália, 2015)
Diretor: Jocelyn Moorhouse
Atores principais:  Kate Winslet, Judy Davis, Liam Hemsworth, Hugo Weaving, Sarah Snook
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=n5K4LSViFds
Nota: 5,0
Filme australiano se perde na mistura de assuntos

Com direção, produção e atores Australianos - com o reforço dos britânicos Kate Winslet e Hugo Weaving - A Vingança Está na Moda estreou no Brasil em maio em número reduzidíssimo de salas e mesmo já estando disponível para compra em sites de streaming seu trailer voltou aos cinemas... será que ele voltará às telonas em breve?

Na trama, a agora estilista Tilly Dunnage (Kate Winslet) retorna após mais de uma década a sua cidadezinha natal, de onde fôra "expulsa" quando criança por supostamente ter assassinado seu colega de escola Stewart Pettyman. Confusa e esquecida sobre os eventos do passado, Tilly volta para descobrir se afinal é uma criminosa ou não.

Diferente do tradicional, o roteiro de A Vingança Está na Moda aborda quatro temas em paralelo: a investigação sobre o crime passado; a transformação das pessoas através da moda (esta parte do filme é bem focada no universo feminino); o desejo de vingança da protagonista; e por fim, o romance de Tilly com Teddy McSwiney (Liam Hemsworth).

Como se pode ver pelo parágrafo anterior, Tilly não tem a menor idéia do que quer fazer, em como agir, ou no que colocar seu foco. E por mais que esta "confusão" seja algo que muitas pessoas passam na vida real, ela não deveria atingir a execução do filme, que parece ter sido contagiado pela mente de sua heroína: nenhum dos quatro temas se resolvem de maneira satisfatória ou se mesclam de maneira natural.

Tanto a investigação do crime quanto as ações vingativas de Tilly se resolvem de maneira inverossímil e decepcionante; o "universo feminino" é abandonado no meio da projeção; e finalmente, não há química nenhuma entre Tilly e Teddy. Kate Winslet e Liam Hemsworth estão interpretando personagens que possuem a mesma idade; entretanto, mesmo continuando belíssima, Kate é claramente bem mas velha que Liam e eles simplesmente não combinam juntos. Para piorar, Liam atua muito mal: sem carisma, o irmão mais novo de Thor passa o filme todo com apenas uma expressão no rosto, a de "apaixonado abobalhado".

De bom mesmo em A Vingança Está na Moda apenas a atuação de Kate Winslet e algumas reviravoltas inesperadas no roteiro, quebrando um pouco a monotonia de dezenas de clichês que aparecem ao longo do filme.

A Vingança Está na Moda tem alguns momentos divertidos, mas em geral, lhe falta coerência e identidade. Seria o filme um drama? Um romance? Uma comédia? A história flerta com todos estes gêneros mas não convence em nenhum deles. Nota: 5,0.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Crítica - Sully: O Herói do Rio Hudson (2016)

Título: Sully: O Herói do Rio Hudson ("Sully", EUA, 2016)
Diretor: Clint Eastwood
Atores principais: Tom Hanks, Aaron Eckhart, Laura Linney, Valerie Mahaffey, Mike O'Malley, Jamey Sheridan
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=9n6hcBc4bgE
Nota: 6,0
Mais na terra que no ar, acidente aéreo fica em segundo plano

Em uma época em que o assunto acidentes aéreos ainda está bem vívido no cotidiano do brasileiro, chega as cinemas Sully: O Herói do Rio Hudson, baseado no livro-biografia Highest Duty escrito por Chesley "Sully" Sullenbergerde, o piloto que em janeiro de 2009 realizou o "milagre" de pousar em pleno Rio Hudson, na cidade Nova York, um avião de passageiros que havia perdido todos seus motores. Se trata da primeira parceria de Clint Eastwood, na direção, com Tom Hanks, que interpreta o protagonista "Capitão Sully".

Sim, Sully pousou heroicamente um avião em pane em cima de um rio. Mas teria sido mesmo uma manobra necessária? Pousar em água é dificílimo, muito arriscado, e com dois aeroportos bem próximos ao local da queda, não teria sido muito mais seguro para todos o piloto guiar seu veículo até um destes locais? É a investigação que tenta responder esta pergunta a base deste filme.

Acontece que a "história da vida" de Sully é baseada em um incidente muito rápido, que durou apenas 206 segundos (número que aliás aparece várias vezes no roteiro). E a tal investigação posterior, também foi rápida e direta. Como preencher 1h30min de filme com tão pouco material? É este o grande problema de Sully: O Herói do Rio Hudson.

Roteiro e direção fazem um trabalho muito bom para "esticar" o filme, trazendo uma narrativa não-linear, mostrando flashbacks... e desta maneira "distraindo" com sucesso o espectador. Sóbrio e direto, foi uma grande satisfação para mim ver que o filme de Clint Eastwood não apelou para trilha sonora piegas - a trilha é quase imperceptível - ou para clichês e frases de efeito para tornar o filme mais "elevado emocionalmente". Ainda assim, apesar do bom trabalho técnico e de produção, Sully: O Herói do Rio Hudson é um filme "apenas" interessante, sem contar com grandes surpresas ou emoções.

Fora o ato heroico em si - que aconteceu na vida real, e com isto eleva bastante o filme - não há muitos outros atributos em Sully. Ainda assim, há de ser elogiada a fotografia excelente de Tom Stern (parceiro costumeiro do diretor) e a boa atuação de Tom Hanks, que contrasta com a esquecível presença de todos os coadjuvantes em tela.

Muito mais sobre o que acontece em terra do que no ar, Sully: O Herói do Rio Hudson é um reflexo do seu protagonista na vida real: heroico e comedido. Nota: 6,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...