terça-feira, 31 de março de 2020

Star Trek: Picard (2020) - Crítica da Primeira Temporada


Antes, um pouco de história: o ano de 2005 foi um ano triste para os trekkers, com o cancelamento do mediano Enterprise. Afinal, era a pela primeira vez desde 1987 que a franquia Star Trek deixava de ter conteúdo inédito (leia-se: seriados) exibido nas TVs.

Depois de mais de 10 anos de ausência, surgiu uma nova tentativa, com Star Trek: Discovery em 2017. Com efeitos visuais excelentes e um começo promissor, o seriado me decepcionou bastante ao trazer basicamente um único assunto (uma guerra entre a Federação e os Klingons), além de um grupo de personagens absolutamente chatos e desinteressantes. O resultado é que não consegui ir além do começo 2a temporada. O seriado ainda continua em produção, com a 3a temporada prevista ainda para 2020.

Então chegamos a Star Trek: Picard, que estreou poucos meses atrás, e que tem como maior atração o retorno de Patrick Stewart em seu papel mais famoso, o capitão (e posteriormente Almirante) Jean-Luc Picard, o que não acontecia desde 2002 com o filme Nêmesis.

Já começo pelo veredito: Star Trek: Picard é melhor que Star Trek: Discovery. Mas ainda assim é outro seriado da franquia que, no melhor dos casos, posso classificá-lo como "mediano".

Na história da vez, que ocupa todos os 10 episódios da primeira temporada, Picard sai de sua aposentadoria para salvar Dahj, uma androide visualmente idêntica aos humanos, que está sendo caçada por uma seita secreta de Romulanos, os Zhat Vash, que querem assassiná-la. Curiosamente, Star Trek: Picard traz para dentro do cânone um fato futuro citado no filme reboot "Star Trek" (2009), que é a destruição do planeta Romulus por uma supernova: achei um toque bacana, ao reforçar a coesão que existe entre os universos pré e pós reboot.

A premissa não é de todo ruim, já que no final da trama conduz a um interessante debate sobre o quanto as vidas artificiais são mesmo "vidas", e se são tão importantes como a vida biológica. Discussão, entretanto, já abordada diversas vezes por Picard e sua trupe dentro do universo de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Mas o maior problema da trama nem é sua qualidade, ou sua falta de originalidade, e sim, seu tamanho: embora a temporada tenha 10 episódios, para a história que apresentaram metade disso já era suficiente.

E ironicamente, até daria para a produção de Star Trek: Picard "enrolar" na trama sem prejudicar o seriado... afinal, a série traz alguns novos personagens bem interessantes, e até tentam desenvolvê-los... mas o fazem de maneira muito chata e repetitiva. Tramas paralelas verdadeiramente interessantes com os personagens coadjuvantes "poderiam" tornar a história melhor.

Outro ponto que me incomodou é como Picard volta... Primeiro porque ele retorna velho, fisicamente limitado... e embora isto faça parte da "velhice", não é algo que encaixa bem na franquia, que sempre tem um otimista foco no futuro. Mas principalmente, a maior falha é que Jean-Luc está exageradamente ingênuo. Ocorrem alguns acontecimentos na trama que fariam o "verdadeiro" Picard bem desconfiado do que lhe apresentam; mas nesta série ele parece aceitar tudo.

O que melhor funciona em Star Trek: Picard é a sua nostalgia, quando ele reencontra seus antigos amigos. Não a toa, o melhor episódio da primeira temporada é justamente quando ele reencontra Riker (Jonathan Frakes) e Deanna Troi (Marina Sirtis). A participação da antiga personagem Sete de Nove (Jeri Ryan) também é bastante legal. Mas, em outras palavras, a única maneira que vejo para alguém gostar desta temporada, é necessariamente ter acompanhado e gostado de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração.

Não gostei do desfecho dado à Picard na conclusão da série. A conclusão é emocionante (as vezes até demais, sendo piegas), aceitável, mas o destino de Jean-Luc não. Em contrapartida outro personagem antigo recebe sua conclusão - desta vez uma boa, que é um dos pontos altos da série - e retifica uma bobagem do filme Nêmesis.

Star Trek: Picard já teve uma 2a temporada anunciada e, apesar de todos os problemas aqui citados, tenho otimismo de que será uma boa temporada: a série e seus personagens ainda têm bastante potencial.

E que a 2a temporada resgate o que eu considero o "principal" em Star Trek: a exploração espacial, a busca pelo desconhecido, pela aventura... mal vimos isto em Star Trek: Discovery e em Star Trek: Picard. Tristemente, o seriado atual que mais se aproxima dos tempos dourados da franquia é um que não faz parte do universo de Jornada nas Estrelas: falo de The Orville, que também terá sua 3a temporada ainda este ano.

quinta-feira, 26 de março de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Poço (2019) e Jóias Brutas (2019)


Outros dois filmes de produção Netflix, um que estreou semana passada, e outro do começo de 2020.  Em comum, ambos são filmes "pesados" e polêmicos, além de que os dois foram sucesso de visualizações na plataforma. Mas isso não significa que você que está lendo aqui já assistiu ambos rs.  Portanto, apresento a vocês O Poço e Jóias Brutas!


O Poço (2019)
Diretor: Galder Gaztelu-Urrutia
Atores principais: Ivan Massagué, Zorion Eguileor, Antonia San Juan, Emilio Buale, Alexandra Masangkay, Zihara Llana

O Poço é um filme espanhol que mistura suspense, ficção cientifica e terror. O filme se passa numa espécie de prisão muito bizarra: uma torre subterrânea com centenas de salas, uma sala por andar, e cada andar com apenas 2 pessoas.

O problema é como os alimentos são distribuídos aos detentos: através de uma enorme plataforma, inicialmente repleta de comida da mais alta qualidade, que vai descendo andar por andar, mas nunca sendo renovada. O que significa se você está nos primeiros andares, comerá como um rei; se estiver lá pelo 50o andar, comerá o resto do resto; se estiver abaixo do 100o andar, não irá comer mais absolutamente nada, já que certamente não sobrou nenhum alimento. Piorando (ou não) o cenário, ao término de cada mês todas as pessoas são aleatoriamente remanejadas para outros andares. Então é muito comum você estar no topo em um mês, e nos andares mais baixos no outro. E vice-versa.

Eu diria que O Poço é uma mistura do clássico cult Cubo (1997) com o famoso filme coreano Expresso do Amanhã (2013), porém superior a ambos. É superior ao Cubo pois consegue passar uma sensação de "morte iminente" de maneira muito mais forte, porém visualmente de maneira menos explícita. E é superior ao Expresso do Amanhã por conseguir fazer sua metáfora sobre duelo de classes de maneira muito mais visceral e realista.

Há muito debate sobre qual a mensagem que O Poço quer passar: seria uma crítica ao capitalismo? Ou uma crítica aos governos e políticos em geral? Eu não vou tanto nestas interpretações e simplifico meu entendimento com uma afirmação: sempre que houver uma sociedade dividida em diferentes classes, teremos conflitos e péssimos comportamentos, e em todas as classes.

Ah, e não posso deixar de comentar que há algumas "pistas" no filme que me fizeram pensar que nada do que vimos aconteceu no mundo real... neste caso, o filme se passaria dentro de algo como o Inferno ou Purgatório. E esta é só mais uma interpretação possível.

O Poço não é um filme "agradável" de assistir, já que é um "soco no nosso estômago", mas ainda assim é excelente, muito bem feito, seu clima de tensão e suspense te gruda na frente da tela até sabermos como o filme irá se concluir. A conclusão aliás, é satisfatória porém um pouco mais "em aberto" do que eu gostaria. Não sou contra finais abertos (aliás até os aprecio, já que eles geram discussões posteriores), mas mesmo assim eu adicionaria alguns minutos após o final para dar algumas explicações.

Em uma época de quarentena onde pessoas vão ao supermercado e egoisticamente acabam com toda a comida, máscaras e álcool gel disponíveis, O Poço é um filme atualíssimo e que nos traz muita reflexão. Nota: 8,0


Jóias Brutas (2019)
Diretores: Benny Safdie, Josh Safdie
Atores principaisAdam Sandler, Julia Fox, Kevin Garnett, The Weeknd, Idina Menzel, Paloma Elsesser, Lakeith Stanfield, Eric Bogosian, Keith Williams Richards, Judd Hirsch

Jóias Brutas é um suspense policial de ritmo frenético, eletrizante. Na história, acompanhamos a vida de Howard Ratner (Adam Sandler), um joalheiro endividado devido seu incontrolável vício em apostas. O filme começa quando ele obtém uma valiosa pedra Opala bruta, cuja venda poderá resolver seus problemas financeiros.

O filme é violento, sarcástico, de roteiro caótico, o que faz todo sentido já que isto reflete totalmente os pensamentos do personagem principal.

Jóias Brutas ficou famoso no meio cinematográfico pela expectativa de que este seria o filme que daria a Sandler uma indicação ao Oscar na atuação. E ainda que ele tenha vencido vários prêmios com este seu desempenho, não rolou... a indicação não veio e o ator expressou publicamente seu desgosto.

Em minha opinião, Adam Sandler manda bem no papel, convence com sua atuação. Ainda assim, fiquei um pouco decepcionado: não considero sua interpretação muito "difícil"; basicamente, ele passa 2h demonstrando apenas uma emoção, que é estar alucinado/bravo xingando as pessoas.

E é exatamente pelo personagem principal ser tão "desagradável" que entendo que Jóias Brutas não é para qualquer público: alguns vão gostar, e outros odiar. No meu caso, pra variar, ficou no meio termo. Achei um filme bom e interessante, mas sem me empolgar. Nota: 6,5.

sábado, 14 de março de 2020

Dupla Crítica - O Farol (2019) e Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)


Mais dois filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2020 e que ainda não tinham aparecido no Cinema Vírgula. E um deles, a meu ver, merecia ter ganho múltiplas indicações ao Oscar, o que injustamente não aconteceu. Confira ambas as críticas!


O Farol (2019)
Diretor: Robert Eggers
Atores Principais: Robert Pattinson, Willem Dafoe, Valeriia Karaman, Logan Hawkes

O jovem diretor e escritor Robert Eggers de (atuais) 36 anos chamou bastante a atenção do mundo com seu longa metragem de estréia, o terror A Bruxa (2015). Particularmente, não gostei do filme, mas ganhou meu respeito por ser diferente do padrão atual.

Quatro anos depois, agora contando com atores mais talentosos e famosos, Robert volta com O Farol, filmado em preto-e-branco e com a tela numa proporção mais "quadrada" (em 19:16), resolução dos cinemas entre os anos 1926 e 1932. E ele voltou com uma obra muito melhor e impressionante!

Na história, situada pouco antes dos anos 1900, o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) chega em uma ilha isolada para ajudar o velho faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) com seu trabalho. Não demora muito para que, devido o isolamento, a dupla começe a se estranhar. E a tensão entre ambos só piora com os constantes delírios de Ephraim e o comportamento misterioso de Thomas.

De certa forma, O Farol me lembrou um bocado do filme Mãe (2017), de Darren Aronofsky. Ambos são visualmente fantásticos e perturbadores, trazem grandes atuações, terror psicológico, e contam uma história simplória porém repleta de metáforas e símbolos. Porém O Farol consegue ser bem superior; primeiro por focar mais na história do que na própria produção, segundo porque todas suas metáforas e símbolos PODEM não ser metáforas... ao contrário de Mãe, onde tudo é didaticamente explícito sem deixar dúvidas, na história de O Farol tudo está em aberto: estamos diante da história de dois deuses da mitologia grega (veja a explicação no final deste post), ou de dois marinheiros comuns da vida real? O quanto do filme é delírio e o quanto são fatos que ocorreram? Quão mentiroso é o personagem de Willem Dafoe? Não sabemos nenhuma destas respostas, e é nisso que o filme se torna ainda melhor.

Misturando conceitos de conceitos de Edgar Allan Poe, Psicologia e Mitologia Grega, O Farol é outro filme bem diferente e um pouco difícil de assistir; mas agora sim Robert Eggers me convenceu: já estou ansioso para ver seu próximo filme. Nota: 8,0.


Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa (2020)
Diretora: Cathy Yan
Atores principais: Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Ella Jay Basco, Chris Messina

Aves de Rapina estreou e fez considerável barulho; porém não pelo filme em si, mas sim porque foi um fracasso de público e crítica. Sendo que o culpado pela falta de público foi o "nome" do filme (por ser muito grande e não focar só na Arlequina) e o culpado pelas avaliações ruins foi o "machismo".

E discordo de ambas as afirmações acima, feitas pela dona Warner, claro: Aves de Rapina foi mal de público e crítica porque é um filme no máximo mediano, com um roteiro genérico e raso, e personagens muito mal condizidos e aproveitados.

Há um ponto positivo em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa: as cenas de luta. Elas parecem bem reais e certamente exigiram bastante de todas as atrizes, o que leva minha admiração e respeito. Mas por melhor atriz que você seja, não dá para fazer milagre com um roteiro tão ruim.

Roteiro, alias, escrito por uma mulher: Christina Hodson; cujo "melhor" e mais conhecido trabalho foi o roteiro de Bumblebee (2018). Sério, gente? Um filme tão importante quanto esse para o público feminino e para o Universo DC dos cinemas, e a Warner traz a pessoa que escreveu Bumblebee? Aí não dá...

Ironicamente, a principal falha do filme é justamente ser mais "Arlequina" do que "Aves de Rapina". A srta Harley Quinn não nasceu para ser protagonista (aliás, o próprio personagem fala isto no filme), e então ela deveria dividir o espaço igualmente com as demais heroínas no filme, o que não acontece. Rosie Perez, como Renee Montoya até aparece um pouco; mas já o que fazem com Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro) causa um misto de pena e revolta.

Pelo menos o filme possui um ritmo bem acelerado e é bem humorado, o que torna a experiencia de assistí-lo próximo do agradável. Aves de Rapina não chega a ser uma enorme "bomba", mas mais uma vez é uma enorme oportunidade disperdiçada pela Warner. Nota: 5,0.



PS - explicação sobre o filme "O Farol": uma possível interpretação para o filme é que o personagem de Dafoe seja o deus grego Proteu; já o personagem de Pattinson seria o deus Prometeu.

domingo, 8 de março de 2020

Especial Dia Internacional da Mulher: Lucille Ball e seu enorme legado para a cultura POP


Se você possui menos de 30 anos, dificilmente reconhecerá o seriado (e a protagonista) da imagem acima. Se trata de uma sitcom dos anos 50 de nome I Love Lucy, e a atriz... é Lucille Ball.

Para o grande público, "Lucy" sempre será a esposa de classe média inocente e muito atrapalhada do seriado. Mas o que poucos sabem é que Lucille Ball revolucionou a TV e chegou a ser a mulher mais poderosa da TV estadunidense em seu tempo. Nada mais apropriado então, neste Dia Internacional da Mulher, conhecer um breve resumo de sua história e seu legado.

Nascida em Agosto de 1911 como Lucille Désirée Ball, esta nova iorquina iniciou sua carreira de atriz na Broadway nos início dos anos 30, década onde também faria pequenas pontas em alguns filmes. Já na década de 40 ela assinaria com a MGM, fazendo dezenas de filmes e alcançando fama nacional, ainda que só conseguisse ser protagonista em "filmes B". "Lucy" também passou por diversos programas de rádio, e em 1948 ela fez um enorme sucesso com o programa My Favorite Husband, da rádio CBS.

I Love Lucy
Não demorou muito para que a CBS quisesse levar seu sucesso dos rádios para a TV. Porém, para fechar contrato, Lucille Ball bateu o pé e disse que só aceitaria o programa se ele fosse co-protagonizado por seu marido, o cubano Desi Arnaz. Porém os executivos da CBS não acreditavam que o público aceitasse um casal formado por uma tradicional ruiva americana e um cubano de forte sotaque latino.

A dupla não desistiu: com dinheiro próprio, fundaram a primeira produtora independente da TV, a Desilu Productions ("Desi" do marido + "Lu" de Lucille...  quanta criatividade não?) e gravaram um episódio piloto. E mais uma vez, a CBS não se convenceu. Então Lucille e Desi resolveram promover seu potencial seriado fazendo um tour pelos EUA apresentando os personagens em teatros. Com o sucesso da turnê, enfim a CBS aceitaria fazer o programa com a dupla: em 1951 estreava nas TVs o seriado I Love Lucy.


Durante suas 6 temporadas, I Love Lucy venceu 5 Emmys e foi "o" programa de TV mais assistido nos EUA por 4 anos. Lucille Ball se consagraria como grande comediante não somente pelas piadas do seu seriado, mas principalmente pelas suas "caretas" e comédia física.

Fazendo História
I Love Lucy foi mais do que um grande sucesso comercial. Ele foi revolucionário. Para começar, ela e Desi formaram o primeiro casal inter-racial da TV dos EUA. Aliás, quando seu programa estreou, Lucille tinha 40 anos, na época uma idade muito alta em mulheres para os padrões de Hollywood. No ano seguinte Lucy engravidaria na vida real e o casal convenceu a CBS a levar a gravidez para as telinhas, com ela se tornando então a primeira atriz na história da TV a interpretar uma gestante estando grávida de verdade.

Mas I Love Lucy também mudou a maneira como se fazia seriados nos EUA: sendo avessos a se mudarem de sua casa em Los Angeles para Nova York (onde as principais séries de TV eram feitas na época, e no caso das sitcoms, todas "ao vivo"), Lucille e Desi resolveram pagar do próprio bolso para fazer o show em LA e gravarem os episódios em fitas de filme: uma criativa maneira para garantir a exibição por todo país com qualidade nas imagens. Por serem eles mesmos seus próprios financiadores, a Desilu recebeu como "compensação" da CBS ter os direitos do seriado.


E não para por aí: o formato tradicional (até hoje) das sitcoms, onde os atores ficam em um pequeno cenário, filmado por múltiplas câmeras e diante de uma platéia real de fãs foi inaugurado por I Love Lucy! O seriado foi filmado por 3 câmeras simultâneas, o que permitia cortes e edição por ângulos diversos. Antes de I Love Lucy o padrão era ter câmera única e sem platéia nenhuma.

Em uma tacada só Lucille Ball e sua produtora iniciaram o processo que mudou o local de produção, o modo de produção, e a maneira de distribuição dos seriados estadunidenses.

Jornada nas Estrelas
Em 1960 Lucille encerraria seu casamento de 20 anos com Desi Arnaz e compraria a participação do ex-marido na Desilu por US$ 2,5 milhões, se tornando então a primeira mulher da história a ser dona única e CEO de uma produtora grande de TV.

Com seu estúdio procurando por ideias inovadoras para seriados, em 1964 lhe foi apresentado o Jornada nas Estrelas (Star Trek), de Gene Roddenberry. Acreditando no potencial da série, Lucille foi contra a opinião da Diretoria de seu estúdio e autorizou a caríssima produção de um episódio piloto, a ser apresentado para a emissora NBC. Infelizmente a NBC recusou o programa, mas de modo surpreendente, aceitou uma segunda tentativa. Eis então que mais uma vez Ball foi contra a opinião de sua Diretoria e bancou a produção do segundo piloto, este enfim aceito pela NBC.


Em 1967 - após a exibição apenas da primeira temporada de Star Trek - "Lucy" venderia 100% de seu estúdio para a Paramount Pictures, por US$ 17 milhões (130 milhões nos padrões atuais). Mas sua imprescindível contribuição para Jornada nas Estrelas já estava feita.

Ah, e lembra de que 1964 a Desilu procurava por novas idéias de seriado? Pois eles também encontraram e criaram Missão: Impossível. Assim como Jornada nas Estrelas, Missão: Impossível também estreou nas TVs em 1966; e também se tornou um enorme sucesso mundial.

Curiosidade: além da Desilu, sabem o que mais Jornada nas Estrelas e Missão: Impossível têm em comum? Leonard Nimoy! Pois é: assim que Star Trek foi cancelado, o eterno Spock foi para o Missão Impossível, onde participou de 2 temporadas.


As últimas décadas... e a despedida
Após a venda de seu estúdio, Lucille também pretendia se despedir de seu segundo seriado de sucesso, The Lucy Show, que durou de 1962 a 68 e já não contava com a participação de Desi Arnaz. Porém, com a promessa de ter seus dois filhos reais no elenco (Lucie Arnaz e Desi Arnaz Jr.), Lucille voltou para a TV no mesmo ano com uma nova sitcom, de nome Here's Lucy. Com 6 temporadas, o seriado foi exibido entre 1968 a 1974.

Here's Lucy também foi muito bem de audiência, porém durante sua quinta temporada, em 1973, o seriado já não aparecia entre os 15 programas mais assistidos da TV dos EUA: era a primeira vez que isto acontecia com qualquer um dos programas de "Lucy" como protagonista. Tendo passado mais de 20 anos fazendo esta personagem, Lucille quis encerrar seu programa aí mesmo; porém foi convencida pela CBS a fazer mais uma - e última - temporada.

Após o fim de Here's Lucy, Ball continuou presente na TV até 1985, porém fazendo apenas pequenas apresentações ou sendo a apresentadora de especiais de comédia. Em 1986 viria seu último ato: a comédia Life with Lucy, onde ela retornaria com sua personagem máxima pela última vez, aos 74 anos. Infelizmente o programa foi um fracasso de audiência e teve apenas 13 episódios.

A grande Lucille Ball morreria em Abril de 1989, aos 77 anos, apenas 1 mês depois de sua última aparição pública - no Academy Awards (o "Oscar") de mesmo ano - onde o público todo se levantou e a aplaudiu em pé. Muitíssimo merecido! Obrigado por tudo, Lucille!


Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...