sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok (2017)

TítuloThor: Ragnarok ("Thor: Ragnarok", EUA, 2017)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Idris Elba, Jeff Goldblum, Tessa Thompson, Karl Urban, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Taika Waititi
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=UvNnqWLruXA
Nota: 8,0
Disparado o melhor filme de Thor, ainda que em modo "Os Trapalhões"

Os indícios estavam lá: trailers repletos de piadinhas, um diretor especializado em comédias (o neozelandês Taika Waititi). Após dois filmes apenas medianos, com história sombria e paleta de cores que praticamente só tinha cinzas, Thor: Ragnarok é mais do que qualquer outra coisa uma comédia de ação. E a boa notícia: a mudança de estilo funcionou!

Na história, a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) desperta e decide conquistar Asgard, casa de nosso herói. Após ser "jogado" no planeta "lixo" Sakaar após o primeiro embate com a vilã, Thor é obrigado a virar um gladiador, onde encontra seu amigo Hulk (Mark Ruffalo). A missão de Thor passa a ser escapar do planeta e convencer Hulk a ajudá-lo a salvar seu povo.

O primeiro ato do filme, onde são apresentados todos os personagens da trama, chega a ser um bocado sério e sombrio. Por isto mesmo, as piadas que aparecem nesta etapa de Thor: Ragnarok mais incomodam do que agradam, pois estragam o clima de ameaça que o herói precisa enfrentar.

Porém no segundo ato, quando Thor cai no planeta Sakaar, aí o filme descamba de vez para o humor. Thor e Hulk se comportam como verdadeiros trapalhões: infantis, idiotas e desastrados. E a dupla está bem acompanhada nas palhaçadas: o vilão Grão-Mestre (Jeff Goldblum), o gladiador estúpido Korg (Taika Waititi)... todos os personagens do planeta Sakaar não se levam a sério.

Por mais que o parágrafo anterior parece que eu esteja criticando Thor: Ragnarok, não estou. Ao se assumir de vez como comédia o filme é divertidíssimo, e o humor acontece de forma orgânica e eficiente. Thor: Ragnarok é sério concorrente ao filme mais engraçado da Marvel até agora, disputando cabeça a cabeça com os dois filmes dos Guardiões da Galáxia.

Thor: Ragnarok também é bem mais "leve" que os filmes anteriores em seu som e imagem. Cenários e vestimentas bastante coloridos, além de uma trilha sonora muito boa, que mistura música clássica, música eletrônica, e ainda, utiliza a canção The Immigrant Song do Led Zeppelin DUAS vezes, com cenas em câmera lenta que remetem a um clipe musical.

E o filme não é só competente na comédia. Thor: Ragnarok também é muito bem feito em termos de cenas de ação. Há sim alguns trechos do filme em que o excesso de efeitos especiais simultâneos na tela atrapalham; mas em geral a ação funciona muito bem. A luta de Thor contra Hulk é ótima; e as lutas com Hela são muito boas também.

Certamente outro ponto a se destacar em Thor: Ragnarok é a qualidade dos atores. A extraordinariamente talentosa e premiada Cate Blanchett é outra ótima aquisição para o Universo Cinematográfico Marvel. E não bastando a constelação de atores e atrizes com destaque no filme (ver a grande lista no "atores principais" no começo da página), desta vez a Marvel / Disney realmente esbanjou, trazendo também para pequenas pontas atores como Benedict Cumberbatch, Sam Neill e Matt Damon.

Até mesmo o roteiro de Thor: Ragnarok merece elogios. Além das boas piadas, a interpretação dos roteiristas para o Ragnarok (o fim do mundo da Mitologia Nórdica, que inclui uma grande batalha que destruiria Asgard e resultaria na morte de diversos deuses) foi uma grata surpresa.

O filme, entretanto, também tem suas falhas. Fora os deslizes do primeiro ato, o seu maior defeito é a longa  - e desnecessária - duração da história dentro do planeta Sakaar. Várias cenas e coadjuvantes poderiam ser cortados, evitando algumas repetições dentro do filme, e principalmente, as exageradas 2h e 10min de duração no total.

Para quem gosta de ação e comédia, é realmente difícil não gostar de Thor: Ragnarok. Entre os possíveis desgostosos do filme, entretanto, listo as pessoas que não conhece previamente os personagens (e acertadamente a história não gasta tempo (re)apresentando-os), e os puristas que não aceitam ver os ultra-sérios Hulk e Thor dos quadrinhos virarem "comediantes". Bem... eu até sinto um pouco de pena do Hulk e Thor dado tanta transformação... Mas, azar deles. O que importa é que me diverti muito! Nota: 8,0


PS: mantendo a tradição dos filmes Marvel, Thor: Ragnarok também traz suas cenas pós-créditos. São duas: a primeira altera um pouco o desfecho do filme e já promove o futuro Vingadores: Guerra Infinita (2018). Já a segunda cena é um dos piores e mais inúteis pós-créditos dos filmes da editora até agora.

PS2: dentre suas comédias, o diretor/escritor/ator/comediante Taika Waititi tem como a mais famosa até agora o filme O que Fazemos nas Sombras (2014), o qual recomendo. Se trata de uma comédia que apresenta um falso documentário sobre vampiros no mundo atual. Diferente e divertido. O filme esteve nos cinemas brasileiros em 2015 e se encontra disponível para assistir na Netflix. Aliás, semana passada Taika anunciou estar planejando estender O que Fazemos nas Sombras em uma franquia: será desenvolvido um spin-off baseado nas aventuras sobrenaturais dos dois policiais do filme; e também, um seriado de TV.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Star Trek: Discovery + The Orville: análise de 2 séries Sci-Fi que estrearam em 2017


Duas séries que bebem da mesma fonte: O Jornada nas Estrelas de Kirk e Spock. Ambas estrearam este ano e acabam de passar pela metade de sua primeira temporada. Após eu ter assistido os seis primeiros episódios de cada uma delas, eis minhas impressões até agora:


The Orville (2017)

Seth MacFarlane, o criador de American Dad, Family Guy e Ted nunca escondeu ser fã de Star Trek e de assuntos relacionados a exploração espacial. Não a toa ele também foi o produtor e desenhista do excelente e obrigatório Cosmos (2014).

Graças a sua fama, MacFarlane conseguiu estrear seu primeiro seriado live-action, The Orville, que nasceu para ser uma comédia parodiando fortemente Jornada nas Estrelas.

Na série, o próprio Seth é o ator protagonista, sendo o Capitão Ed Mercer da nave Orville. Adrianne Palicki como a primeira oficial Kelly, e o fraco ator Scott Grimes como o piloto Malloy completam o trio principal do seriado.

Em seus dois primeiros episódios The Orville foi o que se esperava de uma produção de Seth MacFarlane: uma comédia nonsense de humor duvidoso. Eu já estava desistindo do seriado... porém a partir do 3o episódio a série acertou a mão. Deixou de focar na comédia e passou a focar em questões filosóficas, científicas, morais... tudo como todo bom episódio de Jornada nas Estrelas deveria ser. As piadas continuam, claro... mas são esporádicas.

The Orville, portanto tem sido para mim algo acima do esperado. Do terceiro episódio em diante as histórias tem sido realmente interessantes. A série, entretanto, ainda tem seus defeitos: por ser uma produção de baixo orçamento os efeitos especiais são apenas razoáveis e o elenco, em geral, bem fraco. E até o roteiro - seu ponto forte - ainda tem o que melhorar, ao trazer as vezes um excesso de "ingenuidade" e alguns Deus ex machina.

The Orville é exibido pela FOX estadunidense e ainda não estreou oficialmente no Brasil.


Star Trek: Discovery (2017)

A mais nova encarnação da franquia Star Trek se passa cronologicamente 10 anos antes das aventuras da USS Enterprise de Kirk e Spock. Em sua história, o Império Klingon e a Federação dos Planetas disputam territórios mas ainda não se enfrentam, em uma espécie de guerra fria.

Até que um dia a nave USS Shenzhou acaba por acidente despertando um antigo artefato Klingon. As ações decorrentes deste encontro acabam escalando para um grande confronto entre Federação e Klingons. A partir daí a primeira guerra entre estes dois grupos rivais começa de verdade.

Star Trek: Discovery começou apresentando uma característica diferente das demais séries da franquia, que em geral focam em um grupo de personagens. Aqui temos pela primeira vez algo próximo de um único protagonista, a oficial Michael Burnham (Sonequa Martin-Green).

Falando como um "espectador comum", Star Trek: Discovery é um bom seriado. Sua produção é excelente (os melhores efeitos especiais e design de produção que uma série Star Trek já teve, disparadamente), seus atores principais são muito bons (a protagonista  Sonequa é excelente atriz, além de ser muito bonita), e suas histórias são sólidas e interessantes.

Entretanto, como TrekkerStar Trek: Discovery me traz várias ressalvas. A principal delas é que a série até agora focou-se única e exclusivamente no assunto "guerra". Não há exploração, não há muita ficção científica... guerra (e os dilemas morais e éticos decorrente da mesma) são os únicos pontos abordados.

Outros problemas decorrem da falta de continuidade em relação aos demais seriados. Estamos 10 anos antes das aventuras da Série Original, e ainda assim a nave Discovery apresenta inovações tecnológicas que nem a Enterprise da Nova Geração - cronologicamente séculos no futuro - possuía; o visual dos Klingons é muito mais "bruto e animalesco" do que em qualquer outra encarnação da franquia; e finalmente, a protagonista Michael é apresentada como filha adotiva de Sarek, o que a torna irmã de Spock. Oras: sendo ela irmã (e humana) do orelhudo, não é estranho que o fato não tenha sido comentado em quase uma centena de episódios e filmes que Spock participou? É muito forçado.

Star Trek: Discovery é exibido todas as segundas-feiras na Netflix brasileira.


Conclusão: tanto The Orville quanto Star Trek: Discovery possuem seus problemas de estréia, mas são bons seriados. Enquanto o primeiro possui o "verdadeiro espírito" da franquia, o segundo possui uma qualidade de produção muito maior. O sonho de qualquer Trekker é que no futuro ambos acertem suas arestas e unam o espírito de The Orville com a qualidade técnica de Discovery.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dupla Crítica Filmes Netflix: Onde está Segunda? (2017) e Jerry Before Seinfeld (2017)


Mais dois filmes produção Netflix e recém chegados aqui no Brasil. Confiram as críticas!


Onde está Segunda? (2017)
Diretor: Tommy Wirkola
Atores principais: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari, Christian Rubeck, Pål Sverre Hagen, Cassie Clare

Daqui algumas décadas a superpopulação na Terra é tão dramática que a sobrevivência da humanidade depende da drástica lei de "uma criança por casal". Caso pais possuam mais de um filho, estes vivem até alguns poucos anos, para então serem capturados e mantidos congelados na esperança de serem acordados em um futuro em que o problema esteja resolvido. Neste contexto, Terrence (Willem Dafoe) vê sua filha morrer ao dar luz a 7 meninas gêmeas. Para evitar que as netas sejam congeladas, ele secretamente as esconde e as fazem viver perante a sociedade como se fossem uma única pessoa. Então, quando adultas (todas interpretadas por Noomi Rapace) uma das irmãs sai para trabalhar as Segundas-feiras, outra sempre as Terças-feiras, e assim sucessivamente. Tudo parece funcionar até o dia em que a irmã da Segunda desaparece.

Onde está Segunda? possui furos de roteiro grotescos. Ainda assim, é um filme de ação tão competente, traz uma trama de ficção científica tão atual e interessante, que não consegui deixar de gostar muito dele.

Se o roteiro falha na lógica, é muito bem sucedido em trazer tensão e reviravoltas. Nunca sabemos o que vai acontecer com cada uma das irmãs em cada cena. Noomi Rapace mais uma vez mostra muito talento e versatilidade, e consegue mandar muito bem tanto como atriz dramática como atriz de ação. A nota que darei a seguir é até inferior ao quanto que gostei do filme. Nota: 7,0



Jerry Before Seinfeld (2017)
Diretor: Michael Bonfiglio
Atores principais: Jerry Seinfeld

Fruto de um contrato de exclusividade assinado recentemente com a Netflix, o comediante Jerry Seinfeld volta a se apresentar nos palcos, neste filme que mistura documentário com sua mais recente apresentação de stand up comedy.

No final das contas, Jerry Before Seinfeld mostra pouco documentário  (onde Jerry conta sobre sua infância e sua vida de comediante iniciante, muito antes do sucesso daquela que seria a melhor sitcom de todos os tempos: Seinfeld) e bem mais do seu show, rodado no clube The Comic Strip, em Nova York.

Se você é fã de Seinfeld, vai gostar de conhecer mais "causos" da vida do artista, e rir um pouco de seu stand up - que infelizmente repete algumas piadas que já apareceram no seriado. Já quem nunca assistiu Jerry na vida, irá se deparar com algumas poucas piadas muito boas, e outras, em geral, apenas na média.

Resumindo, independente de qual dos dois tipos de público que você seja, não vai achar Jerry Before Seinfeld algo fora de série, mas é o suficiente para passar o tempo se divertindo. Nota: 6,0

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049 (2017)

TítuloBlade Runner 2049 (idem, Canadá / EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Ryan Gosling, Harrison Ford, Ana de Armas, Robin Wright, Jared Leto, Sylvia Hoeks, Dave Bautista, Carla Juri, Edward James Olmos
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=86XtZMgFziI
Nota: 7,0
Continuação expande e honra o filme original

Como fazer uma continuação de Blade Runner (1982) - uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos - sem produzir uma grande decepção? O diretor canadense Denis Villeneuve encontrou a resposta misturando bom senso e humildade. Sabendo que ele jamais conseguiria superar a trilha sonora de Vangelis, ou mesmo o discurso final de Roy Batty / Rutger Hauer, Villeneuve acertadamente optou por trazer uma história totalmente nova (que não é um reboot), em um filme que possui o mesmo estilo visual e musical da obra original, mas sem tentar copiá-las.

O resultado é uma continuação digna e de ótima qualidade, ainda que não se compare a obra prima da década de 80. Blade Runner 2049 expande o filme original em todos os sentidos, tanto físico (várias novas localidades, vistas aéreas, vários novos personagens), como também na mitologia, explicando em bem mais detalhes o distópico mundo futurista deste universo.

Na história, exatos 30 anos após os eventos do primeiro filme, "K" (Ryan Gosling) é um Blade Runner replicante que durante uma de suas investigações acaba encontrando evidências do que pode ter sido o primeiro bebê gerado via reprodução de outro ser artificial. Então, em uma corrida contra o tempo (mas naquele ritmo mega-lento e contemplativo de Blade Runner, claro), "K" tenta encontrar o bebê antes do empresário maligno Niander Wallace (Jared Leto).

Se no primeiro filme vemos um mundo com os olhos do "humano" Rick Deckard, desta vez conhecemos um futuro sob o ponto de vista de um replicante, "K". Com isto, o dilema principal da franquia - seriam os replicantes seres conscientes e dignos dos mesmos direitos que nós? - ganha nova roupagem. Vemos os replicantes sofrendo preconceito, agindo passivamente como escravos, e em eterna crise existencial. Aliás, o tal dilema acontece em dose dupla, pois "K" se relaciona com um programa de computador que igualmente tenta encontrar sentido para a vida e evitar a própria morte.

O roteiro de Blade Runner 2049 é bastante interessante, possui algumas reviravoltas e surpresas bem bacanas, porém o filme cai um pouco de qualidade em seu ato final. As discussões filosóficas são abandonadas e o encerramento do filme vai mais para o lado da ação. Para piorar, o desfecho a meu ver é um pouco inverossímil e piegas.

Tecnicamente, o grande destaque de Blade Runner 2049 é a imagem. Fotografia e design de produção são excelentes, criando cenas de deixar o espectador boquiaberto. Curiosamente, se no filme original os espaços são apertados, claustrofóbicos, neste filme há varias tomadas e localidades com espaços bem amplos. Em termos de atuações, não há nenhum grande destaque; nem para o ótimo, nem para  o ruim.

Blade Runner 2049 é um filme muito bom, e deverá no mínimo satisfazer o fã do filme original, ainda que continue sendo uma obra difícil para o "público comum" apreciar. Apos um começo e meio bastante animador, ele me decepcionou em seu final, o que baixou consideravelmente sua nota. Mas se mesmo assim ele leva Nota: 7,0, este é realmente um filme que vale a pena ser conhecido.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...