segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Dupla Crítica Filmes Amazon Prime - Samaritano (2022) e O Cavaleiro Verde (2021)

Ambos os filmes deste artigo não são produções originais Amazon Prime, porém, tiveram seus direitos de transmissão comprados pela Amazon com exclusividade. Novamente em dose dupla, começo pelo novo filme de Stallone, que estreou no Brasil esta sexta-feira! E depois, um dos melhores filmes do Prime Video deste ano, que foi lançado nos primeiros meses de 2022 e trouxe aqui para vocês antes que fosse tarde demais ;)



Samaritano
(2022)
Diretor: Julius Avery
Atores principais: Sylvester Stallone, Javon 'Wanna' Walton, Pilou Asbæk, Dascha Polanco, Tiffany Cleary, Sophia Tatum, Moises Arias

Com tantos filmes de super-herói sendo feitos e por tantos atores e atrizes, chegou a vez de Sylvester ter o seu filme do gênero. Na história, ele vive como um aposentado e "escondido" Samaritano, um super-herói que o mundo acredita estar morto há décadas. Tudo muda, entretanto, quando o garoto Sam (Javon Walton) acaba se envolvendo com uma gangue de criminosos e "Joe" (o personagem de Stallone) acaba tendo que revelar alguns de seus poderes para salvá-lo.

Não é que Samaritano seja de todo ruim. É que simplesmente cansa ver o tanto que ele é um mais do mesmo. Aqui temos a velha história do herói aposentado que se recusa a aceitar o "chamado", um monte de furos de roteiro, dezenas de vilões malvados unidimensionais que parecem ter saído de um filme B oitentista... Talvez a "novidade", é que o vilão principal do filme é uma cópia barata e muito mal feita do personagem Bane de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2014). Aliás, muito tentou se copiar deste filme, tudo de maneira bem ruim.

Samaritano tem uma certa reviravolta no final, que até poderia tornar o filme menos padrão. Infelizmente, entretanto, o diretor não é competente a ponto de esconder essa reviravolta do espectador (eu a previ já na metade do filme) e, uma vez revelada, ela poderia ter sido melhor explorada.

O que se salva em Samaritano é o carisma de Sylvester Stallone, e mais nada. Nem sua atuação é boa... todos sabemos que ele não é um grande ator, mas Sly já atuou muito melhor em dezenas de outras oportunidades. E o resto... é um mais do mesmo que é produzido a toque de caixa desde os anos 80... Nota: 5,0.



O Cavaleiro Verde (2021)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Dev Patel, Alicia Vikander, Joel Edgerton, Sarita Choudhury, Sean Harris, Kate Dickie, Ralph Ineson

Ao contrário de Samaritano, este O Cavaleiro Verde até chegou a ser lançado em cinemas (porém praticamente apenas em países de língua inglesa), e ainda assim seu lançamento para o streaming foi simultâneo. A história, que já foi contada por Hollywood algumas vezes, se baseia em um poema do século XIV de nome Sir Gawain e o Cavaleiro Verde. Sir Gawain, um sobrinho do Rei Arthur, aliás é um personagem bastante controverso na literatura, já que aparece em várias obras da época, só que em algumas é retratado como alguém corajoso e valoroso, e em outras é mostrado como alguém completamente oposto, covarde e pecador.

A história deste O Cavaleiro Verde segue de maneira bem fiel ao poema que lhe serviu de inspiração, com exceção do final, um pouco modificado. Uma opção "estranha" do roteiro deste filme é que apenas Sir Gawain tem seu nome citado ao longo de toda história... por exemplo em nenhum momento é falado que estamos diante do Rei Arthur (o personagem só é chamado de "Rei").

Em termos técnicos, O Cavaleiro Verde é bastante impressionante, com uma bela fotografia, bons figurinos, diferentes cenários, boa trilha sonora... tudo se unindo para uma jornada crível por um mundo medieval (ainda que tenha sua parte de fantasia).

Ao trazer um narrador - e talvez aí esteja a parte que eu menos tenha gostado do filme - a primeira impressão é que O Cavaleiro Verde seja um "épico", o que é razoavelmente corroborado com o trailer divulgado para a obra. Entretanto, o que temos aqui está mais para um "road movie" (ou horse movie já que naquela época não haviam carros rs) com mais fracassos que heroísmos, dignos de uma história de Dom Quixote (que aliás não é nenhum demérito para a trama).

O Cavaleiro Verde não é um filme excepcional, mas ainda assim é um filme de muita qualidade e bem diferente do que eu esperava, me surpreendeu positivamente. Para quem se interessa por filmes de fantasia medieval e gosta de histórias que não seguem "padrões" de roteiro, este filme é bem recomendável. Nota: 7,5.

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Crítica - Thor: Amor e Trovão (2022)

Título: Thor: Amor e Trovão ("Thor: Love and Thunder", Austrália / EUA, 2022)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christian Bale, Tessa Thompson, Taika Waititi
Nota: 5,0

Taika Waititi perde a mão neste filme desnecessário

Os dois primeiros filmes de Thor nos cinemas foram fracos, porém pelo menos tinham como qualidade a apresentação da mitologia Nórdica e o deslumbre visual do mundo de Asgard. Já para o terceiro filme, chegou o diretor Taika Waititi, que mudou a franquia completamente de tom, transformando-a em uma hilária comédia, o que pra mim funcionou muito bem. Porém neste quarto filme, novamente com Taika na direção, simplesmente não temos nenhuma destas qualidades. A mitologia nórdica é praticamente ignorada (já também lembrando que a bela Asgard foi destruída no filme anterior), e se o filme é novamente uma comédia, desta vez é sem graça: as piadas são exageradas e não fazem parte da trama, simplesmente são jogadas na tela... uma sucessão infinita de gags e memes aleatórios.

Na história da vez, surge o vilão Gorr (Christian Bale), em sua missão vingativa contra todos os deuses do Universo. Ao resolver atacar Nova Asgard, que fica no planeta Terra, o vilão chama a atenção de Thor (Chris Hemsworth), que corre para defender os humanos e lá, coincidentemente, reencontra seu amor Jane Foster (Natalie Portman) em seu próprio drama pessoal. A dupla acaba frustrando os planos de Gorr apenas parcialmente, e se une com Valquíria (Tessa Thompson) e Korg (Taika Waititi) para caçar e derrotar Gorr pelo universo.

Thor: Amor e Trovão obviamente conta com uma grande produção, com bons efeitos visuais, boa música, e até tem alguns poucos bons momentos... algumas piadas engraçadas, e algumas cenas emocionantes de romance entre Thor e Jane... mas mesmo o clima entre os dois é estragado por outras cenas piegas ou de piadas muito ruins, além de ser pouco desenvolvido, tudo fica muito raso.

Raso, aliás, é a palavra de ordem em Thor: Amor e Trovão. Existem cenas de drama, e o filme até teria alguma história para contar... mas o roteiro resolve não se aprofundar em nada, simplesmente resolve jogar piadas para o espectador o tempo todo, sem critério nenhum. 

Thor: Amor e Trovão é uma produção tão desnecessária que ela simplesmente não acrescenta em nada a narrativa contada nos filmes do MCU. Pior, ela regride, pois desfaz eventos sofridos por Thor: depois de tantas aventuras, o protagonista já havia abandonado seu uniforme clássico e perdido o Mjolnir, e agora volta com os dois simplesmente "porque sim".

Ah, e assim como vários diretores queridinhos do mundo pop atual, Taika Waititi também tem sua horda de fãs. E os mesmos defendem o diretor neozelandês, alegando que seu ídolo só poderia ter feito um filme tão fraco porque "certamente sofreu restrições criativas do estúdio". Pois bem, mesmo que isto tenha acontecido, eu lembro a todos vocês que o personagem de Korg é interpretado justamente por Taika. E ele é a coisa mais chata, repetitiva e sem propósito em Thor: Amor e Trovão. Lamento, mas não há intervenção de estúdio que justifique isso, apenas ego e perda do senso de humor. Nota: 5,0


PS: seguindo a tradição dos filmes de heróis da Marvel, há duas cenas pós-créditos.

PS2: a filha do vilão Gorr é interpretada pela filha na vida real de Chris Hemsworth, India Rose, de 10 anos. E os filhos gêmeos de Chris, Sasha e Tristan (de 8 anos) também fazem ponta no filme, em uma breve cena do Thor criança, e como parte do enorme grupo das crianças Asgardianas.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Crítica - O Predador: A Caçada (2022)

Título: O Predador: A Caçada ("Prey", EUA, 2022)
Diretor: Dan Trachtenberg
Atores principaisAmber Midthunder, Dakota Beavers, Dane DiLiegro, Stormee Kipp, Michelle Thrush
Nota: 7,0

Uma boa reapresentação para as novas gerações

Predador é mais uma dentre várias boas franquias dos anos 80 que foram destruídas nas décadas seguintes por péssimas continuações. Nos cinemas tivemos os filmes de 1987, 1990, 2010 e 2018, além de dois péssimos filmes crossover com a franquia Alien (em 2004 e 2007). Mas agora em 2022, e pela primeira vez fora das telonas e direto para a TV (e aqui no Brasil já disponível através da Disney Star+), depois de muito tempo os fãs voltam a ter motivos para sorrir.

Em O Predador: A Caçada a história se passa novamente no norte americano, porém a mais de 300 anos no passado, no longínquo ano de 1719. Desta vez os desafios do caçador alienígena são nativos Comanche e colonizadores Franceses.

A trama é um bocado parecida com a do primeiro filme, porém aqui temos uma protagonista feminina, a jovem Naru (Amber Midthunder), que é uma atualização/acréscimo muito interessante ao filme; afinal, agora não se trata apenas da luta contra um adversário desconhecido e alienígena (literalmente); temos também em paralelo a luta de uma pessoa do gênero feminino lutando contra o preconceito da tribo para se afirmar como guerreira e mulher.

Tecnicamente O Predador: A Caçada é muito bom. Sua fotografia é excelente e o restante dos elementos, como som, paisagens, figurino... tudo nos traz uma ótima qualidade de ambientação; temos a sensação de estarmos no passado junto com a tribo de Naru vivenciando o ataque do Predador. E o fato de boa parte das cenas serem noturnas só aumentam os méritos da direção de Dan Trachtenberg (que também fez Rua Cloverfield, 10, o qual gosto muito e recomendo).

Como curiosidade, os atores principais são todos descendentes de nativos americanos, o que é bem bacana; porém não deixa de ser um pouco "estranho" ver todos os indígenas falando em um inglês perfeito o tempo todo... nem uma palavra é falada em comanche. Ou seja, o cuidado com a precisão histórica e em respeitar a cultura nativa é seguida até a metade...

O Predador: A Caçada é certamente o melhor filme da franquia desde a versão original de 87. Que seja um recomeço para mais bons filmes do gênero. Nota: 7,0.

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #012 - Tudo o que você aprendeu sobre Frankenstein nos filmes, TV e quadrinhos está errado!!!

Acabo de ler o clássico da literatura mundial Frankenstein ou o Prometeu Moderno, escrito pela escritora inglesa Mary Shelley em 1818 (e cuja "versão revisada e definitva" que conhecemos hoje foi publicada pela primeira vez em 1831).

Fiquei bastante surpreso com o quanto o livro é diferente do que eu imaginava... a imagem já "consolidada" de Frankenstein que temos hoje dentro da cultura pop (vejam três exemplos na foto acima) é tão distinta do original que vim aqui correndo compartilhar minhas descobertas para vocês!

Vamos começar pela parte mais óbvia e conhecida... Frankenstein não é o nome do monstro, e sim de seu criador. E Frankenstein, cujo primeiro nome era Victor, não era um "Doutor" nem vivia isolado em um castelo onde era servido pelo seu ajudante "Igor" (que não existe no livro). Victor era um simples estudante universitário, e sua criatura foi "feita" dentro de seu apartamento estudantil em Ingolstadt, Alemanha.

O monstro não tem nenhum nome no livro (é sempre chamado de "monstro", "criatura", ou algo similar) e ao contrário do que vemos na cultura pop atual, para minha grande surpresa na obra original ele é um ser muito inteligente e eloquente. Fisicamente o monstro possuía 2,50m de altura, força e resistência bem acima da humana, e seus braços e pernas são citados como "desproporcionais", embora sem o livro dar mais detalhes sobre isto.

E ao contrário da forma como reconhecemos a criatura de Frankenstein hoje em dia, a pele dele não era da cor verde e sim amarela, como a própria autora o descreve no capítulo 5 da obra: "(...) Sua pele amarela mal encobria os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes, completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, parecendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido. (...)".

Pelo trecho acima, a criatura tinha uma aparência assustadora, não? Em outras passagens há insinuações de que os cabelos eram longos, e que seu sorriso era perverso. Seu rosto é dito como tão horrendo que ninguém tem coragem de olhar para ele, nem mesmo o próprio monstro. Por isso mesmo, ciente e ressentido de sua aparência, a criatura está sempre muito vestida, tentando se esconder, cobrindo principalmente sua face.

E então vamos ao momento culminante deste texto. Abaixo a imagem do que seria a "real" aparência do ser criado por Victor Frankenstein (que no caso, por estar em branco-e-preto, a parte da pele amarelada/transparente ainda terá que ficar sua imaginação, leitor).

A imagem acima foi retirada do livro Bernie Wrightson's Frankenstein, publicada em 1983 pela Marvel Comics, que nada mais é que o livro original de Mary Shelley acrescido de dezenas de ilustrações desenhadas por Bernie Wrightson, então importante ilustrador da DC e Marvel, co-criador do Monstro do Pântano.


Outra curiosidade. Sabia que o livro Frankenstein só foi escrito, porque em 1816 o Sol desapareceu?
Ou quase isso rs. Mas o fato é que 1816 foi um dos anos mais problemáticos registrados pela história humana. Neste ano o Hemisfério Norte não teve Verão, com a ano todo registrando temperaturas muito abaixo do normal, muitas geadas, e uma "neblina" encobrindo o Sol por muitos e muitos meses. Boa parte das colheitas foram perdidas e muita fome se espalhou pelo mundo todo. Acredita-se hoje que a causa deste fenômeno foi uma enorme erupção vulcânica no Monte Tambora (Indonésia) no ano anterior, a maior da era humana.

Pois então. Em julho de 1816, passando as férias em uma casa de lago, e cansados do atípico tempo frio e chuvoso que forçava o grupo de amigos escritores Lord Byron, John William Polidori, Percy Shelley e sua esposa Mary Shelley a ficarem trancados dentro do imóvel, eles resolveram, como passatempo, criar uma competição para escrever o conto de terror "mais assustador". Dos quatro, Mary Shelley foi a única que finalizou a história que começou a escrever... e adivinhem: é o livro de Frankenstein que conhecemos. Entretanto, este não foi o único escrito deste encontro que rendeu algum fruto: a história incompleta escrita por Lord Byron (de nome A Fragment) seria reaproveitada anos depois como inspiração para um conto de nome The Vampyre, escrita justamente por Polidori.


Já sabia das informações que contei neste artigo? Ou ficou tão surpreso como eu fiquei enquanto eu lia a obra máxima de Mary Shelley? Escreva nos comentários!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...