quinta-feira, 16 de maio de 2024

Conheça Megalópolis, o novo filme de Francis Coppola, que ele planejou por mais de 40 anos!!!


Para os cinéfilos de plantão, hoje, 16 de Maio, foi um dia especial. Afinal tivemos dentro do Festival de Cannes a primeira exibição pública do filme Megalópolis, escrito e dirigido pelo aclamado cineasta Francis Ford Coppola, a mesma mente por trás da trilogia de filmes de O Poderoso Chefão, e de Apocalypse Now.

É que este Megalópolis está longe de ser um filme qualquer. Em teoria, Coppola começou a planejá-lo no começo dos anos 80, logo após ter terminado Apocalypse Now, de 1979. E já no seu nascimento os problemas para realizá-lo começaram... como Apocalypse Now foi simplesmente um desastre em termos de estouro de orçamento e infinitos problemas de produção, os estúdios perderam a confiança no diretor estadunidense, e então eles não iriam se arriscar em bancar outro projeto megalomaníaco do mesmo.

Megalópolis se trata de uma ficção científica, onde em um futuro onde Nova York foi destruída, seu atual prefeito e um inovador arquiteto batalham por prestígio e por recuperá-la. Mais ainda, a história é ao mesmo tempo uma fábula baseada na Roma Antiga, então, boa parte dela (inclusive referências visuais e culturais) vêm desta época.

Segundo o cineasta, o mais perto que o projeto ficou de ser realizado foi em 2001, onde a pré-produção foi oficialmente iniciada e atores como Paul Newman, Uma Thurman, Robert De Niro, Nicolas Cage, Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, e Kevin Spacey chegaram a fazer alguns ensaios. Porém o ataque às torres do World Trade Center em setembro de 2001 cancelaram tudo. Não só pelo impacto logístico e financeiro, mas também, porque seria muito inadequado filmar algo sobre a destruição de Nova York depois daquela tragédia.

Megalópolis e Coppola em Cannes. Agora vai?

Afastado dos grandes estúdios de cinema há muitos anos, Francis Coppola filmou e produziu Megalópolis com seus próprios recursos. Diz ter gasto US$ 120 milhões, o que significa parte considerável de sua fortuna pessoal, e também, revela de modo surpreendente o quanto foi importante para ele ter este seu sonho realizado.

O filme conta com um elenco bem famoso, com nomes como Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Shia LaBeouf, Jon Voight, Jason Schwartzman, Talia Shire, Laurence Fishburne e Dustin Hoffman. E apesar de todos estes nomes  - inclusive o maior de todos, o dele mesmo, Coppola - ainda não é garantido que ele chegue por aqui.

Em Abril o filme foi apresentado para as grandes distribuidoras de cinema e streaming do planeta, e nenhuma se interessou em comprar os direitos de Megalópolis por acreditarem que ele não será um sucesso comercial. Por enquanto ele só tem distribuição garantida para alguns cinemas da Europa.

O próximo passo era ver se alguma grande distribuidora mudaria de idéia dependendo da reação do público, críticos e imprensa hoje... em Cannes. E a reação inicial foi... mista. A sessão inicial de Megalópolis terminou com o público aplaudindo o filme por quase 10 minutos, porém as críticas publicadas a seguir eram em geral "8 ou 80"... ou elogiando muito, ou falando muito mal, sendo mais pro segundo caso. Em geral indo na linha que o filme não é mesmo comercial, que é muito maluco, confuso, mas grandioso.

Por enquanto sigo curioso rs. E vocês? Abaixo segue o teaser oficial do filme, feito pelo próprio Coppola. Como vocês podem ver, ele tem os créditos da "American Zoetrope" que é justamente o estúdio de cinema criado por Francis Ford Coppola (décadas atrás) para produzir seus próprios filmes.


domingo, 12 de maio de 2024

Precisamos falar do seriado Hacks e de Jean Smart


Uma das melhores séries de comédia + drama que assisti nos últimos anos e que ainda faltava comentar aqui no Cinema Vírgula era Hacks (e que em algum momento também teve o nome traduzido para Medíocres, mas desistiram desse nome), do streaming Max (antigo HBO Max). Eu assisti suas duas primeiras temporadas (de 2021 e 2022) e adorei, mas como achava que o seriado havia se encerrado, acabei não escrevendo a respeito...

Mas eis que para minha surpresa a HBO renovou Hacks para uma terceira temporada, que acaba de estrear mundialmente! Então, bora comentar sobre esta série magnífica.

Hacks conta principalmente sobre a inusitada amizade e colaboração entre duas mulheres: Deborah Vance (Jean Smart), uma veterana e muito bem sucedida comediante, que já está há muitos anos como atração fixa de um cassino de Las Vegas, e que vê sua estabilidade em risco quando este cassino não quer mais renovar seu contrato, em detrimento de uma nova atração musical jovem; e Ava Daniels (Hannah Einbinder), uma jovem e reconhecidamente talentosa escritora de comédias, porém que não consegue mais encontrar trabalho devido a um tweet insensível e de ser péssima para ser relacionar com pessoas. Após alguns eventos, o agente de Ava sugere para as duas trabalharem juntas, e com Deborah querendo montar um novo show com material totalmente inédito, a dupla acaba aceitando a parceria à contragosto, e elas começam a se aventurar juntas fazendo uma turnê pelos EUA.

Além das duas protagonistas, a trama principal conta com mais dois personagens importantes: "DJ" (Kaitlin Olson), a filha "problemática" de Deborah, e Marcus (Carl Clemons-Hopkins), empresário e "faz-tudo" de Deborah, bastante dedicado e competente, que entra em crise ao perceber que dedicou toda sua vida ao trabalho, e entra no dilema de querer mudar isso justamente quando a carreira de Deborah também entra em crise.

Hacks é um seriado que consegue o tempo todo misturar humor, drama, e cenas bem emocionantes. E as duas protagonistas estão o tempo todo lutando contra o sistema, brigando contra o machismo, contra o etarismo, ou simplesmente, brigando por fazer o que é o moralmente correto.

Mas além das justas lutas das protagonistas contra o mundo, ambas possuem seus problemas pessoais e emocionais, também muito bem abordados pelo roteiro. Ava tem problemas de comunicação com os pais, não consegue ter relacionamentos afetivos... Já a relação de Deborah com sua filha comove e é muito bem demonstrada, mostrando os dois lados da moeda. O melhor de tudo, entretanto, é mesmo Deborah Vance. Apesar da comediante ser vaidosa e egoísta (e ela é sim egoísta), ao mesmo tempo ela se importa genuinamente com Ava, DJ e Marcus, e essa dualidade é mostrada de maneira tão crível e emocionante... isto só é possível graças a um ótimo roteiro e as excelentes atuações de Jean Smart.

O que me vem a questão... por que Jean Smart não é melhor reconhecida pelo seu talento?

Ela até já recebeu várias premiações ao longo de sua carreira, mas todas por papéis na TV. Ela já ganhou alguns Emmys, sendo o primeiro em 2000, de "Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia", por um episódio de Frasier.

Jean Smart em Uma Família Extraordinária (Wildflower) de 2022

Mas nas premiações de filmes ela continua ausente, o que considero injusto... E olhem que ultimamente ela têm participado (e muito bem) até de filmes grandes. Por exemplo, recentemente ela esteve nos ótimos Babilônia (2022) e Uma Família Extraordinária (2022). No mesmo ano de 2022 ela recebeu (e venceu) sua primeira indicação ao Globo de Ouro. Porém, não foi por nenhum dos dois filmes acima, e sim, por Hacks... ela venceu o prêmio de "Melhor atriz de Comedia ou Musical" (lembrando que o Globo de Ouro premia tanto TV quanto Cinema).

O episódio final da segunda temporada de Hacks encerra os ciclos apresentados dos personagens e por isso mesmo achei que não teríamos mais episódios. Por isso nem tenho idéia do que pode ser o assunto da terceira temporada, que ainda não comecei a ver. Porém, para minha surpresa e felicidade, as primeiras críticas que estão saindo nas mídias especializadas estão dizendo que Hacks voltou ainda melhor!

E você conhece Jean Smart de algum filme ou série? Já tinha ouvido falar de Hacks? escreva nos comentários.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Crítica Netflix - A Batalha do Biscoito Pop-Tart ("Unfrosted", EUA, 2024)

Título
A Batalha do Biscoito Pop-Tart ("Unfrosted", EUA, 2024)
Diretor: Jerry Seinfeld
Atores principais: Jerry Seinfeld, Melissa McCarthy, Jim Gaffigan, Max Greenfield, Hugh Grant, Amy Schumer, Peter Dinklage, Christian Slater, James Marsden, Jack McBrayer, Thomas Lennon
Nota: 6,5

Seinfeld estréia como diretor com filme ágil e divertido

Após quase quatro anos sem produzir novo material de comédia, Jerry Seinfeld está de volta, agora estreando como diretor, mas também produzindo e co-roteirizando o maluco e totalmente fictício A Batalha do Biscoito Pop-Tart.

Na história, que se passa nos anos 60, As empresas de alimentos Kellogg's e Post dominam o mercado de cereais para café da manhã, entretanto com a Kellogg's tendo a clara liderança. Porém a Post aparenta estar prestes a lançar um produto que pode mudar isto, o que faz um dos principais funcionários da Kellogg's, Bob Cabana (Jerry Seinfeld) e o dono da empresa Edsel Kellogg III (Jim Gaffigan) não medirem esforços para lançarem algo revolucionário antes, o que viria ser os Pop-Tarts (para saber um pouco mais sobre o que é um Pop-Tart, clique aqui, onde já expliquei a respeito, recomendo).

Se A Batalha do Biscoito Pop-Tart fosse avaliado pela quantidade de piadas, seria uma das melhores comédias de todos os tempos, afinal, literalmente não ficamos mais do que 5 segundos em cena sem alguma piadinha sendo disparada em tela, seja ela dita por algum personagem, ou alguma piada visual. Temos portanto, literalmente centenas de gracejos, dos mais diversos temas... muitos são trocadilhos com o mundo dos cereais, mas vários outras são piadas cotidianas, ou da cultura pop em geral. Há também uma quantidade gigantesca de personagens que são trazidas para o filme, e um exemplo emblemático da enorme mistura de assuntos, piadas e personagens é ter o ator Jon Hamm aparecendo e fazendo paródia de si mesmo interpretando uma "cópia" de seu personagem da famosa série Mad Men, que também se passa nos anos 60.

O resultado final de tantas piadas sendo metralhadas na cara do espectador é um filme divertido, dinâmico, e para toda a família... mas que também, não se arrisca, e pouco tem de memorável. O mais próximo disso são as participações de Hugh Grant, que quebram um pouco o ritmo alucinado do filme e é, de fato engraçado. A Batalha do Biscoito Pop-Tart acaba cumprindo seu papel de divertir e entreter, mas não espere nada mais do que ficar com um sorriso no rosto. Nota: 6,5


PS: segundo Seinfeld, aparentemente Hugh Grant é um pouco como seu personagem na vida real, já que o comediante deu algumas entrevistas "falando mal" de seu companheiro de filmagem, dizendo que é difícil trabalhar com Grant, que ele leva tudo a sério, que eles brigaram várias vezes, que ele quer trabalhar tudo certinho, e deu um exemplo de que mesmo após já terem oferecido o papel pra o Hugh, ele fez questão de gravar um vídeo caseiro interpretando o personagem e mandar para ele (Jerry) avaliar. Mas, contemporizando, Jerry disse que quando não está no modo trabalho, Hugh Grant é um cara ótimo, que eles jantaram algumas vezes juntos, e que ele foi uma das companhias mais agradáveis para se jantar que já teve na vida.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...