domingo, 26 de abril de 2015

Crítica - Velozes & Furiosos 7 (2015)

Título: Velozes & Furiosos 7 ("Furious Seven", EUA / Japão, 2015)
Diretor: James Wan
Atores principais: Vin Diesel, Paul Walker, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Dwayne Johnson, Kurt Russell
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=hujU0dw6Erk
Nota: 4,0

Pessimamente filmado, de onde só se salva a homenagem a Paul Walker

A franquia de Velozes e Furiosos começou em 2001, e eu fui ao cinema assistir seu primeiro filme. Corridas de carro, mulheres em trajes curtos, e uma trama policial local. Até achei o filme legal, mas principalmente por ser um filme de ação "comum", um verdadeiro "mais do mesmo", não me interessei em assistir nenhuma de suas numerosas continuações. Isto mudou com a estréia de Velozes & Furiosos 7, dito por alguns como "talvez o melhor filme da franquia", e com arrecadação mundial atualmente já acima dos 1,3 bilhões de dólares (sim, é isto mesmo: bilhões - já é a 5ª maior bilheteria de todos os tempos), resolvi conferir.

Péssima escolha: Velozes & Furiosos 7 é fraquíssimo, certamente pior que o filme inicial de 14 anos atrás. De lá pra cá os carros continuam, mas as mulheres e as corridas são apenas "homenagens ao passado" de poucos minutos. A trama ficou muito mais ambiciosa: de carros ilegais e ladrões de caminhões em Los Angeles, os "bandidos" agora são terroristas mundiais. Mas a principal mudança vem na direção, com o malaio James Wan fazendo em Velozes & Furiosos 7 sua estréia na franquia.

James Wan, atualmente com apenas 38 anos de idade, é tido como um pequeno prodígio dos filmes de Terror. Foi ele quem dirigiu o primeiro Jogos Mortais (2004), os dois filmes da franquia Sobrenatural (2010 e 2013), e mais recentemente, o sucesso Invocação do Mal (2013): todos filmes bem bacanas e bem dirigidos. Wan não deveria ter mudado de gênero: ao migrar para os filmes de ação, novamente fez terror... mas desta vez em termos de baixa qualidade. Me causa espanto constatar que Velozes & Furiosos 7 e Invocação do Mal foram feitas pela mesma pessoa.

As diversas lutas em Velozes & Furiosos 7 são simplesmente incompreensíveis visualmente. Você até vê os personagens se batendo, mas não sabe exatamente o que está acontecendo. Cenas ultra-curtas, com milhares de cortes, uma câmera nervosa em constante movimento, girando para todo lado e inclusive fazendo alguns giros de 360º, graves erros de continuidade (parece que alguns personagens se "teleportam" de um canto para outro da tela), câmeras lentas seguidas de câmeras aceleradas, uma verdadeira confusão. Péssima direção, péssima edição.

E o pior é que para transmitir sensação de velocidade, todos estes cortes rápidos e problemas descritos acima vão além das lutas, acontecem por todo o filme! Mas em menor escala, felizmente.

A trama de Velozes & Furiosos 7 - fraquíssima por sinal - é basicamente uma história de vingança. Dom Toretto (Vin Diesel) e sua trupe deixou o irmão mais novo de Deckard Shaw (Jason Statham) em coma no filme anterior, e agora ele quer dar o troco. Mas Shaw tem como amigo o terrorista Jakande (Djimon Hounsou), que por sua vez tem em seu encalço o agente do governo "Mr. Nobody" (Kurt Russell). Estas quatro "entidades" acabam então se enfrentando. E é só isto. Nada mais.

Claro que um roteiro ruim tem diálogos ruins. Todos os diálogos do filme ou são frases de efeito ou lições de moral. Mas as piores conversas surgem quando Dom interage com sua namorada desmemoriada Letty (Michelle Rodriguez): toda vez é aquele papo "te amo mas como perdi a memória não posso ficar com você, preciso me encontrar"... irritante ao extremo!

Para completar o pacote de atrocidades, saibam que as pessoas do filme são invulneráveis. Você pode capotar seu carro caindo de um penhasco de 50m sem sofrer um arranhão. Ou bater de frente contra um carro estando ambos a 100 Km/h e apenas sentir uma leve dor no pescoço. Juro que vi em Velozes & Furiosos 7 mais exageros do que em todos os filmes da franquia Missão Impossível somados!

Apesar de tudo, ainda há algumas coisas bacanas no filme. Uma delas é a ótima sequencia de perseguição de carros no resgate da hacker Ramsey (a bela Nathalie Emmanuel): de carros saltando de aviões à batalhas envolvendo mais de 10 veículos simultaneamente, mesmo os acontecimentos absurdos e os erros de continuidade não são suficientes para estragar esta longa e divertidíssima cena.

Outro ponto positivo é o carisma dos atores, em especial Dwayne Johnson e Jason Statham. Este último faz um vilão bastante convincente; o espectador acredita piamente que ele é realmente maníaco, perigoso, e um desafio fortíssimo para todos os "mocinhos".

Finalmente, a última coisa boa de Velozes & Furiosos 7 é o falecido Paul Walker. Não pela sua atuação - que aqui é irrelevante - mas sim por tudo que representa suas aparições em tela. Walker, que infelizmente faleceu em novembro de 2013 (ironicamente em um acidente de carro), estava em plena filmagem deste filme quando a tragédia ocorreu. Muitas de suas cenas não foram filmadas. E aí entra o ótimo trabalho de efeitos especiais realizado pela Weta Digital. Os irmãos de Paul, Caleb and Cody Walker (bastante parecidos com ele) foram chamados para fazer algumas cenas, onde através do computador seus rostos eram retocados para parecerem mais com o de Paul. Outras cenas foram feitas através de simples inserções de imagens do falecido ator em filmes anteriores.

O trabalho foi incrivelmente bem feito. Com exceção de uma cena, em todas as outras parece que o verdadeiro Paul Walker está lá, sendo filmado junto. E taaaaaalvez todos estes "cortes rápidos em que você não consegue ver nada" que citei no quarto parágrafo deste texto tenham sido feitos, em parte, para justamente evitar que o espectador tivesse tempo de "desconfiar" se o Paul filmado era o real ou não. Por este aspecto, consigo perdoar levemente (bem pouco mesmo) o diretor James Wan. A cena final do filme é bonita e emocionante. Certamente irá comover bastante qualquer fã da franquia.

Apesar do enorme sucesso de bilheteria, Velozes & Furiosos 7 é um filme bem ruim, difícil para se assistir de tão incompreensível. O que prova pela segunda vez em 2015 que bilheteria e qualidade não andam juntas (o outro exemplo é o "nota 5" Cinquenta Tons de Cinza). Depois de muito tempo, voltei à franquia e me arrependi. Mas tudo bem, não sou preconceituoso. Quando tivermos Velozes e Furiosos 14, quem sabe eu não faço outra tentativa? Nota: 4,0.

Cody. Paul e Caleb Walker: parecidos, não?

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Asterix 36 vem aí!


Se você nunca leu Asterix, não sabe o que está perdendo. Divertidíssimo, inteligente, além de ser uma verdadeira aula de História. Prometo que um dia dedicarei um post apresentando o pequeno Gaulês a vocês... mas não será desta vez. Hoje, vou partir direto para a notícia.

Ela já possui algumas semanas, mas infelizmente foi ignorada pelas principais mídias brasileiras. Exatamente dois anos após o lançamento de sua última edição, Asterix voltará com o que será seu 36º volume.

No dia 31 de março o título do novo álbum foi enfim revelado: Asterix e o Papiro de César. Pela segunda vez ele será escrito por Jean-Yves Ferri e desenhado por Didier Conrad.

Durante o anúncio, apenas poucas dicas sobre a nova história foram reveladas. Segundo os editores, a trama "será complexa e emocionante, sobre um tema característico da sociedade moderna, mas que ao mesmo tempo, faz bastante parte do universo de Asterix". Além disto foi prometida a aparição de pelo menos dois novos personagens - sendo um deles "muito malvado" - e que desta vez toda a história se passará dentro da Gália.

O lançamento mundial de Asterix e o Papiro de César será no dia 22 de outubro de 2015, e a princípio o Brasil estará incluído entre os países que receberão o novo Asterix nesta data.

sábado, 18 de abril de 2015

As novidades sobre Star Wars 7 e Batman vs Superman

Esta foi uma semana extraordinariamente agitada no mundo pop, com o lançamento de novos Teaser Trailers de dois aguardadíssimos blockbusters: o segundo teaser de Star Wars - O Despertar da Força, lançado quinta-feira dia 16, e o primeiro teaser de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, lançado um dia depois, na sexta dia 17.

Neste artigo, o Cinema Vírgula comentará estes dois trailers, além de especular sobre o que nos aguarda estes dois futuros filmes. Vamos a eles!


O segundo teaser trailer de Star Wars 7


Estamos em pleno andamento da Star Wars Celebration 2015, evento anual em homenagem a saga de George Lucas, que está sendo realizada na cidade de Anaheim, na Califórnia, entre 16 a 19 de abril. E foi logo em seu primeiro dia que tivemos uma grande quantidade de informações sobre Star Wars 7, com a divulgação do segundo teaser trailer (veja-o aqui) e com um painel de entrevistas que veio a seguir, no qual o diretor J.J.Abrams e os atores principais do filme participaram. Só Harrison Ford, que ainda se recupera de seu recente acidente de avião, não esteve presente.

Primeiro, sobre o trailer. Mais uma vez, belíssimo, empolgante, reforçando as esperanças de que o novo filme terá o tom correto. Porém, ao contrário da maioria das pessoas, confesso que gostei mais do primeiro trailer do que este, me emocionei mais com o anterior. Mesmo assim, nada foi mais emocionante que a breve cena que nos mostra Han Solo pela primeira vez (ver foto acima). Ele parece genuinamente feliz ao dizer que "estão em casa" novamente. De arrepiar.

O novo trailer propositalmente não nos dá mais uma vez nenhuma dica sobre qual será a trama da nova história. A maiorias das informações sobre o episódio 7 vieram do painel com as entrevistas. Nela, J.J.Abrams começou contando que as cenas desérticas apresentadas até agora não são em Tatooine, como se esperava, e sim em um novo planeta: Jakku (ao que parece, o universo de Star Wars adora mesmo nomes com a sílaba "cu", para desespero dos praticantes da língua portuguesa).

Ele também confirmou o trio protagonista, composto pelos atores Oscar Isaac, Daisy Ridley e John Boyega. Cada um dos atores falou brevemente de seus personagens: Rey (Ridley) é uma "coletora" de Jakku; Finn (Boyega) disse estar em grande perigo, e não explicou porque aparece vestido de stormtrooper; e Poe Dameron (Isaac) disse ser o melhor piloto da galáxia, e que "está em uma missão a pedido de uma princesa".

Isto tudo nos mostra que teremos um filme protagonizados por uma mulher e um ator negro, coisa rara em Hollywood e inédita nos filmes da franquia. Acho excelente! Ao mesmo tempo, com a divulgação do trio protagonista, me veio uma grande surpresa: aonde estão os filhos de Han Solo e Princesa Leia?

Explico meu espanto: toda a história de Star Wars até hoje mostrou claramente que, afinal, ela se trata da história da família Skywalker. Portanto, para continuar esta premissa, todos esperavam que pelo menos um dos protagonistas fossem um dos filhos de Leia. Mas nem Rey, nem Finn e nem Poe aparentam ter qualquer ligação com os Skywalker. Espero que, de alguma forma, a nova trilogia continue sendo sobre a família de Luke, Anakin e Leia. O contrário disso seria uma pequena decepção. De qualquer forma, Daisy Ridley é razoavelmente parecida com Natalie Portman (a Princesa Amidala da primeira trilogia). Seria ela então, de alguma maneira bizarra, uma Skywalker?

Por falar em Luke, é bem interessante quando vemos sua mão direita na cena do segundo 0:43 do novo trailer. Sua mão artificial é "rústica", apenas metal, e não aquela prótese que imita perfeitamente a mão humana, a qual ele usa nos episódios 5 e 6. Por que isto é interessante? Porque um dos primeiros boatos sobre o enredo de Star Wars 7, surgido em julho do ano passado, é que o filme começaria com uma mão decepada, portando um sabre de luz, vagando pelo espaço. E que esta mão seria de Luke. Estou bem mais inclinado agora a acreditar neste boato. E vocês?

Uma boa notícia foi a afirmação de J.J.Abrams de que eles tentaram usar ao máximo sets e objetos reais, para dar uma maior sensação de realismo, Se for verdade, ótimo. J.J. parece ter aprendido a lição que George Lucas nunca aprendeu.

Também foram citados os nomes de alguns dos vilões: o encapuzado com o sabre vermelho de 3 pontas do primeiro trailer se chama Kylo Ren, e agora vemos seu "rosto" no minuto 1:06 do novo teaser. E o sombrio stormtrooper de cor cinza cromado que aparece no minuto 1:14 tem o nome de Capitão Phasma. Há quem aposte que este é o personagem que será interpretado pela atriz Gwendoline Christie. Tenho minhas dúvidas.

Finalmente, ainda sobre nomes, algo que não gostei. Tanto o Império quanto a Aliança Rebelde mudaram de nome, para respectivamente, "A Primeira Ordem" e "Resistência". Já que o imperador morreu, e até aceitável que o Império mude de nome... agora, não ser mais Aliança Rebelde eu não vejo nenhum motivo para isto mesmo, a não ser interesses comerciais.

A conclusão para o novo trailer de Star Wars? A mesma do trailer anterior: empolgante. E eles estão no bom caminho. Que continuem assim.


O primeiro teaser trailer de Batman vs Superman


Foi uma longa espera para obter qualquer informação decente sobre Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Seu primeiro teaser trailer estava programado para dia 20 de abril. Estava. Algum brasileiro vazou o tão esperado vídeo no dia 17 (ele tinha legendas em português), e ao fracassar em tirá-lo do ar, a Warner antecipou o trailer oficialmente no dia seguinte, dia 18. Para quem não o viu, basta clicar aqui.

Ao contrário do trailer de Star Wars, o trailer dos heróis da DC já nos dá boas pistas do enredo. Após ter colocado o planeta Terra em perigo no filme anterior, O Homem de Aço (2013), Superman divide as opiniões do planeta. Seria ele um protetor ou uma ameaça? A primeira metade do trailer nos mostra lentamente uma estátua feita em homenagem ao kryptoniano enquanto ouvimos dezenas de opiniões sobre o Superman. Algumas a favor, muitas contra. Destaque para uma breve frase dita por Lex Luthor, no segundo 0:43, que será vivido por Jesse Eisenberg: "Agora sabemos, não? Os Demônios não vem do inferno sob nós. Não, eles vem do céu.".

A partir da segunda metade, vemos o universo de Batman. E quem começa a narrar os eventos é o mordomo Alfred, que será interpretado por Jeremy Irons. A partir do minuto 1:04 ele diz que a raiva e a sensação de impotência leva bons homens a ser cruéis: uma explicação do porque Batman estará contra Superman.

Não tenho dúvidas de que Lex Luthor manipulará Batman para enfrentar Superman, e o que vemos a partir do minuto 1:38 é provavelmente o início deste confronto.

Minha opinião sobre este trailer é mista. Gostei de algumas coisas, mas não gostei de várias. De bom, é a confirmação definitiva que teremos um filme de tom sério, realista, e visual incrível, assim como foi O Homem de Aço, não a toa feito pelo mesmo diretor, Zack Snyder. Fica também confirmado que o universo do Cavaleiro da Trevas - aquela que é provavelmente a melhor história em quadrinhos de Batman em todos os tempos - foi usado como referência para Batman vs Superman: A Origem da Justiça. Em teoria, de uma ótima fonte vêm ótimas idéias.

Mas apesar do visual belíssimo, achei o trailer sombrio demais. A ponto de incomodar. Seria um indício de que Batman seja de fato o protagonista, e Superman um pouco mais... coadjuvante? Talvez. E mais Batman significa mais Ben Affleck na tela, isto sim realmente preocupante. Juro, não é simples preconceito. Basta olhar no trailer, quando o ator aparece pela primeira vez como Bruce Wayne, no minuto 1:04. É uma cena onde ele precisa demonstrar raiva... mas não consegue. Mais parece que vai começar a chorar.

Também me preocupa eventuais descaracterizações dos personagens. No segundo 0:40 vemos soldados - cujo uniformes possuem o logotipo do Superman no ombro - se ajoelhando perante o kryptoniano. Difícil acreditar que o verdadeiro Superman aceitasse ser tratado como se fosse um superior.

Batman também se descaracteriza, no minuto 1:35, ao segurar um rifle - ele que supostamente deveria abominar armas de fogo. Mas o pior acontece na cena anterior, aos 1:24, onde o que aparenta ser a Bat-Wing metralhando inimigos... para matar. E o que dizer de Batman afirmar que vai fazer Superman sangrar? Mesmo em sua versão envelhecida e violenta de Cavaleiro da Trevas, Batman não desejava machucar ninguém.

Minha conclusão para o primeiro teaser trailer de Batman vs Superman: A Origem da Justiça é que ele ficou abaixo das expectativas. Com 2 minutos de duração, metade dele é composto de imagens genéricas que não acrescentam nada. Já do minuto que acrescenta, há as preocupações que descrevi acima.

Apesar de tudo, duvido que o filme seja ruim. Tenho certeza que ele será pelo menos "aceitável". Mas a Warner que se cuide... que o roteiro do filme trate Superman como um herói verdadeiro, e não como um vilão. E que ela não faça besteira também na distribuição. O filme já se encontra com as filmagens praticamente prontas, porém sua estréia será apenas em 24 de março de 2016. Tanto tempo assim me preocupa quanto a eventuais vazamentos antes da hora. Espero que a Warner saiba o que esteja fazendo. O sucesso da DC nos cinemas, ao invés de um "monopólio" da Marvel, é o melhor cenário para os fãs, já que a concorrência faria que ambas empresas se forçassem a superar a outra, trazendo filmes melhores sempre.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Crítica - O Ano Mais Violento (2014)

TítuloO Ano Mais Violento ("A Most Violent Year", Emirados Árabes / EUA, 2014)
Diretor: J.C. Chandor
Atores principais: Oscar Isaac, Jessica Chastain, David Oyelowo, Albert Brooks, Elyes Gabel
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=YXoq-5a6MT4 
Nota: 7,0

Bom suspense policial com bom desenvolvimento dos personagens

Estamos em 1981. E conforme o título do filme diz, este foi de fato o ano mais violento da história de Nova York. Para míseros 365 dias foram reportados mais de 120 mil casos de roubo... tudo isto em uma única cidade!

E o protagonista de O Ano Mais Violento também padece desta violência: Abel Morales (Oscar Isaac) é um empresário em franca ascensão do ramo de distribuição de petróleo. Porém seus caminhões sofrem assaltos frequentemente, a ponto de colocar em risco o funcionamento da empresa. Ele pede ajuda a polícia, que não o auxilia... muito pelo contrário: através do promotor Lawrence (David Oyelowo), a empresa de Morales passa a ser investigada por fraudes e sonegação de impostos. Para piorar, Abel tem poucos dias para pagar uma enorme dívida e precisa desesperadamente buscar investidores no meio deste caos.

Esta portanto é a história de O Ano Mais Violento: uma contagem regressiva para constatarmos se Abel resolve ou não todos seus problemas antes do deadline do pagamento de seus débitos, que se não cumpridos, praticamente significa sua falência.

E em meio a esta jornada, somos expostos a toda criminalidade, corrupção e decadência da então Nova York. Por exemplo, aprendemos que o negócio do petróleo é comandado por verdadeiros mafiosos. O Ano Mais Violento acaba sendo, portanto, uma mistura de suspense policial e filme de máfia. E é uma história consideravelmente interessante. Seu ponto forte, entretanto, fica para o desenvolvimento de seus personagens.

Vamos conhecendo Abel e sua esposa Anna Morales (Jessica Chastain) bem lentamente. E ambos proporcionam algumas situações surpreendentes na tela. Ou melhor, não é bem isso... depois que as "surpresas" acontecem, ao parar para se pensar nos pequenos e sutis detalhes exibidos anteriormente, você consegue entender que a surpresa não deveria ser tão surpresa assim... e que tudo fica crível e compatível dentro da história. E isto é bastante gratificante.

Há outras qualidades em O Ano Mais Violento: as atuações, principalmente de Oscar Issac e Jessica Chastain, estão muito boas. E não custa lembrar que infelizmente ambos foram ignorados pelo Oscar...

Além disto, Fotografia e Direção de Arte também são dignas de elogios, sendo ambas bem sucedidas em emular a Nova York de 81. Aliás, a baixa iluminação somada a alta saturação das cores, abuso de tons vermelhos... tudo isto faz com que o filme se pareça muito visualmente com as produções de mesmo gênero dos anos 70 e 80 (O Poderoso Chefão é um destes exemplos).

Embora seja um thriller policial o filme não tem tanta ação, principalmente devido a Abel, que abomina a violência e sempre busca diálogos. Desta forma, O Ano Mais Violento infelizmente perde bastante em dinamicidade. Paradoxalmente, entretanto, o filme apresenta duas grandes sequencias de ação. Ambas excelentes, muito bem executadas, repletas de tensão e adrenalina.

Com uma história boa porém lenta, cujo destaque fica para o casal protagonista, O Ano Mais Violento é uma boa pedida para quem sente saudades dos grandes clássicos de drama policial / máfia dos anos 70 / 80. Nota: 7,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...