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Da esq. para dir., e de cima para baixo: Populous, Lemmings, Sensible Soccer e Speedball 2 |
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Da esq. para dir., e de cima para baixo: Another World, Shadow of the Beast, Pinball Dreams e Zool |
Bem vindo ao Cinema Vírgula! Com foco principal em notícias e críticas de Cinema e Filmes, este blog também traz informações de Séries de TV, Quadrinhos, Livros, Jogos de Tabuleiro e Videogames. Em resumo, o melhor da Cultura Pop.
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Tivemos várias produtoras de jogos para videogames que alcançaram muita fama nos anos 80 e 90, os anos dourados dos consoles. Nomes como Capcom, Data East, Electronic Arts, Konami, Namco e Taito. Porém também tivemos muitas outras, que se não ficaram tão famosas, deixaram sua marca na história. Uma delas é a Irem, que faço questão de relembrar por aqui.
Fundada em 1974 como IPM, a Irem Corporation é uma antiga desenvolvedora e publicadora de jogos eletrônicos japonesa. Sua história com videogames e arcades (fliperamas) começa em 1978. E a seguir, vamos a alguns dos jogos que a fizeram ser memorável:
Moon Patrol (1982), um dos primeiros grandes sucessos da Irem, chegou a alcançar o Top 5 de arcades mais lucrativos nos meses posteriores ao seu lançamento. É considerado o primeiro jogo de rolagem lateral da história (!) a usar o efeito de parallax scrolling (quando as imagens de plano de fundo movem-se mais lentamente que as imagens em primeiro plano, criando uma ilusão de profundidade) na tela inteira.
No jogo, você controla um veículo lunar enquanto pula e se desvia de obstáculos como buracos e pedras, além de atirar em naves alienígenas. O game também foi portado para o Atari 2600, Atari 5200, Commodore 64, IBM PC e MSX dentre outros.
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A versão original arcade (à esq.), e a versão do Atari 2600 (à dir.), um dos melhores jogos deste console |
Kung-Fu Master (1984), é nada menos que o primeiro jogo beat 'em up (luta corpo a corpo) da história (!) O game se tornou um enorme sucesso, lançado nos fliperamas em Novembro de 84, terminou o ano seguinte como líder de vendas do Japão e em segundo lugar nos EUA.
Na trama, o jogador controla Thomas, um mestre de Kung Fu, que luta por 5 andares de um Templo para resgatar sua namorada Sylvia, sequestrada por um chefão do crime. São dezenas de adversários por andar, muitos simultâneos, porém para subir ao andar seguinte é necessário derrotar o chefão daquele nível. Kung-Fu Master também foi portado para o Atari 7800, Apple II, Commodore 64, MSX... mas o console caseiro onde mais fez sucesso foi o NES, o querido Nintendinho.
R-Type (1987), jogo de tiro de nave em rolagem lateral, o primeiro jogo lançado pela Irem em sua placa arcade de 16-bits. O jogo chamou a atenção do mundo pela sua incrível beleza gráfica, e também, pela sua dificuldade. R-Type se encontra na seleta lista de melhores jogos de videogame de todos os tempos.
Como características inconfundíveis, R-Type apresenta um visual baseado nos trabalhos de H.R. Giger, a mesma mente de onde foram inspirados os visuais para os filmes da franquia Alien. Além disso, a nave que o jogador controla, a R-9 "Arrowhead", está sempre acompanhada de um módulo praticamente esférico de nome "Force", que pode ser ejetado ou também acoplado na frente ou atrás do veículo. É uma arma viva, indestrutível, que atira raios diversos e também serve como escudo. Dada a sua enorme qualidade, R-Type foi portado para dezenas de consoles, do velho e bom Master System aos modernos PlayStation 4 e Xbox 360.
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R-Type virou uma franquia de grande sucesso. Somando suas continuações e spin-offs, são mais de uma dezena de títulos! |
E antes de irmos para a próxima seção deste artigo, só com jogos dos anos 90, quero comentar sobre mais dois jogos oitentistas que joguei e gosto. Um nada "revolucionário" mas que ficou bem famoso, e outro um bocado obscuro. O popular destes é Vigilante (1988), um beat 'em up que por também só possuir movimentação em 2D e possuir trama parecida, foi considerado o "sucessor espiritual" do Kung-Fu Master. O jogo foi portado para o Amiga, Master System, Commodore 64, MSX e TurboGrafx-16 dentre outros.
Já o jogo menos conhecido é o belíssimo Dragon Breed (1989), um jogo de tiro horizontal onde sua "nave" na verdade é um comprido dragão voador de nome Bahamoot. O game tem um visual que mistura R-Type com outros jogos da SEGA que adoro, como Space Harrier (1985) e Altered Beast (1988). Dragon Breed não foi portado para nenhum console caseiro, apenas para alguns computadores, como por exemplo o Amiga, Atari ST e Commodore 64.
A Tetralogia D.A.S.
Tetralogia D.A.S. é como são conhecidos quatro jogos criados pela Irem nos anos 90 que possuem duas características em comum: terem sido feitos pelo mesmo time de desenvolvedores, e se situarem em uma Terra pós-apocalíptica onde um grupo de vilões denominado D.A.S. (Dark Anarchy Society, ou Destruction And Satsujin no original japonês) conseguiu inundar o planeta ao derreter suas calotas polares. São eles: Air Duel (1990), Undercover Cops (1992), In The Hunt (1993) e Gunforce II (1994). Todos de estilos completamente diferentes, como veremos a seguir.
O "fim" e a Nazca Corporation
Em 1994, a Irem encerrou o desenvolvimento de novos jogos de videogames, passando apenas a fabricar máquinas de fliperama. Devido seu "fim", uma equipe de programadores da divisão de videogames da Irem (as mesmas pessoas que criaram os jogos da Tetralogia D.A.S.!) deixou a empresa e fundou a Nazca Corporation, que dentre vários jogos relevantes, se tornou famosa principalmente por ter criado a franquia Metal Slug, que brilharia no Neo Geo da SNK.
Takashi Nishiyama, um dos mais antigos grandes nomes da Irem, e também um dos principais nomes em Moon Patrol e Kung-Fu Master, esteve envolvido no desenvolvimento do Neo Geo de outros games que surgiram neste console, como por exemplo Art of Fighting e The King of Fighters. Como se pode concluir, é como se o Neo Geo fosse a nova casa dos antigos funcionários da Irem.
Metal Slug, genial jogo da Nazca Corporation, é de ex-funcionários da Irem |
A partir de 1997 a Irem voltou para os games, agora sob o nome de Irem Software Engineering, quando começou a adaptar e (re)publicar seus antigos clássicos para vários consoles PlayStation, Nintendo e até Sega Saturn. Porém desde 2011 ela só produz máquinas de Caça-níquel (Slot machine), abandonando de vez qualquer ligação com o mercado de videogames.
Já a Nasca Corporation, após alguns anos de serviços prestados para a SNK para o Neo Geo, foi comprada pela mesma, e seus funcionários ficaram por lá até 2001, quando a SNK decretou falência.
E vocês? Jogaram algum jogo da IREM? Comentem! E para ler mais artigos sobre videogames, é só clicar aqui!
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Alex Kidd vs Goku |
Eram novos tempos: a SEGA entrava com tudo na Quarta Geração de Consoles com seu novo videogame, o Mega Drive, e para bater de frente com a poderosa Nintendo, quis também investir em um novo mascote para a empresa: menos infantil, mais moderno e "ousado". Nascia então em 1991, Sonic the Hedgehog.
E demoraria apenas mais um ano para que a SEGA fizesse uma grande homenagem a Dragon Ball em seus videogames. Seria em Sonic the Hedgehog 2, lançado para o Mega Drive em 1992.
Como partes essenciais da mitologia de Dragon Ball temos que uma das mais recorrentes missões dos personagens é reunir as SETE Esferas do Dragão. Além disto, os heróis principais, conforme foram evoluindo, aprenderam a evoluir para um estágio máximo de poder: os Super Saiyajins, que é quando eles ficam de cabelo loiro e espetado, e o corpo envolvido por uma luz dourada.
Pois bem: há um código secreto muito poderoso em Sonic the Hedgehog 2. Escondidas, dentro das fases da Emerald Hill Zone, existem 7 fases bônus (que podem ser vistas no vídeo acima), e ao terminar cada uma delas, você recebe uma Esmeralda do Caos. E ao reunir as SETE Esmeraldas do Caos, você consegue habilitar o poder do Super Sonic, cujo visual é idêntico ao dos Super Saiyajins (veja a imagem título deste artigo, lá em cima)! A "inspiração" da obra de Toriyama é evidente, e admitida pelos desenvolvedores da SEGA.
Uma vez que você tem este modo ativado, o primeiro pulo que você der com o Sonic após coletar 50 ou mais anéis, irá se transformar no Super Sonic. É vantajoso coletar o maior número de anéis possível antes da transformação já que ela consome um anel por segundo, até se encerrar. No modo Super Sonic, o personagem pode voar, fica invulnerável e indestrutível.
Divirta-se você também jogando com o Super Sonic
O Super Sonic foi além do Sonic the Hedgehog 2 e virou parte importante da franquia do Ouriço, sendo incorporado na maioria dos jogos posteriores do Sonic. Abaixo temos um vídeo mostrando a transformação de Super Sonic nos jogos Sonic the Hedgehog 2, Sonic the Hedgehog 3 & Knuckles (Mega Drive - 1994) e Sonic Mania (Oitava Geração de Consoles - 2017).
Se você quer jogar "hoje" com um Super Sonic é fácil... ele continua presente nos jogos atuais do Sonic, e as vezes até com um destaque maior do que tinha antigamente. Por exemplo, em Sonic Frontiers (2022), disponível para Nintendo Switch, PC, PlayStation 4 e 5, Xbox One, Xbox Series X e S, dá pra se sentir um verdadeiro Super Saiyajin com ele, com direito até a golpes similares a um Kamehameha. Neste jogo coletar as Esmeraldas não é "opcional", faz parte da trama principal: você precisa delas para se transformar no Super Sonic e só assim conseguir derrotar os Titãs, chefões gigantes que são os inimigos mais fortes do game.
Agora, se você quiser jogar com o Super Sonic original do Sonic the Hedgehog 2, tire seu Mega Drive da poeira (ou use algum Emulador), e ao invés de sofrer com o hercúleo trabalho de coletar as 7 Esmeraldas do Caos, ouse o código a seguir:
Na tela inicial, entre em "Options" e no Sound Select, ouça as trilhas: 19, 65, 09, 17. Depois, aperte o botão "C" e "Start", para voltar para a tela inicial. Quando Sonic e Tails começarem a aparecer na tela, aperte e segure o botão "A" e depois, aperte "Start" ainda segurando o botão "A". Se você fez tudo certo, vai cair em uma tela para Seleção de Fases. Dentro desta tela de Seleção de Fases, novamente vá para a parte de "Sound Test" e agora clique para ouvir as seguintes trilhas: 04, 01, 02, 06. Ao terminar o processo, uma música característica vai soar, indicando que o truque deu certo. Ai, basta clicar "Start" escolhendo uma das fases e seguir para o jogo normalmente.
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Lutando com o Super Sonic contra um Titan do Sonic Frontiers |
Apesar de ser uma das maiores franquias de filmes do planeta, o último jogo de videogame para Indiana Jones havia sido lançado no hoje longínquo 2009 - Indiana Jones and the Staff of Kings - para os consoles Nintendo DS, Nintendo Wii, PlayStation 2 e PSP.
E então 15 anos depois, mais precisamente na semana passada, tivemos o lançamento mundial de Indiana Jones and the Great Circle, para Xbox Series X/S e PC. A espera parece ter valido a pena, pois o jogo tem sido amplamente aclamado por fãs, jogadores e mídia especializada, e já está sendo considerado um dos melhores jogos deste ano.
O jogo foi desenvolvido pela MachineGames e publicado pela Bethesda Softworks, mesma dupla que assumiu em 2014 a franquia de jogos de tiro em primeira pessoa Wolfenstein, ambientada na 2ª Guerra Mundial. Indiana Jones and the Great Circle também é um jogo de ação em primeira pessoa, feito portanto por quem sabe do assunto.
O jogo mistura bastante ação e quebra-cabeças para o jogador resolver, porém, mais que tudo isso, Indiana Jones and the Great Circle também se preocupou bastante em trazer uma história. Aliás, se preocupou até demais: são quase quatro horas de cutscenes (!), o que torna esta produção muito próxima de um novo filme. Ambientado em 1937, ou seja, entre os filmes Os Caçadores da Arca Perdida e Indiana Jones e a Última Cruzada, a trama mostra Indiana percorrendo por diversos sítios arqueológicos do mundo - que se ligam pelo globo formando um "Grande Círculo" - tudo isso para evitar a liberação de um grande e antigo poder.
Este roteiro permite o jogador explorar diversos lugares famosos, como por exemplo, Roma, Egito e Machu Picchu e também traz um número bem grande de referências aos filmes antigos do Indiana. O ator contratado para fazer a captura de movimentos e as vozes de Indiana Jones foi Troy Baker, o mesmo ator responsável pelo personagem Joel nos jogos da franquia The Last of Us. A voz de Troy imitando Harrison Ford ficou muito parecida, bastante impressionante!
Além das imagens que coloquei aqui no artigo para vocês babarem um pouco com o jogo (sim, até a foto inicial deste artigo é uma foto real do game), segue mais abaixo um vídeo de 15 minutos (em inglês) lançado pela própria Bethesda apresentando o gameplay de Indiana Jones and the Great Circle.
Ah, para quem quiser jogar este jogo no Playstation 5, há um acordo entre a Microsoft e a Bethesda para que seus jogos tenham prioridade no Xbox... Ainda assim, o lançamento para o PS5 vai acontecer um dia, e a previsão atual é que seja entre Abril e Maio de 2025.
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A propaganda do Phantasy Star em Português, de duas páginas, que se espalhou por diversas revistas cotidianas do país |
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Duas fotos do Phantasy Star em Português; e em seguida, Mônica no Castelo do Dragão e Geraldinho |
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Dynamite Headdy, Legend of Illusion, Férias Frustradas do Pica-Pau e Castelo Rá-Tim-Bum |
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Acima: Battlemaniacs; embaixo: Street Fighter II’ |
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O SEGA Mark III, de 1985 |
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A versão "Base System", mais barata, não vinha com a pistola, nem com jogos inclusos |
Estava na hora do Moonwalk aparecer mais, e então, nascia o filme Moonwalker, de 1988. Moonwalker, estranhamente, era principalmente uma coletânea de clipes (Speed Demon e Leave Me Alone) e apresentações ao vivo do cantor (Man in the Mirror e Come Together), e ainda que tinham o apelo de serem todos inéditos, não tinha nenhuma ligação entre eles. Porém, a partir de sua metade, o filme trazia o que podemos considerar de fato uma história...
E nesta história, temos um Michael Jackson que em passagens de uma estrela cadente (?!), adquire poderes e consegue se transformar em um carro, uma nave, e em um robô repleto de armas, tudo isso para defender um trio de crianças das "maldades" de Mr. Big (interpretado por Joe Pesci) - um ganancioso traficante de drogas - e seu exército.
O mais importante é que dentro deste segmento, vemos Michael de terno e chapéu branco, entrar em um boate dos anos 1930, e desempenhar o que se tornaria o clipe de Smooth Criminal. E ainda que por um tempo pequeno, o Moonwalk também estava lá. Pronto: agora MJ já tinha uma segunda música para performar seu famoso passo. E mais ainda, seu visual "gângster", com paletó e chapéu brancos se imortalizou na Cultura Pop. Agora, o Moonwalk passava a estar personalizado: Michael Jackson, o Mookwalker.
Como curiosidade, o filme foi lançado apenas nos cinemas da Europa, América do Sul e alguns poucos países da Ásia e Oceania. E o mais importante/estranho: não foi lançado na América do Norte, em algo até hoje não muito bem explicado. De qualquer forma, nos EUA Moonwalker foi lançado direto para vídeo caseiro em VHS, e em apenas 3 meses já havia superado a espantosa marca de 800 mil cópias vendidas.
Moonwalker: os (três) Videogames
Após o filme, a promoção de Moonwalker ainda não havia acabado. Sendo a primeira das colaborações de Michael Jackson com a japonesa SEGA, em 1990 tivemos o lançamento de três versões completamente distintas de Moonwalker em termos de jogos eletrônicos. Sim, pois a versão dos Arcades / Fliperamas (Julho/90) era um jogo bem diferente da versão para os computadores caseiros (PC's, Amiga, MSX, etc), e que por sua vez, também bem diferente da versão para o Master System e Mega Drive (Agosto/90). Todas elas obviamente vinham com trilha sonora de músicas do cantor.
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Fliperama original de Moonwalker, esta máquina se encontra na Casa Do VideoGame, no Brooklin, em São Paulo |
Golden Axe: o desenho!?
Uma das minhas franquias favoritas de videogame quando eu era criança era Golden Axe, um dos primeiros jogos de beat 'em up de "capa e espada" da história, feita pela SEGA. Eu até já escrevi um artigo sobre ele.
A série animada de Golden Axe será uma criação de Mike McMahan (criador e roteirista de Star Trek: Lower Decks) e Joe Chandler (roteirista de American Dad!). O tom do desenho será de comédia, e ele foi apresentado como: "acompanhe os guerreiros veteranos Axe Battler, Tyris Flare e Gilius Thunderhead enquanto eles mais uma vez lutam para salvar Yuria do gigante malvado Death Adder, que aparenta nunca se manter morto. Felizmente, desta vez eles têm o inexperiente e despreparado Hampton Squib ao seu lado.".
Então, além de confirmar os três personagens mais clássicos da franquia - o anão Gilius Thunderhead, a feiticeira Tyris Flare e o bárbaro Ax Battler - durante o anúncio também foram citados os personagens Chronos Lait, a pantera antropomórfica que apareceu apenas no jogo Golden Axe III, e um inexperiente e otimista aventureiro de nome Hampton Squib criado especificamente para esta animação.
E não teremos mais Críticas...
Estava... pois nesta quarta-feira o site Deadline anunciou com exclusividade que Tarantino desistiu oficialmente de The Movie Critic. Ainda insatisfeito com o roteiro, ao invés de reescrevê-lo (mais uma vez), o diretor / roteirista resolveu abandonar o projeto de vez e agora passa a procurar uma nova idéia para sua despedida nos cinemas...
Feliz dia Internacional da Mulher para todas as mulheres que acompanham o Cinema Vírgula! E mais uma vez, trago aqui a história de uma mulher memorável para cultura pop. Desta vez, falo de Roberta Williams, famosa empresária, designer e produtora de videogames. Se muitos sonham com a fama e prestígio de revolucionar alguma área do conhecimento UMA vez na vida... bem, ela revolucionou a indústria dos jogos para computador pelo menos TRÊS vezes!!! Confira um breve resumo de sua história e conquistas.
Os primeiros Adventures e Mystery House
Nos últimos anos da década de 70, Roberta Williams vivia com seu marido Ken (ambos programadores de computador) em Los Angeles, com seus dois filhos. Até que em um belo dia Ken apresentou a Roberta o jogo para computador Colossal Cave Adventure (considerado o primeiro jogo adventure já feito, onde o jogador, apenas através de frases em texto, explorava uma caverna em busca de tesouros). Foi amor a primeira vista (ou jogatina). Empolgada pela descoberta de um jogo interativo onde ela poderia resolver mistérios, e imediatamente decepcionada ao descobrir não haver muitos outros games do tipo, ela resolveu então criar seus próprios jogos do gênero.
Roberta e Ken Williams em foto fofa de início de carreira |
Igualmente apaixonada por livros de aventura policial, sua idéia inicial era fazer um jogo ao estilo dos livros de Agatha Christie. Foi então que nasceu Mystery House (lançado em 1980): o jogador começa o jogo trancado dentro de uma velha mansão, onde também se encontram mais 7 pessoas. Não demora muito para que estas comecem a ser assassinadas uma a uma... resta ao jogador descobrir quem é o assassino... antes que ele mesmo morra!
Roberta desenvolveu toda a história de Mystery House, e Ken foi responsável pela sua programação. Porém a dupla teve uma idéia inovadora: ao invés de mostrar apenas textos, que tal passar também a exibir imagens para o jogador (mesmo que estáticas)? Os desenhos foram programados pela própria Roberta, e nascia então o primeiro jogo adventure com gráficos da história! Para divulgar e vender seu novo jogo, o casal criou a empresa On-Line Systems.
Uma imagem de Colossal Cave Adventure (1976), e depois três imagens de Mystery House (1980) |
King's Quest e Sierra On-Line
A On-Line Systems crescia em bom ritmo, lançando novos jogos para os limitados computadores caseiros Apple II e Atari 8-bit, e ainda que a maioria fossem adventures (e quase sempre com participação de Roberta Williams), alguns jogos até fugiram do estilo, como por exemplo Crossfire (um jogo de tiro) e Jawbreaker (um clone de Pac-Man), ambos de 1981. No ano seguinte a empresa do casal já beirava 100 funcionários, e então a companhia se mudou para uma grande estrutura na pequena comunidade de Oakhurst (ainda na Califórnia), e a dupla aproveitou para alterar o nome da companhia para Sierra On-Line, uma homenagem a cadeia de montanhas de mesmo nome que se situava ao lado das novas instalações.
Em 1983 a Sierra On-Line balançou com a famosa grande crise dos videogames, porém teve uma grande oportunidade ao ser contratada pela IBM para criar um jogo exclusivo para seu futuro novo computador pessoal de nome PCjr, que tinha o objetivo de ser mais barato e mais voltado a jogos do que seus concorrentes, contando com gráficos e som mais avançados.
Para fechar o contrato, Ken prometera para a IBM um jogo inovador: um adventure onde o jogador controlaria um personagem que interagia com um mundo tridimensional na tela. Roberta foi decisiva para estudar, liderar e mostrar ao grupo de 6 programadores deste projeto que o desafio não era, afinal, impossível. Após 18 meses de trabalho, chegava as lojas o incrível King's Quest: o primeiro adventure da história com animações gráficas.
King's Quest também impressionava pelos gráficos: foi o primeiro jogo de computador a aceitar 16 cores distintas simultâneas via EGA |
King's Quest era uma aventura medieval, onde o jogador assumia o papel do cavaleiro Sir Graham, requisitado pelo Rei para encontrar três artefatos mágicos que salvariam seu Reino da destruição. O jogador ainda dependia de digitar textos para fazer as ações, porém, ele podia de fato mover seu personagem pelo cenário através das teclas direcionais do teclado, navegando por 48 telas diferentes, em uma espécie de mapa cíclico que dava a impressão de um mundo aberto; tudo absurdamente inovador. O design e história do jogo foram ambos feitos por Roberta Williams: a progressão do jogo era não-linear (você podia por exemplo buscar os 3 tesouros na ordem que quisesse), o que era muito incomum. O jogo permitia que o jogador morresse de várias formas, e trazia quebra-cabeças bem difíceis: essas duas características se tornariam no futuro "marcas registradas" dos jogos da Sierra. E, outra surpresa: não era necessário resolver todos os enigmas para vencer o jogo.
King's Quest foi um enorme sucesso de crítica, impressionando o mundo dos jogos de computador; porém, foi mal de vendas... mas isso devido ao fracasso do IBM PCjr. Com isso, a Sierra correu para lançar o jogo em outras plataformas e meses depois King's Quest já podia ser jogado nos IBM PC's tradicionais. No ano seguinte ele chegou ao computador Tandy 1000 com enorme sucesso, e alguns anos depois ele chegou até ao Master System!
King's Quest IV (1988), também criado por Roberta, tinha uma mulher como protagonista, algo raro para a época |
O sucesso de King's Quest foi um divisor de águas para a Sierra On-Line, que passaria a ser "a" empresa de jogos de adventures a partir de então, continuando com novos jogos King's Quest (foram 8 no total), e também desenvolvendo novas franquias como Leisure Suit Larry, Space Quest, Police Quest e Gabriel Knight.
Phantasmagoria e legado
No inicio dos anos 90 os jogos de adventure para computador estavam no auge, com a Sierra On-Line liderando o mercado deste tipo de game juntamente com a poderosa LucasArts (propridade de ninguém menos que George Lucas). Roberta Williams já havia participado da criação de mais de 10 jogos do gênero, porém ela ainda iria surpreender o mundo pela terceira vez.
Após anos de trabalho com jogos com tema de fantasia medieval ou de investigação policial, faltava a Roberta Williams homenagear outra de suas paixões: os livros de suspense / terror ao estilo de Stephen King, de quem também era grande fã. Seu objetivo era criar um adventure que fosse verdadeiramente assustador, mas a limitação da tecnologia sempre a fez duvidar se isso era mesmo possível.
A atriz Victoria Morsell foi escalada para protagonizar o futuro jogo |
Mas em 1993 ela resolveu tornar seu sonho realidade e iniciou seu mais ambicioso projeto, um jogo adventure de terror 100% feito com filmes interativos. Sim, o jogo teria apenas imagens de atores reais, que você controlaria com o mouse normalmente, algo simplesmente inacreditável na época. Com orçamento inicial previsto de US$ 800 mil e vários adiamentos, depois de mais de 2 anos de desenvolvimento seria lançado em Agosto de 1995 o jogo Phantasmagoria, cujo custo de produção acabou chegando em US$ 4,5 milhões.
Me lembro até hoje do quanto Phantasmagoria causou uma enorme comoção em toda a comunidade de jogadores de videogames da época. Foram meses de propagandas em revistas especializadas dizendo o quanto o jogo seria assustador e revolucionário graficamente; quando ele chegou às lojas, descobrimos que o jogo estava dividido em impensáveis 7 CD-Roms (as maiores produções da época chegavam no máximo a 4 CDs).
Phantasmagoria alternava muitas partes interativas (a esq.) com mini-filmes (a dir.) |
Na história de Phantasmagoria (baseada em um roteiro de 550 páginas de Roberta), você assume o papel da escritora Adrienne, que se muda para uma antiga e luxuosa mansão junto com seu marido. A mansão no passado pertencera a um famoso mágico, cujas cinco esposas morreram misteriosamente. Após um tempo, Adrienne começar a ter constantes pesadelos, descobrir coisas "perturbadoras" na casa, além de ver seu esposo começar a mudar de comportamento...
Quando saiu, Phantasmagoria foi um grande sucesso de vendas, dando um bom lucro para a Sierra e se tornando o jogo mais vendido da história da empresa. Porém, em termos de crítica sua recepção foi apenas morna: se em termos técnicos o jogo era muito elogiado, por outro lado seus quebra-cabeças eram considerados muito simples, e o jogo sofreu várias críticas pelo excesso de violência, o que aliás fez Phantasmagoria ser vendido nos EUA com um selo para maiores de 17 anos.
Eu joguei Phantasmagoria e de fato em termos de enigmas o jogo me decepcionou, assim como a sua duração, bem curta para o que eu esperava. Os gráficos também não eram exatamente iguais a de um filme, o que também me frustrou um pouco... Porém, o que Roberta Williams prometeu ela cumpriu: visualmente o jogo estava bem acima dos concorrentes, não deixava de ser algo realmente impressionante e bem diferente de tudo o que havia sido feito antes; e principalmente, o jogo era realmente assustador! Somando prós e contras, posso dizer tranquilamente que aprovei o game. Jogar Phantasmagoria foi uma experiência bem memorável e alguns de seus "sustos" eu me lembro até hoje.
A interface do jogo de Phatasmagoria em detalhes |
Em 1996 a Sierra foi comprada pela CUC International por mais de US$1 Bilhão, sendo que Roberta foi inicialmente foi contra a venda, pois duvidava da credibilidade dos compradores; entretanto, ela acabou cedendo devido a pressão do restante de seus co-acionistas. Em 1998 a CUC International foi pega em um escândalo fiscal (sim, ela estava certa sobre a CUC) e Roberta - que já estava trabalhando bem menos após a venda por ter perdido sua liberdade criativa - deixou a Sierra em definitivo, juntamente com seu marido Ken, e ambos se aposentaram.
Além de todo seu legado em termos de jogos (cerca de 30) e indústria, Roberta Williams também ajudou ao dar voz feminina no mundo dos jogos de computadores. Por exemplo, alguns de seus jogos tinham protagonistas femininas; mas principalmente, Roberta deu espaço e formou outras grandes mulheres para o mundo dos games, como por exemplo Lorelei Shannon (de King's Quest VII e Phantasmagoria II), e principalmente Jane Jensen, criadora da franquia Gabriel Knight e futura co-fundadora das empresas de jogos Oberon Media e Pinkerton Road.
Roberta Williams e Lorelei Shannon trabalhando na Sierra |
PS: sobre os jogos adventures
Vale a pena explicar: ao citar "adventure" em meu texto o tempo todo, isso não foi um jeito "preguiçoso" ou "esnobe" para não traduzir a palavra aventura. Pois de fato adventure neste contexto se trata de um estilo bem específico de jogo, que privilegia a história e a resolução de quebra-cabeças ao invés de ação. Com a chegada do mouse, esse tipo de jogo também passou a ter como sinônimo o nome de point-and-click. Como eu já disse no texto acima, os anos de Ouro dos adventures foram na década de 90, lideradas por duas empresas: Sierra On-Line (originalmente On-Line Systems) e a LucasArts (originalmente Lucasfilm Games).
Dentre os grandes clássicos dos jogos de adventure, e que ainda recomendo a todos jogarem, posso citar: Maniac Mansion, Day Of The Tentacle, a franquia Monkey Island, Indiana Jones and the Fate of Atlantis, The Dig, Full Throttle (todos da LucasArts), as franquias King's Quest e Gabriel Knight (esses são da Sierra); e também sucessos de outras empresas diversas, como por exemplo Myst, The 7th Guest, a franquia Tex Murphy e a franquia The Legend of Kyrandia.
O que não falta na televisão são programas de "show de talento", onde participantes (em teoria ainda desconhecidos ou de pouca fam...