quinta-feira, 23 de junho de 2022

Crítica - Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022)

Título: Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo ("Everything Everywhere All at Once", EUA, 2022)
Diretores: Daniel Kwan, Daniel Scheinert
Atores principaisMichelle Yeoh, Stephanie Hsu, Ke Huy Quan, James Hong, Jamie Lee Curtis
Nota: 8,0

Produção independente é tudo o que Matrix 4 queria ser e não conseguiu... e ainda mais!

Vamos fazer um exercício de imaginação: o que seria do filme Matrix de 1999, se ele tivesse sido feito nos tempos de hoje, se ao invés do visual cyberpunk ele tivesse um visual pendendo para os filmes de ação chineses, se nele fosse adicionada uma enxurrada de humor nonsense, se ao invés de elevar os filmes sobre "escolhidos" ele viesse para desconstruí-los, e pra finalizar... se ao invés de termos uma batalha do homem versus máquina, tivéssemos na verdade uma batalha do ser humano contra ele mesmo... seus próprios medos, angústias e preconceitos? Ufa, quanta coisa em um parágrafo só, não? Pois este filme existe e então parece apropriado que seu nome seja Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo.

Desde que Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo começou a ser exibido pelo mundo em Março deste ano, sua recepção foi a melhor possível, muitos críticos afirmavam animados estarem diante do melhor filme do ano até então. E ainda que a obra tenha alguns problemas, entendo e concordo com a empolgação.

A história começa mostrando Evelyn Wang (Michelle Yeoh), uma imigrante chinesa que mora nos EUA e lá é dona de uma lavanderia. Sua vida está repleta de problemas: ela está cheia de dívidas, a beira do divórcio, tem problemas de relacionamento com a filha e também com seu pai idoso. É então que uma versão de outro universo de seu marido Waymond Wang (Ke Huy Quan) assume o corpo dele e a avisa que todo um Multiverso está em perigo e que ela, Evelyn, é a pessoa que pode salvar a todos. Com isso, de uma hora para outra (assim como fôra com Neo em Matrix), a vida de Evelyn muda radicalmente e ela passa a ser caçada por inimigos, tendo que aprender sobre a nova realidade em que se encontra para sobreviver.

Então temos um filme com muita ação, correria e... humor, muito humor absurdo. Mesmo tendo conceitos teoricamente complicados como universos paralelos, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo não é difícil de entender porque basicamente ele não se preocupa em explicar praticamente nada... É tão caótico que tudo acaba se explicando sozinho. Mas todas as piadas e caos, no final das contas, levam a um propósito bem definido. Ao contrário de Matrix, aqui o filme nos deixa uma mensagem, uma reflexão. O filme também nos emociona, e até sobra tempo para, em paralelo, debater sobre existencialismo e as diferenças entre cultura ocidental e oriental.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo foi dirigido e roteirizado pela jovem dupla que se apresenta como "Os Daniels". Eles tem uma carreira curta por enquanto, e são mais conhecidos pelo bom filme Um Cadáver Para Sobreviver (2016), que também mistura bastante humor nonsense (e humor sombrio) com drama. Portanto, este filme não é um passo totalmente inesperado vindo deles. Da parte dos atores, os principais foram todos bem, mas meu destaque vai para a Michelle Yeoh, como ela é boa! Que felicidade é ver ela protagonizando um grande filme!

Ainda que não seja um produto para "todas as idades" (só não seria para crianças, mas já funciona de adolescentes pra cima), Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo deve agradar uma boa variedade de público, já que nele temos ação, (muito) humor, drama, romance, filosofia... uma mistura bem grande de gêneros. Imagino que a obra só não agrade quem seja muito conservador, já que o filme é bem diferente do tradicional.

Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo me agradou bastante e também entra na minha lista dos melhores filmes que assisti neste ano. Mas não dou nota maior por dois motivos. Um é porque não há qualquer cuidado em explicar a mitologia do mundo criado, e isso me incomodou. E a outra é porque entendo que há momentos que o roteiro exagera no nonsense, ou até no drama. Sabe quando você está em um encontro e o clima está ótimo, e então alguém fala algo que estraga tudo? Pois é, entendo que o filme tem alguns destes momentos, o que é uma pena. De qualquer forma, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é um filme muito bom, marcante, e que recomendo todos a não perder a oportunidade de ir no cinema conhecê-lo. Nota: 8,0

sábado, 11 de junho de 2022

Dupla Crítica Filmes Netflix - Arremessando Alto (2022) e O Soldado Que Não Existiu (2021)

Outro fim de semana chegou e se você quer ficar em casa, trago mais dois filmes Netflix para vocês conhecerem. O primeiro literalmente acabou de estrear, e o segundo estreou no Brasil mês passado. Vejam o que achei de ambos.



Arremessando Alto
 (2022)
Diretor: Jeremiah Zagar
Atores principais: Adam Sandler, Queen Latifah, Juancho Hernangomez, Ben Foster, Kenny Smith, Anthony Edwards

Outra produção Netflix capitaneada por Adam Sandler, Arremessando Alto é um filme que mostra o processo para jovens jogadores de basquete entrarem na NBA (aliás, que outra tradução de título de filme nojenta... ele se chama Hustle no original). Na história vemos o ex-jogador e olheiro internacional do Philadelphia 76ers, Stanley Sugerman (Sandler) encontrar nas ruas da Espanha o desconhecido Bo Cruz (Juancho Hernangomez) e tenta levá-lo para a NBA. Stanley vê no garoto sua chance de mudar de vida, porém contra ele há um dos donos do próprio 76ers (Ben Foster), e contra Bo há o calouro rival Kermit (Anthony Edwards).

A história é uma espécie de Rocky versão basquete (não a toa o filme se passa na Filadélfia, e também não tem nenhuma vergonha de assumir que está "homenageando" a obra de Stallone), com a principal diferença que aqui o foco não é no "lutador" e sim no seu "mentor", além de que as dificuldades são menores. Em suma, nada de muito original... o grande diferencial de Arremessando Alto é quantidade absurda de personalidades da NBA - sejam jogadores, técnicos ou dirigentes - que participam do filme. É algo muito impressionante... estamos falando de algo superior a 30 pessoas, e de várias gerações (dentre elas o brasileiro Leandrinho, que infelizmente não consegui encontrar em cena). Os dois jogadores principais do filme aliás, os "rivais" Hernangomez e Edwards, são jogadores em atividade na NBA, e eram companheiros de time no Minnesota Timberwolves enquanto o filme era feito.

Para quem gosta de NBA, só por mostrar um mundo bem real do basquete (e com algumas piadas internas bacanas), o filme vale a pena. Já para os "leigos" do esporte, o filme é um "drama motivacional" bem feito, porém clichê. Nota: 6,0.



O Soldado Que Não Existiu
 (2021)
Diretor: John Madden
Atores principaisColin Firth, Kelly Macdonald, Matthew Macfadyen, Penelope Wilton, Johnny Flynn, Jason Isaacs

Se o filme anterior nos trouxe uma história totalmente ficcional, no caso deste O Soldado Que Não Existiu temos o contrário, já que esta absurda aventura de fato aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. A trama nos mostra uma missão especial de espionagem em que os britânicos "criaram" um soldado morto com informações falsas para confundir os alemães, e com isso, ser possível desembarcar tropas no continente europeu de maneira inesperada.

Tudo o que me vêm sobre este O Soldado Que Não Existiu é aquela frase de "matar uma formiga com uma bazuca". Pois temos aqui uma história que é sim interessante para ser contada, porém ela não duraria nem 30 minutos. Porém para completar um filme inteiro, a produção gasta tempo mostrando os relacionamentos entre os personagens, o que não traz bons resultados. Da mesma maneira, temos atores excelentes, mas não precisava de tanto... não há grandes cenas exigindo isso. Se bem que - até contradizendo o que eu disse - é justamente a competência e carisma dos atores, principalmente de Colin Firth e Penelope Wilton que fazem que toda a trama paralela desnecessária em O Soldado Que Não Existiu não incomodar o espectador.

O diretor John Madden também faz sua parte em não deixar o filme enfadonho, deixando-o sempre em ritmo acelerado, e sempre mudando de cenário: ou seja, certamente tivemos um gasto considerável na produção de O Soldado Que Não Existiu. Precisava? Não... Mas o dinheiro foi usado e o importante é que ficou bom. Para quem curte História, espionagem, ou é fã de Colin Firth, o filme vale a pena assistir. Já se você não encaixar em nenhum destes perfis, bem... O Soldado Que Não Existiu se encaixaria mais como uma diversão despretensiosa tipo Sessão da Tarde. Nota: 6,0.

PS 1: na verdade o filme O Soldado Que Não Existiu não é uma produção original Netflix, porém seus direitos de exibição foram comprados por exclusividade por ela para todo o continente Americano.

PS 2: notem que o personagem interpretado por Johnny Flynn, e que sempre aparece na máquina de escrever, ou comentando sobre romances, é Ian Fleming... sim, ele mesmo, que após a Guerra seria o criador e escritor das histórias de James Bond.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Últimas notícias sobre o futuro filme e outros lançamentos da franquia Dungeons & Dragons (Caverna do Dragão)


Vamos falar de Dungeons & Dragons? Ou... para quem não é familiarizado com o mundo dos RPG's, da franquia de Caverna do Dragão? Pois há muita coisa sendo feita neste universo, e como isso não vêm tendo destaque nas principais mídias brasileiras de entretenimento, resolvi trazer aqui um resumo das novidades dos últimos três meses.

A principal delas: já temos nome e data confirmados para um novo filme de Dungeons & Dragons nos cinemas. O filme se chamará Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes (Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves no original) e estreará nos EUA em 03 de Março de 2023. Mesmo sem data prevista de lançamento no Brasil, a Paramount já lançou seu teaser por aqui. Clique aqui para ver.

Lembrando que já tivemos até hoje três filmes de Dungeon & Dragons, todos de qualidade bem duvidosa. O primeiro, Dungeons & Dragons - A Aventura Começa Agora (2000), com Jeremy Irons e Marlon Wayans no elenco foi o único dos três que chegou a ir para os cinemas. Já os filmes seguintes Dungeons & Dragons 2: O Poder Maior (2005) e Dungeons & Dragons: O Livro da Escuridão (2012) saíram direto para a TV e DVD.

E, claro, todos os 3 filmes exploraram o universo de RPG's de D&D, mas nenhum deles trouxe os tão famosos e queridos personagens do desenho animado dos anos 80. Será que com Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes isso irá mudar? Duvido. Porém mesmo que não vejamos novamente aventuras de Hank, Eric, Presto, Sheila e companhia, pela primeira vez tenho esperança de que teremos um produção digna. Boas notícias não faltam, como se vê a seguir:

No elenco principal temos nomes famosos como Chris Pine, Michelle Rodriguez (os dois da foto do título do artigo), Regé-Jean Page, Sophia Lillis e Hugh Grant. Direção e roteiro estão ambos sob responsabilidade da dupla John Francis Daley e Jonathan Goldstein... e mesmo que nenhum dos dois tenha um grande sucesso na carreira como diretor, foram eles que escreveram o roteiro do ótimo Homem-Aranha: De Volta ao Lar.


Novo RPG e... as miniaturas que todos queriam (ou quase)

Mas antes do filme sair deverá chegar nas lojas um novo kit para quem quiser começar a jogar o RPG de Dungeons & Dragons atual, ou seja, a 5ª Edição. O kit se chamará D&D Starter Set Dragons of Stormwreck Isle e chegará nos EUA em Julho e no resto do mundo em Outubro.

E porque estou contando tudo isto para vocês? É este kit contará com 5 fichas de personagens já prontas para jogar, com a Wizkids também vendendo como extras as miniaturas dos mesmos... e embora a empresa afirme que eles não são baseados em nada dos personagens clássicos dos anos 80... bem, como se vê nas imagens divulgadas abaixo, 4 dos 5 bonecos são basicamente versões adultas dos garotos do desenho do Caverna do Dragão. Confiram!



Que as miniaturas causem toda a comoção que eu imagino quando lançada, e que este seja apenas o começo de novos produtos dos personagens de Caverna do Dragão dos desenhos! Quem de vocês vai torcer junto comigo? Escrevam nos comentários!

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Crítica - Top Gun: Maverick (2022)

Título: Top Gun: Maverick (idem, China / EUA, 2022)
Diretor: Joseph Kosinski
Atores principaisTom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teller, Val Kilmer, Bashir Salahuddin, Jon Hamm, Charles Parnell, Monica Barbaro, Lewis Pullman, Glen Powell
Nota: 8,0

Tom Cruise continua sendo o maior nome do cinema de ação da atualidade

Tom Cruise sempre gostou de dispensar dublês nas cenas de ação, em especial na franquia Missão: Impossível. Mas foi a partir do Missão Impossível 4, em 2011, que o astro resolveu levar sua preferências a outro patamar, quando escalou o maior prédio do mundo, em Abu Dhabi, se pendurando do lado de fora a mais de 800m de altura. A partir daí o ator estadunidense começou, para cada novo filme, inventar uma nova peripécia diferente e transformar suas atuações de perigo na principal campanha promocional de suas produções. E - a melhor notícia para seu público - é que suas "loucuras" foram acompanhadas de filmes de ótima qualidade.

Com Top Gun: Maverick a história não foi diferente. Desta vez Tom Cruise levou vários atores junto com ele para dentro do cockpit dos jatos de guerra atuais, e todas as cenas de batalha e acrobacia áreas do filme são reais. Foram meses de treinamento, e ainda que os atores na vida real não "pilotem" os caríssimos caças, eles estão de fato lá dentro, sofrendo os devastadores efeitos de variação de direção e aceleração. Assistir Top Gun: Maverick nos cinemas dá uma sensação muito grande de realismo, e é um deleite para fãs de aviação e de filmes de guerra.

Na história desta continuação do filme de 1986 (sim, se passaram 36 anos), Maverick (Tom Cruise) continua na ativa como piloto, já que não conseguiu evoluir na carreira militar devido seu histórico de indisciplinas, e então é convocado pelo Almirante Iceman (Val Kilmer) para ser o professor de uma nova equipe de pilotos prodígio para prepará-los em um ataque quase impossível contra uma base inimiga. Dentre os alunos se encontra Rooster (Miles Teller), que odeia Maverick e é filho do falecido Goose, o antigo melhor amigo do protagonista.

Os dois primeiros atos de Top Gun: Maverick até são interessantes, possuem boas cenas de ação aérea, e se baseiam no treinamento dos pilotos. Mas ao mesmo tempo, é uma parte do filme que usa bastante (até demais) da nostalgia, flashbacks e homenagens ao filme anterior. O roteiro consegue ser bem sucedido ao nos fazer importar com a história dos personagens principais, mas ao mesmo tempo, perde pontos ao "elogiar" a atmosfera machista e arrogante dos anos 80. O mundo evoluiu, mas o pensamento dos personagens e roteiristas de Top Gun, não.

Já o ato final de Top Gun: Maverick é simplesmente espetacular. As lutas entre os caças são realmente muito emocionantes, fora outros fatos extras que não vou citar aqui para não dar spoiler. Se prepare para ficar pelo menos 20 minutos grudado na poltrona, tenso, preocupado e ao mesmo deslumbrado com tudo o que está vendo.

Top Gun: Maverick é um filmão e um dos melhores filmes do ano até agora. E, claro, é um filme que só faz sentido ser assistido nos Cinemas. Não cravo como "o" melhor filme do ano como muitos têm feito justamente pelo roteiro digamos "antiquado" dos dois primeiros atos. Ainda assim, todo o filme é melhor que o Top Gun original, do começo ao fim. Talvez a única coisa que esse novo Top Gun seja inferior ao primeiro filme é a trilha sonora, mas ainda assim ela é boa, não há nenhum demérito nela... pelo contrário.

Top Gun: Maverick já é uma das melhores bilheterias da bem sucedida carreira de Tom Cruise e ele certamente merece esse retorno. Não apenas pelo que ele continua fazendo pelos filmes de ação, e por continuar a dar motivos convincentes as pessoas para sair de casa e ir até os cinemas. Mas também pela oportunidade dada a Val Kilmer. Tom só aceitou voltar se Val tivesse um papel importante no filme, e Kilmer - que teve câncer na garganta na vida real - após tratamentos e traqueostomia, praticamente não consegue mais falar (as vozes dele no filme são feitas foram simulações por computador). Um gesto muito bonito de Cruise, que merece ser citado. Nota: 8,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...