sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Dupla Crítica Netflix: Noite de Lobos (2018) e Maniac (2018)


Mais duas produções originais Netflix, e pela primeira vez misturo filme e seriado num mesmo post. E eles são recentes: ambos programas estrearam no mês passado, Setembro. Me parece que a Netflix investe cada vez mais em quantidade, mas a qualidade não está acompanhando. Vejam as críticas!


Maniac (2018)
Diretor: Cary Joji Fukunaga
Atores principais: Jonah Hill, Emma Stone, Sonoya Mizuno, Justin Theroux, Sally Field, Gabriel Byrne, Rome Kanda

A história de Maniac se passa em um "futuro próximo" e o seriado conta a vida de dois "fracassados", Owen (Jonah Hill) e Annie (Emma Stone), que por motivos distintos aceitam entrar em um programa experimental que promete, através de pílulas e análises de computador, "curar" a pessoa de seus maiores problemas sociais.

Maniac começa muito bem. O "futuro próximo" da série é como se fosse um futuro imaginado pelas pessoas dos anos oitenta. Nos primeiros episódios vamos conhecendo o universo do seriado e é muito divertido ver as máquinas "futuristas" do programa, que mais pareceriam latas velhas nos dias de hoje (ainda que elas realizem tarefas que o nosso presente ainda não conseguiu alcançar).

Outra coisa muito bacana dos dois primeiros episódios é que parte deles contam um mesmo acontecimento, porém pela perspectiva de Owen (1o episódio) e depois pela perspectiva de Annie (2o episódio). Duas histórias distintas que se convergem em um ponto da trama em comum? Muito legal!

Se Maniac terminasse no segundo capítulo eu o acharia excelente... mas infelizmente não é assim. A série possui 10 episódios e do terceiro ao oitavo, cerca de 70% deles se passam nas fantasias das mentes da dupla protagonista. Ainda que o processo faça sentido no roteiro - são estes "sonhos" que desenvolvem os personagens - daria facilmente para reduzir o seriado em uns 3 episódios, que para mim são pura enrolação. E para piorar o conjunto da obra, o desfecho de Maniac é genérico e nada ousado.

Ainda assim, Maniac é um seriado agradável e divertido de se assistir, graças a boa qualidade do design de produção, e principalmente, devido ao carisma da dupla protagonista, tanto dos atores quanto de seus personagens. Nota: 6,0.


Noite de Lobos (2018)
Diretor: Jeremy Saulnier
Atores principais: Jeffrey Wright, Alexander Skarsgård, James Badge Dale, Riley Keough, Tantoo Cardinal, Julian Black Antelope

Noite de Lobos é baseado em um livro de 2014, Hold the Dark (também o nome original do filme), bem elogiado pela crítica especializada.

A história acompanha Russell Core (Jeffrey Wright), um escritor especializado em lobos, que surpreendentemente atende o chamado de uma jovem desconhecida, Medora Sloane (Riley Keough), que mora em uma pequena vila no Alaska e que teve seu filho aparentemente levado por lobos.

Pelo nome (traduzido) do filme, e pelos seu cartazes, eu imaginava ser uma história sobre lobos. E mais uma vez a Netflix me enganou negativamente: de lobos o filme não tem praticamente nada.

A história vira uma caçada policial em que é praticamente impossível entender as ações e motivações de qualquer um dos personagens. E não estou exagerando! Ironicamente, esses "absurdos" é que tornam o filme interessante, já que você imagina que no final tudo será explicado. Porém, passados dois terços da história eu já tinha perdido as esperanças de receber alguma explicação plausível. E infelizmente eu estava certo.

Noite de Lobos é um exemplo de adaptação de livros mal feita. Na obra escrita, as motivações dos personagens são - oras bolas! - explicadas de maneira clara. Além disto, o livro é bem melhor sucedido em transmitir o efeito da "escuridão" (o Dark do título original) nos personagens; coisa que o filme também falha.

O mais triste é ler declarações do diretor Jeremy Saulnier (que até hoje não dirigiu nada de relevante, mas já está escalado para dirigir alguns episódios da futura terceira temporada de True Detective) dizendo que a ausência destas explicações que senti tanta falta foram propositais.

Noite de Lobos acaba não sendo de todo ruim devido a sua bela fotografia (aliás Jeremy tem bem mais trabalhos como diretor de fotografia do que como diretor de filmes) e também, como já expliquei antes, por prender a atenção do espectador por boa parte da história (ainda que pelos motivos errados). É filme para passar o tempo e só. Nota 5,0.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Dupla Crítica: Sombras da Vida (2017) e Tully (2018)


Mais dois filmes pouco conhecidos em terras brasileiras, e que o Cinema Vírgula apresenta aqui, já que são bem interessantes. Um é sobre o sentido da vida... e o outro seria sobre o sentido de ser mãe?? Confiram as respostas abaixo!


Sombras da Vida (2017)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Casey Affleck, Rooney Mara

Mesmo sendo um filme com bom reconhecimento da crítica estrangeira, Sombras da Vida não chegou aos cinemas brasileiros e só há alguns meses atrás passou a estar disponível para nós através de serviços pagos de streaming.

Geralmente eu critico bastante quando bons filmes não chegam às nossas telonas, mas desta vez eu vou diminuir o protesto porque no caso de Sombras da Vida eu até entendo as distribuidoras. Para começar, é um filme bem fora do comum: filmado praticamente com apenas dois atores (além deles dois há apenas alguns pouquíssimos e breves coadjuvantes), quase sem diálogos, cronologicamente não linear, e muito melancólico. E pra piorar é um daqueles filmes "ame ou odeie": o público se divide achando o filme genial ou uma tremenda enganação.

Na história, "C" (Casey Affleck) e "M" (Rooney Mara) são um casal que vive em crise no casamento. Um dia "C" sofre um acidente e acaba morrendo abruptamente. É então que seu fantasma, confuso, segue "M" por todo lugar enquanto ao mesmo tempo contempla o mundo ao seu redor, tentando encontrar um sentido para o que está vendo.

Gostei bastante de Sombras da Vida, apesar do "sofrimento" que é assistí-lo. Explico: há muito tempo não assistia algo tão melancólico, e que ao mesmo, desse uma mensagem tão clara sobre a fugacidade da vida.

Sombras da Vida é um filme bem diferente, interessante, e que te fará refletir sobre a vida por vários dias. Pra quem não se incomoda com filmes lentos, depressivos, nem se incomoda de levar um "tapa na cara" para te tirar da realidade, Sombras da Vida é uma ótima pedida. Nota: 8,0.


Tully (2018)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston, Asher Miles Fallica, Lia Frankland, Mark Duplass, Elaine Tan, Gameela Wright

Tully esteve nos cinemas brasileiros em Maio deste ano, apesar de que apenas em um número bem reduzido de salas. Ele é, acima de tudo, um filme sobre os desafios e dificuldades da maternidade. Na história, Marlo (Charlize Theron) já é mãe de dois filhos e está grávida do terceiro. Entretanto, ela já está no seu limite com os filhos atuais e quando a terceira criança nasce a única maneira encontrada por Marlo para dar conta de todos é contratando uma "babá noturna", no caso a Tully (Mackenzie Davis) do nome do filme.

Basicamente todos os problemas que uma mãe passa com um recém nascido são mostrados em Tully: do esforço físico às transformações do corpo, e até a depressão pós-parto. Apesar de tantas dificuldades, o filme não é todo drama, contando com alguns momentos mais leves e felizes: "culpa" da babá Tully, que transforma o mundo de Marlo trazendo alegria de volta para sua casa.

Charlize Theron e Mackenzie Davis estão muito bem em seus respectivos papéis e o filme só não ganha maior nota pois não gostei de seu desfecho: para mim soou um pouco inverossímil e clichê. Ainda assim, se o final não me agradou em termos de lógica, eu concordo em 200% com a "lição de moral" do mesmo. Para quem pensa em ter filhos Tully pode ser um grande aprendizado, para o bem e para o mal. Nota: 6,0.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Gosta de Mangás (e fantasia medieval)? Você deveria conhecer Holy Avenger!

Hoje em dia o mercado nacional de Mangás é bem grande, com literalmente dezenas de publicações mensais alcançando bancas de revistas e lojas especializadas, sendo as maiores editoras a Panini, a JBC e a New Pop.

E claro que os editores e artistas brasileiros não iriam ficar de fora deste mercado, também produzindo seus mangás, ou então, obras homenageadas pelos mesmos. O mais expressivo deles é A Turma Mônica Jovem, que apesar de não ser exatamente um Mangá, têm clara influencia, tanto no visual quanto nas histórias.

Porém, alguns anos mesmo antes do Mangá virar mania por aqui, tivemos uma publicação nacional inspirada nos quadrinhos japoneses, excelente e ainda pouco conhecida. Trata-se de Holy Avenger. O título teve 42 edições, formando uma história única e completa, e mais 7 edições especiais, todas elas publicadas entre 1999 e 2003.

Inspirada pelos universos medievais de RPG e com desenhos inspirados nos mangás, Holy Avenger é uma criação de Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan; escrita por Cassaro e ilustrada por Érica Awano (os desenhos são incríveis!).

Na história, Lisandra, uma jovem garota criada na floresta por lobos, começa a ter sonhos que as instruem a recolher os Rubis da Virtude, com o objetivo de ressuscitar o herói Paladino, que morrera anos atrás. Ela enfrenta o medo que tem de ir até uma cidade, e lá busca ajuda do grande ladrão Galtran. Entretanto, quem vai em seu auxílio é o filho dele, Sandro.

Conforme a dupla se aventura pelo mundo em busca dos Rubis a missão de ambos vai se tornando cada vez mais perigosa, com inimigos cada vez mais fortes tentando impedir Lisandra, e ainda, com a jovem heroína aos poucos ganhando poderes mágicos que não consegue controlar. Com o passar do tempo, Lisandra e Sandro ganham amigos para ajudá-los, sendo os principais deles a maga elfa Niele, e o lagarto troglodita Tork.


Holy Avenger é uma aventura completa. Possui ação, batalhas, drama, romance e (bastante) humor. É uma história leve, típica para o público infanto-juvenil, mas ainda assim boa o suficiente para agradar adultos e quem curte bons quadrinhos em geral.

Ainda hoje é possível comprar Holy Avenger através dos 4 encadernados de luxo da "Edição Definitiva" publicada pela editora Jambô. Os encadernados, repleto de material extra, somados trazem as 40 primeiras edições, sem conter as edições especiais. Ah, as edições 41 e 42, também não incluídas, são um prólogo dispensável a trama. As 40 edições originais são o que realmente importa em Holy Avenger. Corra ler que vale a pena!


PS: Holy Avenger chegou a ser cogitada para uma animação nacional, porém o projeto foi engavetado. De qualquer forma, a franquia conseguiu emplacar seu jogo de computador, que pode ser comprado e jogado via Steam. Abaixo, uma foto do jogo.

Lisandra, Sandro, Niele e Tork reunidos dentro do jogo

sábado, 20 de outubro de 2018

Crítica - O Primeiro Homem (2018)

Título: O Primeiro Homem ("First Man", EUA, 2018)
Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Ciarán Hinds, Patrick Fugit, Lukas Haas, Olivia Hamilton
Uma grande história contada através de uma infeliz fotografia

A história de O Primeiro Homem é baseada no livro-biografia First Man: The Life of Neil A. Armstrong, publicado por James R. Hansen em 2005. Mas enquanto o livro nos mostra literalmente toda a vida de Neil, da infância a velhice, aqui temos sua trajetória contada desde o início de sua participação no projeto espacial até o dia em que ele chega à Lua.

A grande força do filme reside em sua história. Neil Armstrong (aqui interpretado por Ryan Gosling) é uma pessoa fascinante, passou por momentos bem difíceis tanto na vida profissional quanto pessoal, e, afinal de contas, foi um dos principais responsáveis por conduzir a raça humana à Lua pela primeira vez.

Para quem gosta de História e astronomia, O Primeiro Homem tem todos os elementos para agradar. O filme é bem sucedido em mostrar o quão difícil, perigoso e custoso a chegada do homem à Lua. Os fracassos da NASA, a pressão popular, a dificuldade para o corpo humano resistir ao espaço. Uma coisa muitíssimo bacana é que quando chegamos enfim na famosa viagem da Apolo 11, algumas das cenas mostradas são cenas reais da viagem, agora coloridas e aperfeiçoadas. Para mim o ponto alto do filme é o momento da chegada a Lua. Agradeço ao diretor Damien Chazelle, já que me senti como se estivesse lá pisando na superfície de nosso satélite natural, sendo Neil Armstrong. É uma sensação indescritível participar desta experiência dentro de um cinema iMAX.

Outra grande qualidade de O Primeiro Homem é seu som e trilha sonora. Os "ruídos" das espaçonaves e ambientes parecem bem reais, e a música é bem bonita e inspiradora, ainda que em alguns momentos temos o absurdo clichê de ver naves se movimentando no espaço com aquelas músicas clássicas "de balé" ao fundo.

Entretanto, saibam os fãs de filmes de Espaço que O Primeiro Homem não é sobre viagens espaciais. O filme é acima de tudo sobre Neil Armstrong, e em segundo lugar, sobre sua família. Sua esposa Janet (Claire Foy) também se sacrifica devido a profissão do marido, e o filme também é bem sucedido em nos mostrar isto.

O Primeiro Homem tinha de tudo para ser um dos meus filmes preferidos de 2018. Isto não ocorreu, entretanto, devido a maneira com que ele foi filmado. Quase todo ele é filmado como se fosse um filme "caseiro" da época, com cores opacas, imagens não tão nítidas, excesso de closes nos personagens, e principalmente, muita "tremedeira" na tela.

Ter cores e definição similares a de uma câmera antiga está ok. Agora, ficar o tempo todo com a imagem em close, tremendo e se movimentando de lá pra cá foi uma escolha bastante infeliz de Damien Chazelle e seu diretor de fotografia Linus Sandgren. Se fosse o caso de estarmos vendo através dos olhos de Neil Armstrong (o que acontece em alguns momentos do filme), tudo bem. Mas não é assim na maioria do filme: uma simples conversa de Neil e esposa na cozinha é filmada deste jeito... oras, por acaso o casal tinha um documentarista ao seu lado 24 horas por dia? Lamentável. Não sei o que os diretores tinham na cabeça.

Confesso que fiquei muito incomodado na primeira metade do filme, cheguei até a ter que desviar uns momentos o olhar da tela para não ficar um pouco atordoado. Depois de um certo tempo seu cérebro se acostuma com tudo isto, mas enquanto isso não ocorre, o filme desagrada.

Há outros pequenos momentos em que acho que o diretor erra a mão novamente, desta vez, por exagerar no dramático. É verdade que isto ocorre muito pouco, mas ainda assim, não deixa de ser irônico Chazelle exagerar na emoção e ao mesmo tempo escolher como protagonista um ator que pouco fala e que tem pouca expressão facial.

Sendo uma mistura de drama amoroso com filmes espaciais, O Primeiro Homem pode não agradar tanto devido seus defeitos, mas para quem gosta de astronomia, a história deste filme é tão fascinante, tão impressionante, que assisti-lo se torna obrigatório. Nota: 7,0

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Dupla Crítica Filmes Netflix: Your Name (2016) e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)


Dois longa-metragens de animação japonesa (anime) que chegaram ao Brasil via Netflix neste ano de 2018. São histórias otimistas, sobre amor (e muitas vezes, amor fraternal). Tudo o que você precisa assistir para "desligar" um pouco do clima de ódio e pessimismo que preenche o país.

Ah, e os dois filmes possuem uma polêmica ligação entre eles. Quer saber qual é? Somente lendo as críticas abaixo!


Your Name (2016)
Diretor: Makoto Shinkai
Atores principais (vozes): Ryûnosuke Kamiki, Mone Kamishiraishi, Ryô Narita

Sucesso de crítica, e principalmente de bilheteria (o filme se tornou o anime de maior arrecadação em todos os tempos), Your Name praticamente não chegou aos cinemas brasileiros, já que foram apenas 32 salas com exibição única, em Outubro de 2017. Uma vergonha.

Disponível na Netflix desde o começo deste ano, Your Name entra fácil no meu Top 5 de 2018 até agora.

Baseado em um mangá de mesmo nome (e já publicado no Brasil pela editora JBC), a história é sobre dois adolescentes: a garota Mitsuha, que vive no campo e deseja morar numa cidade grande; e o garoto Taki, que mora em Tóquio mas também vive entediado. Um dia, inexplicavelmente, eles acordam com os corpos trocados e assim o ficam por várias horas. Com a frequência deste estranho fenômeno aumentando com o passar do tempo, eles acabam se comunicando através de mensagens de cadernos, e ficando mais próximos um do outro.

Apesar do enredo parecer clichê, ele foge bastante do senso comum, e traz uma "surpresa" no final que é simplesmente sensacional. Não posso falar mais nada para não estragar... mas acreditem, Your Name é belo, comovente, um filmaço! Não acredita em mim? Acredite então no IMDb: lá o filme se encontra no Top 100 de todos os tempos. Nota: 8,0.


Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)
Diretores: Haoling Li, Yoshitaka Takeuch, Xiaoxing Yi
Atores principais (vozes): George Ackles, Taito Ban, Dorothy Elias-Fahn

Shiki Oriori - O Sabor da Juventude é uma produção original Netflix promovida com um "dos mesmos criadores que Your Name". Mas para mim isto é uma espécie de propaganda enganosa: os roteiristas não são os mesmos, os diretores não são os mesmos, os atores não são os mesmos. O que estes dois filmes têm então em comum? Apenas que foram produzidos pelo mesmo estúdio de animação, o estúdio japonês CoMix Wave Films.

E de fato, colocando Shiki Oriori - O Sabor da Juventude e o Your Name lado a lado, apenas o visual é bastante parecido; o resto nem se compara. Your Name é bem mais ousado e grandioso.

Mas isto não quer dizer Shiki Oriori é um filme ruim, pelo contrário. Composto por 3 histórias curtas e independentes entre si (cada uma com cerca de 30 min de duração), onde o tema comum seria um "jovens recém adultos se lembrando de momentos da infância", a produção traz histórias bem cotidianas, porém belas e comoventes em sua simplicidade.

O primeiro conto, intitulado "O macarrão de arroz", mostra um universitário lembrando saudosamente de momentos de seu passado relacionados a um prato de bifum.

O segundo conto se chama "Nosso pequeno desfile de moda", e conta a história de duas irmãs órfãs, onde a primogênita sustenta a dupla e é uma modelo de moda que apesar de ser jovem, já está ficando "velha" para a profissão.

Finalmente, a terceira e última história se chama "Amor em Xangai", sobre um arquiteto recém formado que descobre algo inédito sobre seu antigo amor de infância. Dos três contos, esse é o mais fraco e previsível.

Ah, e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude possui cenas após os créditos. Não deixe de assistí-las. Nota: 6,0

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Crítica - Penn & Teller: Fool Us (Netflix) - primeira temporada


Penn & Teller: Fool Us é uma espécie de "competição" de mágica que começou com sua primeira temporada em 2011 (9 episódios), e após um breve hiato, retornou de vez em 2015 sendo produzida ano a ano sem interrupções. Da segunda temporada em diante cada ano traz 13 episódios e o show continua em pleno andamento, com a 5a temporada terminando neste mês de outubro.

Até a data de hoje a Netflix têm no catálogo brasileiro apenas as duas primeiras temporadas. Mas, quem sabe com vocês lendo este texto aqui e dando audiência pro programa as próximas temporadas não venham? rs

Sobre o que é este programa? Penn e Teller são dois dos ilusionistas mais famosos da atualidade. Como "prova" da fama e qualidade de ambos, eles fazem seus shows ininterruptamente em Las Vegas desde 2001!

Em Penn & Teller: Fool Us mágicos vêm ao programa apresentar um truque ao vivo, e o objetivo é fazê-lo sem que a dupla famosa descubra como o truque é feito. Caso seja bem sucedido em enganar ("fool", em inglês) Penn e Teller , o participante ganha a oportunidade de se apresentar em Las Vegas com a dupla e com as despesas todas pagas.

Após cerca de 5 participantes por episódio, Penn e Teller encerram o programa com eles mesmos fazendo algum truque. Para quem gosta de mágica, Penn & Teller: Fool Us é um deleite. Assisti a primeira temporada e fiquei estupefato com vários dos truques apresentados.

Quando os mágicos são "desmascarados", Penn explica através de perguntas e "indiretas" para o desafiante sobre como ele descobriu o truque; desta maneira, nem sempre nós telespectadores entendemos o segredo descoberto. Mesmo para os "perdedores", em geral os truques são realmente muito bons, garantindo a diversão e qualidade do espetáculo. Os participantes não são simples amadores: geralmente também são ilusionistas profissionais.

E se quem não engana a dupla já é bom, imagine quem os engana! Exemplos de truques que eles não adivinharam como é feito: uma carta de baralho escolhida e assinada por Penn foi parar dentro de um maço de baralhos lacrado e na posição numérica correta; Penn e Teller disputam um jogo de dardos e o desafiante acertou o placar do jogo antecipadamente. E isto são só dois exemplos absurdos!

Para deixar tudo ainda mais divertido, Penn & Teller: Fool Us possui um tom de comédia, uma das características consagradas de graças da dupla Penn e Teller (aliás, Teller sequer fala, ele apenas faz mímicas e caretas) e do bom apresentador e comediante Jonathan Ross.

Novamente, reforço o convite: para quem curte mágica, Penn & Teller: Fool Us é imperdível!

PS: para os fãs de How I Met Your Mother, a partir de 3a temporada a apresentadora do programa passa a ser Alyson Hannigan, a eterna Lily Aldrin.

domingo, 14 de outubro de 2018

Crítica - Nasce uma Estrela (2018)

Título: Nasce uma Estrela ("A Star Is Born", EUA, 2018)
Diretor: Bradley Cooper
Atores principais: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott, Andrew Dice Clay, Rafi Gavron, Anthony Ramos, Dave Chappelle, Greg Grunberg
Trilha sonora e a química do casal protagonista encantam

Em Nasce uma Estrela, filme onde o ator Bradley Cooper estréia na direção, acompanhamos a história de Jack Maine (Cooper), um famoso cantor de rock já em declínio, e Ally (Lady Gaga) uma cantora-compositora desconhecida. Jack é alcoólatra, e em uma de suas idas a bares ouve Ally cantando, onde não só se apaixona pela garota, como tenta levá-la ao estrelato musical.

Este filme de 2018 já é a quarta versão da mesma história ficcional criada para o filme Nasce uma Estrela de 1937. Depois do filme original, também tivemos a versão de 1954 estrelando Judy Garland, e a de 1974 estrelando Barbra Streisand, considerada a mais fraca versão de todas. Os quatro filmes possuem enredos bem parecidos, sendo a maior diferença entre eles é que enquanto nos dois primeiros filmes o casal tenta sua sorte no mundo do cinema, nos dois mais recentes a trama se passa no mundo da música.

Ainda que este novo Nasce uma Estrela proporcione vários momentos belíssimos, realmente comoventes e emocionantes, considero seu resultado final irregular.

O melhor do filme são as cenas no palco, com a dupla cantando perante o público em grandes shows. Entretanto estas partes acontecem todas no primeiro arco da história; ou seja, seus dois últimos terços não são tão bons como o primeiro. Soma-se a isso o fato do ritmo alucinante da primeira parte contrastar com a lentidão do restante do filme; desta maneira, temos um considerável problema de ritmo no filme como um todo.

É realmente incrível, bonito e convincente a química dos dois atores principais em tela. Parece verdadeiramente que ambos estão muito encantados um com o outro. Porém, quando ambos não estão juntos em cena a atuação de ambos cai em qualidade. Ainda são boas atuações, mas Lady Gaga não vai tão bem nas cenas dramáticas, enquanto Cooper exagera nas poses e trejeitos.

Já em termos musicais, a dupla merece mais elogios. É realmente Bradley Cooper quem canta e ele não decepciona. Ainda mais impressionante é que o canto nos shows foi gravado ao vivo, sem retoques. E, finalmente, Lady Gaga canta maravilhosamente bem, assim como também é ela a compositora de parte das músicas do filme. As canções em Nasce uma Estrela são de arrepiar e não me espantará em nada se este filme re-turbinar em muito a carreira da jovem cantora estadunidense.

Até por se tratar de uma estréia na direção, Cooper faz um bom trabalho. Ele é corajoso e se arrisca em alguns momentos. Por exemplo, há um plano sequencia longo e muito bem feito, impressionante! Apesar disto houve alguns momentos que não me agradaram, em especial uma cena em que ele copia descaradamente o "surto" de seu personagem do mesmo jeito que foi feito em Birdman. O "plágio" me incomodou bastante.

Mesmo não tendo me empolgado muito, Nasce uma Estrela tem sido bastante elogiado pela crítica especializada. E mesmo que você leitor tenha opinião parecida com a minha, saiba que o filme já vale só pela trilha sonora e seus momentos de maior drama. Pegue seus lenços e vá assistir! Nota: 7,0

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Crítica - 10 Segundos para Vencer (2018)

Título10 Segundos para Vencer (idem, Brasil, 2018)
Diretor: José Alvarenga Jr
Atores principais: Daniel de Oliveira, Osmar Prado, Ricardo Gelli, Sandra Corveloni, Keli Freitas, Ravel Andrade
Mais do que uma história de boxe

Com um nome não tão sugestivo assim, 10 Segundos para Vencer se trata da cinebiografia do ex-pugilista Éder Jofre, certamente o melhor boxeador brasileiro de todos os tempos.

Com tantos filmes de boxe já feitos, teria esta produção nacional algo diferente? A resposta é sim! Ao contrário de boa parcela dos filmes do gênero, 10 Segundos para Vencer percorre quase toda a carreira do lutador e principalmente, o foco da história não está nas lutas e treinamentos, e sim, na relação de Éder (Daniel de Oliveira) com seu pai e treinador Kid Jofre (Osmar Prado).

Kid Jofre, ex-boxeador de certo prestígio local, via em seu filho a chance de tirar a família da pobreza, e portanto, sempre tratou Éder com bastante rigidez. As exigências não diminuíram nem quando a família começou a ter um bom dinheiro, o que só aconteceu depois que o "Galinho de Ouro" conquistou seu primeiro título mundial, aos 24 anos. Apesar da rigidez constante, a relação entre pai e filho tem seus altos e baixos, que proporcionam alguns belos momentos.

A história contada nas telas é até bem precisa historicamente; a maior "mudança" foi o motivo que fez Éder abandonar o desenho. Enquanto no filme isso acontece com ele já adulto, se decidindo pelo boxe para cuidar do irmão doente, na vida real o nosso herói parou com o desenho com apenas 12 anos: a escola em que ele estudava caiu, e ele perdeu todo seu material escolar. Sem dinheiro para comprar novo material, Éder foi "forçado" a optar de vez pelo pugilismo.

Não dá para comparar a produção de 10 Segundos para Vencer com os filmes de boxe de Hollywood. Claramente há limitações orçamentárias. Ainda assim, os criadores do filme tiram "leite de pedra" para tornar a ambientação bem crível, nos lembrando dos anos 50 e 60.

Daniel de Oliveira não compromete como lutador (mas tanto ele quanto Osmar Prado estão muito bem nas cenas dramáticas). As lutas são filmadas sempre em close, e com os lutadores sempre muito próximos um do outro. Portanto, ao mesmo tempo que se torna um pouco repetitivo e difícil entender o que está acontecendo, por outro lado eventuais "erros" de coreografia somem, deixando as disputas com realismo aceitável.

Só que para aumentar o clima "histórico" do filme, 10 Segundos para Vencer se utiliza de transmissões de rádio e TV reais da época. Todas as lutas internacionais de Éder possuem apenas como áudio a transmissão de rádio original, e alguns (poucos) trechos das lutas também são cenas das lutas originais, em branco e preto e baixíssima resolução. Tudo isso torna as lutas - mesmo com seus defeitos - absolutamente emocionantes!

E mesmo que as lutas fossem ruins (não são), isso não diminuiria a qualidade de 10 Segundos para Vencer. Afinal, o que mais importa no filme é a família Jofre, seus sofrimentos e conquistas. Igualmente importa ser transportado para o passado, onde os sofridos brasileiros eram unidos de verdade na raríssimas comemorações onde um conterrâneo se destacava mundialmente.

Confesso que me comovi em vários momentos de 10 Segundos para Vencer. Para quem gosta de esporte e história o filme é imperdível. Nota: 7,0



PS: em homenagem ao grande Éder Jofre, não pararei na crítica acima. As pessoas precisam conhecer mais de seus feitos: Éder foi campeão mundial de boxe por duas categorias distintas (Galo e Pena), e certamente se encontra entre os 50 melhores pugilistas mundiais em todos os tempos, estando por isto está no Hall da Fama do Boxe nos EUA. E isto é o "mínimo" que podemos dizer do brasileiro, já que ele também já ganhou prêmios de revistas estadunidenses colocando-o como um dos 10 maiores boxeadores da história, e também, como o melhor peso Galo de todos os tempos.

Éder Jofre luta contra Eloy Sanchez, onde ganha seu primeiro título mundial (1960)

Daniel Oliveira e Jofre em foto recente

O jovem Éder Jofre em seu auge. Só eu achei ele parecido com o De Niro?



Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...