sábado, 29 de junho de 2013

Crítica - O Homem de Aço (2013)

Título: O Homem de Aço ("Man of Steel", Canadá / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Henry Cavill, Michael Shannon, Amy Adams, Diane Lane, Kevin Costner, Laurence Fishburne, Russell Crowe
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=dnxSnDUdQUY
Nota: 7,5.

Repleto de surpresas, novo Superman impressiona e renova o gênero de filmes de super-herói

O ano era 1978, e o mundo do entretenimento mudou devido a Superman - o Filme. Primeiro filme onde o gênero de super-heróis pôde ser levado a sério, o filme do diretor Richard Donner revolucionou pelo bom roteiro, ótima trilha sonora e, principalmente, porque pela primeira vez a humanidade pode assistir de forma crível (para os padrões da época) um homem voar.

O tema virou moda e na sequência tivemos vários filmes de super-heróis.. .só que de baixa qualidade, enfraquecendo o gênero. Até que a partir do ano 2000, coube a X-Men e Homem-Aranha resgatarem o gênero com outro patamar. E o boom causado por eles continua até hoje. Agora temos tantos filmes de herói por ano que o gênero já começa a se esgotar...

Mas, quem diria, coube ao Superman voltar a ser salvador da história e renovar o gênero mais uma vez, agora com O Homem de Aço. Seguindo direção contrária aos filmes herói-comédia de sua rival Marvel, o novo filme da DC tem um tom bastante realista. O que realmente aconteceria se a humanidade descobrisse um alienígena no planeta? O filme responde de maneira convincente. O que aconteceria se dois super-seres brigassem de verdade? O filme mostra. As (muitas) cenas de ação são belíssimas visualmente, e repito, bastante realistas. Não só pelos efeitos especiais, mas pelos danos colaterais que as batalhas proporcionam. Fazia muito tempo que as lutas em filme de super-herói não me empolgavam tanto como aqui.

Na história de O Homem de Aço, temos mais uma vez a origem de Superman recontada. Vemos Krypton, sua explosão, e o crescimento de Clark Kent (Henry Cavill) na Terra. E, finalmente, a invasão de nosso planeta pelo também kryptoniano general Zod (Michael Shannon). A trama é bastante similar com o da graphic novel Superman: Earth One, escrita em 2010 por J. Michael Straczynski. Porém no filme temos muitas (e surpreendentes) alterações na história tradicional do “Azulão”: a maneira que ele conhece Lois Lane (a bela Amy Adams), a maneira que ele começa no Planeta Diário, o conceito de "kryptonita"... tudo muda bastante, mas sem desagradar. Tem tanta coisa diferente que pela primeira vez um filme do Superman não tem Jimmy Olsen!

Mesmo sendo o principal (e primeiro) super-herói da cultura pop, é verdade que nem todos gostam do Superman. Suas “crises existenciais” o fazem parecer um “chorão” para alguns. Porém, o diretor Zack Snyder e os roteiristas (dentre eles se encontra Christopher Nolan - diretor e roteirista dos últimos 3 Batman) conseguiram fazer uma história emocionalmente consistente, tornando os problemas de Clark Kent compreensíveis.

Aliás a filmagem de Zack Snyder me surpreendeu. Enfim – e felizmente – ele abandonou as cenas de slow motion e mudou tanto suas características que em várias cenas parece que quem estaria no comando é o diretor Terrence Malick.

Os atores também são dignos de elogios. Henry Cavill atua bem... convence como “adolescente reclamão”, convence como adulto, convence como Superman, convence como o tímido Clark Kent. O resto do estrelado elenco:  Amy Adams (Lois), Diane Lane (Martha Kent), Kevin Costner (Jonathan Kent), Laurence Fishburne (Perry White) e Russell Crowe (Jor-El), todos estão muito bem, muito confortáveis com o papel que lhes foi dado.

A trilha sonora também entra na lista das coisas boas do filme.  As melodias de Hans Zimmer são agitadas, metálicas, e em completa sintonia com o clima de O Homem de Aço.

Porém mesmo com tantas qualidades, o novo reboot do Superman também comete seus erros. O primeiro é uma premissa básica do roteiro... lamento, mas o tal codex e o plano de Jor-El para ele não fazem o menor sentido. Outro ponto é que o lado "humano" e "bondoso" do Superman é pouco explorado... embora isto faça coerência com o tom "alienígena" do filme, esta ausência me decepcionou um pouco.

Aliás, falando em como o Superman é representado, que infelicidade (e arriscada) foi a decisão de comparar Superman com Jesus Cristo. O filme é claro ao mostrar que assim como o Filho de Deus, o kryptoniano precisa se sacrificar pela humanidade. E a metáfora é insistida várias vezes, por exemplo com a idade de Clark no filme (33 anos), com a cena dentro da igreja, e também, pelo seu voo em forma de cruz em momento crucial da passagem desta mensagem. Apesar da comparação, o filme não toca no assunto religião; menos mal... ainda assim a comparação foi burra e desnecessária.

E finalmente, talvez o maior dos defeitos de O Homem de Aço é o excesso de heroísmo. Não basta só o Superman ser herói... temos que aguentar também vários humanos (sobra até pro Perry White) fazendo cenas de heroísmo. Aliás, o kryptoniano é tão herói, tão herói, que além de fazer dezenas de cenas heroicas o clímax do filme é absurdamente longo, o que faz o desfecho da história enfraquecer bastante. E pior, é tanto tempo ininterrupto de ação, que todo o desenvolvimento dramático do personagem, suas motivações (até sua comparação com Cristo), tudo é basicamente descartado neste momento.

É uma pena que O Homem de Aço apresente estes problemas, pois do contrário estaria entre um dos melhores filmes de herói já feitos... mas não é o caso. Ainda assim, ele fica na história como um filme muito bom que teve coragem de renovar as produções do gênero. Digo isto pelas pequenas surpresas de roteiro e caracterização de personagens, pelo nível altíssimo de qualidade nas cenas de ação, pelo realismo, e pela qualidade do elenco. Superman voltou enfim a ter o filme que ele merece. Nota: 7,5.

PS: o 3D do filme não apresenta problemas, mas não acrescenta muita coisa, portanto, prefira a opção 2D, mais barata.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica - Universidade Monstros (2013)

Título: Universidade Monstros ("Monsters University", EUA, 2013)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Billy Crystal, John Goodman
Nota: 6,0


“A Pixar não é mais a mesma. Mas ainda é boa em nos fazer divertir”

Em seu passado áureo e independente, o genial estúdio de animação Pixar se recusava a lançar continuações já que sabidamente isto iria acarretar em queda de qualidade. A única exceção foi o ótimo Toy Story (o que aliás é compreensível, já que Toy Story de certa forma é uma metáfora do desnvolvimento da animação do estúdio).

Mas em 2006 veio a Disney, comprou a Pixar e rapidamente quebrou a regra. Fez Carros 2 (o mais fraco de todos os filmes da Pixar) e agora, Universidade Monstros, continuação – ou melhor, prequel – de Monstros S.A., de 2001.

O filme mostra como os monstros Mike e Sullivan se conheceram e passaram os dias na faculdade, antes de virarem a eficiente dupla de “Assustadores profissionais”.

Em termos de roteiro, Universidade Monstros é uma grande decepção. Originalidade zero. Temos a história de “calouro estadunidense” de sempre... a emoção do primeiro dia na universidade, as fraternidades, o fato dos personagens principais serem os “esquisitos e não-populares tentando provar seu valor”. Curiosamente, no final o filme se redime... há uma certa surpresa e originalidade do meio da trama para o fim.

E se o roteiro não é lá grande coisa, a solução é focar no humor. Muito humor. Universidade Monstros não para um minuto com suas piadas (sejam físicas ou não) e trocadilhos. São centenas de piadinhas. Ruins, mais ou menos, e também algumas muito boas. No resultado final, eles te convencem pelo cansaço: não dá pra negar, no todo o filme é engraçado e divertido.

Outra coisa que a Pixar continua fazendo bem é criar personagens. Os novos amigos de Mike e Sullivan são no mínimo interessantes; já a temida diretora da universidade, é realmente assustadora (leia meu PS no final).

Ainda que abaixo do “selo de qualidade Pixar”, Universidade Monstros é um bom entretenimento e serve bem para distrair. Enquanto a Pixar me conseguir fazer rir, não deixarei de acompanhá-la. Nota 6,0.

PS 1: se em roteiro a Pixar não é mais a mesma, pelo menos tecnicamente continua a impressionar. O curta O Guarda Chuva Azul, exibido antes do filme é visualmente muito impressionante. Nem parece desenho, de tão perfeita sua simulação do mundo real. Veja na imagem abaixo.

PS 2: não recomendo o filme para crianças muito pequenas. Como se trata de uma história de “aprender a fazer sustos”, ela pode assustar um pouco... principalmente em se tratando da diretora da universidade. Na sessão onde assisti, havia uma criança com cerca de 5 anos que chorou de medo em boa parte da história (e nada dois pais saírem do cinema). E além desta criança – que até poderia ser um caso a parte – ouvi mais duas crianças resmungando que queriam embora porque não gostaram.


sábado, 22 de junho de 2013

Crítica - Depois da Terra (2013)

Título: Depois da Terra ("After Earth", EUA, 2013)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Jaden Smith, Will Smith
Nota: 3,0

“Filme chato de Shyamalan, péssima história de Will Smith”

De um lado, M. Night Shyamalan. Diretor indiano que brilhou em 1999 com O Sexto Sentido e que por mais quatro filmes, agradou. Então surgiram os péssimos A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). De 1999 até 2008 todos seus filmes foram baseados em conceitos originais próprios; o que não aconteceu com seu filme seguinte, O Último Mestre do Ar (2010), mas que também foi bem ruim.

De outro lado, Will Smith. Bom ator, que costuma estar em bons filmes, mas em fase egocêntrica (ele recusou ser Django em Django Livre de Tarantino, pois para ele Dr. King Schultz era a estrela do filme... e Will só aceitaria filmes onde “ele” fosse o o personagem principal).

Porém Will Smith abriria mão do estrelismo para uma causa “nobre”: dar uma chance a seu filho Jaden Smith para obter um “status” de onde ele não dependesse mais do pai em Hollywood... É assim que surge Depois da Terra.

Smith se torna ator-produtor e contrata pessoalmente Shyamalan - de quem é fã – para dirigir e roteirizar sua primeira criação (história) para um filme, o qual – claro – faz de seu filho o grande protagonista.

De todo este contexto as chances de sair algo bom eram baixas. Mas para que ser preconceituoso, não é mesmo? Me arrisquei a assistir Depois da Terra e... o filme é mesmo bem ruim. Além de chato, sem emoção, seu maior problema é o péssimo roteiro, repleto de absurdos.

Pelo enredo, a humanidade deixou o planeta Terra há 1000 anos, após devastá-lo, e se mudou para outro sistema planetário chamado “Nova Prime”. Porém seus planetas já são habitados por outra raça alienígena, muito avançada, que resolve então exterminar os humanos criando um monstro cego, que porém “enxerga medo” (!?!?). É assim que surgem os Rangers: um grupo militar composto de pessoas treinadas a não ter medo para defender a humanidade dos monstros.

Cypher Raige (Will Smith) é o líder e o mais grandioso de todos os Rangers. Ele e seu filho, Kitai Raige (Jaden Smith) estão juntos em uma nave no espaço quando, devido a um acidente, eles caem no planeta “mais próximo” - que sabe-se como não era nenhum outro planeta do próprio sistema Nova Prime, e sim - a Terra.

E tem mais. A Terra voltou a ser um paraíso verde (1000 anos fazem milagre), e então aprendemos que neste meio tempo “toda a vida do planeta evoluiu para matar humanos”, o que é realmente impressionante, já que os humanos nem estavam mais lá para que estas vidas se reagissem contra a gente (!?!?).

Na queda, apenas pai e filho sobrevivem; sendo que o pai fica seriamente ferido e o filho sai sozinho enfrentar os perigos do planeta em busca de um sinalizador que é a única coisa que poderá levá-los de volta para a casa. Esta é a premissa de Depois da Terra. E a jornada de Kitai pelo planeta tem outros tantos absurdos que nem preciso mais citar.

Fora o roteiro, o filme tem problemas graves de ritmo – a história é constantemente interrompida por flashbacks – tanto do pai, quanto do filho. Os flashbacks de Cypher não contribuem em absolutamente nada à trama; já as de Kitai até são relevantes... o problema é que são sempre os mesmos!

Os erros não param aí. Visualmente o filme até poderia ser elogiado (a nova Terra é muito bonita)... isto se os efeitos especiais não fossem tão artificiais. O excesso de closes nos dois Smith – claramente para ressaltar a atuação de ambos - também atrapalha.

Por falar em atuação, lembra que eu disse no começo que o filme é chato e sem emoção? Boa parte disto é reflexo da atuação de seus dois personagens principais. Will Smith atua bem, convence como “homem sem emoções que está no limite de não aguentar e mostrar que tem emoções”. O problema é que é a mesma interpretação “fria” o tempo todo.

Já seu filho Jaden... ok, ele não vai tão mal. Mas claramente lhe falta carisma e em várias as cenas ele não convence. Para piorar, com seus 14 anos a sua voz “em transição de criança para adulto” não ajuda: há momentos em que fica difícil entender o que ele disse.

No final das contas, Depois da Terra teve para mim sua utilidade. Me convenceu a desistir de vez de Shyamalan, e me fará evitar qualquer filme futuro de onde Will Smith seja um dos escritores. Nota: 3,0.

PS: Depois da Terra também gerou polêmica pois seu roteiro contém várias referências à Cientologia. Will Smith não nega ser seguidor da religião, mas nega que exista qualquer relação dela com este filme.

domingo, 16 de junho de 2013

Crítica - Se Beber, Não Case! Parte III (2013)

Título: Se Beber, Não Case! Parte III ("The Hangover Part III", EUA, 2013) 
DiretorTodd Phillips
Atores principais: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Ken Jeong
Nota: 5,0

“A mesma história pela 3a vez, no que só poderia ser um filme cansativo”

Se Beber, Não Case!, estúpida tradução para "The Hangover" (o título original), estreou em 2009 e surpreendeu pela qualidade. Bem engraçado e divertido, a saga de Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Alan (Zach Galifianakis) em busca de Doug (Justin Bartha) tinha também algo de diferente: ao iniciar o filme com uma cena completamente surreal e absurda, os espectadores puderam acompanhar junto com os protagonistas na tela a curiosa solução deste interessante enigma: o que diabos aconteceu para eles chegarem naquela situação?

O sucesso foi imediato. E a criação de uma continuação, idem. Dois anos depois surge Se Beber, Não Case! Parte II, uma cópia barata do primeiro filme; roteiro e estrutura absolutamente iguais à história original. Basicamente, as mesmas coisas sendo filmadas agora na Tailândia ao invés de Las Vegas. Com um agravante: seu humor baixou o nível, fazendo piadas grosseiras remetendo a sexo e escatologia.

Devido a recepção ruim pelo público, o diretor Todd Philips veio a público reconhecer "seu erro". Em sua opinião, a continuação foi mesmo parecida demais com seu antecessor, e o próximo filme, que encerraria uma trilogia, teria uma estrutura completamente diferente.

A promessa foi feita, mas não foi cumprida. É verdade que Se Beber, Não Case! Parte III não possui casamento, nem a cena-base surreal pós "ressaca" decorrente do consumo involuntário de drogas. Mesmo assim, isto não muda em nada a estrutura do roteiro: após poucos minutos já temos o trio correndo alucinadamente contra o tempo para "salvar/encontrar" Doug.

Após 3 filmes e mais de 5 horas acompanhando uma mesma história mais uma vez, o humor é trocado pelo cansaço. O medo e desespero de Stu; as insanidades de Alan, tudo isto deixa de fazer ir, apenas irritam.

Os roteiristas de Se Beber, Não Case! Parte III até chegaram ter a percepção de que seus personagens principais já não são mais engraçados, e por isto mesmo, desta vez praticamente transformaram o criminoso Mr. Chow (Ken Jeong) em protagonista. Mas não funciona: Mr. Chow não tem carisma, além de ser cruel. Ironicamente, foi deste personagem que dei a primeira risada assistindo o filme, já perto de seu final, quando ele canta I Believe I Can Fly.

A tão promissora franquia de comédia Se Beber, Não Case! Parte III termina de maneira melancólica, sendo mais um filme de ação e violência do que humor. A boa notícia é que a conclusão tenta mesmo por um ponto final na trilogia. Com sorte, não precisaremos ver um Parte IV. Nota: 5,0.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Crítica - Além da Escuridão - Star Trek (2013)

Título: Além da Escuridão - Star Trek ("Star Trek Into Darkness",  EUA, 2013)
Diretor: J.J. Abrams
Atores principais: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Benedict Cumberbatch
Nota: 8,0

“Mais que um ótimo filme de aventura, um exemplo de reboot bem feito”

2009 foi o ano que Star Trek (ou Jornada nas Estrelas) teve o reboot de sua franquia nos cinemas, sob direção de J.J. Abrams. Divertidíssimo e sucesso de crítica apesar de alguns erros, teve como ponto de atenção o fato de ter desvirtuado consideravelmente o conceito da franquia, transformando-a em um filme de ação e comédia.

Quatro anos depois, a nova roupagem de Jornada nas Estrelas volta aos cinemas, e agora com um filme ainda melhor que o anterior, tendo desta vez corrigido os principais problemas da história passada.

Para começar, Além da Escuridão - Star Trek leva a vantagem por não ter que "perder tempo" estabelecendo o universo e os personagens do filme. Isto já foi feito no primeiro. Em Além da Escuridão  já começamos com uma alucinante cena de ação, cheia de ação e à estilo Piratas do Caribe. Mas não se engane. Tirando o começo da película, depois disto ainda teremos humor porém de maneira equilibrada. Em seu segundo filme, Star Trek é mais sombrio, mais sério, e retoma uma das principais características da franquia original: o debate de problemas contemporâneos sob o "disfarce" da ficção científica. Terrorismo, violência, amizade e obediência às regras são discutidas o tempo todo.

Mas não pense que você irá encontrar longos diálogos, tempo para pensar no que é debatido. É o contrário. Apesar de ter uma temática séria e consistente, não deixamos de ter um filme aceleradíssimo, com ação e correria ininterruptas.

É difícil comentar qualquer coisa sobre o enredo do filme sem dar spoilers. Mas vou tentar. Basicamente, em Star Trek 2 vemos a vingança de John Harrison (Benedict Cumberbatch) contra a Federação. E ele se mostrará um adversário formidável. Diga-se de passagem o personagem vivido por Cumberbatch é uma das melhores coisas do filme. Certamente um dos melhores "vilões" produzido pelo cinema nos últimos anos. Esta é outra vantagem em relação ao filme anterior, onde o vilão Nero (Eric Bana) não convenceu nem pela sua atuação, nem pela sua motivação.

Tecnicamente o filme também é bom, com ótimos efeitos especiais, boa fotografia, e trilha sonora que não compromete. Mas nem tudo é perfeito. Por exemplo, o roteiro ainda apresenta algumas situações  fisicamente absurdas; Além disto, os coadjuvantes praticamente sumiram do filme, que agora foca quase exclusivamente em Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto). Como principal exemplo disto, Chekov (Anton Yelchin) - que brilhou anteriormente com suas trapalhadas - desta vez foi praticamente ignorado. Em suma, a seriedade do roteiro foi conquistada limando os personagens secundários. O ideal seria que isto tivesse sido conquistado de maneira menos radical.

Com tantas qualidades, é uma pena que o filme decepcione em seu longo final, tanto em ritmo quanto roteiro. Pule para o próximo parágrafo se não quiser ver um spoiler:
(começo do spoiler)
O vilão, tão inteligente, é derrotado de maneira inverossímil; seguido de uma luta protagonizada por Spock que é longa, chata, e desnecessária. Já a conclusão é exagera no "final feliz", novamente beirando o absurdo; além da cena final ser um discurso de Kirk que pouco tem a ver com a trama. 
(fim do spoiler)

Finalmente, chegamos ao ponto mais polêmico de Além da Escuridão - Star Trek, ou seja, o próprio reboot da franquia. Mantendo a premissa de duas linhas temporais distintas e co-existentes (a do reboot e a da série clássica), temos que o segundo filme não deixa de ser uma revisão / refilmagem de cenas dos filmes clássicos de Jornada nas Estrelas.

Isto pode soar como algo ruim, preguiçoso... mas não é. Pelo contrário, é ótimo! J.J Abrams e os roteiristas conseguiram recriar algo de qualidade que é totalmente novo para uma nova geração de espectadores, e que ao mesmo tempo deixa várias referências para os fãs antigos da série. É muito divertido (e totalmente imprevisível) ver o que vai acontecer em seguida e que será diferente dos rumos da série original. Explorar as diferenças entre as duas linhas temporais distintas é um atrativo à parte que só é possível aqui, no novo conceito de Star Trek, que para mim se consolida como "exemplo bem feito" de reboot de franquias.

Ainda que você só consiga aproveitar 100% deste filme se conhecer os filmes clássicos (e o filme anterior, de 2009), Além da Escuridão - Star Trek mesmo assim deve entreter bastante os novos espectadores. A história é fechada, completa, e ganha o status de "ótimo filme de aventura", misturando bastante ação, drama, humor, ficção científica. Nota: 8,0.

PS: assisti o filme em 3D e não recomendo. Em geral, o 3D não é ruim. Mas não somente não temos nenhuma cena em que o 3D faça diferença, como também algumas poucas cenas (como por exemplo a do "ataque do helicóptero") possuem sérias distorções na imagem.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...