sábado, 25 de fevereiro de 2023

Crítica - Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022)

TítuloPantera Negra: Wakanda Para Sempre ("Black Panther: Wakanda Forever", EUA, 2022)
Diretor: Ryan Coogler
Atores principaisLetitia Wright, Angela Bassett, Tenoch Huerta, Martin Freeman, Dominique Thorne, Lupita Nyong'o, Winston Duke, Julia Louis-Dreyfus, Danai Gurira
Nota: 4,0

Com um filme que não precisava existir, o MCU continua em declínio

Ainda não parei de me surpreender com o quanto as críticas em relação aos filmes da Marvel e seu MCU (Universo Cinematográfico Marvel) são parciais e distorcidas. Me lembro que as primeiras avaliações de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre foram bastante elogiosas, citando-o entre uns dos melhores filmes da Marvel já feitos. Mas a realidade é muito longe disto. Com um roteiro tosco e sem sentido, este Pantera Negra 2 é bem ruim. Pra piorar, se em outros filmes da Marvel de roteiro fraco tínhamos muitas piadas para compensar, aqui isto não ocorre, pois neste filme triste somos relembrados o tempo todo que o Pantera Negra (Chadwick Boseman) morreu tanto dentro da trama como na vida real.

Outro exemplo da injusta parcialidade e boa vontade da crítica com a Marvel foi a indicação de Angela Bassett ao Oscar de Atriz Coadjuvante este ano. Nada contra ela ou com sua atuação, que está muito boa. Acontece que ela nem fica muito tempo em tela, nem faz nada memorável.

Na história de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre vemos o povo de Wakanda se recuperando da traumática morte de seu maior protetor quando surge, ao mesmo tempo, uma nova ameaça global: o povo aquático Talocan, liderado pelo superpoderoso Namor (Tenoch Huerta).

Então temos uma mistura de filme com dezenas de auto-homenagens e este conflito sem sentido, com uma trama principal repleta de furos. Para se ter uma idéia do baixo nível do roteiro, trago aqui um exemplo. No meio do filme, há um momento em que os Talocans atacam de surpresa Wakanda e os derrotam com facilidade. Então Namor chega até a princesa Shuri (Letitia Wright) e ao invés de falar para ela admitir a óbvia derrota e acabar tudo ali, ele diz algo como: "olha, eu vou parar por aqui e voltar daqui uma semana tá? Então trate de se render daqui uma semana, senão o bicho vai pegar"... e então ele dá meia volta e vai embora...

Para poder homenagear o tempo todo não só Chadwick Boseman, mas todo o filme anterior, o roteiro cria situações muito forçadas para poder trazer de volta, por exemplo, os personagens de Lupita Nyong'o e Martin Freeman em tela. Mas não só o roteiro em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é ruim, por exemplo as cenas de luta são pouco inspiradas e acompanhadas por uma trilha sonora que não combina de jeito nenhum com as imagens.

E como cereja do bolo para as coisas mal feitas, que tristeza foi ver o quanto modificaram Namor para este filme. O personagem, que nos quadrinhos é um descendente de Atlântida, aqui está completamente irreconhecível, e foi transformado em uma mistura de descendente de Maias com sereias. Lamentável.

Pantera Negra: Wakanda Para Sempre não está entre os melhores filmes da Marvel como disseram alguns no seu lançamento, e sim, facilmente entre os piores. A verdade é que depois que o MCU encerrou sua gigantesca saga com Vingadores: Ultimato (2019), com exceção de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, (2021) mais nada lançado no universo Marvel vale realmente a pena assistir. E pelas primeiras reações que peguei de conhecidos sobre Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, que estreou semana passada, essa afirmação continua verdadeira infelizmente... Nota: 4,0

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Crítica Netflix - Nada de Novo no Front (2022)

Título: Nada de Novo no Front ("Im Westen Nichts Neues", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2022)
Diretor: Edward Berger
Atores principais: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Thibault de Montalembert, Devid Striesow
Nota: 8,0

Adaptação não tão adaptação traz boas surpresas

Nada de Novo no Front é um filme baseado em um livro de 1929 de mesmo nome, do alemão Erich Maria Remarque. Curiosamente, esta não é a primeira adaptação desta obra, que virou filme já em 1930 (e inclusive foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme naquele ano) e também foi lançado para a TV dos EUA em 1979. Em sua terceira versão para as telas, esta é a primeira vez que ela é feita por alemães.

A história acompanha as aventuras do jovem soldado alemão Paul Bäumer (Felix Kammerer), em batalhas pelo último ano da Primeira Guerra Mundial. O filme (assim como o livro), mostra os terrores e a completa falta de sentido do conflito.

A nova versão de Nada de Novo no Front começa com cenas fortes e violentas em pleno combate, e vemos de maneira chocante como tudo na guerra é tratado como se fosse uma linha de produção, de maneira industrial, e com completa indiferença dos chefes militares pela vida humana. Com literalmente cerca de um século de filmes sobre guerra sendo feitos por aí, eu mesmo não me animo quando surge outra produção do gênero, e então, o que um filme de guerra poderia acrescentar aos dias de hoje são eventuais visões diferentes. Este paralelo com uma linha industrial é uma delas (e bem vinda). Ao longo do texto comentarei sobre outras.

É só depois destas primeiras cenas de violência que nosso protagonista Paul Bäumer aparece, e ele só alista para a guerra devido a um misto de inocência com despeito aos pais. No filme a propaganda feita pelo governo/exército alemão convocando os jovens para a batalha aparece apenas de maneira bem sutil, uma diferença em relação ao livro que inspirou ao filme.

Aliás, esta adaptação de Nada de Novo no Front não é tão fiel ao livro, ela até segue boa parte das ocorrências principais, porém, se destaca por duas grandes mudanças: uma ausência e uma adição. A ausência é que no livro temos um trecho onde a o soldado Bäumer volta para casa em meio ao conflito, e lá fica por algumas semanas, em período de folga. É quando percebe que não só não tem a recepção que gostaria, como também, o mundo cotidiano passou a ser algo totalmente alienígena perto de tudo o que ele passou nas vidas em batalhas. Por outro lado, para compensar, temos um arco completamente novo, onde vemos Matthias Erzberger (Daniel Brühl) negociando a rendição da Alemanha para colocar fim a guerra. Ao contrário da grande maioria dos personagens do filme, Erzberger foi uma pessoa real, o político de fato nomeado pelos germânicos para negociar a paz.

Com o acréscimo das partes de Erzberger, a história é montada de um jeito onde podemos ver que mesmo sabendo que a derrota era inevitável, e que a rendição seria assinada em questão de dias, o alto escalão do exército alemão continuava a mandar seus soldados para morrer inutilmente na guerra. Sim, isso são fatos que sabemos pela História que aconteceram, mas vê-los de uma maneira bem explicitada pela montagem das cenas faz diferença, o impacto e a revolta é bem maior.

Por falar em História, o roteiro não se preocupa em nenhum momento em contextualizar o espectador historicamente com o que está acontecendo. Certamente os alemães e até mesmo os estadunidenses sentirão bem menos falta disso que nós, brasileiros. Saber em que dia a Primeira Guerra acabou, e quem estava lutando contra quem antes de ver o filme, ajudará o seu entendimento.

Em geral, este Nada de Novo no Front também é muito bom tecnicamente. Ótima fotografia, ótimo som, tudo realmente excelente e digno das indicações do Oscar recebidas. Entretanto, em comparação, na parte técnica ele fica abaixo do espetacular e recente filme 1917, também sobre a Primeira Guerra.

Nada de Novo no Front traz muitas cenas de ação violentas, realistas e bem feitas, porém como no livro original, seu forte é criticar a estupidez e inutilidade dos conflitos bélicos. Portanto as cenas mais marcantes acabam ocorrendo em situações nada heroicas, e muitas delas não presentes no livro, foram criadas para esta adaptação. Comparando novamente Nada de Novo no Front com 1917, o segundo é melhor. Mas ainda assim, não só o primeiro ainda é muito bom, como também pode ser assistido de sua casa sem perder muito de sua experiência, o que não acontece com 1917. Nota: 8,0

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Dupla Crítica Séries Netflix - O Mundo Por Philomena Cunk (1ª temporada) e That' 90s Show (1ª temporada)

Analisando duas séries de comédia que estrearam bem recentemente na Netflix, e que no mínimo já servem para dar alguns sorrisos. Mas será que elas vão além disto? Leia sobre cada uma delas aqui abaixo! ;)


O Mundo Por Philomena Cunk - 1ª temporada

O Mundo Por Philomena Cunk é um mocumentário de 5 episódios que tenta, de maneira bem resumida, contar a historia da humanidade. Ele é protagonizado e narrado pela personagem Philomena Cunk (Diane Morgan), que seria uma jovem repórter dos dias de hoje, porém absurdamente desinformada sobre todos os assuntos... como se tudo que ela "soubesse" ou "pensasse" viesse das mídias sociais.

Cunk acaba sendo bem engraçada, e seu nonsense somado a absoluta seriedade com que lida as situações mais absurdas (o que me faz lembrar John Cleese em Monty Python) torna o programa uma ótima indicação pra quem curte humor britânico e História.

Curiosamente, este não é o primeiro seriado em que o personagem de Philomena aparece. Ela surgiu no programa humorístico Charlie Brooker's Weekly Wipe (2013-2015), que ironizava / comentava notícias e programas da TV britânica. Depois surgiram o filme Cunk on Shakespeare (2016), e a séries Cunk na Grã-Bretanha (2016) e Cunk & Other Humans on 2019 (2019), tudo isso nos canais de TV da BBC.

Gostei bastante de O Mundo Por Philomena Cunk, e torço para que os outros materiais da personagem também cheguem à Netflix. Alías, isso meio que já aconteceu, pois nos mocumentários de final de ano 2020 Nunca Mais e 2021 Nunca Mais, Diane Morgan apareceu em ambos com a personagem Gemma Nerrick, que é a mesma coisa que Cunk, com a diferença que ao invés de ser uma repórter, ela é apresentada como a "cidadã britânica comum".


 That' 90s Show - 1ª temporada

A série That' 70 Show, uma sitcom que estreou em 1998 e teve 8 temporadas, foi um enorme sucesso. Ela mostrava o cotidiano de 6 amigos nos anos 70, em uma cidade fictícia no estado de Wisconsin, e acabou tornando famosos vários atores, como por exemplo Topher Grace, Mila Kunis, Ashton Kutcher, Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith. Eu mesmo coloco That' 70 Show entre os melhores seriados dos anos 2000.

Tentando repetir seu sucesso, em 2002, os produtores de That '70s Show tentaram emplacar um novo projeto, e lançaram That '80s Show, contando com elenco totalmente novo. O resultado, uma verdadeira porcaria que todos odiaram, e durou apenas 1 temporada e 13 episódios. Portanto, foram mais duas décadas para que os teimosos produtores se arriscassem mais uma vez, agora com That' 90 Show.

Porém, desta vez, os criadores da franquia foram mais espertos e arriscaram bem menos. Para começar, eles tiveram o apoio da gigante Netflix no desenvolvimento; e além disto, resolveram trazer quase todo o elenco do seriado original de volta. Aliás, Debra Jo Rupp (como Kitty Forman) e Kurtwood Smith (como Red Forman) fazem parte do elenco principal de That' 90 Show, cuja história é focada em um novo grupo de jovens encabeçado pela neta Leia Forman (Callie Haverda), filha, claro, de Eric e Donna, que fazem breves aparições. Também fazem aparições nos episódios: Fez, Leo, Jackie, Kelso, Bob e Fenton... ou seja, quase a turma toda.

E é aí que temos o dilema de That' 90 Show: sua força está nos seus atores do seriado original e na nostalgia que eles trazem; nenhum dos novos integrantes se destaca. Alguns até não são ruins... são razoáveis, mas ainda assim, longe se serem atrativo suficiente para a série. E para piorar, a série também comete alguns outros deslizes, como por exemplo, o uso excessivo (e muito irritante) de claques.

Em resumo, That' 90 Show está bem abaixo de That' 70 Show (embora seja uma cópia do mesmo), mas muito acima de That' 80 Show, e enquanto eles conseguirem trazer os personagens do seriado antigo, a série será um passatempo aceitável. A dúvida é se eles vão conseguir fazer isso na segunda temporada (que já está confirmada)... Descobriremos em breve.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Crítica - Tár (2022)

TítuloTár (idem, EUA, 2022)
Diretor: Todd Field
Atores principaisCate Blanchett, Noémie Merlant, Nina Hoss, Sophie Kauer, Mark Strong, Mila Bogojevic
Nota: 6,0

Cate Blanchett se transforma mais uma vez para outra grande atuação

Tár é um filme de drama ficcional que nos apresenta Lydia Tár (Cate Blanchett), música e compositora estadunidense que há vários anos é a condutora da prestigiada Orquestra Filarmônica de Berlim. O filme traz Lydia retomando sua carreira "pública" interrompida pela pandemia de Covid, com ela se preparando para fazer uma apresentação e gravação ao vivo da Sinfonia No. 5 de Mahler. Acompanhamos então algumas semanas da vida de Tár a partir daí, onde ela passa por problemas profissionais e pessoais.

De longe, a melhor coisa de Tár é a atuação de Cate Blanchett. Uma das melhores e mais versáteis atrizes de seu tempo, não só Cate está incrível como sempre, mas também para este papel ela teve que reaprender a tocar piano, falar alemão, e também a conduzir orquestras; sim, as cenas em que ela conduz orquestras são reais, impressionante. Das seis indicações ao Oscar que Tár recebeu, a de Melhor Atriz para Blanchett é a mais justa.

A história em si até é interessante, e contada de um jeito incomum. Por exemplo, não temos em Tár qualquer trilha sonora incidental. Outro aspecto atípico é que mesmo estando nós, espectadores, "bem perto" de Lydia por 2 horas, a história é contada com tal distanciamento que se torna difícil fazer algum julgamento da protagonista, seja positivo ou negativo. Pelo comportamento de Tár vemos que ela não é uma boa pessoa, e portanto quase certamente culpada de todas as coisas que lhe acusam... mas ela é acusada do que exatamente? O filme não fala nem mostra. Trazer muitos termos e detalhes do universo das orquestras e maestros também é outro aspecto que afasta Tár do público, gerando até uma certa indiferença para quem assiste.

Portanto, mesmo sendo um drama, Tár acaba se tornando uma experiência bem mais intelectual e filosófica do que dramática, questionando o quanto devemos separar a pessoa de sua obra, mas sem dar nenhuma resposta, e nem se preocupar em nos fazer ter qualquer desejo ou sentimento de procurar por ela.

Tár acaba não ganhando nota muito alta minha devido sua "frieza" como história, ainda que interessante. E mais uma vez, é outro filme que vale a pena especialmente por causa de Cate Blanchett. Nota: 6,0


PS: como curiosidade, no filme (e também no trailer) é dito que Lydia Tár é a 15ª pessoa a se tornar um EGOT, ou seja, vencedora de pelo menos um prêmio Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro). No mundo real, o 15º a atingir este feito foi John Legend, em 2018. Atualmente, a lista de EGOTs do mundo é composta de 18 pessoas, sendo o mais novo membro a fantástica Viola Davis, que entrou na lista ONTEM (5 de Fev de 2023), ao levar um Grammy na categoria Melhor Gravação de Audio Book ou Storytelling por seu livro Finding Me.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Oscar 2023!! Conheça mais sobre os principais indicados aqui no Cinema Vírgula!


Ok, a lista dos indicados ao Oscar 2023 já saiu faz um tempinho (no dia 24 de Janeiro), e começo meu texto trazendo a lista dos indicados a Melhor Filme, ordenado pelo número de total de indicações, e aonde vocês podem assisti-los:

Dentre os outros filmes com mais de uma indicação (mas não de Melhor Filme), e que você irá ler a crítica aqui no Cinema Vírgula, temos: Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (6 indicações), Babilônia, Batman e A Baleia (cada um destes com 3 indicações).

Note que considerando todos os filmes listados acima, até o presente momento, 9 já tiveram sua crítica publicada por aqui. E amanhã sairá a crítica de Tár! Não perca!

A cerimônia de premiação será no dia 12 de Março, e até lá vários outros filmes citados aqui terão sua crítica publicada. Conforme novas críticas forem surgindo, este artigo será atualizado. Continue acompanhando tudo por aqui!


E antes de eu ir... alguns breves comentários:

Pela primeira vez na história do Oscar tivemos mais de um candidato a Melhor Filme ultrapassando a barreira de 1 Bilhão de dólares em bilheteria, mostrando que desta vez a Academia resolveu valorizar um pouco mais os cinemas comercialmente.

Talvez também por isso, pela primeira vez um ator (no caso uma atriz) foi indicada por um filme da Marvel, trata-se de Angela Bassett, como Atriz Coadjuvante em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.

Não fiquei surpreso em ver Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo na lista dos indicados a Melhor Filme. Mas fiquei muito feliz e surpreso ao ver que esta produção alcançou 11 indicações, dentre elas a de Melhor Ator Coadjuvante para Ke Huy Quan. Não sabe quem é ele??? Você PRECISA ler este meu artigo.


Escreva nos comentários o que achou dos indicados! E acompanhe de perto a cobertura do Oscar 2023 aqui no Cinema Vírgula!

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...