segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Crítica - A Garota no Trem (2016)

TítuloA Garota no Trem ("The Girl on the Train", EUA, 2016)
Diretor: Tate Taylor
Atores principais: Emily Blunt, Haley Bennett, Rebecca Ferguson, Justin Theroux, Luke Evans, Edgar Ramírez, Laura Prepon, Allison Janney
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=kmQ1WcX425E
Nota: 7,0
Boa história e boas atuações sustentam o filme apesar da direção problemática

Baseado no livro homônimo bestseller (inclusive no Brasil) da autora britânica Paula Hawkins, A Garota no Trem é uma mistura de filme policial / suspense com o drama de três mulheres bem diferentes - Rachel (Emily Blunt), Megan (Haley Bennett) e Anna (Rebecca Ferguson) - mas cujos destinos se cruzam bastante nos dias atuais. Certa tarde Megan desaparece, e Rachel nos é apresentada como possível culpada e também como possível solucionadora do mistério.

A grande maioria do filme é narrada sob o ponto de vista de Rachel; em segundo lugar aprendemos sobre Megan e finalmente, vemos bem pouco sobre Anna. Independente do tempo de história de cada uma das personagens, todas elas possuem uma vida interessante e repleta de reviravoltas. Eis portanto o ponto forte de A Garota no Trem: as aparências enganam bastante e há muito mais por trás de cada uma destas três mulheres do que julgamos quando as vimos pela primeira vez.

Já a trama policial de A Garota no Trem, se não é lá tão original (baseia-se no testemunho duvidoso de observadores remotos, como já vimos no clássico Janela Indiscreta do mestre Hitchcock) ainda assim agrada, sendo bastante interessante e atiçando o "detetive" dentro de cada um de nós. Outra qualidade do filme é trio de atrizes protagonistas, que atuam muito bem, especialmente Emily Blunt e a bela Haley Bennett.

Pelo tema policial, pelas reviravoltas, e pela marcante presença feminina, a comparação de A Garota no Trem com Garota Exemplar é inevitável. Mas por que o primeiro filme está sendo tão criticado pela crítica nacional em contraste com os muitos elogios para o segundo? A diferença está na direção.

Se Garota Exemplar conta com a ótima direção do ótimo e consagrado David Fincher, A Garota no Trem conta com um diretor bem menos hábil - Tate Taylor - que até agora só possui um sucesso em sua curta carreira: o bom Histórias Cruzadas, que não é um filme de suspense (onde Fincher manda tão bem).

E aonde é que Taylor falha? Bem, lhe falta comedimento em vários aspectos: a trilha sonora é muito exagerada, pesada e repetitiva, o que torna o filme desnecessariamente melancólico e cansativo; o alto número de flashbacks curtos atrapalha o ritmo da história; e há também bastante exagero na quantidade de cenas de delírio / confusão mental de Rachel. Para completar, depois que descobrimos quem é o "vilão" (ou vilã) da trama, a história se prolonga bem mais que o necessário.

Notem que alguns dos problemas citados no parágrafo anterior não são exclusivos do diretor e também recaem sobre a roteirista Erin Cressida Wilson. A impressão que tenho é que ela teve em mãos um ótimo material (o livro de Paula Hawkins) mas não soube adaptá-lo muito bem para as telonas.

Não concordo com a chuva de criticas que a imprensa nacional coloca em A Garota no Trem. Apesar dos problemas na direção, o filme é bem acima da média e certamente agradará os fãs de filmes de suspense. Muitos estão chamando A Garota no Trem de uma cópia mal feita e previsível de Garota Exemplar. De fato, o filme de Fincher é bem melhor, ainda assim, A Garota no Trem não me foi previsível e ambos os filmes merecem ser conferidos. Nota: 7,0

domingo, 16 de outubro de 2016

Crítica - Inferno (2016)

Título: Inferno ("Inferno", EUA / Hungria / Japão / Turquia, 2016)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Tom Hanks, Felicity Jones, Ben Foster, Sidse Babett Knudsen, Irrfan Khan, Omar Sy, Ana Ularu
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=8_MF60pD13c
Nota: 6,0
Filme é reflexo de sua obra original

Inferno é a terceira adaptação para os cinemas de um livro de Dan Brown, também pela terceira vez contando com sua criação mais famosa, o simbologista Robert Langdon (Tom Hanks). E assim como nos livros, os filmes desta franquia sofrem do mesmo mal: são histórias muito parecidas, onde basicamente apenas se trocam o nome dos coadjuvantes e as localidades da trama. Não é a toa, portanto, que pouco mais de 10 anos após o escritor explodir em fama mundialmente com O Código da Vinci, hoje seus livros são muito menos relevantes, quase esquecidos.

Para Inferno, além de Tom Hanks, retorna também o premiado diretor Ron Howard - a mesma pessoa que dirigiu os anteriores O Código da Vinci Anjos e Demônios. Se por um lado isto traz qualidade e coesão nesta "trilogia", por outro apenas reforça a sensação de "mais do mesmo".

Inferno é um livro com menos enigmas, menos mistério, e mais ação do que O Código da Vinci; e isto é refletido com vigor nas telas. Também repetindo, em ambas as obras Langdon é auxiliado por uma bela jovem, e em ambas adaptações a atriz escolhida possui traços meigos e delicados: era o caso de Audrey Tautou em da Vinci, e agora de Felicity Jones, interpretando a Dra. Sienna Brooks.

Na história, Langdon acorda desmemoriado em um hospital, e em questão de minutos o local é invadido na tentativa de matá-lo. Fugindo às pressas junto com a enfermeira Sienna, a dupla descobre ser a última esperança para evitar o lançamento de um vírus mortal - que mataria metade da raça humana - criado pelo bilionário Bertrand Zobrist (Ben Foster). O nome do filme vêm da obra literária Inferno, de Dante Alighieri, que é frequentemente usada ao longo da história como tema dos enigmas encontrados pela dupla.

Inferno é um filme de ação ininterrupta, do começo ao fim. A história é agradável, prende a atenção do espectador, e ainda conta com a vantagem de mostrar belas localidades históricas encontradas em Florença, Veneza e Istambul - visualizar as obras de arte e os edifícios reais é a única vantagem dos filmes em relação aos livros.

Por outro lado, a adaptação de Inferno peca em dois pontos: as "alucinações" de Langdon são exploradas em demasiado, a meu ver. E, principalmente, após 1h30 de uma história extremamente fiel ao livro, em seu ato final o filme desvirtua em muito o final originalmente escrito por Dan Brown. É verdade que da maneira que o filme se encerra ele até faz um pouco mais de sentido; ainda assim, a maneira com que o escritor havia finalizado Inferno era o único sopro de real originalidade em seu texto. Alterá-lo, portanto, para mim foi uma péssima idéia.

Inferno - o livro - é uma versão piorada de O Código da Vinci, mas ainda assim diverte. E o mesmo pode ser dito de seus filmes. De resto, é passar o tempo admirando a boa atuação de Tom Hanks e a beleza de Felicity Jones. Nota: 6,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...