domingo, 31 de agosto de 2014

Crítica: Magia ao Luar (2014)

Título: Magia ao Luar ("Magic in the Moonlight", EUA, 2014)
Diretor: Woody Allen
Atores principais: Colin Firth, Emma Stone, Howard Burkan

Mais um agradável filme de Woody Allen

Assim como fizera recentemente em Meia-Noite em Paris (2011), Woody Allen retorna a França, nos anos de 1920. Porém diferentemente do filme citado, em Magia ao Luar estamos no campo, e a ambientação pouco faz diferença ao filme, já que sua trama é atemporal.

Na história, Stanley (Colin Firth) é secretamente um dos maiores mágicos do mundo, e publicamente, um ranzinza "desmascarador de charlatões". Logo após um de seus shows seu amigo de infância Howard (Simon McBurney), também mágico, diz ter encontrado uma garota que se diz médium, mas que apesar de seus esforços, não consegue desmascará-la. E pior, ela está prestes a ganhar bastante dinheiro de uma rica família, cuja matriarca (Jacki Weaver) e filho (Hamish Linklater), acreditam cegamente nos poderes da moça.

É então que Stanley parte para a França, com a nobre missão de "salvar inocentes". Ao chegar, conhece a tal médium, a bela Sophie (Emma Stone) e, aos poucos, também testemunha seus poderes, o que lhe deixa perplexo. Curioso observar a decisão de Woody Allen de, ao mesmo tempo que nos mostra que os poderes da garota são verdadeiros, faz que tanto ela quanto sua mãe (Marcia Gay Harden) se comportem como vigaristas, se mostrando interessadas no dinheiro de suas "vítimas", o que inteligentemente deixa o espectador o tempo todo em dúvida.

O velho Stanley é arrogante, científico, ateu, e ao mesmo tempo, extremamente irônico, e ataca Sophie com suas piadas o tempo todo. Mas este perfil o torna um personagem muito engraçado e divertido. O personagem de Colin Firth torna o filme bastante agradável para se assistir. Isto somado, é claro, aos diálogos inteligentes, as paisagens bucólicas, e também, por que não, à boa atuação de Emma Stone.

Também passando o tempo todo por assuntos como religião, fé, vida após a morte - mas tudo de maneira cotidiana - Magia ao Luar não consegue deixar de flertar com o romance. O que pra mim enfraqueceu um pouco o filme, que poderia ficar apenas na comédia, mas força ao fazer Sophie se interessar por Stanley. De qualquer forma, é um bonito romance, e certamente satisfatório para o público.

Tecnicamente falando, Woody Allen comete alguns deslizes que até chegam a ser costumeiros, já que ele é pouco detalhista. Algumas cenas, principalmente as externas, aparecem um pouco fora de foco, e, embora bastante apropriada, a trilha sonora é bem repetitiva. Mais uma vez, o forte de Allen é seu roteiro, com ótimo humor, surpresas, é ótimos diálogos.

Se traz um Woody Allen "automático", Magia ao Luar é um pouco diferente ao trazer personagens mais carismáticos que o de costume. Como resultado final, o filme se apresenta como uma comédia romântica bem agradável para se assistir. Nota: 7,0

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Crítica - Os Mercenários 3 (2014)

Título: Os Mercenários 3 ("The Expendables 3", EUA / França, 2014)
Diretor: Patrick Hughes
Atores principais: Sylvester Stallone, Jason Statham, Harrison Ford, Arnold Schwarzenegger, Mel Gibson, Wesley Snipes, Dolph Lundgren, Randy Couture, Terry Crews, Kelsey Grammer, Glen Powell, Antonio Banderas, Victor Ortiz, Ronda Rousey, Kellan Lutz, Jet Li

Trazendo mais do mesmo, franquia se mostra esgotada

Imagino que você já conheça a franquia Os Mercenários. Se não conhece, leia sobre ela aqui, em minha crítica do segundo filme.

Após dois anos, Stallone retorna com sua trupe aos cinemas. Sabendo muito bem que não seria o roteiro que convenceria o público para mais um filme, Sylvester e o produtor Avi Lerner tentaram trazer mais nomes de ação de "peso". Procuraram por Steven Seagal, Nicolas Cage, Chuck Norris, Jackie Chan, Milla Jovovich, Clint Eastwood, Harrison Ford e Wesley Snipes. Porém, só os dois últimos vieram. A solução foi trazer Mel Gibson, Antonio Banderas, e vários nomes jovens desconhecidos. Embora não dito oficialmente, entendo ser bem provável que todos estes novatos foram o "plano B" para o elenco. Por exemplo, a lutadora de UFC Ronda Rousey - que aqui como atriz é péssima - muito provavelmente herdou o papel que seria da Jovovich.

Para piorar, dois nomes importantes não voltaram: Chuck Norris e Bruce Willis. Quanto a este último, que não renovou por não chegar em acordo financeiro pela participação, recebeu duras críticas de Stallone, que o chamou de "ganancioso".

Não contando com os atores "ideais" portanto, Os Mercenários 3 aposta na quantidade. De novo. E trazendo mais personagens do que nunca. No topo desta matéria vejam que são 16 os nomes que dividem a atenção do expectador.

Assim como no filme anterior, Os Mercenários 3 começa com a adrenalina no alto, com uma longa e muito boa cena de ação. E por falar em Os Mercenários 2, desta vez uma de suas maiores falhas foi corrigida: quase todos os personagens são igualmente desenvolvidos, tendo cada um "seus momentos em cena". A lamentar, foi a maneira que isto foi atingido: não foi melhorando o roteiro (pelo contrário, conseguiram piorar), mas simplesmente, aumentando o tamanho do filme! São 2h06min de projeção contra 1h43min dos dois episódios anteriores.

A história (se é que podemos considerar que há alguma) se divide em três atos. O primeiro, onde os Mercenários "velhos" tentam matar o vilão Mel Gibson mas falham; o segundo, onde Stallone troca seus antigos parceiros por um um grupo "sangue novo", causando conflito entre os dois times; e o terceiro, onde todos se juntam para "a batalha final" contra o ex-William Wallace.

Dos três atos, apenas o primeiro entretém. Os outros dois também possuem alguns bons momentos, tanto de ação quanto de humor, mas em geral, são bastante repetitivos e portanto, cansativos. O ato final se encerra com um tiroteio que dura mais de 20 minutos, sem parar. Praticamente impossível não se cansar assistindo.

Usando à exaustão a mesma fórmula dos dois filmes anteriores, o pensamento que me veio assim que a projeção termina foi: "Ok, legalzinho. Mas agora chega". Infelizmente, por mais esgotada que a franquia esteja, Sylvester Stallone ainda cogita um 4º filme. Se ele vier, que tenha uma completa renovação em sua receita. Mas duvido que esta renovação aconteça. Nota: 5,0

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Crítica - Guardiões da Galáxia (2014)

Título: Guardiões da Galáxia ("Guardians of the Galaxy", EUA, 2014)
Diretor: James Gunn
Atores principais: Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Vin Diesel, Bradley Cooper, Lee Pace

Visualmente impressionante, com muita ação e humor

Após consolidar-se nos últimos anos como sinônimo de bons filmes e boas bilheterias, reconheçamos que é bem difícil atualmente que a Marvel entregue um filme que não faça sucesso. Mesmo assim, não está errado dizer que o lançamento de Guardiões da Galáxia tinha seu risco. Para começar, direção e roteiro nas mãos do pouco experiente James Gunn, cuja carreira contava com apenas uma direção (Super, de 2010, mas já sendo um filme de super-herói), e como roteiro mais relevante o horroroso Scooby-Doo 2 - Monstros à Solta, de 2004.

Mais ainda, os Guardiões são um grupo muito pouco conhecido dentro das histórias em quadrinhos. Fizeram suas principais aparições na década de 70 e por lá ficaram abandonados até serem ressuscitados somente em 2008, em uma revista própria que atingiu vendas medianas.

Ignorando qualquer previsão desfavorável, Guardiões da Galáxia já estreou batendo recorde de bilheteria (melhor estreia de agosto dos cinemas estadunidenses) e é um filme muito divertido; sem sombra de dúvidas, o melhor da Marvel desde Os Vingadores (2012).

Desta vez, a história contada é uma aventura espacial, repleta de ação, cuja trama não tem muita importância: cinco fora-da-lei: Peter Quill (Chris Pratt), Gamora (Zoe Saldana), Drax (Dave Bautista), Groot (Vin Diesel - vozes) e Rocket (Bradley Cooper - vozes) são os "mocinhos" que se unem para impedir que o "vilão malvado" Ronan (Lee Pace) obtenha um artefato mágico cujo poder é suficiente para destruir planetas.

Notem que dentre todos citados acima, apenas Peter (que se autodenomina "Star-Lord") é terráqueo. E ainda, neste universo alienígena, tanto Groot quanto Rocket são 100% animação por computador. E incrivelmente bem feitas!

O primeiro grande elogio para Guardiões da Galáxia vai para seu visual. Começando pela perfeição dos dois personagens animados citados no parágrafo anterior, passando pelos ótimos efeitos especiais usados tanto nas batalhas quanto na criação dos mundos extraterrestres exibidos, e terminando na grande variedade de cores e modelos nos figurinos, a maioria bem convincente.

O outro grande elogio para Guardiões da Galáxia vai pelo resgate do melhor dos filmes de aventura dos anos 80: boas cenas de ações mescladas com bom senso de humor. O assunto "humor" retomarei depois. Agora, ainda sobre o clima oitentista, é imprescindível destacar a excelente trilha sonora, composta de hits pop dos anos 70/80, e que é praticamente um personagem do filme, chegando até a ser representada fisicamente pela fita cassete que Peter Quill ouve o tempo todo.

Se nenhuma atuação empolga, elas também não comprometem (a atuação mais fraca é a do Dave Bautista). Mesmo assim, os personagens são outro ponto alto da produção. Primeiro porque mesmo com um roteiro raso, ele tem o mérito de conseguir desenvolver seus vários heróis de maneira equilibrada e adequada. E segundo porque o enorme carisma dos personagens supera a atuação dos atores. É impossível não se divertir - e muito - com Groot e Rocket. Particularmente, só não gostei da Gamora. Nos quadrinhos ela é "a maior assassina do universo", já no filme, após sua prisão, ela aparenta fragilidade e pouca personalidade.

O filme também possui alguns defeitos, em geral, no roteiro: além da trama principal simplória, também não foi desta vez que escapamos de ver um "par romântico" sendo formado exclusivamente para agradar o público, mesmo em detrimento da história.

Agora sim, humor: antes dos cinco protagonistas se juntarem, o filme chega até ser sério. Mas depois que eles se encontram, o humor rola solto. E são mesmo muitas piadas, a maioria delas muito boas, principalmente as que subvertem os clichês do gênero e nos trazem ações contrárias ao esperado. Temia que Guardiões da Galáxia fizesse tantas piadas que se perdesse. Felizmente, isto não aconteceu. Entretanto, houve dois ou três momentos em que o humor "passou do ponto" e que me incomodaram. Seria mais ou menos assim: as cenas cômicas que ocorrem devido os personagens serem naturalmente insanos ou atrapalhados, funcionam. Mas as cenas cômicas que ocorrem quando os personagens do nada esquecem que estão com a vida em risco, e resolvem virar humoristas para entreter o público ao redor, estas não funcionam. Mas foram poucas as deste tipo.

Li críticas e comentários comparando Guardiões da Galáxia com Indiana Jones e Star Wars. Em relação ao primeiro, discordo. A primeira cena é, de fato, quase uma cópia de uma cena clássica de Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida. Mas para aí. Não tem há nada de Indiana depois. Já quanto a Star Wars, aí sim a comparação faz mesmo sentido. Do figurino até aos personagens (por exemplo, a relação entre Rocket e Groot é mesma que existe entre Han Solo e Chewbacca), muita coisa se parece. Entretanto, há diferenças suficientes para afirmar que Guardiões está longe de ser uma cópia. Digamos que Guardiões parece com um Star Wars sem misticismo, sem as filosofias da "Força" como plano de fundo... e com super-heróis. Ah, e quando comparo com Star Wars, a comparação só faz sentido em relação a trilogia clássica, por ser igualmente oitentista e de qualidade. Não dá para falar o mesmo da trilogia nova...

Com muitos acertos e poucos erros, Guardiões da Galáxia é diversão pura dentro do gênero aventura. Encerrando com mais uma comparação, Guardiões não é melhor nem pior que Os Vingadores. Guardiões é mais "estável" que Vingadores, pois tem menos altos e baixos. Mas ambos tem o mesmo ótimo nível e valem seu ingresso. Nota: 8,0

PS 1: o 3D de Guardiões é bom. Não bom o suficiente para justificar assisti-lo em 3D, mas bom o suficiente para se divertir um pouquinho a mais que no 2D.

PS 2: como sempre, há uma cena após o término dos créditos. A cena em questão, curtíssima, nada tem a ver com o universo dos Guardiões. Se trata de uma piadinha feita por um personagem, já esquecido, dos anos 80. Para quem conheceu o personagem, a cena agrada. Para quem não o conhece, não vale a pena. E ponto final. Ou melhor, SERIA ponto final se, na semana seguinte à estreia do filme, a Marvel não resolvesse lançar - tanto física como digitalmente - algumas histórias em quadrinhos deste mesmo personagem! Estavam achando que o personagem estava lá apenas para nos fazer ri? Sabem nada, inocentes. É puro dinheiro. Pura ganância. Pô, Marvel... podia ter disfarçado melhor nesta...

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...