domingo, 27 de março de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #009 - Tudo sobre a estatueta do Oscar!

Hoje é dia da cerimônia dos Oscars 2022, onde literalmente centenas de pessoas estarão disputando a honra de levar para casa sua cópia da tão sonhada estatueta da foto acima. Momento melhor para aprendermos tudo sobre este tão cobiçado objeto não há, não é mesmo? Então bora conhecer.

  • Presente desde a primeira cerimônia, o nome oficial da estatueta é Academy Award of Merit, sendo que seu nome foi oficialmente aceito como Oscar em 1939. Sua imagem foi criada por Cedric Gibbons, então diretor de arte da MGM, e esculpida pelo artista George Stanley.
  • O prêmio mede cerca de 34 centímetros de altura e pesa cerca de 3,8 quilos. Desde sua primeira aparição em 1929 ele não sofreu alterações, com exceção de sua base que sofreu leves mudanças de forma e tamanho até 1945, quando se chegou no formato atual.
  • A imagem retrata um cavaleiro medieval (que representaria os valores da Indústria do Cinema) empunhando uma espada e em pé sob um rolo de filme com cinco raios. Estes representam os ramos originais da Academia: Atores, Escritores, Diretores, Produtores e Técnicos.
  • Em seus primeiros anos, as estátuas eram de bronze sólido e banhadas a ouro, porém logo seu material foi substituído por uma liga de metal banhada a ouro, formato que permaneceu por muitas décadas... até um recente 2016, quando a Academia resolveu retornar o bronze como principal material da estatueta. Curiosidade: durante a Segunda Guerra Mundial a escassez de metais fez com que por três anos os vencedores do Oscar recebessem estatuetas de gesso. Alguns anos após a guerra, a Academia se propôs a trocar as estátuas dos vencedores pelos prêmios de metal banhados a ouro tradicionais.
  • Em alguns anos dentro do intervalo entre 1935 e 1961, doze atores receberam o prêmio especial Academy Juvenile Award, ou "Oscar Juvenil", um prêmio honorário a quem "contribuiu excepcionalmente para o cinema com menos de 18 anos". E o vencedor levava para casa uma bizarra estatueta versão miniatura do Oscar!! Dentre os vencedores do prêmio tivemos Shirley Temple, Mickey Rooney e Judy Garland. A foto abaixo mostra Judy segurando sua cópia da estranha premiação, com Mickey Rooney ao seu lado.
  • Não há uma explicação oficial do porquê o Oscar tem este nome, embora existam três versões concorrendo. A primeira e mais conhecida vêm de Margaret Herrick, então bibliotecária da Academia, que ao ver a estatueta pela primeira vez disse que ela se parecia com seu "Tio Oscar", um de seus primos. Já a atriz Bette Davis relatou outra história, e em sua versão a estátua ganhou esse nome pois ela a fazia se lembrar de seu marido Harmon Oscar Nelson Jr saindo do banho. Finalmente, o jornalista Sidney Skolsky também diz ser o "criador" do nome Oscar, inspirado em um antigo bordão "Will you have a cigar, Oscar?". Embora seja a versão menos provável das três, o fato é que foi em um artigo de 1934 de Sidney que o termo "Oscar" foi publicado pela primeira vez na história como sinônimo do famoso prêmio da Academia.
  • O vencedor do Oscar não pode vender sua estatueta. Ou melhor, pode: a Academia obriga que os vencedores assinem um contrato que exige que eles ofereçam a estatueta à Academia por US$ 1,00 (um dólar!) antes de vendê-la a qualquer outra pessoa. Se você não assinar o acordo, nada de levá-lo pra casa! A regra vale "apenas" para os prêmios a partir de 1950, respeitando a data em que ela entrou em vigor.
  • A regra acima foi criada para que não exista um mercado de pessoas lucrando com a premiação, mas ela não impediu a continuação das já existentes (e muitas) transações para as estatuetas anteriores à 1950: o ilusionista David Copperfield por exemplo pagou US$ 232 mil pelo Oscar de Melhor Direção de Casablanca (1944), e 10 anos depois o vendeu por mais de US$ 2 milhões; Michael Jackson comprou o Oscar de Melhor Filme de E o Vento Levou (1939) por US$ 1,5 milhão; infelizmente após sua morte o paradeiro da peça é desconhecido.
  • Já Steven Spielberg seguiu o caminho "contrário" deste mercado e em pelo menos três vezes "resgatou" estatuetas antigas em leilões, comprando-as para posteriormente doá-las para a Academia. Ele fez isso com um Oscar de Melhor Ator de Clark Gable (de 1934) e com dois Oscars de Melhor Atriz de Bette Davis, um de 1935 e outro de 1938. O total do dinheiro gasto pelo diretor nestas compras supera um milhão de dólares (e relembro que Bette Davis é justamente uma das três pessoas que dizem ter dado o nome de Oscar à estatueta).
  • E a regra "anti-venda" também não impediu o mercado ilegal. A revista Forbes publicou uma matéria em 2006 estimando que cerca de 75 Oscars pós-1950 haviam sido vendidos ilegalmente até então.
  • Em 2000, todas as 55 estatuetas encomendadas para o prêmio daquele ano foram roubadas no porto de Los Angeles, antes mesmo de desembarcarem. Dias depois elas foram encontradas abandonadas em uma lixeira próxima.
  • O compositor Oscar Hammerstein II foi a primeira pessoa - e até hoje a única - de nome Oscar a receber um prêmio Oscar da Academia. Foram duas vezes, e faz muito tempo! A primeira vez em 1942 e a segunda em 1946.
  • E por falar em nomes, sabiam que todos Oscars entregues no palco permanecem totalmente sem nome? Isto é feito para garantir o segredo dos vencedores antes que os apresentadores os revelem de dentro dos envelopes. São criadas as plaquetas para todos os nomes finalistas e, somente após a cerimônia os vencedores pegam sua plaqueta e a colam no seu troféu.

Ufa! Enfim acabou! Agora bora assistir o Oscar de hoje!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 26 de março de 2022

Crítica - Drive My Car (2021)

Título: Drive My Car ("Doraibu Mai Kâ, Japão, 2021)
Diretor: Ryûsuke Hamaguchi
Atores principaisHidetoshi Nishijima, Toko Miura, Masaki Okada, Reika Kirishima, Park Yoo-rim, Jin Dae-yeon
Nota: 6,0

Difícil para assistir, emocionalmente recompensador em seu final

Encerrando minhas críticas da safra de filmes do Oscar antes do acontecimento da premiação acontecer, desta vez escrevo sobre Drive My Car, filme japonês indicado a 4 Oscars, incluindo o de Melhor Filme. A trama é uma adaptação de uma história de mesmo nome de uma coletânea de contos do livro Onna no Inai Otokotachi, escrito em 2014 por Haruki Murakami. Estes contos possuem um tema em comum, que são homens que perderam suas mulheres, sejam por que elas o trocaram por outro ou porque faleceram.

Nesta história conhecemos o casal Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), ator, e sua esposa Oto Kafuku (Reika Kirishima), roteirista. Percebemos que ambos se dão bem, vivem a princípio felizes, mas algo aparenta estar errado e em um primeiro momento não sabemos o porquê. Após o repentino falecimento de Oto, o filme avança 2 anos e encontramos Yusuke contratado como diretor de uma futura peça de teatro em um importante festival; ele trabalha com a jovem Misaki (Toko Miura), que é sua motorista para levá-lo do hotel ao trabalho, e com o tempo ambos acabam se tornando amigos, e discorrendo sobre suas respectivas dores do passado. É assim que as respostas são então reveladas.

Drive My Car tem sem dúvida uma história muito bonita e emocionante. A história de vida de Yusuke, Misaki, e até de outros personagens menores é bem comovente. O próprio desfecho do filme é belo e marcante. Dito tudo isso, a maneira com que o filme foi contado não me agradou.

Isso porque Drive My Car é bem difícil para se assistir. É um filme lento, com 3h de duração, praticamente sem trilha sonora, repleto de diálogos e inicialmente bem confuso. Apenas na metade do filme, ou seja, com pouco menos de 1h e 30 min, é que Yusuke e Misaki começam a verdadeiramente se interagir e a história começa a fazer sentido como um todo. Isso sem contar que temos muitas cenas de ensaio e produção da peça de teatro... são cenas longas e repetitivas que se fossem removidas não fariam falta nenhuma ao enredo... só estão aí para testar a paciência do espectador.

Outro ponto que me incomoda são inclusões feitas no filme que eu interpreto terem como maior objetivo de agradar os festivais ocidentais, principalmente o Oscar (e se foi isso mesmo, funcionou como se pode ver...): a presença de falas em vários idiomas (e vários em inglês), ou a de uma personagem muda. Não, eu não li o conto original que deu origem ao filme; mas li sua sinopse e pelo que tudo indica estes elementos não estão mesmo lá. Aliás, relembro a vocês que a obra original é um conto, ou seja, um texto curto, e para dele se criar 3h de filme certamente temos muita coisa inventada.

Mas como disse no subtítulo deste texto, o final de Drive My Car é tão tocante que é recompensador. Portanto, é mais uma questão de se preparar para o que você vai assistir. Se você está disposto a encarar mais de uma hora de pura monotonia para depois se emocionar e ter algumas surpresas, Drive My Car vale a pena. Eu certamente não me arrependi de tê-lo assistido. Nota: 6,0.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Crítica - Batman (2022)

Título: Batman ("The Batman", EUA, 2022)
Diretor: Matt Reeves
Atores principaisRobert Pattinson, Zoë Kravitz, Colin Farrell, Jeffrey Wright, Andy Serkis, John Turturro, Peter Sarsgaard, Paul Dano
Nota: 8,5

Um Batman verdadeiramente diferente, e por isso merece ser assistido

Depois de muita expectativa (e um pouco de controvérsia) é lançado o Batman do "vampiro"  Robert Pattinson. Particularmente, depois de tantos filmes já lançados do Morcegão, me questionava se não era uma atitude precipitada já lançar um novo reboot do personagem nas telonas. E a resposta, felizmente, é um não: este novo Batman traz novidades em muitos sentidos, atualiza o herói para a nova geração, e é uma grande contribuição (e recomeço) na mitologia deste personagem nos cinemas.

Na história deste Batman, que é uma história de origem, vemos um Bruce Wayne (Robert Pattinson) que acaba de completar 2 anos atuando como Batman em Gotham City. Porém, frustrado e perdido, ele já pondera sobre a eficácia de suas ações, enquanto ao mesmo tempo surge na cidade um serial killer que se intitula Charada, que começa a matar políticos e policiais importantes. Em suas investigações, Batman acaba contando com a ajuda de pessoas como Selina Kyle (Zoë Kravitz) e o policial "Jim" Gordon (Jeffrey Wright), aprendendo segredos obscuros sobre Gotham e até sobre sua família, enquanto se descobre como pessoa e herói.

A trama trazida pelo diretor e co-roteirista Matt Reeves mistura com bastante eficiência e coesão várias histórias em quadrinhos, dentre as principais: Batman: Terra Um (maior referência, e que aliás não é considerada cânone das HQs), Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Ano Um (destes dois vêm principalmente a ambientação e os personagens). E não só isso! A história também mistura / homenageia vários filmes, como por exemplo Zodíaco (2007), Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995) e Taxi Driver (1976).

O personagem Batman - criado em 1937 - mudou muito ao longo das décadas. E este Batman de Matt Reeves segue a tendência das últimas décadas de ser alguém sombrio e violento. Porém não é "a" versão mais violenta e sombria que já tivemos nos filmes; mas certamente é a versão mais melancólica de todas. Além de (finalmente!) termos pela primeira vez nos cinemas um Batman detetive!

Sim, pois na prática nada mais temos que um policial buscando pistas em busca de um assassino em série que, seguindo o costume, deixa "pistas" de suas intenções ou paradeiro. E mais ainda, este Batman de Robert Pattinson é também a versão mais realista já trazida para as telonas: o personagem erra várias vezes, apanha bastante, e principalmente, não conta com nenhum grande aparato tecnológico.

E se o personagem Batman trazido aqui é diferente das outras versões de todos os filmes anteriores, a maneira com que ele é filmado também. Em Batman a câmera está quase sempre bem perto do herói, é quase como se estivéssemos ao seu lado o tempo todo dividindo com ele sua visão e pensamentos. Nas poucas vezes que isso muda, e então temos filmagens com planos mais abertos, os ângulos das câmeras são um pouco "incomuns", em geral capturando as cenas de cima pra baixo, como se fossem nos jogos de videogames. Aliás, há um bocado dos videogames atuais de Batman neste filme: da maneira com que as lutas são coreografadas até a sua vestimenta; afinal, o fato do Morcegão vestir uma armadura é algo muuuito mais presente em jogos do que nas HQs.

A história em Batman não parou nas mudanças apenas em seu personagem principal e também mudou vários personagens, como por exemplo a Mulher Gato, o Comissário Gordon, o próprio Charada... porém o mais importante é que em todos esses casos a essência dos personagens está lá, intacta (fora os atores estarem muito bem). Sinceramente não vejo nenhum motivo de reclamação nessas mudanças. Ou melhor, vejo uma, em relação ao Alfred, que aqui não é um mordomo e sim um guarda-costas: é a única modificação do filme que realmente reprovo e a meu ver distorce algo central de um personagem.

Outro ponto positivo importante deste filme é que mesmo sendo um filme de origem, ele apresenta Gotham City e seus personagens de uma maneira bem natural, sutil, mas ao mesmo tempo eficiente. Não tem nada daquele costumeiro didatismo chato onde o roteiro fica explicando explicitamente coisas ao espectador. E mais ainda: não, não há cenas dos pais do Batman sendo mortos (milagre!)... todo mundo já sabe disso, então pra que colocar no roteiro novamente?

O filme tem quase 3 horas de duração e é tão bom - tanto como filme de ação como filme de drama e suspense - que nem vi a hora passar. Contribui com isso a boa fotografia (e a ótima aplicação da iluminação e sombras) e a ótima trilha sonora, que apesar de um pouco pesada e repetitiva, deixa o espectador dentro do universo do filme o tempo todo. Faço questão de mencionar seu compositor: Michael Giacchino.

Mas apesar de tantas qualidades e de um roteiro redondinho, Batman perde um pouco a mão em seu ato final. Se uma de suas maiores qualidades é ter sido o tempo todo "realista e pés-no-chão", em seus últimos 30 minutos o diretor joga um pouco disso fora, uma pena. E o curioso, entretanto, é que esse ato final teria que acontecer de alguma maneira, porque ele é essencial para concluir o ciclo de aprendizado do protagonista (lição aliás muito atual e importante no mundo de fanáticos extremistas atual). Em outras palavras, o que acontece no ato final é dramaticamente imprescindível, porem para mim o diretor falhou ao não encontrar uma forma de apresentá-lo de um jeito mais crível.

E finalmente, o que falar sobre o tão questionável Robert Pattinson? Como Batman ele foi bem; mesmo bastante coberto pela máscara e armadura, com sua boa atuação e postura corporal conseguimos entender bem suas expressões e sentimentos. Já como Bruce Wayne... não gostei... temos aqui um Bruce "emo" e com atuação contida. De certa forma, é a pior maneira possível de retratá-lo já que reforça todo o estereótipo ganho por Pattinson fazendo o Edward da saga Crepúsculo. Só que acho que a escolha foi proposital... para agradar justamente o público que veio assistir ao filme por ser fã deste ator.

Batman é um filme que pela mistura de gêneros e diversas novidades deverá agradar tanto aos que curtem filmes de super-heróis quanto aos que curtem filmes policiais ou de suspense. E em nome das inovações, por favor, que um futuro Batman 2 NÃO traga mais uma vez uma história com o Coringa. Nota: 8,5.



PS: o filme possui uma "pequena" cena pós-créditos, que nada mais é que um texto escrito "Good bye", e após isso, a exibição do link https://www.rataalada.com/ , que realmente existe e te convida a responder 3 enigmas (em inglês). Acertando-os, você como brinde ganha acesso a algumas imagens extras. Nem vale a pena o esforço rs.

domingo, 13 de março de 2022

Crítica - O Beco do Pesadelo (2021)

Título: O Beco do Pesadelo ("Nightmare Alley", Canadá / EUA / México, 2021)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principaisBradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen, David Strathairn, Holt McCallany, Tim Blake Nelson
Nota: 8,0

Um filme "clássico" com grande elenco e produção impecável

O Beco do Pesadelo é um filme Neo-noir dirigido, produzido e adaptado por Guillermo del Toro, baseado em um livro de mesmo nome escrito em 1947. Ele não chega a ser um filme noir "padrão" por não ser em preto-e-branco (embora seja bem escuro e com poucas variações de cores), e não ser uma aventura de detetive/policial (mas têm crimes envolvidos), mas certamente preserva muitas características deste subgênero de filmes, como o pessimismo e os personagens de caráter questionável. Para quem está acostumado com os filmes deste grande diretor mexicano (Hellboy, O Labirinto do Fauno, A Forma da Água), irá reconhecer de imediato seu estilo visual, mas irá estranhar a falta de elementos fantásticos.

Na história, que se passa em 1941, acompanhamos a vida de Stan Carlisle (Bradley Cooper), um "ninguém" que não tem nada e resolve começar sua vida trabalhando em um circo itinerante. O filme se divide em duas partes: a vida de Stan no circo, onde ele conhece e se apaixona por Molly (Rooney Mara) e começa a aprender truques de Mentalismo; e a parte final, onde ele e Molly deixam o circo e saem em tour pelos EUA para viver dos seus truques. É em uma destas viagens que Stan conhece a psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchett), que o ajuda a tornar seus "golpes" mais sofisticados e lucrativos.

Mesmo sendo um filme bom e interessante, entendo que o maior encanto em O Beco do Pesadelo vai para o cinéfilo, já que a produção é realmente espetacular. A fotografia é excelente, assim como o design de produção, a maneira com que a câmera passeia em meio dos personagens e objetos, apresentando-os. Tudo muito bom! Fora o verdadeiro desfile de vários atores e atrizes famosos; a lista é bem grande, e embora não tenhamos aqui nenhuma atuação de "tirar o fôlego", é um prazer ver que  temos várias boas atuações, e que todos os atores são bastante competentes e críveis no que fazem, especialmente a genial Cate Blanchett.

Mas apesar de tantas qualidades, e de um roteiro bem escrito, acredito que o espectador em geral não vá sair de O Beco do Pesadelo "bastante empolgado" com o que viu. A história é boa, mas é um bocado previsível, além de melancólica e demorada, sem qualquer alívio cômico ou ironia. Temos aqui um conto interessante, porém sem muita ousadia, e sem o dinamismo presente nos filmes de hoje no qual os espectadores estão acostumados. É como se um diretor e roteirista dos anos 50 pegasse um bom texto da época e filmasse com a tecnologia atual.

Em resumo, como história e diversão O Beco do Pesadelo é bom; e tecnicamente ele é ótimo. Fazendo um balanço entre estas duas coisas, e com meu lado cinéfilo sendo bem ouvido, o filme leva Nota 8,0.

quinta-feira, 10 de março de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #008 - Entenda porque em Eu Sou a Lenda (filme de 2007) te contaram a história errada!

Tive a idéia de escrever este texto após a surpreendente notícia desta semana, que Will Smith e Michael B. Jordan irão atuar e produzir um novo filme de Eu Sou A Lenda. E tudo que vocês lerão a partir de agora terá grandes spoilers sobre o filme de 2007, portanto, só continue se você já tenha visto o filme antes.

Eu Sou A Lenda é sem dúvida um bom filme de suspense e ação. Mas seu final é bastante controverso (e ruim). Lembrem-se que nele o personagem de Will Smith (Robert Neville) se sacrifica. Então como ele poderá aparecer no novo filme? Seria através de flashbacks? Ou a história se passaria antes do evento do filme original?

Pois saibam que existe a chance de não ser nenhum dos dois: na verdade, este filme de Eu Sou A Lenda possui dois finais. Além do final "oficial" dos Cinemas, há o final alternativo presente no DVD. Nele, Will Smith não morre. Então talvez o novo filme passe a considerar esse final o "verdadeiro"?  Daqui uns anos saberemos...

Mas a questão principal é que, independente do final, em nenhum momento do filme há uma explicação do porquê ele se chama Eu Sou A Lenda. Pois bem, no livro de mesmo nome escrito por Richard Matheson em 1954, onde a história é contada originalmente, temos esta resposta de maneira bem explicita.

No livro, o personagem Robert Neville descobre nos capítulos finais que existem dois tipos bem distintos de infectados ("vampiros"): os "vivos" e os "mortos-vivos", sendo que o primeiro grupo ainda é bastante racional e não perdeu sua humanidade; estavam tentando retomar a vida normal e reconstruir a sociedade. E lembrem-se que Neville dedicava a sua vida em matar qualquer tipo de vampiro (mas sem saber distinguir ou ter consciência da diferença entre eles).

Pouco antes de morrer - sim, no livro Neville também morre - o protagonista avalia sua vida e conclui que para os infectados "vivos", ele - Neville - era um monstro; algo que os matava durante a noite enquanto dormiam. Para a nova humanidade que surgiu após a infecção da bactéria apocalítica, ele passou a ser o "bicho-papão"... seu nome seria usado em histórias para assustar as crianças futuras. No novo mundo que estava nascendo, os monstros e lendas mudariam... e então ele conclui, triste: "Eu sou a lenda", que são literalmente as últimas palavras que pensa antes de morrer.

Esta conclusão espetacular e arrepiante muda completamente a história de Eu Sou A Lenda que vimos o filme, pois afinal, o personagem de Will Smith não é o "mocinho", e sim o "vilão". O final alternativo presente no DVD até "lembra" um pouco dessa conclusão, ao mostrar um vampiro com sinais de racionalidade, e um Neville arrependido ao se deparar com isso. Ainda assim, é algo bem sutil e muito longe do desfecho sensacional do livro.

Quem quiser ver os dois finais do filme de 2007, clique aqui para assistir (está em inglês e sem legendas, porém são pouquíssimos diálogos).




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

terça-feira, 8 de março de 2022

Especial Dia Internacional da Mulher: conheça Roberta Williams e suas revoluções para o mundo dos Videogames

Feliz dia Internacional da Mulher para todas as mulheres que acompanham o Cinema Vírgula! E mais uma vez, trago aqui a história de uma mulher memorável para cultura pop. Desta vez, falo de Roberta Williams, famosa empresária, designer e produtora de videogames. Se muitos sonham com a fama e prestígio de revolucionar alguma área do conhecimento UMA vez na vida... bem, ela revolucionou a indústria dos jogos para computador pelo menos TRÊS vezes!!! Confira um breve resumo de sua história e conquistas.


Os primeiros Adventures e Mystery House

Nos últimos anos da década de 70, Roberta Williams vivia com seu marido Ken (ambos programadores de computador) em Los Angeles, com seus dois filhos. Até que em um belo dia Ken apresentou a Roberta o jogo para computador Colossal Cave Adventure (considerado o primeiro jogo adventure já feito, onde o jogador, apenas através de frases em texto, explorava uma caverna em busca de tesouros). Foi amor a primeira vista (ou jogatina). Empolgada pela descoberta de um jogo interativo onde ela poderia resolver mistérios, e imediatamente decepcionada ao descobrir não haver muitos outros games do tipo, ela resolveu então criar seus próprios jogos do gênero.

Roberta e Ken Williams em foto fofa de início de carreira

Igualmente apaixonada por livros de aventura policial, sua idéia inicial era fazer um jogo ao estilo dos livros de Agatha Christie. Foi então que nasceu Mystery House (lançado em 1980): o jogador começa o jogo trancado dentro de uma velha mansão, onde também se encontram mais 7 pessoas. Não demora muito para que estas comecem a ser assassinadas uma a uma... resta ao jogador descobrir quem é o assassino... antes que ele mesmo morra!

Roberta desenvolveu toda a história de Mystery House, e Ken foi responsável pela sua programação. Porém a dupla teve uma idéia inovadora: ao invés de mostrar apenas textos, que tal passar também a exibir imagens para o jogador (mesmo que estáticas)? Os desenhos foram programados pela própria Roberta, e nascia então o primeiro jogo adventure com gráficos da história! Para divulgar e vender seu novo jogo, o casal criou a empresa On-Line Systems.

Uma imagem de Colossal Cave Adventure (1976), e depois três imagens de Mystery House (1980)


King's Quest e Sierra On-Line

A On-Line Systems crescia em bom ritmo, lançando novos jogos para os limitados computadores caseiros Apple II e Atari 8-bit, e ainda que a maioria fossem adventures (e quase sempre com participação de Roberta Williams), alguns jogos até fugiram do estilo, como por exemplo Crossfire (um jogo de tiro) e Jawbreaker (um clone de Pac-Man), ambos de 1981. No ano seguinte a empresa do casal já beirava 100 funcionários, e então a companhia se mudou para uma grande estrutura na pequena comunidade de Oakhurst (ainda na Califórnia), e a dupla aproveitou para alterar o nome da companhia para Sierra On-Line, uma homenagem a cadeia de montanhas de mesmo nome que se situava ao lado das novas instalações.

Em 1983 a Sierra On-Line balançou com a famosa grande crise dos videogames, porém teve uma grande oportunidade ao ser contratada pela IBM para criar um jogo exclusivo para seu futuro novo computador pessoal de nome PCjr, que tinha o objetivo de ser mais barato e mais voltado a jogos do que seus concorrentes, contando com gráficos e som mais avançados. 

Para fechar o contrato, Ken prometera para a IBM um jogo inovador: um adventure onde o jogador controlaria um personagem que interagia com um mundo tridimensional na tela. Roberta foi decisiva para estudar, liderar e mostrar ao grupo de 6 programadores deste projeto que o desafio não era, afinal, impossível. Após 18 meses de trabalho, chegava as lojas o incrível King's Quest: o primeiro adventure da história com animações gráficas.

King's Quest também impressionava pelos gráficos: foi o primeiro jogo de computador a aceitar 16 cores distintas simultâneas via EGA

King's Quest era uma aventura medieval, onde o jogador assumia o papel do cavaleiro Sir Graham, requisitado pelo Rei para encontrar três artefatos mágicos que salvariam seu Reino da destruição. O jogador ainda dependia de digitar textos para fazer as ações, porém, ele podia de fato mover seu personagem pelo cenário através das teclas direcionais do teclado, navegando por 48 telas diferentes, em uma espécie de mapa cíclico que dava a impressão de um mundo aberto; tudo absurdamente inovador. O design e história do jogo foram ambos feitos por Roberta Williams: a progressão do jogo era não-linear (você podia por exemplo buscar os 3 tesouros na ordem que quisesse), o que era muito incomum. O jogo permitia que o jogador morresse de várias formas, e trazia quebra-cabeças bem difíceis: essas duas características se tornariam no futuro "marcas registradas" dos jogos da Sierra. E, outra surpresa: não era necessário resolver todos os enigmas para vencer o jogo.

King's Quest foi um enorme sucesso de crítica, impressionando o mundo dos jogos de computador; porém, foi mal de vendas... mas isso devido ao fracasso do IBM PCjr. Com isso, a Sierra correu para lançar o jogo em outras plataformas e meses depois King's Quest já podia ser jogado nos IBM PC's tradicionais. No ano seguinte ele chegou ao computador Tandy 1000 com enorme sucesso, e alguns anos depois ele chegou até ao Master System!

King's Quest IV (1988), também criado por Roberta, tinha uma mulher como protagonista, algo raro para a época

O sucesso de King's Quest foi um divisor de águas para a Sierra On-Line, que passaria a ser "a" empresa de jogos de adventures a partir de então, continuando com novos jogos King's Quest (foram 8 no total), e também desenvolvendo novas franquias como Leisure Suit Larry, Space Quest, Police Quest Gabriel Knight.


Phantasmagoria e legado

No inicio dos anos 90 os jogos de adventure para computador estavam no auge, com a Sierra On-Line liderando o mercado deste tipo de game juntamente com a poderosa LucasArts (propridade de ninguém menos que George Lucas). Roberta Williams já havia participado da criação de mais de 10 jogos do gênero, porém ela ainda iria surpreender o mundo pela terceira vez.

Após anos de trabalho com jogos com tema de fantasia medieval ou de investigação policial, faltava a Roberta Williams homenagear outra de suas paixões: os livros de suspense / terror ao estilo de Stephen King, de quem também era grande fã. Seu objetivo era criar um adventure que fosse verdadeiramente assustador, mas a limitação da tecnologia sempre a fez duvidar se isso era mesmo possível.

A atriz Victoria Morsell foi escalada para protagonizar o futuro jogo

Mas em 1993 ela resolveu tornar seu sonho realidade e iniciou seu mais ambicioso projeto, um jogo adventure de terror 100% feito com filmes interativos. Sim, o jogo teria apenas imagens de atores reais, que você controlaria com o mouse normalmente, algo simplesmente inacreditável na época. Com orçamento inicial previsto de US$ 800 mil e vários adiamentos, depois de mais de 2 anos de desenvolvimento seria lançado em Agosto de 1995 o jogo Phantasmagoria, cujo custo de produção acabou chegando em US$ 4,5 milhões.

Me lembro até hoje do quanto Phantasmagoria causou uma enorme comoção em toda a comunidade de jogadores de videogames da época. Foram meses de propagandas em revistas especializadas dizendo o quanto o jogo seria assustador e revolucionário graficamente; quando ele chegou às lojas, descobrimos que o jogo estava dividido em impensáveis 7 CD-Roms (as maiores produções da época chegavam no máximo a 4 CDs).

Phantasmagoria alternava muitas partes interativas (a esq.) com mini-filmes (a dir.)

Na história de Phantasmagoria (baseada em um roteiro de 550 páginas de Roberta), você assume o papel da escritora Adrienne, que se muda para uma antiga e luxuosa mansão junto com seu marido. A mansão no passado pertencera a um famoso mágico, cujas cinco esposas morreram misteriosamente. Após um tempo, Adrienne começar a ter constantes pesadelos, descobrir coisas "perturbadoras" na casa, além de ver seu esposo começar a mudar de comportamento...

Quando saiu, Phantasmagoria foi um grande sucesso de vendas, dando um bom lucro para a Sierra e se tornando o jogo mais vendido da história da empresa. Porém, em termos de crítica sua recepção foi apenas morna: se em termos técnicos o jogo era muito elogiado, por outro lado seus quebra-cabeças eram considerados muito simples, e o jogo sofreu várias críticas pelo excesso de violência, o que aliás fez Phantasmagoria ser vendido nos EUA com um selo para maiores de 17 anos.

Eu joguei Phantasmagoria e de fato em termos de enigmas o jogo me decepcionou, assim como a sua duração, bem curta para o que eu esperava. Os gráficos também não eram exatamente iguais a de um filme, o que também me frustrou um pouco... Porém, o que Roberta Williams prometeu ela cumpriu: visualmente o jogo estava bem acima dos concorrentes, não deixava de ser algo realmente impressionante e bem diferente de tudo o que havia sido feito antes; e principalmente, o jogo era realmente assustador! Somando prós e contras, posso dizer tranquilamente que aprovei o game. Jogar Phantasmagoria foi uma experiência bem memorável e alguns de seus "sustos" eu me lembro até hoje.

A interface do jogo de Phatasmagoria em detalhes

Em 1996 a Sierra foi comprada pela CUC International por mais de US$1 Bilhão, sendo que Roberta foi inicialmente foi contra a venda, pois duvidava da credibilidade dos compradores; entretanto, ela acabou cedendo devido a pressão do restante de seus co-acionistas. Em 1998 a CUC International foi pega em um escândalo fiscal (sim, ela estava certa sobre a CUC) e Roberta - que já estava trabalhando bem menos após a venda por ter perdido sua liberdade criativa - deixou a Sierra em definitivo, juntamente com seu marido Ken, e ambos se aposentaram.

Além de todo seu legado em termos de jogos (cerca de 30) e indústria, Roberta Williams também ajudou ao dar voz feminina no mundo dos jogos de computadores. Por exemplo, alguns de seus jogos tinham protagonistas femininas; mas principalmente, Roberta deu espaço e formou outras grandes mulheres para o mundo dos games, como por exemplo Lorelei Shannon (de King's Quest VII e Phantasmagoria II), e principalmente Jane Jensen, criadora da franquia Gabriel Knight e futura co-fundadora das empresas de jogos Oberon Media e Pinkerton Road. 

Roberta Williams e Lorelei Shannon trabalhando na Sierra

Em Julho de 2021 Ken e Roberta Williams anunciaram em suas redes sociais estarem trabalhando juntos em um novo jogo, o que não acontecia há mais de 20 anos. A previsão era que o jogo saísse no final do mesmo ano, o que não aconteceu, e mais nada sobre ele foi anunciado. Ainda assim, mesmo estando quase na casa dos 70 anos, tudo indica que o mundo dos jogos de computadores poderá ser surpreendido por Roberta novamente. Vamos ver o que o futuro nos aguarda.



PS: sobre os jogos adventures

Vale a pena explicar: ao citar "adventure" em meu texto o tempo todo, isso não foi um jeito "preguiçoso" ou "esnobe" para não traduzir a palavra aventura. Pois de fato adventure neste contexto se trata de um estilo bem específico de jogo, que privilegia a história e a resolução de quebra-cabeças ao invés de ação. Com a chegada do mouse, esse tipo de jogo também passou a ter como sinônimo o nome de point-and-click. Como eu já disse no texto acima, os anos de Ouro dos adventures foram na década de 90, lideradas por duas empresas: Sierra On-Line (originalmente On-Line Systems) e a LucasArts (originalmente Lucasfilm Games).

Dentre os grandes clássicos dos jogos de adventure, e que ainda recomendo a todos jogarem, posso citar: Maniac Mansion, Day Of The Tentacle, a franquia Monkey Island, Indiana Jones and the Fate of AtlantisThe Dig, Full Throttle (todos da LucasArts), as franquias King's Quest e Gabriel Knight (esses são da Sierra); e também sucessos de outras empresas diversas, como por exemplo Myst, The 7th Guest, a franquia Tex Murphy e a franquia The Legend of Kyrandia.

quinta-feira, 3 de março de 2022

Crítica - No Ritmo do Coração (2021)

Título: No Ritmo do Coração ("CODA", Canadá / EUA / França, 2021)
Diretora: Siân Heder
Atores principaisEmilia Jones, Troy Kotsur, Daniel Durant, Marlee Matlin, Eugenio Derbez, Ferdia Walsh-Peelo, Amy Forsyth
Nota: 7,0

Misture drama, amor, comédia e música e obtenha algo muito bom para assistir em uma época tão pessimista e doente

Eu jamais iria assistir um filme com o nome brega de No Ritmo do Coração se o mesmo não chamasse a minha atenção por ter sido indicado ao Oscar de Melhor Filme. Portanto, já começo esta crítica "homenageando" aos idiotas que traduzem os nomes dos filmes aqui no Brasil com este meu texto de 2014 (clique aqui para ler). O título original desta obra cinematográfica é CODA, que na verdade é uma sigla para Child Of Deaf Adults ("filho de pais surdos" em tradução livre), que aí sim, reflete exatamente o que o filme se trata.

Afinal, No Ritmo do Coração conta a história de Ruby (Emilia Jones), uma adolescente que faz parte de em uma família estadunidense de pobres pescadores. Seu pai Frank (Troy Kotsur), sua mãe Jackie (Marlee Matlin) e seu irmão mais velho Leo (Daniel Durant) são todos surdos (e também o são na vida real), e então cabe a Ruby ser o "elo" da família com o restante do mundo, intermediando / "traduzindo" diálogos da sua família para outras pessoas e vice-versa.

Em seu início, o filme parece um típico romance adolescente dos EUA, com direito a inocente e "diferente" protagonista sofrer bullying de todos da turma (aliás, reconheço que o bullying escolar é fortíssimo na cultura estadunidense... mas uma escola inteira zoar Ruby porque seus pais - e não ela - são surdos já achei forçado). Porém, felizmente, No Ritmo do Coração muda o foco e conta outra história.

No Ritmo do Coração mostra a dificuldade e preconceito diários que toda uma família de surdos sofre, marginalizando-os na sociedade em todos os aspectos. Por outro lado, há o drama de Ruby,  que sonha em sair de casa, fazer uma faculdade, porém fica "presa" aos seus pais já que os mesmos dependem da audição dela no trabalho da família; some-se a isso episódios em o filme mostra que Ruby precisa se adaptar a condição de seus pais e irmãos, mas nunca o contrário.

E tudo isso não é contado com apenas drama. Temos também várias cenas bem engraçadas, algum romance, e... música. Quando canta, a protagonista Emilia Jones manda muito bem, bastante impressionante. Alias, que grande trabalho desta britânica de 20 anos: além de estar atuando bem, cantando muito bem, ao contrário dos demais atores ela teve que aprender a linguagem de sinais de modo acelerado (e convincente) em poucos meses.

No Ritmo do Coração não recebe nota maior minha porque não gostei da maneira com que seu desfecho é montado... tudo se resolve de maneira demasiadamente simples e bem abrupta. Ainda assim, é um final bonito, que vale a pena. Aliás, o filme todo é um filme emocionalmente belo de se ver... em uma época onde vemos tanta notícia ruim e tanta maldade em todos os lados, chega a ser uma terapia quase que obrigatória assistir No Ritmo do Coração. Ver pequenos gestos de amor, gentileza, inocência, a beleza que existe por trás do canto e da música. Chegou até a me reestabelecer um pouco de fé na humanidade por algumas horas. Nota: 7,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...