quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Crítica - Homens, Mulheres e Filhos (2014)

Título: Homens, Mulheres e Filhos ("Men, Women & Children", EUA, 2014)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Rosemarie DeWitt, Jennifer Garner, Judy Greer, Dean Norris, Adam Sandler, Ansel Elgort, Kaitlyn Dever

Filme é retrato fiel da "sociedade digital" contemporânea

Baseado em um livro homônimo de 2011 de Chad Kultgen, Homens, Mulheres e Filhos é o novo filme do diretor canadense Jason Reitman. Conhecido, dentre outros trabalhos, por dirigir Juno (2007) e Amor sem Escalas (2009), sua mais recente produção lembra um pouco estes dois títulos, ao trazer relacionamentos adolescentes e também, por manter um tom pessimista sobre o comportamento humano.

Sendo um filme de personagens, a história mistura relacionamentos (sejam de adolescentes ou adultos) com o impacto que a tecnologia atual (Internet, celulares, games online, etc) exerce sobre os mesmos.

Todo o numeroso elenco é composto de personagens bem caricatos, clichês, exagerados: assim temos o "casal adolescente certinho e fora de moda" Tim (Ansel Elgort) e Brandy (Kaitlyn Dever), um casamento em crise, com Don (Adam Sandler) e Helen (Rosemarie Dewitt) cansados da mesmice, uma mãe psicótica e ultra controladora (Jennifer Garner), uma mãe (Judy Greer) que não conseguiu ser atriz e portanto faz tudo para transformar sua filha ultra-mimada-e-periguete Hannah (Olivia Crocicchia) em uma, a menina ingênua anoréxica (Elena Kampouris) que idolatra um bad boy mais velho, um pai amargurado (Dean Norris) que não consegue se comunicar com o filho, e finalmente, um adolescente viciado em filmes pornô tão perturbados que não consegue ter um relacionamento normal (Travis Tope).

E o que acontece com estes personagens... bem, embora no roteiro surjam algumas surpresas, em geral tudo também é bem previsível, clichê. Apesar disto, todas as atuações são excelentes, e os personagens convencem. Ou melhor, minto: dois deles não convencem, e a culpa não é de seus intérpretes, e sim do roteiro: a personagem da Jennifer Garner, e principalmente, a personagem de Judy Greer. É simplesmente impossível acreditar que a personagem dela faria a "besteira" que é revelada no final do filme.

Devido as características acima, Homens, Mulheres e Filhos não agradou a crítica especializada. Porém não segui esta mesma linha. Sim, os personagens são exagerados, mas suas ações, dilemas, medos, são exatamente um retrato do que temos hoje no mundo "digital" atual. Portanto, quando o filme se encerra, ele leva o espectador a refletir bastante sobre tudo o que assistiu. E isto é ótimo! Arte não é isto?

Outro ponto curioso de Homens, Mulheres e Filhos é, intencionalmente ou não, não conseguir colocar a "culpa" dos nossos problemas na tecnologia. Há mais cenas onde a tecnologia é a vilã, porém há outras onde ela é mostrada como neutra, até positiva. Se a premissa do filme era discutir tecnologia, então neste ponto ele é falho, pois sobre isto se tornou inconclusivo.

Ao contrário do que é vendido, Homens, Mulheres e Filhos não é uma mistura de comédia com drama. É só drama. E mesmo que não sejamos muito surpreendidos com as situações destes dramas, o fato de presenciá-los todos - que afetam homens e mulheres e adolescentes - é o que faz toda a diferença. Homens, Mulheres e Filhos acaba sendo uma fotografia, um retrato da geração classe média ocidental atual. E nos faz refletir para mudarmos, melhorarmos. Sendo assim, o resultado final é que temos sim um bom filme. Nota: 7,0

PS: você que assistiu o filme, não reconhece na foto o cabeludo do canto superior esquerdo? Pois é, ele não apareceu na história mesmo. Trata-se do diretor, Jason Reitman.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Crítica - Lunchbox (2013)

Título: Lunchbox ("Dabba", Alemanha / EUA / França / Índia, 2013)
Diretor: Ritesh Batra
Atores principais: Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui

Sutil e sensível, filme indiano discorre sobre relacionamentos e sociedade

Confesso que pouco conheço o cinema indiano. E um eventual "estranhamento" ao assistir Lunchbox não aconteceu já que o filme tem considerável aproximação com o cinema ocidental. Metade do filme é falado em inglês (a outra metade, em hindi); o ator principal, Irrfan Khan, já atuou em diversos filmes de Hollywood, como por exemplo: Quem Quer Ser um Milionário? (2008), As Aventuras de Pi (2012) e O Espetacular Homem-Aranha (2012); e a atriz principal, Nimrat Kaur, embora menos conhecida, participou de toda a 4a temporada do seriado Homeland.

A idéia inicial do diretor e roteirista Ritesh Batra - em seu primeiro longa metragem - era fazer um documentário sobre os dabbawala, entregadores de um famoso sistema indiano de transporte de marmitas. Funciona assim: um trabalhador sai para trabalhar, enquanto neste tempo alguém de sua família faz seu almoço. Então os dabbawala passam em sua residência, pegam a marmita caseira e as levam ao trabalhador em seu local de trabalho.

Mas o conceito original logo mudou, e ao invés de documentar os dabbawala o filme se tornou um romance. Na história, somos apresentados a Saajan (Irrfan Khan), viúvo, um sério e respeitável contador que se encontra a um mês da aposentadoria. Devido a um engano dos dabbawala, ele começa a receber as marmitas que a jovem e infeliz Ila (Nimrat Kaur) prepara para seu marido. Em pouco tempo eles começam a trocar confidências através de bilhetes diários.

Sutileza e sensibilidade são as palavras chave de Lunchbox. Conforme vamos conhecendo a vida dos protagonistas, de maneira bastante sutil o roteiro apresenta uma infinidade de situações e sentimentos: amor, solidão, abandono, competição, velhice, juventude, depressão, amizade, pobreza, modernidade, etc. Pouco se fala sobre estes assuntos... mas pela simples iteração entre os personagens, ou apenas um olhar... isto já basta para entendermos o que eles estão sentindo.

Também de forma sutil, aprendemos um pouco sobre a cultura indiana. Por exemplo, que casamentos ainda possuem dotes, que o transito é mesmo caótico, e que lá - pelo menos para Ila - o país dos sonhos é o Butão, onde "seu verdadeiro PIB é a felicidade".

Com pouca variação de cenário, cenas filmadas a curta distância em ambientes fechados, o custo para fazer Lunchbox foi baixo: apenas 1 milhão de dólares. Isto não diz, de maneira nenhuma, que tecnicamente o filme é ruim; pelo contrário, a fotografia é boa, o som é bom, e a trilha incidental (usada em algumas vezes para fazer piadas) em geral acerta no tom, refletindo principalmente o estado de espírito de Saajan.

Em um determinado momento, após tanto reclamar de ser ignorada pelo marido, Ila recebe de Saajan a proposta para "fugirem juntos". O fato dela considerar esta idéia sem qualquer estranhamento me pareceu inverossímil; é uma das poucas coisas que não gostei em Lunchbox. A outra coisa que não gostei foi o final, abrupto, que deixa a conclusão em aberto. Entretanto, apesar da minha desaprovação, reconheço que o final é condizente com o restante do filme, e portanto, não o prejudica em nada.

Contada de maneira devagar, Lunchbox apresenta uma boa história, repleta de acontecimentos cotidianos. Sucesso de crítica (levou o prêmio de melhor filme do público em Cannes 2013), é uma pena que ele foi praticamente ignorado no Brasil. Chegou por aqui em fevereiro deste ano, em poucas salas, e vejam só, a distribuidora sequer teve o cuidado de traduzir o nome do filme para o Português. Nota: 7,0

domingo, 28 de dezembro de 2014

Crítica - Ninfomaníaca: Parte 1 e Parte 2 (2013)

TítuloNinfomaníaca: Parte 1 / Ninfomaníaca: Parte 2 ("Nymphomaniac: Vol. I" / "Nymphomaniac: Vol. II", Alemanha / Bélgica / Dinamarca / França / Reino Unido, 2013)
Diretor: Lars von Trier
Atores principais: Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgård, Stacy Martin, Shia LaBeouf

Sendo de Lars von Trier, filme é mais comportado e superficial do que o esperado

Quando Lars von Trier falou sobre Ninfomaníaca pela primeira vez, se gabava de que iria fazer uma espécie de filme pornô pesado, repleto de cenas de sexo de verdade, sem amenizar nada. Talvez ele estivesse apenas brincando, ou talvez sua idéia original fosse esta mesmo. Vindo de quem veio, ambas as possibilidades podem ter sido a verdadeira.

O fato é que com o passar do tempo seu discurso sobre o filme foi ficando mais ameno. Porém, se em suas declarações von Trier dava pistas de um filme mais light, a promoção do filme ia no sentido contrário: por exemplo, cerca de 15 de seus atores posaram nus em cartazes de divulgação.

Dividido em dois filmes, Ninfomaníaca não faz sentido separadamente, é uma única história. Ao término da Parte 1 temos uma abrupta interrupção do que está sendo contado. É exatamente o mesmo caso de Kill Bill Vol. 1 e Vol. 2. A justificativa para a quebra de ambos é que seria inviável lançar nos cinemas um único só filme de 4 horas. Pode ser isto mesmo. Ou também pode ser a vontade de dobrar a arrecadação. Deixo a conclusão para você, leitor.

O resultado final é que os filmes Ninfomaníaca Parte 1 e Parte 2 realmente entregam bastante nudez e cenas de sexo. Bastante mesmo! Porém sendo de Lars von Trier, é feito de uma maneira mais "comportada" que o esperado. As cenas de sexo são filmadas a uma certa distância, muito dificilmente em close. Para os raros closes, a produtora Louise Vesth jura que foram utilizadas próteses, e não os órgãos genitais reais. Por falar em real, o sexo mostrado é real sim, porém realizado com atores pornô: o rosto dos atores hollywoodianos do filme foram acrescentados digitalmente em cima do rosto dos "dublês". Os efeitos especiais são bem feitos, e portanto, não se consegue distinguir o digital do real.

A história começa com a protagonista Joe (Charlotte Gainsbourg) desacordada, jogada na rua. Suja, surrada, ela é encontrada por Seligman (Stellan Skarsgård), que comovido com a situação deplorável de Joe, resolve acolhe-la em sua casa, para que ela possa se limpar e se tratar. É então que Joe resolve contar sua longa história, de como ela chegou naquele estado.

Sendo uma espécie de Sherazade moderna (a dos contos de As Mil e Uma Noites, não a do SBT), Joe confessa ser uma ninfomaníaca, e segundo ela mesmo, um ser humano terrível que não é digna nem de pena. Seus "causos" começam pela adolescência - onde sua versão jovem é interpretada com maestria por Stacy Martin - e terminam literalmente na noite onde foi encontrada por Seligman.

É curioso constatar que a estrutura de Ninfomaníaca parece caminhar para o padrão de enredo dos filmes de viciados: primeiro, os prazeres do vício, depois, as consequências físicas e psicológicas do mesmo, então o arrependimento e o tratamento. Mas não é bem isto o que ocorre. Em sua narrativa, Joe pouco demonstra ter tido realmente prazer com o sexo. Ao mesmo tempo, ela não busca uma cura, nem se importa com seus próprios problemas. Seu único arrependimento é o impacto negativo que sua vida teve na vida de outras pessoas.

Ninfomaníaca poderia focar no sofrimento de Joe. Poderia também focar no preconceito que as mulheres viciadas em sexo sofrem (para a sociedade, é algo muito mais condenável do que se o viciado fosse um homem). Porém, acaba trazendo estes assuntos de maneira superficial. Joe aparenta ser uma personagem pouco emotiva, e esta sobriedade se reflete no filme de uma maneira um pouco ruim, trazendo uma história que - embora bem interessante - acaba sendo exageradamente descritiva e dá pouca margem a debates.

Em termos técnicos, Ninfomaníaca é bem realizado. Boa fotografia, bastante diversificação de cenas e localidades, a idade e os sentimentos de Joe são acompanhados pelas cores em que o filme é rodado.

Charlotte Gainsbourg e Stacy Martin - ambas como a personagem Joe - atuam muito bem, principalmente a última. O filme ainda conta com vários atores famosos, como por exemplo: Shia LaBeouf, Christian Slater, Uma Thurman e Willem Dafoe. Todos também atuam bem, somam ao filme com suas atuações, mas ao mesmo tempo, não trazem nenhuma performance realmente marcante.

Mesmo sendo uma história bem melancólica, sem nenhum alívio cômico, Ninfomaníaca é dinâmico o suficiente para prender a atenção do expectador. O fato das histórias contadas por Joe serem bastante variadas, somado ao fato de ficarmos curiosos para ver "o que acontece depois", não deixam o filme enfadonho em nenhum momento, apesar da duração.

O final de Ninfomaníaca reserva uma pequena surpresa, que aliás, ainda hoje não consigo julgá-la como algo inverossímil ou não. Mas mesmo sem conseguir chegar a uma conclusão, confesso que o final não me agradou. Para não dar spoiler, digo o que exatamente não gostei no "PS" ao final do texto.

Mais comportado e sóbrio do que o imaginado, dando pouca margem a discussões sobre a imagem da mulher em nossa sociedade, ao menos Ninfomaníaca é uma história interessante e variada. Repleto de cenas de sexo, o filme é sem dúvida um filme adulto, porém, nada erótico e 100% drama. O polêmico Lars von Trier foi um pouco mais comportado desta vez. Existe uma versão "sem cortes" com 1h 30min de cenas extras e que foi exibida em alguns festivais. Sem a pressão comercial, talvez só nesta versão resida a visão "transgressora" que von Trier prometera inicialmente.

Versões a parte, eu gostei de Ninfomaníaca, porém a história poderia ser encurtada em um único filme de 3h e o resultado final seria provavelmente o mesmo. Nota: 7,0.


PS: (leiam isto apenas após assistir o filme, já que é um pequeno spoiler sobre o final). O que me desagradou na conclusão de Ninfomaníaca foi: entre trazer redenção aos personagens de Joe e Seligman e chocar o público, o diretor ter optado pela segunda opção. Talvez pela emoção, eu preferiria a opção 1.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Crítica - No Limite do Amanhã (2014)

Título: No Limite do Amanhã ("Edge of Tomorrow", Austrália / EUA, 2014)
Diretor: Doug Liman
Atores principais: Tom Cruise, Emily Blunt, Brendan Gleeson, Bill Paxton, Noah Taylor

Um filme surpreendentemente bom de loop temporal

Não é a primeira vez que temos uma história de alguém "preso no tempo", ou seja, alguém que seja ao morrer (ou ao final de um dia), volta repetidamente à um mesmo ponto do passado preservando as memórias do que aconteceu antes deste "reset". Este conceito já foi utilizado em seriados de ficção (um episódio de Arquivo X, por exemplo) e filmes, onde talvez o exemplo mais famoso seja o Feitiço do Tempo (1993), com Andie MacDowell e o fantástico Bill Murray.

Em No Limite do Amanhã o detentor deste "habilidade" é o protagonista Major Cage (Tom Cruise), que se encontra em uma feroz batalha entre a humanidade e uma raça alienígena que desembarcou meses atrás na Terra para conquistar nosso planeta. Só que nós, infelizmente, estamos tomando uma surra.

Após algumas mortes (e recomeços na história), Cage encontra o cientista Dr. Carter (Noah Taylor) e a melhor combatente humana, a soldado Rita (Emily Blunt), que são os dois únicos a acreditarem no poder desenvolvido por Cage. É então que o trio tenta encontrar uma maneira de, usando as habilidades de Cage, vencer a guerra.

O fato de Cage ter como ponto de partida um fronte de batalha faz com que No Limite do Amanhã tenha muitas cenas de ação, o que não é uma novidade para o diretor estadunidense Doug Liman, conhecido principalmente por A Identidade Bourne (2002). Por isto mesmo Liman conduz o filme muito bem, as cenas de luta são bem feitas, repletas de adrenalina.

Mas não é só a ação que funciona bem em No Limite do Amanhã. Em termos de roteiro e montagem, o filme da um show ao nos mostrar o repetido ciclo de "morre-revive" de Cage sem cansar o espectador. Ao contrário, tudo é bem dinâmico, coerente em termos de continuidade, e até chega a trazer alguns momentos de humor - não propositais, aliás - que justamente por isto condizem perfeitamente com o tom tenso e dramático da história.

O foco é concentrado apenas em Cage, e com isto, ele é o único personagem que se desenvolve ao longo da trama. Isto não é um defeito do filme, e chega a ser até prazeroso acompanhar sua evolução, vê-lo se tornando cada vez mais forte aprendendo a cada morte, ver os testes de causa-reação que ele usa como experiência, acompanhar suas variações de humor, e principalmente, vê-lo se apaixonar pela Rita sem demonstrar isto de maneira explícita em nenhum momento.

Os efeitos especiais também são muito bons, o design traz para as telas um universo futurista crível, e até os alienígenas - talvez demasiadamente rápidos, o que dificulta um pouco ver o que eles fazem nas cenas - convencem como o adversário terrível que deveriam ser.

No Limite do Amanhã caminha para seu final de maneira quase irretocável... até que chega em seu desfecho, que considero duplamente problemático. Para não dar spoilers, falo sobre estes problemas no "PS" ao final do texto.

Como curiosidade, Brad Pitt era o ator originalmente imaginado para este filme, e recusou a participar. No Limite do Amanhã tem todo o jeitão de roteiro de um video-game mas na verdade é baseado em uma série de light novel japonesa intitulada All You Need is Kill.

Sendo surpreendentemente um dos melhores filmes de ficção científica do ano, No Limite do Amanhã conseguiu me deixar empolgado e "mentalmente respeitado" durante quase toda sua projeção, mesmo sendo um filme de ação. Uma pena que tenha derrapado no final, o que baixa sua nota, que aliás, ainda assim é alta. Nota: 8,0.


PS: ATENÇÃO: comentarei aqui sobre o final do filme, é spoiler total. Leia apenas após ter assistido Limite do Amanhã. A história, que estava irretocável e excelente acaba se perdendo quando os loops acabam. A partir daí, temos os dois problemas que citei anteriormente. O primeiro deles, é que o roteiro faz o ato de chegar até o "alien mestre" algo impossível, muito difícil de ser realizado. Porém depois que se chega ao local do alien, matá-lo ficou consideravelmente fácil. Faltou equilibrar melhor ambas as sequências.
Finalmente, querer fazer do final um final feliz, onde o mocinho termina com a mocinha é lamentável, pois se trata de uma falha grave de roteiro. Não há absolutamente nenhuma explicação lógica para voltarmos a um estado temporal onde todos os humanos estão vivos e o "alien mestre" morto. Este estado nunca aconteceu, e portanto, Limite do Amanhã se encerrou com um grave erro de continuidade.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Passe o final de ano com o Cinema Vírgula! (+ notícias da semana)


Uma das coisas frustrantes da Internet no final de ano é a falta de notícias, atualizações... concordam? Todo mundo sai de férias! MENOS no Cinema Vírgula, claro!

A partir de amanhã, dia 27/12/14, e indo até o dia 01/01/15, teremos atualizações diárias em meu blog, totalizando 6 posts em seguida. Favoritem meu blog e fujam do tédio com meus posts. :)


Principais notícias da semana

Para não ficar apenas na auto-propaganda, quem ainda não viu, seguem quatro das principais notícias desta semana no mundo do cinema:


- Brasil fora do Oscar 2015
Os 5 filmes finalistas ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro só serão divulgados em Janeiro de 2015. Porém, no início desta semana a Academia divulgou uma pré-lista com os nove nomes ainda no páreo. Infelizmente, o candidato brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, ficou de fora. Vejam os pré-indicados restantes:

Argentina: Relatos Selvagens, de Damián Szifrón
Estônia: Tangerines, de Zaza Urushadze
Geórgia: A Ilha dos Milharais, de George Ovashvili
Holanda: Lucia de B., de Paula van der Oest
Mauritânia: Timbuktu, de Abderrahmane Sissako
Polônia: Ida, de Pawel Pawlikowski
Rússia: Leviatã, de Andrey Zvyagintsev
Suécia: Força Maior, de Ruben Östlund
Venezuela: Libertador, de Alberto Arvelo


- Novidades em Star Trek 13
Desde que J.J. Abrams  deixou a franquia em 2013 para assumir Star Wars 7, a versão reboot de Jornada nas Estrelas ficou meio sem rumo. Muito se especulava que que Star Trek 13 (ou Star Trek 3 do reboot, se preferir) seria lançado em 2016, para coincidir com as comemorações do aniversário de 50 anos da franquia. E nesta semana a Paramount Pictures confirmou o boato: a data de lançamento foi oficialmente programada para 8 de julho de 2016.

Porém as novidades não pararam por aí. Justin Lin, que dirigiu 4 dos filmes da franquia Velozes e Furiosos foi confirmado como o diretor. E a maior surpresa, entretanto, foi que Roberto Orci também está fora do roteiro de Star Trek 13. Com a inesperada saída do último remanescente dos dois primeiros filmes, o reboot certamente ganhará uma nova abordagem. Que as mudanças sejam para o bem... mas estou cético quanto a isto. Trocar de roteirista a um ano e meio da estréia já deixa o prazo apertado.


- Filme A Entrevista enfim estréia nos EUA
Após cancelar a estréia de A Entrevista, comédia de Seth Rogen e James Franco onde eles planejam assassinar o ditador norte-coreano Kim Jong-un, a Sony lançou no dia 25 de Dezembro o filme nos EUA em cerca de 300 salas, além de disponibilizar para venda ou aluguel em streaming no YouTube, GooglePlay, PSN, etc.

O número limitado de salas gerou filas, devido o grande interesse do público. Não é muito justo eu comentar antes de ver o filme... mas acho muito pouco provável, vindo de quem vem, que A Entrevista tenha alguma qualidade. Para os hackers que atacaram a Sony, o tiro provavelmente sairá pela culatra. E teremos mais um filme que não merece ganhando destaque...


- As continuações oitentistas continuam
Hollywood continua tentando retomar franquias da década de 80. Dentre vários títulos e exemplos, este ano tivemos Robocop e Tartarugas Ninja, em 2015 teremos Mad Max, e em 2016 teremos Um Tira da Pesada.

E tem gente ainda na luta: Richard Donner ainda tenta fazer seu Goonies 2, Dan Aykroyd tenta fazer Os Caça-Fantasmas 3 e, a novidade da semana é Tim Burton dizendo que quer fazer Os Fantasmas se Divertem 2. Segundo ele, o roteiro já existe e o próximo passo é convencer Michael Keaton a voltar no papel do fantasma protagonista do filme. Qual dos 3 consegue sair do papel primeiro? Façam suas apostas!

sábado, 20 de dezembro de 2014

Crítica - Quero Matar Meu Chefe 2 (2014)

Título: Quero Matar Meu Chefe 2 ("Horrible Bosses 2", EUA, 2014)
Diretor: Sean Anders
Atores principais: Jason Bateman, Jason Sudeikis, Charlie Day, Jennifer Aniston, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Chris Pine, Christoph Waltz
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=iGQo4EnWonk
Nota: 6,0

Metade de uma boa comédia pelo preço de uma

Dentre as várias comédias hollywoodianas "padrão" que chegaram aos cinemas brasileiros em 2011, Quero Matar Meu Chefe se destacou principalmente devido a seu elenco estrelado. Mas ela também teve a vantagem de ser um pouco melhor que a média de seus concorrentes. Muito longe de ser um grande filme, claro, mas era divertido. O entrelaçamento entre as histórias dos três protagonistas, as constantes situações inusitadas e reviravoltas do enredo, tudo isto tornou Quero Matar Meu Chefe bem agradável para assistir.

Três anos depois, surge a continuação com um novo diretor: sai Seth Gordon, que alegou conflito de agenda, e entra Sean Anders. Sendo ambos bem acostumados a tocar comédias sob a fórmula de sempre, tivemos uma troca de seis por meia-dúzia.

O trio protagonista de "funcionários explorados": Nick (Jason Bateman), Kurt (Jason Sudeikis) e Dale (Charlie Day) retornam de maneira surpreendente: no minuto inicial descobrimos que eles todos pediram demissão para poder criar seu próprio negócio, uma empresa de chuveiros. O fato não deixa de ser curioso, já que no filme anterior deixar o trabalho não era uma opção, e foi por isto que todos optaram por tentar matar seus respectivos chefes ao invés de se demitirem.

Inconsistências a parte, o grupo é então apresentado aos milionários Rex (Chris Pine) e Bert Hanson (Christoph Waltz), respectivamente filho e pai, que dizem querer investir no produção dos chuveiros. Após serem enganados pela dupla, vem a "vingança": sequestrar Rex, exigir um alto resgate de Bert, e ficarem com o dinheiro.

Até o sequestro efetivamente acontecer (e isto ocorre na metade do filme), Quero Matar Meu Chefe 2 é extremamente chato. São exatamente as mesmas piadas do filme anterior, só que piores, seja pela repetição ou pelo acréscimo de escatologia e/ou mau gosto. São basicamente 50 minutos do trio discutindo entre eles, o que é bastante cansativo.

Em sua metade final, entretanto, Quero Matar Meu Chefe 2 recupera as mesmas qualidades que seu antecessor: humor, reviravoltas, situações bizarras, e até mesmo uma pequena surpresa narrativa. Tudo funcionando bem, em conjunto.

Se como roteiro a qualidade do filme possui uma divisão bem clara entre bom (o final) e ruim (o começo), o mesmo acontece em relação aos atores/personagens. Todos os principais coadjuvantes estão muito bem. Sejam os novos na franquia - Pine e Waltz - como também os personagens recorrentes: Julia (Jennifer Aniston), Dave (Kevin Spacey) e o maluco Motherfucker Jones (Jamie Foxx), todos eles estão caricatos mas convencem.

O mesmo não se pode dizer dos protagonistas. Jason Bateman até se salva, e é o único do trio que parece levar o filme a sério. Já Jason Sudeikis e Charlie Day... que desastre: personagens ruins, atuações ruins. Dentro da história, a dupla é tão burra, exageradamente tão burra, que chega a irritar ao invés de entreter. E a indiferença do personagem de Jason Sudeikis frente aos perigos que lhe são apresentados na trama é tão grande, mas tão grande, que afirmo que este comportamento também é um problema de atuação. Parece que Sudeikis entrou no estúdio para tirar férias ao invés de trabalhar. Um esforço digno de Framboesa de Ouro.

Se você gostou do primeiro Quero Matar Meu Chefe, certamente também apreciará sua continuação, pelos mesmos motivos. Mas, um alerta: tente pechinchar para pagar só meio ingresso, já que apenas metade do filme vale a pena. Nota: 6,0

PS: Quero Matar Meu Chefe 2 não se preocupa em atualizar o espectador sobre o que aconteceu no filme anterior, portanto, é recomendável assistir o primeiro filme antes de ver este aqui.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Crítica - O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (2014)

TítuloO Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos ("The Hobbit: The Battle of the Five Armies", EUA / Nova Zelândia, 2014)
DiretorPeter Jackson
Atores principaisIan McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Orlando Bloom, Evangeline Lilly, Luke Evans, Aidan Turner

Peter Jackson deixou o pior para o fim

Após três longos anos, eis que se encerra a trilogia Hobbit. Uma trilogia que conta a história de uma grande ganância. Não da ganância do anão Thorin, que conhecemos lendo o livro de Tolkien de mesmo nome; e sim, da ganância de Peter Jackson e da Warner Bros., em transformar uma história que caberia em apenas um filme (ou em dois, vai...), em três enormes caça-niqueis.

Se o grande pecado dos filmes anteriores de Hobbit foi acrescentar e inventar muita coisa desnecessária, em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos este defeito é maior do que nunca. Restando menos de 15% do livro O Hobbit para se contar no 3o filme, não é surpresa que aqui o roteiro praticamente inexiste. Alguns poucos diálogos, pouca história. E batalhas. Batalhas, batalhas e mais batalhas.

É triste constatar que toda aquela saga paralela (que não consta nos livros) de Gandalf e Radagast enfrentando Sauron é resolvida neste filme de maneira abrupta: tudo termina em 5 minutos. Ou seja, até o único ponto "extra livro Hobbit" que poderia acrescentar algo à trama, falha.

E por falar em "abrupto", lembram que o 2o filme também termina subitamente, se encerrando imediatamente antes do dragão Smaug atacar a aldeia humana? Pois é. Isto também é resolvido muito muito rapidamente em O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, o que me faz concluir que este desfecho deveria estar no filme anterior, e não aqui. Aliás, a batalha contra Smaug é decepcionante: o dragão aparece pouco, apenas à longas distâncias, e as imagens são demasiadamente saturadas de vermelho, dando um clima muito artificial ao que estamos assistindo.

Ah, já que o filme é só luta e batalhas, estas partes são boas, não? Não necessariamente. Há algumas lutas "mano-a-mano" que são bem feitas e agradam bastante. Este é o primeiro ponto positivo que posso falar de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Mas é só... as batalhas "em grupo" são muito exageradas... Testemunhamos muitas cenas absurdas, como por exemplo, uma criança sacar uma espada e com um só golpe matar Orcs vestidos de armadura completa. Ou então, um anão nocautear vários Orcs com o triplo de seu tamanho dando cabeçadas. Aliás, haja Orcs vestindo armadura completa neste filme... porém basta acertá-los com um golpe - qualquer golpe - que eles caem mortos. O ferreiro que criou estas armaduras faz da ACME a empresa mais confiável do mundo...

E o que falar sobre o Legolas? Tudo o que ele faz nas batalhas é tão impossível, tão exagerado, que Peter Jackson foi obrigado a inserí-lo via computação gráfica... e bem mal feita. Fica muito claro que ele é uma animação, não um ator.

Mas o filme também tem alguns pontos positivos. Há algumas poucas cenas bonitas, sentimentais, que comovem. Notem que nem todas as cenas "emotivas" funcionam. Apenas aquelas cujos personagens nos importamos, basicamente Gandalf (Ian McKellen), Thorin (Richard Armitage) e Bilbo (Martin Freeman). Nem mesmo as cenas com Bard (Luke Evans) e Tauriel (Evangeline Lilly) convencem muito. Pelo menos dá para dizer do quinteto que acabo de citar que eles atuam bem, e são principalmente quem dão credibilidade ao filme.

A trilha sonora é mais uma vez elogiável, bonita, entretanto, com os dois poréns de que também mais uma vez ela é muito parecida com a dos filmes anteriores, e de que é utilizada em excesso, prejudicando a narrativa.

Os demais pontos positivos de Hobbit 3 são visuais. O figurino, os cenários, as paisagens, tudo incrivelmente perfeito, deslumbrante, irretocável (ah, o mesmo pode se dizer da Tauriel). Se no Senhor dos Anéis maquiagens e vestimentas já impressionavam pelo realismo, aqui elas são ainda melhores.

Aliás, Peter Jackson abusa dos planos longos, do filmar à longa distância, dando destaque às belas paisagens e ao palácio dentro da montanha. Há várias cenas aéreas onde os personagens ficam minúsculos ao meio de tanta grandeza. É como se ele mostrasse que a ambientação do universo de Tolkien fosse maior que suas histórias ou personagens. E muito infelizmente, em Hobbit 3 ela é. Por outro lado, esta maneira de filmar permitiu bons efeitos 3D, portanto, vale a pena assistir o filme neste formato.

Sendo de longe o pior dos seis filmes filmados por Peter Jackson dentro do universo de Tolkien, O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos finaliza a trilogia Hobbit de maneira bem insatisfatória. Se na conclusão da trilogia do Senhor dos Anéis o sentimento que prevaleceu foi um misto de satisfação e saudosismo (afinal, aquela bela obra acabara), o sentimento final para a trilogia Hobbit é apenas de alívio. Um alívio de que não irei mais gastar meu tempo com algo tão comercial e sem conteúdo. Nota 5,0.

PS: parabéns a Peter Jackson pela façanha de superar George Lucas ao criar um personagem mais inútil e chato que Jar Jar Binks em Star Wars. Trata-se do lacaio Alfrid, interpretado pelo ator Ryan Gage.

PS 2: fechei a trilogia assistindo Hobbit 1 e Hobbit 3 a 48 fps (ou se preferir, em HFR), e fiquei feliz ao constatar que Peter Jackson evoluiu no uso desta tecnologia a cada filme. Aquela sensação de "velocidade acelerada", que descrevi quando assisti o 48 fps pela primeira vez acontece em raros e breves momentos. Se critico o diretor Neozelandês pela atrocidade que foi adaptar Hobbit em três filmes, tenho que elogiá-lo por trazer o 48 fps "de volta" para o cinema. É um aspecto técnico que no futuro, quem sabe, poderá causar uma pequena revolução. E os méritos serão de Peter Jackson, claro.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Comentando Star Wars 7 e Jurassic Park 4


O assunto do dia, é claro, é o primeiro teaser oficial de Star Wars 7. Aproveitando o gancho, irei comentar também sobre o primeiro trailer de Jurassic Park 4, que saiu terça-feira, 3 dias atrás. São duas importantes franquias que estão voltando. Vamos a elas?


Teaser de Star Wars - O Despertar da Força


Se você ainda não viu, clique neste link para assistir o teaser oficial de Star Wars 7.

Resumidamente... o trailer impressiona positivamente no design. Bastante fiel a franquia, mas ao mesmo tempo, visualmente mais belo. Além disso, o teaser faz jus à sua definição. Diretamente da wikipedia: "teaser (em inglês "aquele que provoca" (provocante) (...) é uma técnica usada em marketing para (...) aumentar o interesse de um determinado público alvo a respeito de sua mensagem, por intermédio do uso de informações enigmáticas no início da campanha."

E é exatamente isto. Bem curto, as imagens não mostram nada de conclusivo, mas entregam várias imagens bem surpreendentes, que certamente deixaram os fãs com a pulga atrás da orelha. Eis algumas delas:

1) Já de início, se ouve uma voz dizendo: "Houve um despertar (na Força). Você sentiu?". A frase, aparentemente é dirigida para o personagem do ator John Boyega, que aparece logo em seguida, vestido de stormtrooper. Mas como? Star Wars Episódio II: Ataque dos Clones nos disse que todos estes soldados são clones de Jango Fett, o que não é o caso. E como assim um stormtrooper sentir a Força? Seria ele um Jedi? Ou um Sith?

2) Apresentado como um "representante do lado negro", o personagem da foto acima exibe seu surpreendente sabre de luz. Ela é uma montante, aquela espada longa da Idade Média. Notem que não foi nenhum acidente um sabre de luz deste tipo não aparecer em nenhum dos outros 6 filmes, pois afinal, o design dos Jedis remete aos samurais. Por que o desvirtuamento deste conceito? E seria uma polêmica associação de que a Igreja e os Cruzados fossem "do mal"? (agora sou eu quem estou sendo o teaser hehe)

3) Eles aparecem por poucos segundos. Mas podemos ver uma tropa de stormtroopers e vários Tie-Fighters. A única conclusão possível: o Império persiste. Mas como? Eles não foram derrotados em o Retorno de Jedi? Mas 30 anos depois eles ainda estão por aí. Vamos esperar qual a explicação para isto. Particularmente, espero que siga a linha do "derrotamos o Império, mas eles estão voltando". Porque se mostrarem que mesmo após as mortes de Vader e Palpatine o Império não "caiu", seria um enorme desrespeito ao final da trilogia clássica.

4) É a primeira coisa que vejo com J.J. Abrams na direção que não tem flare (o reflexo da luz contra as lentes) rsrsrs. Será que ele se conteve desta vez? Neste link, uma brincadeira de como será o Star Wars na mão do JJ.

A resposta para todas as perguntas acima? Só em Dezembro de 2015, quando o filme estréia nos cinemas. :)


Trailer de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros


Se você ainda não viu, clique neste link para assistir o trailer oficial de Jurassic Park 4.

O teaser de Star Wars não me deixou nem empolgado nem desanimado, apenas...  mais curioso. Não posso falar o mesmo do trailer de Jurassic World, que me deixou bastante preocupado.

O início dos rumores sobre Jurassic Park 4 data de 2001, quando o terceiro filme estreava nos cinemas. Ao longo dos anos, Steven Spielberg disse ter algumas ideias para o mesmo - em um tom mais sombrio - e que gostaria muito de dirigi-lo.

Quase 15 anos depois o filme vai mesmo sair... com Spielberg apenas na produção. A direção (e roteiro) ficou ao cargo do desconhecido - e praticamente estreante - Colin Trevorrow.

Vou direto ao ponto: a trama basicamente mostra que há um dinossauro extremamente perigoso à solta... E ele é um dinossauro geneticamente alterado, uma mistura de várias espécies (!?!?). Como assim? Mas que idéia idiota é esta? Jurassic Park 4 mais parece que será um filme B de terror do que qualquer outra coisa.  Decepcionante. Que pelo menos não tenhamos um híbrido com humanos... aí seria uma cópia mal feita de Alien 4.

E há mais pontos de preocupação: não só os efeitos especiais aparentam não terem evoluído em relação ao filme anterior, como todas as cenas do "parque" (o portão, o tanque copiando o Sea World) ficaram bastante artificiais. Além disto, admito que Chris Pratt convence como "cara sério" no trailer. Mas será que no filme ele vai conseguir se manter esta credibilidade dramática, mesmo sendo o  Peter Quill em Guardiões da Galáxia? Não sei.

Resumindo: não gostei nada do que vi. Alias, minto, o trailer tem uma coisa boa: a ultra belíssima Bryce Dallas Howard, que volta em seu primeiro filme após sua segunda gravidez.

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros estréia nos cinemas em Junho de 2015.



PS: quem ainda não viu, hoje também foi a data em que faleceu Roberto Bolaños. Ele foi sim, dentro da simplicidade e sensibilidade de seus roteiros, um gênio. Não poderia deixar de homenageá-lo em meu blog. Obrigado por tudo!

domingo, 23 de novembro de 2014

Crítica - Elena (2012)

TítuloElena ("Elena", Brasil / EUA, 2012)
DiretoraPetra Costa
Atores principais: Elena Andrade, Petra Costa

Misturando documentário, biografia e drama, Elena é triste, comovente, e excelente

Com 1 ano e meio de atraso, enfim assisto Elena, filme nacional que chegou aos cinemas em maio de 2013, sendo bastante elogiado e premiado. Neste documentário, as primeiras cenas mostram Petra (a diretora do filme) indo a Nova York visitar os lugares que sua irmã mais velha Elena frequentava. É o início da biografia da personagem-título, que passa a nos ser apresentada através de cenas em VHS da família, filmadas nos anos 80. Com o passar do tempo, acabamos conhecendo a história de ambas: Petra e Elena de certa forma se misturam, ambas seguindo o mesmo caminho, da busca pela arte.

Narrado em primeira pessoa, na maior parte por Petra, Elena é uma colagem de imagens: sejam fotos, sejam as cenas antigas em VHS, ou as cenas de hoje: filmadas todas em plano bem fechado, geralmente desfocadas, nos deixando muito próximos de Petra, acompanhando sua melancolia e angústia.

Elena é consideravelmente curto, com 80 minutos de duração. Da mesma forma, minha crítica será curta. E diferente. Pois para não estragar as surpresas do filme, antecipo a conclusão do meu texto para depois, através de um breve "PS", comentar sobre mais alguns poucos detalhes.

Sensível e triste - sensações reforçadas pela ótima montagem / trilha sonora - é impossível assistir Elena sem sentir empatia pelas irmãs. Comovente, principalmente por ser uma história real, o filme - que na verdade deveria se chamar Elena e Petra - é tão envolvente e humano que se torna uma ótima pedida para quem também aprecia o cinema como arte. Nota: 8,0.

PS: (só leiam este texto APÓS assistir o filme: ele contém spoilers) É tocante ver o sentimento de dor e culpa de Petra e sua mãe, mesmo elas não sendo culpadas de nada. Quando o filme termina, temos vontade de abraçar Petra, consolando-a. Achei bem diferente um mesmo filme tratar dos sentimentos de "quem morre" e de "quem fica". Desta maneira, ao mesmo tempo que a diretora é extremamente bem sucedida em fazer uma belíssima homenagem à irmã, que outrora desconhecida, agora tem sua arte chegando a todos, por outro lado, ao mostrar todo o sofrimento que Elena causou, fica no ar algo levemente contraditório. Mas convenhamos... existe algo mais contraditório que a vida? :)

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Crítica - Debi & Lóide 2

TítuloDebi & Lóide 2 ("Dumb and Dumber To", EUA, 2014)
Diretores: Bobby e Peter Farrelly
Atores principais: Jim Carrey, Jeff Daniels, Rob Riggle, Laurie Holden, Rachel Melvin, Kathleen Turner

Envelhecido, mas ainda proporcionando boas risadas

O tempo passa. Eu era adolescente, e lembro muito bem de assistir o primeiro Debi & Lóide nos cinemas. Até hoje é um dos filmes que mais me fez rir. Foi com certo espanto que percebi que Debi & Lóide 2 chegou aos cinemas após exatos 20 anos do filme original. 20 anos! Se você também viu o primeiro filme quando ele foi lançado, meus parabéns, você também está ficando velho. Mas não se preocupe, você tem uma pequena vantagem em relação à "molecada". Embora não seja obrigatório, ter assistido o filme anterior (e lembrar-se dele, claro), faz diferença: algumas das piadas fazem referência ao filme de 1994.

Cada vez mais recluso, é portanto curioso saber que a idéia da continuação veio de Jim Carrey. Conta a lenda que 5 anos atrás o ator assistiu o primeiro filme novamente, em um hotel, e se convenceu que Debi & Lóide era tão bom que merecia uma continuação. Não foi difícil convencer seu parceiro Jeff Daniels e os diretores Bobby e Peter Farrelly para o projeto. Os amigos Debi e Lóide teriam nova aventura na telona.

Debi & Lóide 2, é resumidamente, muito parecido com seu antecessor. Ambos seguem a estrutura de um road movie. Se antes tínhamos a dupla seguindo uma garota até Aspen, agora temos Debi (Jeff Daniels) e Lóide (Jim Carey) indo até o Texas atrás da filha perdida de Debi... e porque não... também atrás de um rim.

Não é só a estrutura que é parecida. O conhecido humor nonsense, ás vezes negro, ás vezes escatológico, dos irmãos Farrelly também está de volta. E com os mesmos defeitos e qualidades de sempre, agrada, proporcionando boas piadas.

A grande diferença entre os dois Debi & Lóide é basicamente sua velocidade. Envelhecidos (tanto os atores, fisicamente, quanto o conceito de seus personagens), no primeiro filme o ritmo era alucinante, em Debi & Lóide 2 as coisas são mais lentas, quase não há cenas de humor físico, por exemplo. Elas foram substituídas por um número maior de piadas verbais, de trocadilhos. E se no primeiro filme haviam ótimas piadas surgindo o tempo todo, agora continuamos com piadas sensacionais... porém espalhadas espaçadamente ao longo da história.

Resumindo Debi & Lóide 2 em uma frase: "é bem parecido com o anterior, mas sua média de "piadas boas por minuto" é bem menor.

Jeff Daniels e Jim Carey estão irrepreensíveis. Principalmente o último, que se em sua aparência fica nítido o seu envelhecimento, o mesmo não pode dizer da energia que ele traz para seu personagem. Palmas para Carey! Mantendo o mesmo entusiasmo do passado, pelo menos "por dentro" dá para se afirmar que nem Debi nem Lóide envelheceram um mísero minuto nestes 20 anos.

Se a dupla principal está muito bem, o elenco coadjuvante não agrada. Porém, há um novo personagem que merece elogios. Não vou dizer quem é para não estragar a surpresa, mas ver um terceiro personagem que consegue ser tão crivelmente ingênuo quanto os dois protagonistas é um bônus bem bacana para o filme.

A conclusão é que, mantendo a tradição de ser inferior ao filme original, Debi & Lóide 2 é pelo menos bom o suficiente para matar a saudade dos seus fãs. E se levarmos em conta a atual fase dos cinemas, onde é cada vez mais difícil encontrar uma boa comédia, Debi & Lóide 2 se torna um filme ainda mais elogiável. Nota: 7,0

PS 1: Olhando os créditos... eis que aparece o nome de Bill Murray. Quando vi o filme, não encontrei o ator em nenhum momento. Falta de atenção minha? Não... Bill está escondido até demais! Chamar um nome famoso para não ser percebido é meio estúpido... mas enfim, vai entender o humor dos Farrelly. Vejam aonde estava Bill Murray neste link.

PS 2: Seguindo esta modinha emburrecedora de cada vez mais dublados e menos legendados, pela primeira vez meu site traz um trailer dublado. Isto porque não há, simplesmente, um trailer oficial legendado. Uma vergonha. Um detalhe: assisti o filme legendado é há vários trocadilhos intraduzíveis para o português. Como assisti no idioma original, pude desfrutar dos mesmos. Já quem foi assistir dublado... perdeu estas piadas. E eu digo com prazer: bem feito! 

PS 3: Na verdade, já existiu em Debi & Lóide 2. Ele foi feito em 2003 e se chamava Debi & Lóide 2: Quando Debi Conheceu Lóide . Não contando com ninguém da equipe original (nem os atores, nem os diretores, escritores, nada), o filme é um lixo completo, e foi merecidamente ignorado por este novo lançamento.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Você precisa conhecer a nova versão de Cosmos!


Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante... o prestigiado cientista estadunidense Carl Sagan trouxe para a TV a série Cosmos. Na verdade, não foi tão distante assim: o ano era 1980. Foram 13 episódios, ao estilo documentário, que apresentavam para um mundo leigo muitos conceitos sobre ciência e astronomia. Escrito e estrelado por Sagan, a série foi um sucesso mundial e certamente marcou toda uma geração. Pergunte para seus pais. Eles irão lembrar deste programa. E falar bem :)

Sagan nos deixou em 1996, e desde então sua esposa Ann Druyan (escritora e co-produtora da série Cosmos original) tentou trazer uma nova versão da série para a TV, com objetivo de mostrar ciência para uma nova geração. Foram anos de tentativa, batendo de porta em porta de emissoras dos EUA. Sem sucesso.

Para sua missão, Ann tinha ao seu lado nomes como o famoso astrofísico Neil deGrasse Tyson, e em 2009 eles ganharam um importante aliado: Seth MacFarlane, o irreverente criador de Family Guy e American Dad. Demorou alguns anos, mas Seth não apenas ajudou no financiamento da série como conseguiu que a Fox (onde ele mesmo já possui seus shows) enfim aceitasse a exibir a nova versão do programa: Cosmos: A Spacetime Odyssey. E é deste maravilhoso seriado que quero falar.

Sendo exibida a partir de março de 2014, Cosmos: A Spacetime Odyssey igualmente fala de ciência e astronomia, igualmente possui 13 episódios, mas não se tratam dos mesmos episódios do Cosmos original. Alguns assuntos são parecidos, mas na prática, Cosmos: A Spacetime Odyssey é bem mais uma continuação do que um reboot.

O apresentador do programa, substituindo Carl Sagan, é o próprio Neil deGrasse Tyson. Você deve conhecê-lo, mas não pelos motivos certos. Você já deve ter visto os memes inspirados nele, que reproduzo abaixo. Mas "zoeiras" a parte, não se engane. Neil é um cientista muito respeitado e um bom apresentador. Recomendo que vocês vejam o vídeo que ele explica porque não há muitas mulheres na ciência.

Neil deGrasse Tyson e seus memes

E o seriado em si? Espetacular. Mesmo com sendo o assunto "ciência", tudo é apresentado de maneira simples e eficiente. Nada de blábláblás enfadonhos. Tudo é bem interessante. Os roteiros não jogam simplesmente os conceitos científicos na tela: eles aparecem como parte de uma história. Sempre há um conto por traz de tudo o que acontece. Aprendemos da maneira mais divertida possível, o storytelling.

Além da interessante narrativa, o seriado também apresenta ótimos efeitos visuais, sejam de imagens do espaço, ou ainda, de histórias sendo contadas através de animações muito bem adequadas feitas pelo MacFarlane.

Assistindo o seriado, aprendi muitas coisas... dentre elas:
  • Que existem mais planetas "órfãos" vagando por aí (planetas que não estão orbitando alguma estrela) do que planetas "normais", que como o nosso, giram em torno do Sol.
  • Que a Terra já teve 5 grandes extinções em massa (pelo menos 80% da vida da terra morreu), e a dos dinossauros foi apenas a mais recente delas.
  • Que as contribuições de Halley foi muito muito mais importantes do que apenas "descobrir o cometa que leva seu nome".
  • Que foram os humanos que "inventaram" os cachorros, eles não vieram da "natureza".
  • Que um cientista chamado Frank Shuman tinha em 1913 um projeto de transformar todo o Saara em uma grande usina solar, suficiente para gerar energia para o planeta todo, e inclusive já havia conseguido financiamento dos governos inglês e alemão... Mas que foi cancelado devido o surgimento da indústria do petróleo e devido o início da Primeira Guerra Mundial.

E muito muito mais.

Para quem gosta de aprender sobre a vida, o universo e tudo mais, fica a recomendação desta série imperdível.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Crítica - Interestelar (2014)

Título: Interestelar ("Interstellar", EUA / Reino Unido, 2014)
Diretor: Christopher Nolan
Atores principais: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain, Mackenzie Foy, Michael Caine
Apesar do final problemático, filme é obrigatório para os fãs de ficção científica

O diretor Christopher Nolan abusou do mistério ao divulgar seu novo trabalho, Interestelar, sua primeira ficção científica espacial. Com uma sinopse vaga e traillers de tom épico que pouco revelavam da trama, a expectativa sobre o filme só aumentou. Enfim nos cinemas, Interestelar tem momentos grandiosos mas é irregular, fato que me fez deixar a projeção com sentimentos mistos.

O filme é dividido em três atos bem definidos. No primeiro, em um futuro apocalíptico, somos apresentados a um planeta Terra árido e tomado pela poeira, cuja capacidade de gerar alimentos diminui a cada ano. A humanidade está fadada a extinção. É uma recado ecológico / político que - especialmente para nós que vivemos em um seco sudeste brasileiro - não dá para ignorar.

Sob este cenário conhecemos Cooper (Matthew McConaughey) e sua família, que assim como todos os demais habitantes do planeta, se dedicam a agricultura, tentando minimizar o problema da fome. Também ex-engenheiro e ex-piloto, não demora muito para que ele e sua filha Murphy (Mackenzie Foy / Jessica Chastain) serem contatados pelo o que sobrou da Nasa. Lá eles encontram os cientistas Brand (Anne Hathaway) e seu pai, o professor Brand (Michael Caine), que convocam Cooper para liderar uma última e arriscada missão para o ser humano: a busca por um outro planeta habitável fora do Sistema Solar. Sendo mais longa que deveria, e abusando em alguns momentos do sentimentalismo, esta parte do filme não empolga muito, mas é eficiente e necessária para o espectador desenvolver empatia com os personagens.

Chega então o segundo ato, o ponto alto do filme, onde Cooper e sua tripulação saem ao espaço em busca de nossa nova casa. É neste ponto que o filme lembra razoavelmente 2001 - uma Odisséia no Espaço (1968), o qual Nolan disse ser fã e citou como uma de suas inspirações para Interestelar.

Felizmente, Interestelar não é tão lento como 2001, mas a maneira com que foi filmado tem várias semelhanças: belíssimas cenas espaciais, o cuidado em apresentar uma viagem o mais "real" possível, sempre utilizando os conhecimentos científicos mais atuais como base, Isso sem contar algumas homenagens visuais / de design que são evidentes (o formato dos robôs remetem aos monólitos de 2001, por exemplo). Além de tudo isto, os dois filmes compartilham muitos temas comuns: o futuro da humanidade, a fragilidade do homem perante o espaço, o sentido da vida, o contato com povos extraterrestres, o uso da inteligência artificial, etc.

Esta parte do filme reflete o que há de melhor na ficção científica, e certamente agradará em muito os fãs. É uma pequena aula de astronomia. Assuntos como buracos negros, teoria da relatividade, tudo é explorado: principalmente, o efeito colateral que faz com que envelheçamos bem mais devagar sob alta velocidade ou alta gravidade, e as consequências dramáticas que isto causa aos personagens.

Até que chegamos ao terceiro e último ato. Christopher Nolan tem duas características marcantes para seus roteiros: uma, a de trabalhar com tramas paralelas. Ele repete isto em Interestelar e a faz de maneira magistral, usando este recurso para criar duas sequencias de tirar o folego.

E outra de suas características é criar um roteiro inteligente, cheio de pequenos mistérios, onde enfim, ao final, temos uma grande revelação que explica tudo o que nos intriga. Também temos isto aqui, mas neste ponto Nolan falha duplamente. Primeiro, porque ele exagera nas "dicas" ao longo da história, e com isto eu não fiquei surpreso com a "revelação final", já a tinha previsto. Mas principalmente, o problema não é o QUE ele revela, e sim COMO ele revela, de uma maneira forçada, absurda (diria impossível) e piegas (para mais detalhes, leiam meu "P.S." ao final do texto).

A conclusão da história, portanto, é uma grande contradição. Se por um lado, no desfecho, temos o prazer intelectual de ver que tudo o que o roteiro mostrou se encaixa com extrema perfeição, peça por peça, por outro lado temos a decepção de ver que Nolan simplesmente ignora a abordagem racional exibida no filme até então.

Em termos técnicos, Interestelar agrada. Ele é visualmente inferior que Gravidade (2013), porém mesmo assim as cenas espaciais são bonitas, principalmente no formato iMax, para o qual o filme foi feito. Além disto, vale a pena ressaltar o intenso uso de trilha incidental composta por Hans Zimmer, que causa dois efeitos: o aumento da sensação de angústia / desconhecido, e também, uma sensação de que nossa mente está "viajando", como se estivéssemos fora de nossa realidade.

Encerrando, o filme ainda nos presenteia com atuações muito boas, principalmente de Matthew McConaughey (o cara não para de mandar bem), Jessica Chastain e... do ator que interpreta o misterioso Dr. Mann, que não vou revelar aqui quem é para não estragar a surpresa.

Com altos e baixos, Interestelar perdeu a oportunidade de ser um marco nos filmes de ficção científica, mas mesmo assim ele tem momentos marcantes que atingem este status. Apesar do final problemático, pequenos furos de roteiro e alguns personagens caricatos, os conceitos científicos e filosóficos que o filme apresenta são tão interessantes que elevam seu resultado final.

Certamente Interestelar será comentado por anos no mundo da ficção espacial, e exatamente por isto, para os fãs do gênero é obrigatório assisti-lo. Já para quem não é fã, também vale a pena conferi-lo já que o filme é bom. Mas uma importante ressalva: a história é bem complexa e requer um esforço considerável para assisti-lo: são quase 3 horas de duração, onde é necessário prestar bastante atenção nas várias explicações ao longo da história para não perder nenhum detalhe. Nota: 7,5





PS: "Os problemas do desfecho" (alerta: só leiam este parágrafo DEPOIS de assistir o filme, ele revela partes importantes do fim). A conclusão é falha porque não é possível um humano entrar em um buraco negro sem morrer esmagado muito antes de alcançá-lo, porque não dá para a Murphy ter concluído sozinha sobre quem era "o fantasma", porque tudo o que é dito sobre o "amor" é forçado e artificial demais, porque ela nos leva a dois paradoxos temporais que poderiam ser melhor resolvidos, e finalmente, porque o acesso à 5a dimensão é um Deus Ex Machina dispensável. Curiosidade: perceberam que quando Cooper retorna ao sistema solar, já séculos no futuro, a humanidade ainda não se mudou para o novo planeta? E mais: nem precisaria, pois já está salva e espalhada pelo sistema solar em grandes estações. Porém a coitada da Dra. Brand continua lá, sozinha no espaço, com a missão de povoar o planeta com os embriões humanos. Será que um dia a humanidade toda se mudará para lá... ou será que a Dra. Brand foi vítima da maior pegadinha da história de nossa civilização? Fica a pergunta. :)

domingo, 9 de novembro de 2014

Crítica - Boyhood: Da Infância à Juventude (2014)

Título: Boyhood: Da Infância à Juventude ("Boyhood", EUA, 2014)
DiretorRichard Linklater
Atores principaisEllar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke, Lorelei Linklater
Passagem do tempo é a verdadeira protagonista desta incrível experiência cinematográfica

O diretor estadunidense Richard Linklater já demostrou anteriormente seu interesse pelos relacionamentos humanos através da passagem do tempo. Em sua trilogia formada por Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013), o diretor mostrou em  cada um dos três filmes o mesmo casal, formado pelos atores Ethan Hawke e Julie Delpy.

Mas agora, em Boyhood, Linklater leva este conceito em outro nível. Em um único filme, 12 anos de gravações (filmando 3 ou 4 dias por ano) mostram a vida do garoto Mason (Ellar Coltrane). Coltrane, que começou a filmar com apenas 6 anos, gravou suas últimas cenas já com 18. Acompanhar na tela seu envelhecimento é impressionante (e já se pode perceber uma fração disto com a foto acima). O mesmo processo acontece, claro, com os demais integrantes de sua família: sua mãe (Patricia Arquette), seu pai biológico (Ethan Hawke) e sua irmã Samantha (Lorelei Linklater, curiosamente, filha do diretor).

Não há exatamente uma história definida em Boyhood. O enredo é basicamente acompanhar cenas cotidianas de Mason ao longo de sua infância e adolescência. Seu início escolar, passando pelo colegial e depois, faculdade. Sua relação com cada um de seus padrastos. Seu primeiro emprego, sua primeira namorada. Nada é especialmente "marcante", "épico". Não acontece nenhuma tragédia, nenhum grande evento. Tudo é... trivial.

O que vale portanto, não são os acontecimentos em si, em sim a viagem através do tempo. E Richard Linklater faz questão de pontuar as cenas "historicamente", fazendo muitas citações com as mudanças externas ocorrendo neste período, que vai de 2002 a 2013. Então, vemos referências que vão da febre dos livros de Harry Potter a Crepúsculo, do Gameboy ao Wii, de Britney Spears a Lady Gaga, de Bush a Obama.

Tecnicamente muito bem executado, com belíssima fotografia, enquadramentos sempre pertinentes, Boyhood praticamente não possui trilha sonora, o que só reforça a sensação de estarmos vendo algo "real", e não uma fantasia. É admirável a consistência e coesão das gravações ao longo de 12 anos. Ou ainda, ver todas as transformações físicas (e de figurino) dos personagens de maneira compatível com seu envelhecimento e com suas respectivas histórias no filme.

Sendo também o roteirista, Richard Linklater adora discutir em seus filmes, através de diálogos, sobre "a vida, o universo e tudo mais". Porém não é o que ele faz aqui desta vez. Seu foco realmente são os fatos cotidianos, mostrando mais imagens do que diálogos. Por exemplo, ele nos mostra Mason recebendo de seus avós texanos, como presentes pelo aniversário de 15 anos, uma Bíblia e uma espingarda. Mas não há nenhum diálogo sobre as implicações disto. Os "debates" ficam todos na cabeça do espectador.

Mas Linklater não resiste o tempo todo e deixa alguns de seus diálogos filosóficos lá perto do desfecho do filme, onde ele critica por exemplo como estamos nos perdendo nas tais redes sociais, ou ainda, explicita a frustração vivida pela mãe de Mason, que consta que mesmo tendo passado por tanto na vida, ela já viveu mais da metade dos seus anos e mesmo assim não se sente realizada, e provavelmente, nunca se sentirá.

Ainda sobre o roteiro, vale a pena citar que ele também era revisto/escrito ano a ano, e que incorporou para si algumas experiências pessoais dos atores e do diretor. Por falar em atores, o filme traz belas atuações do trio principal Ellar Coltrane, Patricia Arquette e Ethan Hawke. Mas é para Patricia Arquette que dou meus maiores elogios.

Uma verdadeira "capsula do tempo", Boyhood é uma experiência única e imperdível para os amantes de cinema e de arte. Por outro lado, devido sua lentidão e longa duração (2h45min de filme), certamente não agradará aos espectadores que só apreciam no cinema os blockbusters de entretenimento. Nota: 8,0

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Crítica - Transcendence: A Revolução (2014)

TítuloTranscendence: A Revolução ("Transcendence", China / EUA / Reino Unido, 2014)
Diretor: Wally Pfister
Atores principais: Johnny Depp, Rebecca Hall, Morgan Freeman, Paul Bettany, Kate Mara, Cillian Murphy

Estranho em estrutura e personagens, suposta ficção científica não empolga

Números ruins de bilheteria, massacrado pela crítica especializada, quando Transcendence: A Revolução chegou aos cinemas brasileiros não tive interesse em assisti-lo. Porém ao longo do tempo, um curioso evento ocorreu: amigos que vieram a mim recomendando o filme e/ou pedindo para que eu fizesse a crítica do mesmo.

Bem, após assistir Transcendence: A Revolução, desta vez minha opinião segue a dos críticos. Com decisões infelizes na estruturação da trama, personagens sem carisma, furos/exageros no roteiro e pouca ficção científica, o filme simplesmente não empolga, se consolidando numa experiência "morna".

Transcendence já começa de maneira estranha: em seu primeiro minuto, através do personagem Max (Paul Bettany), ele já nos conta bastante sobre como o filme termina. Esta decisão se mostra equivocada, pois diminui a tensão das (várias) cenas de ação que a história apresenta.

Logo após isto, somos apresentados a trama e aos demais personagens: o casal Will Caster (Johnny Depp) e sua esposa Evelyn (a bela Rebecca Hall) são grandes nomes mundiais da inteligência artificial. Will anuncia que o projeto em que trabalha poderá em breve criar uma mente artificial tão poderosa, que conseguiria superar em muito toda a mente humana acumulada desde o início da humanidade... ou como ele diz, alcançar a "Transcendência". A ser questionado sobre ele estar criando um "deus", ele não titubeia, respondendo um sonoro "sim".

Eis que entra então em ação um grupo terrorista, liderado por Bree (Kate Mara, irmã mais velha da Rooney Mara), que sai matando todo mundo do projeto de Will, sem dó nem piedade, em nome do "salvar a humanidade". Então entramos em um dilema: para quem devemos torcer neste embate? Will, o suposto "mocinho", é claramente o cientista louco que "mexe onde não deve". Já Bree, uma terrorista que assassina a sangue frio. Em suma, não dá para torcer por nenhum personagem, e todos eles perdem em carisma.

Não é nenhum spoiler (pois isto aparece no trailer) contar que depois Will é baleado mortalmente e então sua mente é copiada para dentro do super-computador de sua pesquisa, conseguindo então, ele mesmo, começar o processo de Transcendência. Teria Will morrido e o computador ser apenas uma cópia barata de suas idéias? Ou Will está realmente vivo dentro de um corpo artificial? O que define, efetivamente, o que é um ser vivo individualmente consciente? São estas as únicas perguntas que o roteiro não nos entrega de mão beijada e que certamente são as únicas partes relevantes de debate científico ao longo do filme.

Os "poderes" obtidos por Will devido sua transformação são muito exagerados, e mais ainda, pouco explicados. Tudo acontece fácil demais para ele. Além dos exageros, o roteiro possui vários furos. Por exemplo, após Will "transcender", ele é imediatamente caçado pelo governo e pela célula terrorista de Bree. E não é que embora todos saibam aonde Will se encontra fisicamente, eles levam 5 anos para efetivamente atacá-lo?

Mas há algumas outras coisas boas em Transcendence. A principal delas é o belo design de produção. A fotografia também é bastante elogiável, mas em teoria, deveria ser ainda melhor. Afinal, o estreante diretor do filme, o estadunidense Wally Pfister, é um excelente diretor de fotografia. Costumeiro colaborador dos filmes de Christopher Nolan, lá sua fotografia é bem mais impressionante que aqui.

Transcendence também apresenta algumas boas cenas de ação. E isto torna o filme em alguns momentos algo mais próximo de um thriller de espionagem do que de uma ficção científica. Se este "suspense" também é uma qualidade, por outro lado ele não potencializado ao máximo justamente pelo que já disse antes: o início da projeção "conta demais", já revelando partes cruciais da trama.

Concluindo então, Transcendence: A Revolução desperdiça um conceito científico base interessante e atores talentosos. Por exemplo, Morgan Freeman e Cillian Murphy são atores famosos que só citei agora no texto pois no filme eles são elementos apenas figurativos. Faltou roteiro e direção para estruturar de maneira inteligente os atores e as ideias que o filme queria apresentar. Uma pena. Nota: 4,0

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Desta vez, eles se superaram!

Amanhã estréia nos cinemas o filme "O Físico". Eu já assisti o trailer e não o considerei interessante. Mas quis escrever sobre ele aqui para vocês mesmo assim, por outro motivo.

"O Físico" nasce concorrendo ao prêmio de pior tradução para um nome de filme em todos os tempos. Afinal, o nome do filme, no original é "The Physician". Para quem não entende inglês, a tradução seria... "O Médico". Ah sim, e a história é sobre um jovem inglês do séc XI querendo ser... médico.

É verdade que o filme é baseado em um livro de mesmo nome ("The Physician"), e que no Brasil o livro foi traduzido como "O Físico". Portanto o erro de tradução veio primeiro do livro, e não do filme. Quem cometeu a façanha? Aulyde Soares Rodrigues.

Fica o debate então: quem errou mais? A pessoa que traduziu o nome do livro? Ou as pessoas que decidiram manter o nome do livro para o filme, mesmo que sendo uma falha grotesca que certamente vai confundir (e irritar) o público dos cinemas?

Outra curiosidade: na Internet você consegue encontrar textos defendendo a Aulyde. Por que? Pois na idade média, no português antigo, médicos eram chamados de físicos. Não vou nem perder meu tempo para explicar porque esta justificativa é absurda. Vou só copiar o texto da wikipedia, que contém parte dos argumentos que eu poderia dar:

"O título da versão brasileira, O Físico, por um erro de tradução. The Physician, do inglês, significa O Médico. O tradutor teria confundido physician com physicist, que significa físico. (...) leitores creem que não há erro, já que na Idade Média, época descrita no livro, os médicos seriam chamados de físicos. (...) A palavra physician, no entanto, não pode ser traduzida para físico, o que corrobora claramente o erro de tradução no título. Além disso, mesmo em Portugal, o título é "O Médico de Ispahan". Somente no Brasil o filme recebeu o título O Físico"



E aproveito o momento para deixar registrado aqui meu protesto e desprezo por essa classe incompetente que tanto me irrita: os tradutores de títulos de filmes. Sua "jenialidade" aliás não é de exclusividade brasileira, é algo universal. Tanto que o ótimo cartunista argentino Liniers também abraça minha causa e criou um personagem denominado, no original, de: "El señor que traduce los nombres de las películas". 

Abaixo, algumas tirinhas do personagem, com duas já traduzidas para o português. Divirtam-se!



segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Crítica - Garota Exemplar (2014)

TítuloGarota Exemplar ("Gone Girl", EUA, 2014)
Diretor: David Fincher
Atores principais: Ben Affleck, Rosamund Pike, Kim Dickens, Carrie Coon

Outro ótimo suspense de David Fincher, com grande atuação de Rosamund Pike

Eu iria assistir Garota Exemplar nos cinemas de qualquer jeito, Afinal, se trata de um filme do diretor David Fincher, que está na minha lista dos maiores diretores da atualidade (você já leu?). Porém, antes de ver o filme, li na internet que as atuações de Ben Affleck e Rosamund Pike são dignas dos principais prêmios. Bem Affleck? Sério? Bem, fui lá conferir...

E de fato, embora seja adequedo ao papel de seu personagem, e também tenha alguns bons momentos, em geral é o Ben Affleck de sempre... o canastrão sem expressão no rosto, ator mediano e só. Mas não duvido que, querido por Hollywood como é, que surja alguma (injusta) indicação de melhor ator para ele por aí...

O mesmo não posso falar de Rosamund Pike. A atuação dela é excelente, suficiente para que eu sempre a olhe com outros olhos a partir de agora. Sua interpretação é irretocável, passando pelas mais diversas emoções. E seu personagem, ótimo. Só ela já vale o filme.

Voltando a Garota Exemplar, este novo suspense de David Fincher é uma adaptação de um livro best-seller de Gillian Flynn, e que leva o mesmo nome do filme. Curiosidade: é a própria Flynn a roteirista de Garota Exemplar.

Na história, Nick Dunne (Ben Affleck) e Amy Dunne (Rosamund Pike) são casados há alguns anos, e já no primeiro diálogo do filme vemos que Nick está bem insatisfeito com sua esposa. Poucas cenas depois já nos deparamos com a verdadeira trama: a casa do casal é aparentemente invadida e Amy some. Após algum tempo de investigação da polícia, liderada pela competente detetive Rhonda Boney (Kim Dickens), o marido se torna o principal suspeito.

É então que a história se divide em 3 narrativas paralelas. Uma com as ações de Nick, outra com as investigações de Rhonda, e finalmente, uma narrativa em flashback feita por Amy, de onde descobrimos a história passada do casal.

Importante destacar a marcante trilha sonora do ótimo compositor britânico Atticus Ross, em sua 3ª parceria com Fincher. Ela soa forte e retumbante em todas as narrativas de Amy, dando uma sensação de melancolia, de sonho, ou ainda, uma sensação de perigo iminente. Perfeita para o que a história conta.

Não vou dizer se Nick era culpado ou não, nem posso revelar mais nada da trama, para não estragar. Mas digo que no final, a trilha sonora de Atticus Ross mais uma vez é empregada com bastante sentido e propriedade.

Em geral, o filme é muito bom, com roteiro bem escrito, que prende a atenção do expectador o tempo todo. Nick é inocente? Culpado? Ficamos o tempo todo remoendo esta dúvida. E não se trata apenas de um (bom) drama policial. A história também aproveita para criticar duramente o casamento, a mídia sensacionalista, e, porque não, o quanto todos nós vivemos de aparências.

Apesar de tantas qualidades, porque Garota Exemplar não leva uma nota ainda maior? Simples... há alguns problemas em seu ritmo. No começo, as 3 narrativas paralelas discorrem em uma velocidade e tensão crescentes, até que pouco após a metade do filme, ambas são freadas abruptamente. Além disto, o filme não possui um clímax propriamente dito, e após 2h29min de projeção, esta ausência se faz sentir.

Em alguns momentos Garota Exemplar é longo a ponto de cansar. Se com a própria autora escrevendo o roteiro se garante a fidelidade ao livro, por outro lado sua inexperiência com o mundo do cinema deve ter sido a causa da evolução irregular de sua história nas telas. Outro problema é que o filme se explica demais. Com menos explicações, e mais curto, ele seria bem mais eficiente.

Mais uma vez entregando um ótimo suspense, Fincher não decepciona seus fãs, e de quebra traz uma Rosamund Pike que todos precisam conhecer. Nota: 8,0.

PS: os fãs de How I Met Your Mother poderão matar saudades de Neil Patrick Harris, o Barney, que aparece por um tempo razoável na tela, como ex-namorado de Amy

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...