terça-feira, 30 de junho de 2015

Crítica - Timbuktu (2014)

Título: Timbuktu ("Timbuktu", França / Mauritânia, 2014)
Diretor: Abderrahmane Sissako
Atores principais: Ibrahim Ahmed, Abel Jafri, Toulou Kiki
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=e6fdNIQPktY
Nota: 8,0

Triste contemplação da intolerância religiosa

Com indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2015, o filme Timbuktu do diretor mauritânio Abderrahmane Sissako é outro que agradou bastante a crítica especializada e ganhou diversos prêmios importantes em festivais ao redor do mundo.

Na história vemos a ocupação da histórica cidade de Timbuktu, em Mali, por um grupo jihadista - fato que de realmente ocorreu em 2012 (a cidade foi libertada cerca de 9 meses depois). O primeiro diferencial em Timbuktu é que nele já não temos mais guerra; no início da história a cidade já está dominada e seus habitantes de maneira razoavelmente resignada, já se acostumaram com a situação.

Corretamente Timbuktu não critica as religiões, e sim, seus extremismos. A população original de Timbuktu já é, em boa parte, islâmica. Mas mesmo partilhando dos mesmos credos, eles sofrem bastante nas mãos dos radicais. O próprio filme mostra sutilmente o quão absurdas são algumas das reivindicações, como por exemplo, o que a proibição de mulheres exibirem as mãos e pés em público representa para uma jovem que trabalha limpando peixes, e obviamente não pode usar luvas para isto.

Sutileza, aliás, é uma boa palavra para Timbuktu. Ele é um filme lento, são raras as cenas de ação ou violência explícita. Mas ao mesmo tempo toda opressão está lá, nos diálogos, em belas cenas simbólicas, como por exemplo, crianças jogando futebol com uma bola imaginária, já que não lhes é permitido praticar esportes.

Outro aspecto diferente é que jihadistas aparecem mais humanizados. Em alguns momentos, vemos eles se questionando se o que estão fazendo está correto. Outro exemplo: um de seus líderes do grupo, Abdelkerim (Abel Jafri), claramente deseja Satima (Toulou Kiki), mas como ela é casada com Kidane (Ibrahim Ahmed), ele a deixa em paz, não querendo infringir nenhuma lei. Mas mesmo Abdelkerim não segue sempre "as leis": em outro momento, o vemos  fumando escondido - já que fumar também é proibido por eles - sendo este mais um exemplo de contradição e hipocrisia que temos no enredo.

A família de Kidane e Satima protagoniza uma subtrama que liga as partes do filme, mas que curiosamente não tem tanto a ver com assuntos religiosos. Ao ter uma de suas vacas mortas, Kidane vai tirar satisfação com o culpado e... bem, não vou contar o que acontece, mas o fato é que tudo o que acontece depois é reflexo de uma infeliz combinação de ódio e falta de diálogo. Um mal que atinge toda a humanidade cada vez mais, dia após dia.

Timbuktu deixa nos deixa uma mensagem forte: religião - independente de qual - não é o problema. O problema é a maneira que os homens a distorcem a seu favor em nome da violência. Melhor ainda: o grande problema é a falta de compaixão. É uma mensagem até "clichê", embora uma enormidade de pessoas não a entendam. E o grande mérito de Timbuktu é transmitir estas idéias de maneira diferente, contemplativa, através de belas paisagens, cenas emblemáticas e marcantes que são pura poesia. Nota: 8,0

sábado, 27 de junho de 2015

Crítica - Minions (2015)

TítuloMinions ("Minions"EUA, 2015)
Diretores: Kyle Balda, Pierre Coffin
Atores principais (vozes): Pierre Coffin, Sandra Bullock, Jon Hamm, Michael Keaton, Allison Janney, Geoffrey Rush
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ly-GueGW3_s
Nota: 6,0

Ainda que muito divertidos, os Minions mereciam ser melhor aproveitados

Os simpáticos Minions apareceram pela primeira vez em 2010, como coadjuvantes do divertido Meu Malvado Favorito, e rapidamente ganharam o carinho do público. A continuação do filme original, Meu Malvado Favorito 2 (2013), foi bem inferior, mas ainda sim, um bom entretenimento... justamente graças aos Minions, que roubaram a cena! Portanto, por mais caça-níquel que possa parecer, até mesmo eu considerei justo os divertidos baixinhos amarelos receberem seu próprio filme.

E enfim, o protagonismo dos Minions aconteceu. Co-dirigido por Kyle Balda e Pierre Coffin (o primeiro, novo na franquia; o segundo, diretor dos dois Meu Malvado Favorito e, ainda, que fez as vozes dos Minions em todos os filmes, inclusive este), apesar de ser bastante divertido, Minions não traz um roteiro bom o suficiente para explorar todo o potencial das atrapalhadas criaturinhas.

Minions começa bem. Ao estilo "documentário de ciência", um narrador apresenta as origens dos amarelinhos, desde o surgimento da vida, passando por dinossauros, até os tempos atuais. Eles possuem um único grande desejo comum: servirem ao mais malvado "chefe" de sua época. Desta maneira, os vemos servindo um tiranossauro rex, faraós, Drácula, Napoleão Bonaparte... até chegarmos ao "hoje", que no caso do filme, é 1968.

Toda esta sequencia de "a evolução dos Minions ao longo da história" - que aliás, é uma das promessas do filme - é divertidíssima. Porém, não dura nem 5 minutos... fora o fato de que a maioria de suas cenas já estarem presentes no trailer. Então, chegamos a história do restante do filme, que é de três Minions (Kevin, Stuart e Bob), que saem ao mundo em busca da maior vilã da época, Scarlett Overkill.

É aí que Minions enfraquece. Sem nenhum carisma, tanto Scarlett quanto qualquer outro personagem humano do filme não empolgam em nenhum momento. A trama principal - de ajudar Scarlett a roubar a coroa da rainha inglesa - é bem desinteressante. Não há nenhum "ponto alto", tudo transcorre de maneira burocrática. Não que o filme não seja bastante engraçado e divertido. Ele é. Na verdade, há várias piadas espalhadas ao longo de toda a história; algumas não tão boas, mas outras, realmente ótimas (as com o rato, a com o globo de neve... são geniais). Confesso ter gargalhado em vários momentos ao longo de toda a projeção. O problema é que todas estas ótimas cenas não possuem ligação com a trama principal. É como se tivéssemos ótimas esquetes cômicas espalhadas pelo filme com um "algo" ligando todas elas. É neste "algo" que Minions decepciona.

Outro ponto que decepciona um pouco é que o filme é menos "louco" do que o esperado. Com o foco sendo dado em apenas três Minions, e não no grupo todo, temos uma espécie de road movie de família, onde Kevin é o "pai", Stuart é o "adolescente rebelde", e Bob é a criança. Esta estrutura faz com que apenas Bob seja verdadeiramente aquele carinha absurdamente louco, insano, empolgado e fofo que todo Minion deveria ser. Principalmente Kevin, é bem mais comportado que os demais.

A ambientação dos anos 60 funciona bem no filme. Com várias referências históricas, e boa representação visual daquela época, esta sensação de viagem no tempo é reforçada por uma ótima trilha sonora, da qual fazem parte músicas clássicas de The Beatles, The Doors, The Who, dentre outros.

Para quem gosta dos Minions (e tem como não gostar deles?), vale a pena assistir seu primeiro filme: as risadas estão garantidas. Entretanto, o encerramento também transmite um ar de frustração: ele poderia ser muito mais engraçado. Será que os Minions só se desenvolvem bem em pequenas participações como coadjuvantes? Espero que não. E daqui alguns anos poderemos ter esta resposta. Certamente Minions ganhará continuação. Nota: 6,0

PS: o engraçadíssimo idioma falado pelos Minions (que felizmente não são traduzidos), é na verdade uma enorme mistura de palavras básicas do francês, inglês, italiano, espanhol e um pouco de japonês. Criada pelo diretor/animador/dublador francês Pierre Coffin, ao contrário do que aconteceu com outros idiomas fictícios, como por exemplo o Klingon (Star Trek) e o Na'vi (Avatar), o "Minionês" não foi levado a sério por seu criador. Não há um "dicionário" sobre a língua. Tudo foi feito de improviso, mas o resultado não deixa de ser sensacional.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Crítica - Mortdecai: A Arte da Trapaça (2015)

TítuloMortdecai: A Arte da Trapaça ("Mortdecai", EUA / Reino Unido, 2015)
Diretor: David Koepp
Atores principais: Johnny Depp, Gwyneth Paltrow, Ewan McGregor, Paul Bettany
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=dzJOiP7UMPo
Nota: 6,0

Atores fazem a diferença tornando esta comédia agradável

Mortdecai: A Arte da Trapaça mal havia sido lançado e os críticos ao redor do mundo já faziam questão de massacrá-lo, anunciando em manchetes que Johnny Depp não é mais o mesmo, sendo este seu 3º fracasso consecutivo (aliás, o maior fracasso de bilheteria de sua carreira).

Exagero. É verdade que Mortdecai: A Arte da Trapaça está bem longe de ser um grande filme, mas ainda sim, consegue divertir em alguns momentos, o que já o torna melhor do que várias "comédias" fracas que saem por aí.

Baseada na série de livros de mesmo nome do britânico Kyril Bonfiglioli, conhecemos aqui Charles Mortdecai (Johnny Depp), um negociante de artes endividado e não muito honesto. Após um quadro valiosíssimo ter sido roubado, ele é ameaçado pelo Inspetor Martland (Ewan McGregor) para que o ajude a recuperar a peça. Sem saída, e ao mesmo tempo com esperança de ter parte da dívida perdoada, o excêntrico Mortdecai aceita a aventura.

Fazendo o papel de um lorde britânico rico e extremamente mimado (que nunca fez esforço físico na vida), ao investigar um crime o Mortdecai de Depp lembra um bocado o Inspetor Clouseau da franquia A Pantera Cor de Rosa. Assim como o francês, Mortdecai é acompanhado por um assistente que está sempre salvando o "patrão" de suas trapalhadas (e pagando fisicamente por isto), que neste caso, é o seu criado pessoal Jock (Paul Bettany).

Completando o quarteto de atores principais, ainda há a esposa de Charles, Johanna (Gwyneth Paltrow), que tem tanto seu marido quanto o policial Martland a seus pés.

A trama de Mortdecai: A Arte da Trapaça é bem fraca. Mas é a relação entre Depp, Paltrow, McGregor e Bettany que salva o filme. Seus personagens - todos bastante caricatos - são carismáticos e engraçados. E principalmente no caso de Johnny Depp, não dá para deixar de reconhecer que o ator desta vez se esforçou mais em sua atuação, e enfim volta a trazer algumas caretas diferentes do pirata Jack Sparrow. Os quatro conseguem entreter bem o público com a interação entre eles durante quase todo o filme, tornando-o bem agradável. A exceção fica para a parte final, exageradamente longa e monótona.

Voltando a comparar Mortdecai com Pantera Cor de Rosa, o primeiro possui menos cenas de ação que o segundo, além de serem menos inspiradas também. Ação não é o forte de Mortdecai, e nem a trilha sonora, totalmente inexpressiva. Talvez com um diretor melhor que David Koepp, o filme teria se desenvolvido melhor nestes dois quesitos.

Resumindo, se você gosta dos maneirismos de Johnny Depp, Mortdecai: A Arte da Trapaça não vai decepcionar. Muito longe de ser uma grande comédia, pelo menos, seus atores garantem alguns sorrisos. Nota: 6,0.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Crítica - Leviatã (2014)

Título: Leviatã ("Leviafan", Rússia, 2014)
Diretor: Andrey Zvyagintsev
Atores principais: Elena Lyadova, Vladimir Vdovichenkov, Aleksey Serebryakov, Roman Madyanov
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=R4CvTylnHP0
Nota: 7,0

Corrupção é o Leviatã dos tempos atuais

O nome Leviatã vem da Bíblia, mais especificamente do Livro de Jó, e dele é dito ser "o mais poderoso dos monstros aquáticos". Deus ensina a Jó - em um diálogo repetido dentro do filme: "... quem o resistiria face a face? Quem pode afrontá-lo e sair com vida debaixo de toda a extensão do céu? (...). Quando se levanta, tremem as ondas do mar, as vagas do mar se afastam. (...) O ferro para ele é palha, o bronze pau podre".

Dos tempos bíblicos para cá, muita coisa mudou. Se o protagonista Kolya (Aleksey Serebryakov) sofre tanto quanto Jó, no filme russo Leviatã ele não tem nenhuma redenção. E ao invés de um monstro gigantesco imbatível vindo do mar, aqui o Leviatã é a Corrupção que assola não apenas a Rússia, mas toda a humanidade. A imagem do esqueleto de uma baleia exposta nas areias de uma praia é símbolo de que por mais poderoso que seja o titã marinho, ele não tem a menor chance contra a podridão humana que se encontra na terra.

Na história, que se passa em uma cidadezinha do litoral norte da Rússia, Kolya é um pai de família que briga na justiça para não ter as terras desapropriadas pelo corrupto prefeito Vadim (Roman Madyanov). Para isso, conta com a ajuda de seu ex-companheiro de exército Dmitriy (Vladimir Vdovichenkov), que é advogado em Moscou.

Não demora muito para perceber que absolutamente todos que estão ao redor de Kolya são corruptos: Polícia, Tribunal de Justiça, e até mesmo a Igreja Ortodoxa, todos estão do lado do prefeito Vadim. Com um tom bastante pessimista, não pensem que o "cidadão comum" está livre deste mal. Dmitriy, Kolya, sua esposa Lilya (Elena Lyadova), seus amigos de trabalho: todos são corruptíveis.

E basicamente, isto é Leviatã: uma denuncia forte e pesada da falência do Estado e Igreja russos através da ótica dos sofrimentos cotidianos de uma família.

Com boa fotografia e boas atuações - principalmente do casal protagonista - Leviatã foi indicado ao Oscar de Melhor Filme estrangeiro em 2015 mas não levou. Porém venceu o prêmio equivalente a este no Globo de Ouro, e também trouxe de Cannes o prêmio de Melhor Roteiro. Ainda sobre seu texto, confesso que senti falta de "algo a mais" do que simplesmente expor a tragédia dos personagens. Mas isto não muda o fato de que o roteiro é muito bom e tocante.

Leviatã causou bastante polêmica na Rússia, gerando revolta das autoridades locais, tanto governo quanto Igreja. No caso do primeiro, a revolta é ainda mais justificável se levarmos em conta que 35% da verba do filme foi verba estatal.

Outro motivo para as críticas do governo foi o fato de que todos os personagens seguem o esteriótipo conhecido no ocidente: o povo russo é mostrado como sendo formado por pessoas frias, violentas, corruptas, e que bebem vodca o tempo todo.

Particularmente, não conheço a Rússia, então não sei como eles são na realidade. Mas imagino, fazendo um paralelo com o Brasil, que é o mesmo caso onde se mostram nos nossos filmes que todo brasileiro é "alegre, ladrão e sem vergonha". Não somos todos assim.

E continuando com este paralelo, assistir Leviatã certamente tem um impacto grande para nós brasileiros. A corrupção e falência do Estado são notícias diárias em nosso país. Apenas não chegaram em um nível tão alto quanto mostrado em Leviatã. Ou será que chegaram? Seria a Rússia o Brasil do futuro ou do presente? Que alguém nos ajude. Pelo menos em Leviatã, este alguém não existe. Nota: 7,0

sábado, 20 de junho de 2015

Crítica - Divertida Mente (2015)

TítuloDivertida Mente ("Inside Out"EUA, 2015) 
Diretores: Pete Docter, Ronaldo Del Carmen
Atores principais (vozes): Amy Poehler, Lewis Black, Mindy Kaling, Bill Hader, Phyllis Smith
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=SG20CoUb5wA
Nota: 8,0

Com seu roteiro mais ousado, a Pixar mais uma vez entrega um ótimo filme

Após passar por uma recente "crise de criatividade", fazendo filmes ainda muito bons mas já sem o brilho de outrora (em geral, apenas continuações de filmes anteriores), a Pixar resolveu parar, respirar fundo, para só então retomar seus trabalhos. Cancelou projetos, adiou O Bom Dinossauro (que só estreará agora, em Dezembro de 2015) e com isto passou por 2014 sem lançar nenhum novo filme (a última vez que tivemos um ano sem filme da Pixar foi em 2005).

A primeira animação entregue em sua volta é Divertida Mente, co-dirigido e co-roteirizado por Pete Docter e Ronaldo Del Carmen, sendo que o primeiro destes foi também o diretor de Monstros S.A. (2001) e Up: Altas Aventuras (2009).

Na história - bem incomum e ousada - temos a menina Riley deixando pela primeira vez sua cidade natal, localizada na gelada Minnesota, e se mudando para a bem mais quente São Francisco. A mudança não é bem aceita pela garota, e então vemos tudo o que acontece dentro da mente dela através de uma perspectiva inesperada - a personificação de suas emoções: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e... o Nojinho. O roteiro consegue duplicar as emoções em Divertida Mente ao nos mostrar dois dramas: a de Riley no mundo "externo", e a oposição entre a Alegria e Tristeza no mundo "interno".

A maior parte do filme se passa dentro da mente de Riley, e é com bastante inventividade que somos apresentados a todo um vasto universo existente dentro de nossa cabeça: há uma "torre de comando" de onde Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho controlam a garota de acordo com o que acontece a ela no mundo real; memórias são armazenadas dentro de grandes bolas de vidro e estocadas em uma gigantesca biblioteca cuja disposição das prateleiras lembram o formato do cérebro; memórias não usadas por muitos anos são "varridas" por faxineiros; memórias especiais criam grandes parques-temáticos; sonhos são nada menos do que peças ensaiadas e representadas por outras pessoinhas-atores que fazem parte da mente... e assim vai. Um brilhante trabalho de roteiro e design!

Aliás, em termos de técnica de animação, a Pixar novamente encanta em Divertida Mente. Se desta vez o destaque não são os incríveis cabelos que vimos em Merida no Valente (2012), aqui o espetáculo vêm da textura dos personagens que habitam o mundo da mente. Com cabelos de pano e corpos felpudos mostrados com precisão, dá para se distinguir cada fiapo, cada pelinho, com um realismo impressionante.

Divertida Mente é diversão para todas as idades. Para os pequeninos, todos os personagens são bastante coloridos, bonitinhos, e engraçados (fica o alerta, entretanto, que o filme vai ficando gradualmente melancólico até seu final). Para os adultos, há ótimas piadas ao longo de todo o filme. A trama também é complexa e emocionante. Há pelo menos três ou quatro cenas que é difícil segurar o choro. Tragam seus lenços!

Divertida Mente é uma ótima animação e um filme bem acima da média. Mas não é isento de problemas: o roteiro possui alguns furos, a trama do "voltar à torre de comando" é longa e não tão criativa, e dentre todos os personagens, no fundo apenas Alegria e Tristeza possuem um desenvolvimento decente.

Por trás de toda a diversão que há em Divertida Mente, ficam duas mensagens fortes para os adultos: a primeira, é a demonstração de que a depressão é algo muito sério (sim, é isto que Riley tem). E a segunda, que para superar a depressão as pessoas precisam de amor e ajuda. Que o recado da Pixar seja ouvido, e que esta sua retomada de qualidade dure novos longos anos. Nota: 8,0

PS: como de costume na Pixar, Divertida Mente é precedido de um curta-metragem. O da vez é Lava, uma história de amor entre duas ilhas vulcânicas. Totalmente cantado, para mim Lava foi o pior dentre todos os curtas da Pixar até agora. Há uma possível explicação, entretanto, para meu desgosto: a dublagem. Se dentro de Divertida Mente ela não só não compromete, como também é boa, já em Lava a achei bem problemática. Mixagem de som ruim e vocais que não encantaram.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Crítica - Kingsman: Serviço Secreto (2014)

TítuloKingsman: Serviço Secreto ("Kingsman: The Secret Service", Reino Unido, 2014)
Diretor: Matthew Vaughn
Atores principais: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Michael Caine, Sofia Boutella
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ydox4Iy8pCY
Nota: 6,0

Até diverte, apesar da fórmula já desgastada

Contando com vários atores famosos (até o outrora sumido Mark Hamill faz uma ponta), Kingsman: Serviço Secreto é o novo filme do diretor inglês Matthew Vaughn, famoso pelos filmes X-Men: Primeira Classe (2011) e Kick-Ass: Quebrando Tudo (2010). E de certa forma, Kingsman se parece um bocado com Kick-Ass: adolescentes inciando a vida na luta contra o crime, uma bela fotografia com personagens e cenários bastante coloridos, ação, humor e violência explícita. Mas neste aspecto Kingsman é uma versão light de Kick-Ass, pois tem menos ação, humor e violência que o primeiro.

E se em Kick-Ass o filme dá suas cutucadas nos filmes de super-heróis, Kingsman: Serviço Secreto brinca com o universo dos agentes secretos, em especial James Bond. Na trama, Kingsman é uma organização secreta e independente de qualquer governo mundial que "defende o mundo das maiores ameaças". Com a recente morte de um de seus principais agentes de campo, o também agente Galahad (Colin Firth) aposta no jovem Eggsy (Taron Egerton) para repor esta perda.

E então acompanhamos a já tão repetida "história do novato". Através dos olhos de Eggsy vamos conhecendo naturalmente quem são os Kingsman e o universo em que vivem. Há as igualmente repetitivas cenas de treinamento, onde diversos jovens disputam pela única vaga em aberto na organização.

Criado para ser uma paródia dos filmes de James Bond, com direito até ao seu vilão insano maligno (Samuel L. Jackson), Kingsman: Serviço Secreto surpreendentemente não tem muito deste tom humorístico e se leva bastante a sério. Ao contrário do que o trailer indica, as piadas são poucas. O filme até tem um tom "jovial", mas não é mesmo uma comédia.

Este tom mais sóbrio com uma trama bem "mais do mesmo" só é quebrado duas vezes: uma reviravolta chocante no meio do filme, e a zoadíssima conclusão. As sequências finais compensam todo o clima "adulto" até então, já que nesta parte eles realmente "chutam o balde"! Tudo é absurdo, exagerado, louco... adolescente. E entendo estas duas quebras como as melhores coisas de Kingsman.

Kingsman: Serviço Secreto é uma mescla de Kick-Ass com os filmes mais recentes de James Bond do ator Daniel Craig, porém seu resultado final é menos intenso e inferior a ambos. Mesmo assim, o filme tem seus momentos divertidos. Nota: 6,0

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Crítica - Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015)

TítuloJurassic World: O Mundo dos Dinossauros ("Jurassic World", EUA, 2015)
DiretorColin Trevorrow
Atores principaisChris Pratt, Bryce Dallas Howard, Vincent D'Onofrio, Ty Simpkins, Nick Robinson
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=S2_aWPGZwhs
Nota: 6,0

Cópia piorada do filme de 1993

Não dá para negar que Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993) fez história. O filme do diretor Steven Spielberg - ainda em seu auge de popularidade - era entretenimento de primeira para todas as idades: aventura, suspense, humor; um filme sobre uma família comum para famílias comuns assistirem. Porém o mais marcante foi o fato de apresentar para o mundo dinossauros digitais feitos com um realismo extremamente superior a qualquer coisa feita antes. Uma nova onda de interesse por estes bichos pré-históricos se espalhou pelo mundo, e não a toa, oito anos depois estreava o terceiro filme de uma bem sucedida franquia, fechando uma trilogia.

22 anos após o começo da saga, o quarto passo da franquia, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, é apenas uma cópia mal feita do filme original. Você já viu todo ele antes. E isto é uma triste ironia, já que como explicado anteriormente, o grande sucesso de Jurassic Park residiu principalmente no trazer algo novo.

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros é muito parecido com seu "primeiro pai". Mesmo roteiro, mesma estrutura narrativa, mesmos dinossauros, a mesma história! Mais uma vez vemos o início de um ultra-seguro parque de dinossauros que dá errado, humanos "brincando de Deus" e sendo punidos por isto, crianças tendo que fugir sozinhas de "lagartos" gigantescos. Criatividade não é mesmo o forte aqui.

Mudanças? Apenas em pequenos detalhes, e em geral, as mudanças vieram para pior. Pela primeira vez temos efetivamente um casal na trama: os atores Chris Pratt e Bryce Dallas Howard. Se isto traz um clima de romance que não vemos nos filmes anteriores, ao mesmo tempo nos entrega uma enxurrada de cansativos clichês. Ela é a executiva workaholic certinha e sem contato humano. Ele é o bad boy descolado que não segue as regras e ama os animais. E ficam naquele clima chato de "te amo mas não vou admitir isto" durante todo o filme.

Mas não é tão ruim assim. Apesar dos problemas citados, a dupla atua muito bem, possui muito carisma e são personagens mais marcantes e dominantes do que qualquer outro que já apareceu na franquia. Certamente tornam o filme bem mais interessante. Chatos meeeeeesmo são as crianças: os personagens vividos por Ty Simpkins e Nick Robinson são mais sem graça e estúpidos do que o normal. Só viram "gênios instantâneos" em uma cena, onde do nada aprendem a consertar um carro quebrado há vinte anos em questão de segundos...

Outra pequena diferença é sobre o "dinossauro fodão da vez". Criado artificialmente como uma mistura de vários dinossauros, na prática o tal Indominus Rex é simplesmente um Tiranossauro Rex maior e com braços longos. Não deixa de ser um monstro bacana. Mas não é tão bacana quanto o bom e velho T-Rex.

O roteiro é fraco e repleto de furos e absurdos. A trilha sonora, é em parte cópia da trilha clássica da franquia... mais uma vez nada de originalidade por aqui. Visualmente falando, a fotografia é boa, mas os personagens são filmados em um close tão próximo que chegou a me incomodar em alguns momentos. Já quanto ao seu 3D, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros consegue ter o pior e o melhor ao mesmo tempo: por um lado, o diretor aproveitou muito bem o recurso filmando belos planos longos. Por outro lado, há várias cenas onde os personagens centrais aparecem nítidos e todo o redor deles permanece desfocado. Isto é normal acontecer no 2D justamente por ser uma limitação visual... limitação esta que o 3D resolve... ou deveria resolver se fosse bem feito. Ah: pelo excesso de closes, as vezes é difícil de ler a legenda no 3D.

Apesar dos defeitos, as cenas de ação de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros são boas. E como o filme tem bastante cena de ação, consequentemente ele se torna agradável. Alerto entretanto que, embora as cenas sejam bem filmadas, em nenhum momento se tem uma sensação de tensão tão bem feita como nas do filme inicial. Este é um ponto onde se percebe nitidamente a diferença entre um Steven Spielberg e um Colin Trevorrow.

Finalmente... outro alento em Jurassic Park 4 são os dinossauros. Ele são sempre legais. E a luta final com eles é muito boa, uma dos pontos altos de toda a franquia. Aliás, o filme melhora muito em seus 30 minutos finais. O fato desta parte possuir menos closes e menos diálogos não é coincidência.

Comparando Jurassic Park 4 com os filmes anteriores, ele é claramente inferior aos filmes 1 e 2, e do mesmo nível que o filme 3. Mas isto não quer dizer que é um filme ruim. Somando prós e contras, é um filme divertido. Repito o que disse na frase anterior: dinossauros são sempre legais! Nota: 6,0

domingo, 7 de junho de 2015

Crítica - Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível (2015)

Título: Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível ("Tomorrowland", Espanha / EUA, 2015)
Diretor: Brad Bird
Atores principais: George Clooney, Hugh Laurie, Britt Robertson, Raffey Cassidy
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=cXN0DHU1BOc
Nota: 7,0

A volta dos bons filmes de aventura infantil / adolescente

Se nos anos oitenta os filmes de aventura "para criança" como Os Goonies, A História sem FimE.T., etc, eram moda, décadas depois este espaço foi preenchido principalmente por animações. J.J. Abrams até tentou recuperar este gênero recentemente com seu bom Super 8 (2011). Mas ainda assim o clima não foi exatamente o mesmo: havia um pouco mais de "suspense" do que diversão.

Brad Bird com seu Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível enfim resgata este espírito. Na história, Casey é uma adolescente gênio que encontra um broche, que quando tocado, a transporta para um mundo futurista, repleto de maravilhas tecnológicas. Após a "bateria" do broche acabar, em sua busca por respostas Casey começa a ser atacada por seres do futuro, e conta então com a ajuda de Frank (George Clooney) e Athena (Raffey Cassidy) para escapar e entender tudo o que está acontecendo em seu redor.

Os primeiros dois terços do filme são muito divertidos. A primeira parte, onde conhecemos a futurista Tomorrowland pelos olhos de Frank e Casey é visualmente belíssima e criativa. Compartilhamos com os protagonistas o sentimento de deslumbramento com o que é exibido. Já o segundo segmento é preenchido por várias cenas de ação de boa qualidade e com boa pitada de humor. É como se fosse um Exterminador do Futuro versão criança. Curioso e interessante.

Finalmente, na terceira e última parte após os protagonistas deixarem Paris, o filme desanda um pouco. Quando finalmente nos é revelado o que está acontecendo, a explicação é um bocado infantil e maniqueísta. Além disto, a ação diminui consideravelmente, e a personagem de Casey é deixada de lado (o que é uma pena já que a carismática atriz Britt Robertson é o verdadeiro espírito de Tomorrowland), dando o foco ao adulto Frank. A verdade é que a atuação de George Clooney não chega a comprometer, porém, ao mudar o foco da história para ele o tom do filme também muda. E para pior.

Para compensar os problemas do desfecho, pelo menos a mensagem que ele passa para o espectador é bonita e importante. É um forte alerta para que voltemos a ser otimistas. Que deixemos de pensar que o único futuro para a humanidade é o futuro distópico, arrasado por doenças, guerras, fome, falta de água e mudanças climáticas catastróficas. Sim, este é um futuro provável, mas ainda está nas nossas mãos mudá-lo. É preciso sonhar alto... e colocar estes sonhos em prática!

Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível possui também um segundo e grave problema: ao mesmo tempo que é um filme "para todas as idades", ele não consegue agradar em 100% nenhuma das faixas etárias. A história é divertida para as crianças, mas ao mesmo tempo os conceitos científicos explicados são complexos demais para elas entenderem. Por outro lado, quem consegue entender os conceitos apresentados - adolescentes e adultos - irá se decepcionar um pouco ao constatar as irregularidades e furos do roteiro, e o seu tom exageradamente inocente e didático.

Notem que no subtítulo da minha trama, eu escrevo "aventura infantil / adolescente". E isto é um problema, porque simplesmente não consigo classificar o filme nem como infantil nem como adolescente. Esta dificuldade para se achar o público apropriado para Tomorrowland certamente é o maior motivo para que o filme tenha tido um resultado ruim nas bilheterias. A arrecadação total provavelmente conseguirá pagar o que foi gasto, mas mesmo assim, já dá para afirmar que este é o primeiro fracasso do diretor Brad Bird.

Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível também não foi bem recebido pelos críticos. Mas não deixem se levar pelo ceticismo dos mesmos: repito que os dois primeiros atos do filme são bastante divertidos e já valem o ingresso, assim como a mensagem que nos é passada, diferente e apropriada. Se o roteiro e os personagens adultos "estragam" o final, não pioram tanto assim o todo, que é bastante aceitável. Nota: 7,0

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Crítica - Chappie (2015)

Título: Chappie ("Chappie", África do Sul / EUA / México, 2015)
Diretor: Neill Blomkamp
Atores principais: Sharlto Copley, Dev Patel, Ninja, Yo-Landi Visser, Hugh Jackman, Sigourney Weaver
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=3YJdyU7S_cA
Nota: 5,0

Apenas o carisma do robô protagonista salva neste péssimo filme como Ficção Científica

O jovem diretor sul-africano Neill Blomkamp estreou nos longa-metragem fazendo barulho: com seu Distrito 9 (2009) ele conseguiu impressionantes 4 indicações ao Oscar, sendo uma delas a de Melhor Filme. Depois, vieram Elysium (2013) e Chappie (2015). Os três filmes apresentam várias características comuns: Neill também nos roteiros, são filmes de Ficção Científica, apresentam boa fotografia e efeitos especiais, muitas cenas em grandes centros urbanos degradados, e contam com o ator Sharlto Copley como um dos principais protagonistas. Mas a relação mais importante entre as três obras de Blomkamp não são suas similaridades, e sim, o fato de que cada novo filme é bem inferior ao anterior. Neill Blomkamp conseguiu rapidamente passar de diretor/escritor promissor a diretor/escritor bem questionável.

Na história do robô Chappie (Sharlto Copley nas vozes), o protagonista nasce no meio de uma disputa entre dois cientistas. Enquanto Deon (Dev Patel) é entusiasta da Inteligência Artificial, Vincent (Hugh Jackman) entende que a IA é bastante perigosa, sugerindo então como sugestão definitiva ao combate ao crime o uso de grandes máquinas controladas remotamente por um cérebro humano conectado.

Chappie é descrito como sendo a primeira inteligência artificial capaz de "desenvolver consciência". E quando nasce, nasce com "a mente vazia". Mesmo assim seu criador Deon afirma que em dois ou três dias o robô aprenderia sozinho a falar e entender os humanos.

E o que acontece, na prática, é que após três dias Chappie não só aprendeu a falar, como já desenvolveu conceitos de certo e errado, aprendeu até a pintar! E tudo isto sozinho, sem ninguém ter ensinado. E não, ele não estava conectado a nenhum lugar para poder "baixar" estas informações, ele simplesmente aprendeu com o que viu e ouviu. Parafraseando (e invertendo) certa propaganda da TV: "não é tecnologia, é magia!".

Em resumo, nada, absolutamente nada do filme é aproveitável como ficção científica. Debate entre vida artificial e biológica? Esqueça, o roteiro não tem idéia do que é isto. O processo de aprendizagem de Chappie não faz o menor sentido. Exemplo: imediatamente após o robô aprender suas 5 primeiras palavras, Dean faz ele jurar que nunca irá cometer crimes. E Chappie entende perfeitamente o que lhe foi dito, isto sem mesmo tendo ouvido um verbo antes!!!

E não é só na ciência que o filme derrapa. Repleto de furos e chichês, o comportamento e motivação dos personagens humanos - principalmente de Dean - também são irreais. E nem vou entrar no mérito dos "bandidos" do filme, que conseguem alternar em questão de segundos entre um comportamento de "malvado assassino" para "bondoso paternal".

O que se salva então de Chappie? Fotografia e efeitos especiais são bons... e nosso simpático protagonista possui bastante carisma. Seu comportamento bastante infantil faz com que nós olhemos Chappie como se ele fosse uma criança. Uma criança jogada em um mundo violento, onde ela é diferente de todos, e odiada e temida por todos também. Bastante clichê, certo? É mesmo. Porém, ainda assim, você sofre junto com Chappie, torce o tempo todo por ele. Você sente tanta empatia pelo robô que apesar de todos os defeitos o filme chega a ser aceitável. Isto é Chappie: péssimo como Ficção Científica, mediano como filme de Ação/Aventura.

No fundo, Chappie ser ruim não foi surpresa para mim. Dois anos atrás eu estava todo empolgado para assistir Elysium e saí bem decepcionado. Desta vez eu desconfiava do pior desde o começo: ao assistir os trailers, já de cara desgostei do monte de clichês que Chappie contém. E pior, agora que já assisti o filme, sei que dos 3 trailers oficiais que saíram, apenas o segundo (o qual trago como link no começo da crítica) é razoavelmente fiel a história que ele traz. Não há nada de "jornada de aprendizado" (clipe 1) e "salvar a humanidade" (clipe 3) em Chappie. Isto sem falar que cerca de um terço das cenas e diálogos apresentados não aparecem na versão final que chegou aos cinemas. Das duas uma: ou os trailers tentam enganar propositalmente o espectador, ou nem mesmo Neill sabia que caminho seguir. Qualquer que seja a resposta, nenhuma delas é um bom sinal.

Foram necessários apenas dois filmes para que Neill Blomkamp perdesse sua aura de "diretor promissor". Ainda tenho alguma esperança nele na direção. Já nos roteiros... não. A menos que ele mude de gênero, porque em termos de Ficção Científica ele gastou absolutamente tudo que sabia em Distrito 9. Não sobrou mais nada. Nota: 5,0

PS: apesar do que escrevi na conclusão do meu texto, infelizmente já sabemos que ele VAI continuar na Ficção Científica. Ele é o diretor / escritor atualmente escalado para tocar o reboot da franquia Alien. Triste. :(

terça-feira, 2 de junho de 2015

Crítica - Relatos Selvagens (2014)

Título: Relatos Selvagens ("Relatos Salvajes", Argentina / Espanha, 2014)
Diretor: Damián Szifrón
Atores principais: Darío Grandinetti, María Marull, Leonardo Sbaraglia, Ricardo Darín, Oscar Martínez, Erica Rivas
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=dZWhQMx1SO4
Nota: 7,0

Sombria coletânea com seis contos sobre vingança

Bastam apenas dois minutos de filme para o espectador se dar conta de que está diante de algo sombrio e bizarro. Estes são dois bons adjetivos para Relatos Selvagens, filme argentino indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015.

Porém, há um substantivo que define Relatos Selvagens de maneira muito mais acurada: Vingança. O filme se trata na verdade de seis contos distintos sobre este tema; auto-suficientes e completamente isolados uns dos outros.

Todos os contos focam bastante em conflitos entre os personagens. Poderia se dizer que a violência também está presente em todas as histórias (o que justifica o "Selvagens" do título), e até está... mas se o terceiro conto é extremamente violento - e até chocante - o quarto e sexto contos não têm a violência como foco. Outras características comuns que podem ser encontradas em quase todos os contos de Relatos Selvagens são o humor negro e os finais surpreendentes. Mas mesmo assim, há exceções: o quarto segmento - "Bombita" - que é protagonizado por Ricardo Darin é bastante previsível.

Os contos de Relatos Selvagens também possuem diferenças relevantes entre eles. São filmados de maneiras distintas, seja pela estrutura do roteiro, pela paleta de cores e enquadramentos utilizados nas câmeras, ou simplesmente pelos mais variados cenários utilizados. Em ordem, temos histórias se passando dentro de um avião, dentro de um restaurante, em uma estrada, no centro de uma cidade, em uma mansão, e finalmente, em um casamento.

As histórias em si se alternam entre o "razoável" e o "muito bom", fazendo que, na média, Relatos Selvagens seja em termos de roteiro algo "bom e interessante". Falta ao filme, entretanto, um algo a mais... como por exemplo, que todos os seis contos se relacionassem entre si de alguma maneira, o que não acontece.

Vendido como uma "comédia de humor negro" - título que concordo apenas parcialmente, já que o filme tem sim sua parte de humor negro, mas apenas em poucos momentos nos tenta fazer rir - Relatos Selvagens conquistou diversas indicações ao longo de importantes festivais do planeta. Não levou muitos prêmios, mas voltando ao assunto "indicações" acho bem surpreendente a Academia indicar este filme para o Oscar. Relatos Selvagens tem um estilo bastante diferente do que eles costumam promover. Nota: 7,0

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Este mês de Junho será épico!



Neste mês o Cinema Vírgula publicará pelo menos 9 novas críticas. Veja o que vem aí!


Como parte dos meus esforços para trazer mais conteúdo para o site, para este mês de Junho o Cinema Vírgula trará pelo menos 9 novas críticas de filmes, o que será, para um mês só, um recorde de publicações do blog. Teremos:

(atualizado em 01/07: clique nos links abaixo para ver as críticas!)

3 filmes "que estrearam este ano mas ainda não passaram por aqui":

3 filmes "indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2015" (e que na verdade também se aplicam à categoria anterior):

E finalmente, 3 filmes que estão estreando este mês nos cinemas brasileiros:

A largada será dada amanhã, dia 2, com Relatos Selvagens. Coloque o Cinema Vírgula como favorito no seu browser e não perca nenhuma crítica!

(atualizado em 01/07: na verdade, além dos 9 flimes acima, também escrevi a crítica de:
 Confiram!)

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...